EmmaMinha cabeça paranoica não me deixou dormir depois do que aconteceu na boate. As meninas disseram que Victor gosta de mim. O meu amigo, quem achei que fosse uma boa pessoa, agarrou-me à força e me beijou após eu dizer que não queria nada disso. E Ian ficou furioso.Sempre vivi de forma calma, relaxada. A única aventura que eu tinha era criar o nosso projeto, correr com Bia e a ouvir me dizer besteiras sobre sua vida. Só que no momento estou na casa do meu namorado e chefe, sem saber como será meu dia na empresa.Mia não é do tipo de pessoa que fofoca sobre a vida de todos, apesar de, muitas vezes, eu ter ouvido conversas desse gênero sair da sua boca. A minha preocupação realmente é Natasha. Nós nunca fomos próximas e ela sempre me tratou bem, mas eu sei que costumava usar decotes provocantes quando sabia que ficaria a menos de um metro de Ian; ou para se jogar para cima de executivos ou, até mesmo, para aqueles do alto escalão da TEC Corporation.Não sou ciumenta, apesar de já t
Eu quase tinha me esquecido de Victor, com toda a história com Ian. Mas logo quando entrei na sala, esse acontecimento me veio à tona.Todos os dias, quando chegávamos, conversávamos e trocávamos ideias. Ele fica a poucos metros de mim, em uma mesa repleta de fios e telas de computadores, assim como a minha. E hoje está em seu lugar habitual, olhando-me como se estivéssemos brigados feio e eu fosse a culpada.Culpar a bebida não justifica sua atitude. Posso até entender que goste romanticamente de mim, mas ter me agarrado à força foi algo que odiei; ainda mais agora, quando parece me culpar ou ter raiva por algum motivo.Nunca quis tanto que um dia de trabalho acabasse logo. Gosto do que faço e me sinto feliz aqui, entretanto estou acuada hoje, culpando-me pela situação.Concentro-me no que estava fazendo, processando mais uma pilha de dados, colocando-a no servidor e a transferindo para um lugar seguro em nossa rede.Estar sempre de olho nos monitores ajuda a saber o fluxo de informa
Emma Sou do tipo de pessoa que quando tem que fazer algo ou quer fazer, pensa naquilo dia e noite. Minha semana foi basicamente assim. Boston não é longe, nem outro mundo, mas o problema não é para onde viemos, e sim o que acontecerá aqui. Mia disse: “Sem preocupações ou pressão, Emma. Isso não é um contrato ou um plano firmado. Se for para acontecer, vai acontecer.” Respirei fundo e rezei para o fim de semana vir logo. Até parecia que iria a um passeio de escola. Só que viajaria com meu namorado, o cara mais gato e mais cobiçado. Às vezes me pergunto como tudo aconteceu. Não sou nenhuma deformada ou desajustada, mas as únicas vezes que fui notada, foi para entrar na TEC Corporation. Algo que só aconteceu porque diziam que eu era acima da média. Meu mantra é: “Não tem nada demais em estar em uma nova cidade e deixar as coisas rolarem.” Foi desnecessário pensar nisso, pois aqui estou eu, deixando do lado de fora a menina forte, decidida e nenhum pouco ansiosa para os finalmentes,
EmmaUm ano depoisSe alguém me dissesse, há um ano, que eu estaria usando um vestido de noiva, prestes a me casar com o meu chefe hoje, eu diria que era uma piada de mal gosto. Mas aqui estou, em frente a um espelho enorme, completamente de branco e segurando um buquê. Daqui a meia hora estarei entrando em uma igreja.Em um ano, muitas coisas aconteceram. Nunca mais recebi notícias de Victor; minha mãe e eu conversamos e colocamos todas as mágoas para fora; Bia teve o seu bebê e está empolgada, mas não só com o meu casamento; e Milton, meu antigo supervisor, aposentou-se e me deixou em seu lugar.Ian sempre me apoiou e gosta de me ouvir falar sobre coisas que ele não entende. Ainda fala que serei a pessoa que o ajudará a nunca mais ser roubado. Até hoje, não sofremos mais com roubos ou paralisações no sistema.Seus pais saíram em uma nova lua de mel e hoje estão de volta, para o nosso casamento.Graças ao senhor, não sou mais tão medrosa e ansiosa. Talvez fosse porque não me sentia co
