- Já fazem dois dias – Agatha só pode está testando a minha paciência. O dia estava se arrastando, e eu tentava desesperadamente arrumar a casa enquanto minha irmã Agatha não parava de tagarelar sobre minha vida amorosa, ou a falta dela. Ela estava sentada na bancada da cozinha, com a mão no queixo, lamentando o fato de eu ainda estar solteira aos 27 anos, enquanto ela já tinha dois filhos. Era como se o relógio biológico dela estivesse gritando mais alto do que o meu.Enquanto jogava as roupas na máquina de lavar, olhei em volta e percebi que minha casa estava uma bagunça. Meus gatos miavam e brincavam no meio do caos, e minha paciência estava se esgotando rapidamente. Mas, por dentro, eu também estava me questionando. Que tipo de site de namoro não lhe notifica sobre futuros pretendentes, encontros, conversas? Era algo que me intrigava profundamente.Da última vez que entrei naquela plataforma, não havia mensagem alguma. A tela estava preta, como se aquele site nunca tivesse exis
Às vezes acho que atraio coisa ruins e estranhas e a culpa é toda minha. Onde já se viu dar ouvidos a minha irmã maluca, que me mandou um link duvidoso, recebi um convite bizarro e aceitei, de livre e espontânea pressão, ir para o México, onde eu possivelmente posso morrer ou encontrar o par perfeito?Com certeza nasci com algum defeito de fábrica. A culpa é minha. Sempre caio em golpes.Eu observava minha irmã mais velha, Agatha, correndo freneticamente pela casa, coletando coisas para a minha mala. Eu revirava os olhos enquanto assistia a minha aparente falta de entusiasmo por essa viagem maluca para o México, onde supostamente eu poderia encontrar o amor da minha vida. Na verdade, tudo o que eu queria naquele momento era estar sentada em frente ao meu computador, trabalhando no meu roteiro, em vez de me aventurar em uma jornada completamente desconhecida.Eu não acreditava que encontraria um namorado em uma viagem com mais cinco pessoas. Isso parecia mais um enredo de filme adoles
Não gostei nem um pouco do curto trajeto na limusine ao lado da ruiva mal-humorada. Ao chegarmos no aeroporto, uma onda de apreensão me atingiu. Eu não fazia ideia do que esperar dessa viagem. Um repentino arrependimento me invadiu, e minha expressão se tornou pálida e gélida. A ruiva, sentada à minha frente, parecia ignorar meu desconforto enquanto sorria, segurando uma taça de champanhe. Eu me senti como se estivesse prestes a cometer um erro terrível. Poderia estar em casa, com meus gatos, em vez de me envolver em toda essa loucura. Mexi as mãos nervosamente, sentindo o suor na espinha. Olhei para a porta do jatinho, pensando em correr para fora, mas então o piloto anunciou que estávamos prestes a decolar, a porta se fechou e apertei o acolchoado da poltrona. Respirei fundo e fechei os olhos, tentando manter pensamentos positivos, ou pelo menos tentando. Mas, para perturbar ainda mais minha paz, que eu nem tinha, a voz irritante da ruiva soou nos meus ouvidos:- Para de frescura.
