PrólogoEntão, a voz de Nico me trouxe de volta à realidade. Ele notou minha distração e a desaprovação estava clara em seu olhar. Eu o encarei, sentindo vergonha por não ter prestado atenção nele. - Desculpa - eu disse, tentando encontrar uma explicação. - É que ainda estou me adaptando a tudo isso. Nico mordeu os lábios e baixou a cabeça, parecendo tristonho. Ele disse, com um toque de insegurança: - Você não gostou de me ver? Quando eu olhei nos olhos castanhos dele, percebi o temor que escondia. Eu gostava dele, eu gostava de vê-lo pessoalmente, mas, naquele momento, naquela praia, sob as estrelas, eu não sentia nada mais do que... bem, um cara legal. Essa constatação me deixou confusa e apavorada. Se o meu coração não saltava de alegria quando Nico estava presente, o que isso significava? Será que ele realmente pertencia a Colin? Mas agora Colin estava com Pati, e eu não fazia ideia do que eles estavam fazendo naquele momento. - Eu...- comecei a dizer, mas as palavras pare
Eu fechei meu laptop com um suspiro de alívio, meus olhos cansados refletindo o brilho da tela que me prendeu por horas. Minhas costas doíam, uma lembrança constante de quanto tempo eu tinha passado sentada naquela cadeira desconfortável. A exaustão mental pesava sobre mim, afetando meu humor já frágil. Tudo o que eu queria naquele momento era um banho quente.Eu amava meu trabalho como roteirista novata em LA, mas havia algo que faltava em minha vida: calor humano. Minha personalidade introvertida sempre foi um obstáculo para fazer amigos na cidade das estrelas. Enquanto eu me questionava sobre o rumo que estava tomando, sabia que precisava sair de casa, mas o medo de que tudo desse errado sempre me assombrava.Minha solidão era palpável, e meus únicos companheiros eram meus gatos, que pareciam entender minha necessidade de isolamento. Minha irmã mais velha constantemente questionava minha escolha de viver assim.Com um esforço, levantei-me da cadeira e fui em direção à cozinha, ma
Sentada em frente ao meu computador, pensando no que minha vida se tornou, sinto um profundo descontentamento com a rotina monótona que se instaurou. Digitando mais um capítulo que encantaria alguns telespectadores, percebo que, apesar de criar histórias emocionantes e românticas, minha própria vida é vazia e previsível aos meus vinte e sete anos.Enquanto repasso mentalmente as tarefas do dia e do que me aguarda amanhã, uma voz interior inquietante sussurra que minha irmã pode estar certa. Talvez seja hora de buscar algo novo, algo que me tire desse marasmo. Então, como um estalar de dedos, lembro-me do link que ela me enviou recentemente. Embora pareça uma ideia louca, algo me impulsiona a pegar meu laptop e explorar. Abri o aplicativo de mensagens, no computador, e olho para a tela, pensando se isso era realmente uma boa ideia.Pensando como uma escritora, mais parecia uma história maluca onde a mocinha, incentivada a buscar novos ares, se vê fazendo a loucura de se inscrever em
- Já fazem dois dias – Agatha só pode está testando a minha paciência. O dia estava se arrastando, e eu tentava desesperadamente arrumar a casa enquanto minha irmã Agatha não parava de tagarelar sobre minha vida amorosa, ou a falta dela. Ela estava sentada na bancada da cozinha, com a mão no queixo, lamentando o fato de eu ainda estar solteira aos 27 anos, enquanto ela já tinha dois filhos. Era como se o relógio biológico dela estivesse gritando mais alto do que o meu.Enquanto jogava as roupas na máquina de lavar, olhei em volta e percebi que minha casa estava uma bagunça. Meus gatos miavam e brincavam no meio do caos, e minha paciência estava se esgotando rapidamente. Mas, por dentro, eu também estava me questionando. Que tipo de site de namoro não lhe notifica sobre futuros pretendentes, encontros, conversas? Era algo que me intrigava profundamente.Da última vez que entrei naquela plataforma, não havia mensagem alguma. A tela estava preta, como se aquele site nunca tivesse exis
