Nesse mesmo dia houve uma festa no campus, era aquele tipo de festa que a gente fazia escondido pra levar bronca depois, eu não dormia nos alojamentos pois o meu apartamento ficava perto do campus, mas mesmo assim eu fui pra festa.
Eu sempre ouvi falar que um raio não caia no mesmo lugar duas vezes, mas nesse dia ele caiu, e mais uma vez eu estava buscando uma vaga pra estacionar o carro, e um outro carro tentou roubar a vaga. — Ah não, só tem ladrão de vaga nesse lugar? Eu falei já descendo do carro, decidido a resolver a situação com o condutor do outro veículo, o farol do carro dele estava impedindo que eu conseguisse enxergar direito, mas quando eu me aproximei, eu reconheci o carro velho. — Eu não acredito nisso, de novo? Eu falei batendo no vidro do carro dela. Quando ela baixou o vidro, eu quase fiquei sem voz, eu já sabia que ela era linda, mas ela estava de tirar o fôlego. — Você vai me mandar ir pra puta que pariu de novo? Ela ficou olhando pra mim esperando uma resposta, enquanto eu estava quase babando. Eu demorei alguns segundo pra conseguir pronunciar alguma palavra, mas isso só aconteceu depois de um idiota businar pedindo passagem. — Você vai dizer que essa vaga é sua também? — Sim, ela é. — Mas eu cheguei aqui primeiro. O idiota businou outra vez e eu já estava ficando irritado. — Você vai tirar o seu carro do meio ou eu vou ter que tirar a força? Você está impedindo que os outros carros passem. — Eu quero ver você me obrigar a sair daqui. — Tá bom, foi você quem pediu. Eu voltei pro meu carro, acelerei e comecei a empurrar o carro dela com o meu. Os gritos dela não impediram que eu parasse, depois que eu tirei o carro dela da entrada da vaga, eu dei uma pequena ré, e coloquei meu carro lá. Eu sei que eu poderia ter feito ela bater em outros carros que estavam estacionados, mas foram só poucos centímetros, só o suficiente pra eu entrar na vaga, e assim evitei uma briga também com o outro idiota que não parava de businar, ele conseguiu passar. A maluca desceu do carro, e começou a bater na traseira do meu carro com o salto dela, e eu pirei. — Ei, ei, ei, para com isso sua louca. Ela estava muito gostosa, usando um vestido preto curtinho, com um decote revelador, e eu poderia facilmente dar em cima dela, se ela não fosse tão insuportável e ladrona de vagas. Eu segurei os pulsos dela, a virei pra mim, e a coloquei de costas pro meu carro. — Me solta seu babaca. — Eu já disse que eu só sou um babaca com quem merece. — Você poderia ter amassado o meu carro. — Não iria fazer tanta diferença, ele está ótimo pra ser jogado na sucata. — Você fala isso porque é um riquinho mimado com a vida ganha. — Eu falo isso porque é verdade, você sabe que dá pra comprar um melhor do que esse em loja de usados pagando bem pouco né? — O dinheiro que eu ganho só dá pra pagar as despesas da universidade, agora me solta por favor. Eu a soltei e senti uma certa pena dela, e pela cara dela, parecia que ela estava tentando fugir daquela conversa. — Você não vai tentar me dar nenhum murro? Ela já estava abrindo a porta do carro quando olhou pra mim, os olhos dela estavam marejados, parecia estar prestes a chorar. — Não, você não merece tanta atenção. Eu corri alguns passos e a impedi de entrar no carro, ela olhou pra mim assustada, e magoada. — Espera, eu realmente sou um babaca. — E você acha que admitindo vai mudar o quê pra mim? — Sei lá, a gente poderia recomeçar, eu poderia deixar de ser um babaca com você, e você poderia parar de roubar as minhas vagas. Ela olhou pra mim de forma debochada, e deu um leve sorriso antes de me alfinetar novamente. — Eu paro de roubar as vagas e paro de te chamar de babaca, se me der um carro de presente. — É o quê? Você está falando sério? — Sim, não foi você que disse que tem carro melhor do que esse em lojas de usados pagando bem pouco? — Sim, eu disse, mas eu não serei o seu patrocinador. — Então você é um babaca pobre. Ela entrou no carro velho dela e saiu arrastando pneu, enquanto eu fiquei tentando assimilar o que tinha acabado de acontecer. — Eu não sou pobre! Gritei, mas ela já estava longe demais pra escultar. Eu fui pra festa e tive a sorte de não encontrar a maluca lá, mas o que ela disse ficou martelando na minha cabeça, não que eu tivesse alguma coisa contra os pobres, e sim porque o que ela disse parecia ter um duplo sentido, pois ela sabia que eu não era pobre, então ela estava se referindo a pobreza de espírito. — Eu não sou pobre… Eu repeti isso pra mim mesmo a festa toda.Eu não devia ter ido a uma loja de carros comprar um pra uma estranha, mas eu fui.