CAPÍTULO 2

Nesse mesmo dia houve uma festa no campus, era aquele tipo de festa que a gente fazia escondido pra levar bronca depois, eu não dormia nos alojamentos pois o meu apartamento ficava perto do campus, mas mesmo assim eu fui pra festa.

Eu sempre ouvi falar que um raio não caia no mesmo lugar duas vezes, mas nesse dia ele caiu, e mais uma vez eu estava buscando uma vaga pra estacionar o carro, e um outro carro tentou roubar a vaga.

— Ah não, só tem ladrão de vaga nesse lugar? Eu falei já descendo do carro, decidido a resolver a situação com o condutor do outro veículo, o farol do carro dele estava impedindo que eu conseguisse enxergar direito, mas quando eu me aproximei, eu reconheci o carro velho.

— Eu não acredito nisso, de novo? Eu falei batendo no vidro do carro dela.

Quando ela baixou o vidro, eu quase fiquei sem voz, eu já sabia que ela era linda, mas ela estava de tirar o fôlego.

— Você vai me mandar ir pra puta que pariu de novo?

Ela ficou olhando pra mim esperando uma resposta, enquanto eu estava quase babando.

Eu demorei alguns segundo pra conseguir pronunciar alguma palavra, mas isso só aconteceu depois de um idiota businar pedindo passagem.

— Você vai dizer que essa vaga é sua também?

— Sim, ela é.

— Mas eu cheguei aqui primeiro.

O idiota businou outra vez e eu já estava ficando irritado.

— Você vai tirar o seu carro do meio ou eu vou ter que tirar a força? Você está impedindo que os outros carros passem.

— Eu quero ver você me obrigar a sair daqui.

— Tá bom, foi você quem pediu.

Eu voltei pro meu carro, acelerei e comecei a empurrar o carro dela com o meu.

Os gritos dela não impediram que eu parasse, depois que eu tirei o carro dela da entrada da vaga, eu dei uma pequena ré, e coloquei meu carro lá.

Eu sei que eu poderia ter feito ela bater em outros carros que estavam estacionados, mas foram só poucos centímetros, só o suficiente pra eu entrar na vaga, e assim evitei uma briga também com o outro idiota que não parava de businar, ele conseguiu passar.

A maluca desceu do carro, e começou a bater na traseira do meu carro com o salto dela, e eu pirei.

— Ei, ei, ei, para com isso sua louca.

Ela estava muito gostosa, usando um vestido preto curtinho, com um decote revelador, e eu poderia facilmente dar em cima dela, se ela não fosse tão insuportável e ladrona de vagas.

Eu segurei os pulsos dela, a virei pra mim, e a coloquei de costas pro meu carro.

— Me solta seu babaca.

— Eu já disse que eu só sou um babaca com quem merece.

— Você poderia ter amassado o meu carro.

— Não iria fazer tanta diferença, ele está ótimo pra ser jogado na sucata.

— Você fala isso porque é um riquinho mimado com a vida ganha.

— Eu falo isso porque é verdade, você sabe que dá pra comprar um melhor do que esse em loja de usados pagando bem pouco né?

— O dinheiro que eu ganho só dá pra pagar as despesas da universidade, agora me solta por favor.

Eu a soltei e senti uma certa pena dela, e pela cara dela, parecia que ela estava tentando fugir daquela conversa.

— Você não vai tentar me dar nenhum murro?

Ela já estava abrindo a porta do carro quando olhou pra mim, os olhos dela estavam marejados, parecia estar prestes a chorar.

— Não, você não merece tanta atenção.

Eu corri alguns passos e a impedi de entrar no carro, ela olhou pra mim assustada, e magoada.

— Espera, eu realmente sou um babaca.

— E você acha que admitindo vai mudar o quê pra mim?

— Sei lá, a gente poderia recomeçar, eu poderia deixar de ser um babaca com você, e você poderia parar de roubar as minhas vagas.

Ela olhou pra mim de forma debochada, e deu um leve sorriso antes de me alfinetar novamente.

— Eu paro de roubar as vagas e paro de te chamar de babaca, se me der um carro de presente.

— É o quê? Você está falando sério?

— Sim, não foi você que disse que tem carro melhor do que esse em lojas de usados pagando bem pouco?

— Sim, eu disse, mas eu não serei o seu patrocinador.

— Então você é um babaca pobre.

Ela entrou no carro velho dela e saiu arrastando pneu, enquanto eu fiquei tentando assimilar o que tinha acabado de acontecer.

— Eu não sou pobre! Gritei, mas ela já estava longe demais pra escultar.

Eu fui pra festa e tive a sorte de não encontrar a maluca lá, mas o que ela disse ficou martelando na minha cabeça, não que eu tivesse alguma coisa contra os pobres, e sim porque o que ela disse parecia ter um duplo sentido, pois ela sabia que eu não era pobre, então ela estava se referindo a pobreza de espírito.

— Eu não sou pobre… Eu repeti isso pra mim mesmo a festa toda.

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