Eu nunca fui boa em socializar, mas ali estava eu, no meio de um grupo de mulheres interessantes, sentindo-me como a ovelha negra. Eu me via como a única diferente, e a insegurança começou a me consumir. Por um momento, pensei: "Por que estou tão insegura? Sou uma pessoa interessante, inteligente e bonita à minha maneira. Não preciso me sentir assim."Odiava me comparar com os outros, mas, às vezes, era inevitável. "Essas mulheres podem ser incríveis, mas tenho um trabalho incrível. Quem nunca amou assistir a uma série ou um filme? Faço parte desse universo, e, talvez, de todas aqui, eu seja a mais divertida." Mas então, as autocríticas voltaram: "Claro, sou tímida e desconfiada. Tive desilusões antes, mas não posso deixar isso arruinar tudo. Devo aproveitar essa oportunidade. É uma viagem grátis, e não estou arriscando um órgão. Só preciso me divertir e talvez conversar com algum cara antes de ir embora."Isso fazia sentido, até que alguém se aproximou de mim. - Oi, eu sou a Pati. -
É chegada a hora. Estou nervosa, ansiosa. Uma mulher da equipe se aproxima de nós, as cinco participantes, e nos entrega pequenos cadernos com canetas. Ela comunica que as conversas vão começar, que seremos conduzidas às cabines, onde encontraremos um ambiente relaxado. No entanto, nada daquilo me deixa relaxada. Eu vou conversar com um estranho, alguém que pode ser gentil comigo, ou talvez não. Talvez eu goste dele, ou talvez deseje fugir. Minhas mãos suam, e meu coração parece estar na boca.Uma a uma, seguimos pelo corredor em direção às cabines. Fico de frente para a porta que traz meu nome, algo assustador e pessoal. Quando a luz da sala se acende, é a minha vez de entrar. Todas as outras entram nas cabines com empolgação, mas eu fico parada diante da maçaneta, tentando criar coragem. Com um movimento trêmulo, giro a maçaneta e entro.Dentro, encontro uma sala simples, com um sofá e um enorme vidro que brilha, mas não revela nada do que está do outro lado. A mulher que nos acompa
Saio da cabine com um sorriso que parece grudado no rosto. Surpreendentemente, gostei muito de conversar com Nico. Enquanto caminho distraída pelo corredor em direção ao quarto onde passarei a noite, começo a imaginar como ele deve ser, com base no que ouvi. Sua voz soou gentil e envolvente, e suas palavras revelaram um senso de humor que me cativou. Tudo o que posso fazer agora é especular sobre sua aparência, mas, de alguma forma, sinto que isso é secundário.Ao entrar no quarto, me sento na cama e, em seguida, me deito olhando para o teto. Sinto um alívio profundo percorrendo meu corpo. A conversa na cabine não foi tão ruim como eu imaginei. Na verdade, ela me deixou com uma sensação de esperança, como se houvesse a possibilidade real de fazer uma conexão significativa com alguém, mesmo sem vê-lo.Minha mente continua a vagar por nossa conversa, revivendo os momentos em que rimos juntos e compartilhamos histórias pessoais. Talvez, apenas talvez, essa experiência inusitada possa lev
Sentada à mesa do café da manhã, com as mulheres ao redor, sentia-me estranhamente quieta em meio à empolgação que permeava a conversa. Enquanto elas compartilhavam histórias de seus encontros e os aspectos que mais haviam gostado nos rapazes, meu silêncio imperava. Minha mente teimava em voltar a um rosto, o de Nico, um homem que parecia ser feito de pura aventura, destemido e sem medo de nada. Era tudo o que eu não era.Eu, Hanna, sempre preferi ter os pés firmemente plantados no chão, buscando segurança e vivendo dentro da minha própria bolha. Socializar com muitas pessoas, especialmente em festas, era algo que eu detestava profundamente. Bebida e embriaguez eram coisas que evitava a todo custo, especialmente depois da última vez, quando tive uma experiência terrível que me deixou com um pavor avassalador de perder o controle. Naquela ocasião, tive a sensação de que, se não estivesse sóbria, poderia acabar em uma expedição espacial, tamanha era a sensação de desorientação que exper
Cheguei no quarto e se deitei-me na cama, sentindo-se dividida. Conhecer Nico foi bom. Eu vi alguém diferente de mim, alguém que se anima e tem energia para nós dois. Mas, por algum motivo, ele não me passa segurança, não me empolga a sair desse lugar e enfrentar algo diferente. Na verdade, penso que as diferenças entre nós apagariam qualquer chama de paixão. Pior ainda, temo que me tornar diferente por causa dele signifique me doar constantemente e nunca fazer o que realmente gosto. Não quero ser moldada pelo que um homem espera de mim. Tudo o que desejo é voltar para casa e não me enfiar mais em nenhuma cabine. Mas... Colin. Ele simplesmente não sai da minha cabeça. Tenho vontade de passar a noite conversando com ele. Parece ser um homem interessante, inteligente, alguém que não me julgaria se algum dia chegasse em casa e estivesse de pijama, cercada pelos meus gatos, em frente ao computador. Na verdade, acho que ele faria companhia. Colocaria os pés em cima dele, faria carinho nos