Às vezes acho que atraio coisa ruins e estranhas e a culpa é toda minha. Onde já se viu dar ouvidos a minha irmã maluca, que me mandou um link duvidoso, recebi um convite bizarro e aceitei, de livre e espontânea pressão, ir para o México, onde eu possivelmente posso morrer ou encontrar o par perfeito?Com certeza nasci com algum defeito de fábrica. A culpa é minha. Sempre caio em golpes.Eu observava minha irmã mais velha, Agatha, correndo freneticamente pela casa, coletando coisas para a minha mala. Eu revirava os olhos enquanto assistia a minha aparente falta de entusiasmo por essa viagem maluca para o México, onde supostamente eu poderia encontrar o amor da minha vida. Na verdade, tudo o que eu queria naquele momento era estar sentada em frente ao meu computador, trabalhando no meu roteiro, em vez de me aventurar em uma jornada completamente desconhecida.Eu não acreditava que encontraria um namorado em uma viagem com mais cinco pessoas. Isso parecia mais um enredo de filme adoles
Não gostei nem um pouco do curto trajeto na limusine ao lado da ruiva mal-humorada. Ao chegarmos no aeroporto, uma onda de apreensão me atingiu. Eu não fazia ideia do que esperar dessa viagem. Um repentino arrependimento me invadiu, e minha expressão se tornou pálida e gélida. A ruiva, sentada à minha frente, parecia ignorar meu desconforto enquanto sorria, segurando uma taça de champanhe. Eu me senti como se estivesse prestes a cometer um erro terrível. Poderia estar em casa, com meus gatos, em vez de me envolver em toda essa loucura. Mexi as mãos nervosamente, sentindo o suor na espinha. Olhei para a porta do jatinho, pensando em correr para fora, mas então o piloto anunciou que estávamos prestes a decolar, a porta se fechou e apertei o acolchoado da poltrona. Respirei fundo e fechei os olhos, tentando manter pensamentos positivos, ou pelo menos tentando. Mas, para perturbar ainda mais minha paz, que eu nem tinha, a voz irritante da ruiva soou nos meus ouvidos:- Para de frescura.
Eu nunca fui boa em socializar, mas ali estava eu, no meio de um grupo de mulheres interessantes, sentindo-me como a ovelha negra. Eu me via como a única diferente, e a insegurança começou a me consumir. Por um momento, pensei: "Por que estou tão insegura? Sou uma pessoa interessante, inteligente e bonita à minha maneira. Não preciso me sentir assim."Odiava me comparar com os outros, mas, às vezes, era inevitável. "Essas mulheres podem ser incríveis, mas tenho um trabalho incrível. Quem nunca amou assistir a uma série ou um filme? Faço parte desse universo, e, talvez, de todas aqui, eu seja a mais divertida." Mas então, as autocríticas voltaram: "Claro, sou tímida e desconfiada. Tive desilusões antes, mas não posso deixar isso arruinar tudo. Devo aproveitar essa oportunidade. É uma viagem grátis, e não estou arriscando um órgão. Só preciso me divertir e talvez conversar com algum cara antes de ir embora."Isso fazia sentido, até que alguém se aproximou de mim. - Oi, eu sou a Pati. -
É chegada a hora. Estou nervosa, ansiosa. Uma mulher da equipe se aproxima de nós, as cinco participantes, e nos entrega pequenos cadernos com canetas. Ela comunica que as conversas vão começar, que seremos conduzidas às cabines, onde encontraremos um ambiente relaxado. No entanto, nada daquilo me deixa relaxada. Eu vou conversar com um estranho, alguém que pode ser gentil comigo, ou talvez não. Talvez eu goste dele, ou talvez deseje fugir. Minhas mãos suam, e meu coração parece estar na boca.Uma a uma, seguimos pelo corredor em direção às cabines. Fico de frente para a porta que traz meu nome, algo assustador e pessoal. Quando a luz da sala se acende, é a minha vez de entrar. Todas as outras entram nas cabines com empolgação, mas eu fico parada diante da maçaneta, tentando criar coragem. Com um movimento trêmulo, giro a maçaneta e entro.Dentro, encontro uma sala simples, com um sofá e um enorme vidro que brilha, mas não revela nada do que está do outro lado. A mulher que nos acompa