— Você quer que eu coloque no seu nome, Senhor Aslan?Eu fiquei em dúvidas se deveria ou não colocar no meu nome, eu poderia simplesmente mandar deixar na universidade e a louca iria se virar com isso depois, mas eu fiquei imaginando que ela também não teria dinheiro pra rebocar o carro, já que estava sem o documento dele, certamente não poderia dirigi-lo.— Sim, coloque no meu nome e eu mesmo vou levá-lo, não precisa entregar.— Sim, senhor.Eu deixei o meu carro no estacionamento da própria loja e disse que iria pegá-lo antes do fim do dia, o dono não se opôs, então eu peguei o carro novo da maluca, cujo nome eu nem sabia, e fui pra universidade na esperança de encontrá-la.Eu fui pra vaga que ela disse ser dela, embora no dia anterior ela tivesse tentado estacionar em outra, mas eu não sabia nada da garota, e ali era o único lugar que eu poderia encontrá-la, mas ela não apareceu por lá, e outro carro
Ela ficou séria, e deu alguns passos na minha direção. — Eu topo. — Eu nem te falei das minhas condições. — E tem condições? — Quando você pediu esse carro, você deu as suas condições, mas ainda está me chamando de babaca, porém eu tenho as minhas condições pra que você fique no meu apartamento. — E quais são? — Você vai passar uma semana andando comigo nos intervalos das aulas me chamando de meu amor, você vai pegar o meu café, vai me entregar e vai dizer: Está aqui meu amor, e vai todos os dias na minha sala e dizer: Boa aula meu amor. — Nem fodendo eu vou fazer isso. — Então nada feito, pode dar adeus ao meu apartamento. Eu saí andando e ela me interrompeu novamente. — Eu aceito. Eu olhei pra ela me sentindo vitorioso, enquanto ela estava com sangue nos olhos. — Eu não tomei café ainda, vamos? Ela saiu andando ao meu lado furiosa, e eu fiz o possível pra não rir da cara dela, afinal ela sabia esmurrar uma pessoa muito bem. Quando chegamos no refeitório, eu sentei em u
Ela ficou me encarando por alguns segundos, como se estivesse buscando algum vestígio de brincadeira. — Vamos? Eu perguntei, já pegando a mala da mão dela. — Eu não vou fazer o quê você me pediu, se é isso que você tem em mente ao me levar pro seu apartamento. — Relaxa esquentadinha, eu não quero que você faça nada, além de continuar estudando aqui e correndo atrás dos seus sonhos, entendeu? Ela me encarou outra vez, e os olhos dela ficaram marejados, e eu percebi que isso acontecia com frequência. — Quem falou pra você que eu não iria mais estudar aqui? — Sua amiga, mas não briga com ela, eu que insisti pra ela me dizer. — Então você perguntou a ela por mim? — Sim. — Então você sentiu a minha falta? Eu vi o sorrisinho debochado dela e tentei ignorar. — Você não vai fazer eu me irritar com você já no primeiro dia de convivência Maya. — Convivência? Como assim? Ela perguntou assustada. — Sim, se vamos dividir o apartamento, nós precisaremos nos entender. —
Foi preciso ter uma conversa séria com a Maya pra ela aceitar a minha ajuda financeira, ela teria mais tempo pra estudar, teria liberdade pra fazer os trabalhos dela, e conforto, coisa que ela não tinha antes, e enquanto conversávamos eu tive uma grande surpresa, ela estava fazendo o mesmo curso que eu.— Eu estou surpreso.— Surpreso porquê? Você acha que eu não tenho capacidade pra estudar farmacêutica?— Não se trata disso, e sim porque eu também faço farmacêutica. A fisionomia dela mudou, e eu tive que rir.— Tá vendo? Você também ficou surpresa e eu nem fico julgando os teus pensamentos.Ela começou a rir também, enfim estávamos nos entendendo.— Qualquer dia desses eu vou falar quem eu sou e os meus planos, e se agente conseguir se manter no mesmo ambiente sem se matar, eu te incluo neles.— E quem disse pra você que eu quero fazer parte dos teus planos?— Quando você souber tudo sobre mim, eu tenho certeza que você vai querer.Eu falei já pegando as coisas dela e levando pro q
