- Você me tirou da minha empresa, para testar uma nova abordagem com as funcionárias. – O tom já ficou mais duro, me fazendo engolir em ceco. – Me surpreende não ser uma das secretarias... - Pai! – A voz de Harvey saiu dura. Dava para ver o quanto ficou chateado. Já eu, não sabia como me sentir. – Qual o seu problema. Pelo que sei, a mamãe também sentava naquela cadeira, e mesmo assim o senhor se apaixonou, foi contra todas as normas e leis, da empresa, para ficar com ela. - Não as compare, Harvey. – é, não posso ser comparada a Emma Novack. Sou uma pobre órfã que sempre se ferra. E olha eu aqui de novo. Sempre em situações constrangedoras e prestes a perder todo. Meus olhos se enchiam de agua. Não posso chorar. Não faça isso, Samanta. – Você, sempre foi um inconsequente. Achei que tivesse crescido. – Harvey apenas ficou o encarando, tão perplexo quanto eu. – Foi por causa dela, que não estava em NY naquele dia, não foi? - Entendi, o senhor não aceita que eu também me apaixone po
Quando Emma viu Samanta correndo, para fora, assustada e chorando, ela imaginou que algo ruim tivesse acontecido. Seu instinto foi se levantar e ir atrás da garota, contudo, segundos depois, seu filho passa, indo na mesmo direção.Ela os seguiu, mas ficou os observando da porta. Samanta não estava chateada, mas, sim, magoada, triste. Harvey poderia ter feito algo? Bem, ela não sabia ante então. Olhou para trás e viu Ian e no mesmo instante se tornou que, se houvesse um culpado, seria ele.Ian a tratou, a noite inteira, com tanta frieza que causava arrepios em Emma. Ela sentiu seu coração se afundar no peito, lembrando do passado. Ele não parecia ver sua culpa. Não sabia o que havia acontecido, pois não interagiu com ela, para causar tanta reação. Ian só não sabia que ela havia o ouvido, e isso, unido ao passado, a fez cair em lagrimas, coisas que Samanta não fazia com tanta facilidade, ainda mais na frente das pessoas.Harvey, deixando Samanta no carro, se aproximou dos pais. Sua expr
SamantaPassei a noite inteira revivendo cada detalhe. Talvez eu tenha exagerado, mas no calor do momento, era impossível segurar. E olha que, ao longo dos anos, aprendi a mascarar minhas emoções — com tantas decepções, com tantos sonhos desfeitos. Mas ontem foi diferente.Talvez porque, de algum modo, eu ainda queria ser parte daquela família. Só que nunca me deram essa chance. Nunca soube ao certo por que os Novack não me adotaram de verdade. Talvez o senhor Novack não quisesse um filho adotivo, ou talvez a morte recente do seu filho tenha pesado demais. A verdade é que não dá para voltar atrás e entender o que poderia ter mudado, o que poderia ter dado certo. E, no final, nada aconteceu. Já passei muito tempo olhando para o passado, me questionando sobre o que eu poderia ter sido, o que eu poderia ter tido, se ao menos tivessem me dado uma chance.Isso sempre interferiu nas minhas relações. Tanto nas amizades quanto, agora, com Harvey. Eu sabia que tinha que engolir tudo. Até mesm
Harvey olhou as horas novamente, sentindo o nervosismo se apoderar de cada fibra do seu corpo. Vinte minutos. Apenas vinte minutos de atraso, e ele já estava inquieto, andando de um lado para o outro no escritório, os pés batendo contra o chão em um ritmo que acompanhava sua crescente ansiedade.Não queria ser o tipo de namorado obcecado, aquele que sufoca a outra pessoa com preocupações excessivas. Sabia que Samanta odiaria isso. Mas não conseguia evitar. A cada segundo que passava sem vê-la atravessar a porta giratória, a inquietação aumentava, e ele começava a imaginar mil cenários diferentes.Claro, não era como se ela tivesse um horário fixo. Ele sabia que funcionários se atrasavam às vezes, e o chefe geralmente nem ligava. Mas Samanta não era qualquer funcionária.Ela era a mulher que ele mais amava, a pessoa que, de algum modo, virou o centro de sua vida. Após seus pais e sua irmã, Samanta ocupava esse lugar no seu coração, e o pensamento de algo ter acontecido a ela o atorment