PrólogoEntão, a voz de Nico me trouxe de volta à realidade. Ele notou minha distração e a desaprovação estava clara em seu olhar. Eu o encarei, sentindo vergonha por não ter prestado atenção nele. - Desculpa - eu disse, tentando encontrar uma explicação. - É que ainda estou me adaptando a tudo isso. Nico mordeu os lábios e baixou a cabeça, parecendo tristonho. Ele disse, com um toque de insegurança: - Você não gostou de me ver? Quando eu olhei nos olhos castanhos dele, percebi o temor que escondia. Eu gostava dele, eu gostava de vê-lo pessoalmente, mas, naquele momento, naquela praia, sob as estrelas, eu não sentia nada mais do que... bem, um cara legal. Essa constatação me deixou confusa e apavorada. Se o meu coração não saltava de alegria quando Nico estava presente, o que isso significava? Será que ele realmente pertencia a Colin? Mas agora Colin estava com Pati, e eu não fazia ideia do que eles estavam fazendo naquele momento. - Eu...- comecei a dizer, mas as palavras pare
Eu fechei meu laptop com um suspiro de alívio, meus olhos cansados refletindo o brilho da tela que me prendeu por horas. Minhas costas doíam, uma lembrança constante de quanto tempo eu tinha passado sentada naquela cadeira desconfortável. A exaustão mental pesava sobre mim, afetando meu humor já frágil. Tudo o que eu queria naquele momento era um banho quente.Eu amava meu trabalho como roteirista novata em LA, mas havia algo que faltava em minha vida: calor humano. Minha personalidade introvertida sempre foi um obstáculo para fazer amigos na cidade das estrelas. Enquanto eu me questionava sobre o rumo que estava tomando, sabia que precisava sair de casa, mas o medo de que tudo desse errado sempre me assombrava.Minha solidão era palpável, e meus únicos companheiros eram meus gatos, que pareciam entender minha necessidade de isolamento. Minha irmã mais velha constantemente questionava minha escolha de viver assim.Com um esforço, levantei-me da cadeira e fui em direção à cozinha, ma
Sentada em frente ao meu computador, pensando no que minha vida se tornou, sinto um profundo descontentamento com a rotina monótona que se instaurou. Digitando mais um capítulo que encantaria alguns telespectadores, percebo que, apesar de criar histórias emocionantes e românticas, minha própria vida é vazia e previsível aos meus vinte e sete anos.Enquanto repasso mentalmente as tarefas do dia e do que me aguarda amanhã, uma voz interior inquietante sussurra que minha irmã pode estar certa. Talvez seja hora de buscar algo novo, algo que me tire desse marasmo. Então, como um estalar de dedos, lembro-me do link que ela me enviou recentemente. Embora pareça uma ideia louca, algo me impulsiona a pegar meu laptop e explorar. Abri o aplicativo de mensagens, no computador, e olho para a tela, pensando se isso era realmente uma boa ideia.Pensando como uma escritora, mais parecia uma história maluca onde a mocinha, incentivada a buscar novos ares, se vê fazendo a loucura de se inscrever em
- Já fazem dois dias – Agatha só pode está testando a minha paciência. O dia estava se arrastando, e eu tentava desesperadamente arrumar a casa enquanto minha irmã Agatha não parava de tagarelar sobre minha vida amorosa, ou a falta dela. Ela estava sentada na bancada da cozinha, com a mão no queixo, lamentando o fato de eu ainda estar solteira aos 27 anos, enquanto ela já tinha dois filhos. Era como se o relógio biológico dela estivesse gritando mais alto do que o meu.Enquanto jogava as roupas na máquina de lavar, olhei em volta e percebi que minha casa estava uma bagunça. Meus gatos miavam e brincavam no meio do caos, e minha paciência estava se esgotando rapidamente. Mas, por dentro, eu também estava me questionando. Que tipo de site de namoro não lhe notifica sobre futuros pretendentes, encontros, conversas? Era algo que me intrigava profundamente.Da última vez que entrei naquela plataforma, não havia mensagem alguma. A tela estava preta, como se aquele site nunca tivesse exis