Enquanto devoramos aquela comida maravilhosa, entramos em um assunto que eu não estava preparado naquele momento.— Quais serão as regras para namorados e namoradas aqui?Eu quase engasguei. Uma hora eu estava em cima dela, segurando seus braços, ficando duro e batendo uma punheta pensando nos peitos dela. No outro, ela estava diante de mim, falando mesmo que indiretamente que em breve teria um cara fazendo com ela tudo o que eu gostaria de fazer.— Que cara é essa? Precisa desse tanto de tempo para pensar?— Eu prefiro que você não traga ninguém aqui.— E você? Vai trazer?— Olha, levando em consideração que esse apartamento é meu, eu poderia, mas vou servir de exemplo para você e não trazer.— Que cara mais justo, eu amo isso. Então vamos oficializar essa regra?Ela lambeu a palma da mão e esticou para mim apertar.— Eca, que nojo. Isso é o quê? Uma sentença? — É o nosso contrato. Vai apertar ou não?— Você parece um moleque, não me impressiona o fato de ter se vestido como um naqu
Eu passei o restante do dia trancado no quarto, eu não queria ter que encará-la, e era muito provável que ela também não quisesse, já que eu praticamente larguei ela na cozinha quando ela estava sedenta pelo o meu pau. Parecia muita presunção minha pensar dessa forma, mas ela estava roçando a bunda em mim, e alguém que não queria nada, jamais faria isso.Quando a noite chegou, ela bateu na minha porta e eu me vi mais uma vez na mesma situação da tarde, com medo de abrir, eu não sabia o que esperar dela depois de tudo.— Aslan, o jantar está pronto, vai me acompanhar, ou vai se esconder aí até amanhã?— Eu não estou me escondendo.Falei enquanto criava coragem para abrir a porta.Quando eu abri, ela já não estava mais lá, então o jeito foi ir seguindo o cheiro da comida, que mais uma vez havia preenchido o ambiente.— Eu tenho que começar a me acostumar com isso.Falei quando cheguei na cozinha. Ela já havia colocado a minha comida, e abriu aquele sorriso lindo para mim.Eu sentei e en
Eu já estava ficando louco, vendo ela daquele jeito, sem falar o que dr fato estava pensando. — Você quer parar e voltar a sentar, por favor? — Você tem noção da enorme responsabilidade que você terá nas mãos quando o... Você sabe. — Quando o meu pai morrer? — Desculpa falar sobre uma possível morte do seu pai, mas não dá para imaginar uma indústria tão importante ir para o túmulo com ele. — É exatamente por isso que estou fazendo farmacêutica. Ela finalmente parou de andar e sentou. — Porque você decidiu falar isso para mim agora? — Porque as coisas estão andando rápido demais por aqui. — Você quer dizer, rápido demais entre a gente? — Isso. E se um dia você se tornar algo mais do que só alguém que divide o apartamento comigo, você tem que saber da complicação que será sua vida. — Eu não quero ter um relacionamento agora, Aslan. Nem você iria querer ter um comigo, eu sou complicada, cheia de traumas, e não quero que você seja mais um. — Eu não estou pedindo vo
MAYA""""Eu já amei muito alguém, mais do que a minha própria vida, amei tanto, que quando eu perdi esse amor, não havia nada no que eu pudesse me segurar.Quando você entra em um relacionamento com alguém, você leva um tempo até conhecer verdadeiramente aquela pessoa, mas eu o amei antes de eu o conhecer de verdade.Quando eu percebi, eu já havia saído de casa, estava morando em uma kitnet, com um viciado em pó, com a desculpa de que o meu amor iria tirar ele daquela vida.Eu ignorei todos os sinais, os objetos que inesperadamente sumiam, e ele dizia que havia quebrado e ele tinha jogado fora, enquanto eu trabalhava para termos uma vida melhor, ele trabalhava para alimentar o vício.Um certo dia, eu acordei, e ele não estava do meu lado, logo eu pensei que ele havia ido mais uma vez atrás de drogas, e logo voltaria, mas ele não voltou.Eu fiquei louca atrás dele, andando pelas ruas, vasculhando cada calçada, cada beco, cada boca, até um traficante local falar para eu parar de procur