SamantaAquele dia tinha começado confuso, e meu nervosismo só aumentava conforme as horas passavam. No restaurante, durante o almoço, fiz o possível para ignorar as lembranças e a curiosidade sobre o que aconteceu na sala de reuniões. Deixei que Nathan e Harvey conversassem sozinhos.Nathan e eu já tínhamos nos resolvido, mas com Harvey seria bem mais complicado. Ele era teimoso, orgulhoso, e, por mais que eu soubesse que ele estava tentando me proteger, isso poderia destruir a relação dele com o pai, algo que eu definitivamente não queria.Nathan, ao contrário do que eu imaginava no começo, não era a pior pessoa do mundo. Harvey não sabia do nosso passado. Na verdade, acho que ele nem tinha ideia de que os pais, ou melhor, a mãe dele, tinha considerado adotar uma criança após a morte de seu irmão. Era um segredo que eu pretendia enterrar junto com as outras memórias do passado.Repetia para mim mesma que o passado ficaria no passado, onde ele pertencia, porque se não fizesse isso, p
SamantaEu nunca imaginei que estaria me aprontando para ir a uma festa de executivos. Era um lugar que não aceitava pessoas como eu, mas, aparentemente, a minha vida havia se transformado por completo. Estar ao lado de alguém como Harvey me levava a lugares que jamais imaginei.Não posso dizer que estou confortável—quem estaria? Uma pessoa que nunca teve nada, que veio de baixo e ainda se sente presa ao passado, cercada por homens de tanta fortuna, com vidas aparentemente perfeitas, como troféus a serem exibidos.Parando para pensar, eu não queria ser uma dessas mulheres. E jamais acreditei que Harvey me convidaria para o acompanhar, como esses outros homens fazem com suas esposas. Ele não era como eles. Gosto de pensar que não. Mesmo assim, aceitei o convite. A ideia de deixá-lo ir sozinho já alimentava cenas em minha mente que me deixavam com raiva. Imagine uma mulher linda, com um vestido perfeito, segurando uma taça de champanhe, mirando-o à distância como um predador observa su
Harvey tinha razão em dizer que estes eventos eram chatos. Passei os últimos 40 minutos ouvindo homens falar sobre negócios, contar piadas sem graça, e observando suas esposas, que pareciam mais acessórios do que acompanhantes.De vez em quando, elas se afastavam, formando seus próprios grupinhos para fofocar. Era óbvio, o círculo de amizade perfeito para mulheres como aquelas: muitas com procedimentos estéticos, vestidos exuberantes e sexys. E eu ali, como uma fuga para o meu namorado. Pelo menos, me confortava saber que não era como elas. Ainda assim, devo confessar que aquilo me dava sono.O salto alto apertava meus dedos e machucava o calcanhar. O vestido não me incomodava tanto, mas eu me sentia exposta. Minha amiga estava certa: eu tinha curvas, mas nunca havia me acostumado a mostrar tanto.Minhas roupas normais eram sempre largas, estilo adolescente rebelde ou de alguém deprimida. E, apesar de eu me sentir assim muitas vezes, hoje eu só queria ir embora.Me dei conta de que es
PovSamanta parou a uma certa distância, longe das pessoas do evento, do barulho, que até era bem-vindo, a distraindo da sua realidade. Tudo o que ela mais desejava aquele momento era esquecer.Ela usou sua experiência de anos para controlar o que sentia. Pelo menos externamente. Ao fechar os olhos, se imaginou debaixo d’agua, em um completo vazio, sendo rodeada apenas pela sensação de estar se afogando, contudo, isso não era tão ruim. Na verdade, era acolhedor. Ser abraçada e confortada, mesmo sendo uma presença ameaçadora.Aquilo era a sua mente. Ela não tinha com o que se preocupar. Se existia algo que pudesse a machucar, estava dentro da sua mente, não fora.A menina amedrontada surgiu do nada, ao ouvir as palavras de Mary Ann. Jamais pode imaginar que algo assim pudesse acontecer. Uma parte, lhe dizia para acreditar na mera fantasia. Mary era sua mãe. Ela nunca a abandonou, mas sim foi forçada a isso.Entretanto, essa versão era tão absurda que ela optava por ignorar, rindo de si