Sempre que tinham um tempo para ficarem sozinhos, Théo e Suzana faziam questão de aproveitar cada segundo. Os dois pareciam duas crianças soltas em um parque de diversão, ficavam até perdidos sem saber como deveriam aproveitar essas horas livres.Naquela noite, Sofia ficou com Carmem. As duas sempre passavam uma noite por semana juntas. Às vezes, Théo até permitia que Sofia ficasse o fim se semana na casa da mãe. Ao contrário de Suzana, que não se importava com Sofia na casa da avó, Théo não gostava de deixá-la sozinha. Ele tinha necessidade de sempre tê-la por perto, para sanar seu instinto de proteção.— Por que não quis sair para dançar? Você tinha me dito que queria se mexer um pouco. – Suzana olhou para o marido dirigindo seu potente Porsche e sorriuRaramente Théo dirigia, Douglas sempre estava ao seu redor. Mas quando resolvia assumir o volante, ficava irresistível. A segurança e charme dele faziam Suzana ter pensamentos indecentes, sua vontade era parar em alguma rua e subir n
Cinco anos depoisMesmo a contragosto, Théo teve que viajar a negócios para a inauguração da mais nova fábrica da Cosméticos Parise na região nordeste. Ele havia escolhido o local cuidadosamente, pensando principalmente nos empregos que iria criar na região. Os incentivos fiscais eram maravilhosos, mas o que atraiu de verdade na construção da fábrica foram as modificações que ela provocaria na vida das diversas pessoas carentes que se beneficiariam direta e indiretamente com os empregos que surgiriam.Ele se sentia feliz em ter concluído esse projeto, mas ter que inaugurá-lo pessoalmente foi um verdadeiro martírio. Desde que se casou, evitava deixar a sua família sozinha. Apesar de saber que Suzana cuidaria das crianças sem problemas, ele não conseguia ter paz longe das confusões dos seus filhos.Ter todos ao seu redor tornou uma necessidade surreal para ele, o cheiro, o sorriso, o barulho que as suas crianças faziam, tudo era parte da sua rotina. Já não existia a mínima possibilidade
Suzana não acreditava no que estava acontecendo, ela achava que aquilo só poderia ser um pesadelo. Depois de quatro anos de casamento, não era possível que tinha sido enganada por Joaquim. Ele devia estar brincando com ela, fazendo uma piada de muito mau gosto por sinal. — Para de brincar comigo, Wallace, isso não se faz. – Ela resmungou para o advogado— Infelizmente não é brincadeira, Suzana, você não tem mais nada. Nem casa, nem a sua parte na empresa, nada no banco e nem a casa dos seus pais. Você deu o direito ao Joaquim de vender tudo. Ele fez todas essas negociações com uma procuração assinada por você. Foi tudo legal, eu lamento.— Meu Deus!Ela sentiu algo apertar sua garganta, sem acreditar que perdeu a casa dos pais. Aquele desgraçado a traiu e ainda vendeu a casa dos pais dela! Foram anos economizando dinheiro para comprar a casa, e agora tudo se foi. Ela percebeu que sua vida fora destruída e não sabia o que faria. O cretino do marido deu um golpe, levou tudo o que tinha
Theodoro odiava atrasos. Para ele, pessoas que não cumpriam horários não mereciam confiança. Nos seus negócios, não tolerava um segundo de atraso. Ou chegava na hora marcada ou não lhe encontraria. Se acontecesse um erro sequer, ele estava fora.Mas, nesse momento, estava tolerando esse atraso, porque se tratava do seu melhor amigo. Murilo nunca conseguiu seguir um mísero horário. Em todos os encontros deles, Theodoro se preparava para esperar muito, mas desconfiava seriamente que o amigo fazia isso só para lhe irritar.Quando começou a cogitar ir embora, o amigo apareceu no restaurante. Estava todo desgrenhando e com o semblante tenso. Alguma coisa grave tinha acontecido.— Já não era sem tempo. – Theodoro não se abalou em cumprimentá-lo, estava irritado demais para isso— Não começa, Théo, eu tive um problema.— Sempre tem, Murilo, você adora inventar uma história para encobrir as suas merdas. – Ele fez sinal para o garçom trazer outro uísqueEstava tão tenso, que precisava relaxar
Dia seguinte....Suzana— Amiga, acorda. — Uma mão sacudiu o ombro de Suzana, mas ela não queria despertar. — Suzana, você precisa acordar— O que foi? — Ela respondeu, sonolenta.— Seu celular estava tocando lá na sala, e eu atendi. — Priscila parou de falar e suspirou. — Houve um acidente com seus pais e precisamos ir para o hospital.O coração de Suzana acelerou, e ela acreditou que devia ter entendido errado. Certamente ainda estava dormindo ou sonhando, não podia ter ouvido a amiga falar em acidente.— Como assim um acidente?— Se arruma, que no caminho eu te explico, o Pablo está nos esperando para nos levar ao hospital. — Priscila saiu do quarto, deixando Íris sozinha com o coração descontrolado.Assim que ela se arrumou, encontrou ambos na sala a esperando. Eles saíram em disparada, e Priscila contou que o sargento do corpo de bombeiros ligou avisando que tinha acontecido um acidente com o carro em que seus pais estavam vindo para o Rio. Suzana tentou arrancar mais informações
1 mês depoisDepois de um mês tentando resolver sua vida, Suzana já começava a entrar em desespero. Não tinha conseguido arrumar um emprego, e em todas as entrevistas que ia, o salário era tão irrisório, que não dava para bancar um aluguel e as compras do mês.Durante esse tempo, ela colocou a vergonha no bolso e procurou todos os amigos do tempo em que era casada, mas nenhum deles se disponibilizou a ajudá-la. Todos inventaram desculpas esfarrapadas e disseram que no momento não podiam fazer nada por ela.Suzana vendeu a maioria dos seus vestidos de festas, e com esse dinheiro conseguiu se manter durante o mês que passou. Ela guardou o resto para o próximo, mas sabia que precisava encontrar imediatamente um emprego descente para poder cuidar da sua vida sem atrapalhar os amigos. E ainda tinha a dívida do sepultamento da família: apesar de os seus amigos terem ajudado a pagar, ela se sentia na obrigação moral de devolver esse dinheiro e esperava saná-la com o seguro que receberia do a
Uma semana depois— O que é isso? – Priscila se assustou com o papel que Suzana jogou na mesa.— Leia! – Suzana acomodou a sobrinha no colo e fez sinal para a amiga olhar o papelAssim que Priscila começou a ler, sentiu-se indignada. Não era possível que aquele monstro desceu nesse nível. Ele não podia ter desferido esse último golpe na amiga, era muita crueldade até para alguém como ele.— Não acredito que ele fez isso.— Trezentos mil reais, Pri. Eu estou devendo trezentos mil reais ao banco e sequer sei onde esse dinheiro está. Como vou conseguir seguir em frente com uma dívida dessas? Até para arrumar emprego é difícil.O desespero na voz da amiga desestabilizou Priscila. De fato, a situação de Suzana só piorava, além de não ter casa e emprego, agora ela devia uma bolada ao cartão de crédito e ao banco. Realmente seria difícil seguir em frente, a situação estava ainda mais complicada.— Quem te enviou essa cobrança?— O gerente do meu banco me ligou e avisou que o Joaquim pegou u
Depois que Suzana resolveu o seu destino, um certo temor a deixou agitada. Agora que estava nas vésperas da entrevista na agência, ela estava nervosa. Ela não tinha muita experiência sexual, só teve dois homens em sua vida, isso a tornava uma mulher limitada no sexo. A verdade era que Suzana sempre foi tímida na cama e por isso fugia dos vários pretendentes que aparecia. Transou pela primeira vez com um antigo namorado de escola e com ele teve um relacionamento duradouro. Eles ficaram dois anos juntos, e depois dele, Suzana se manteve afastada dos homens até que conheceu seu cretino ex-marido.Essa sua falta de experiência estava deixando-a temerosa. Como iria dizer na entrevista que só transou com dois caras? Teria que mentir e dizer que tinha uma longa lista de homens na sua cama, caso contrário, perderia essa oportunidade de reerguer a sua vida.Ela ainda não sabia o que faria no momento em que ficasse sozinha com um cliente, mas teria que encontrar forças para fazer o que espera