SamantaEu sempre quis ser diferente, ser como as outras pessoas. Desde o momento em que nasci, fui tratada como lixo, descartada sem cerimônia. A mulher que me colocou no mundo não se deu ao trabalho de me entregar nos braços de alguém; ela simplesmente me deixou na frente de um orfanato, na escuridão fria. Quando me encontraram, meu corpo estava tão gelado que eu poderia ter me transformado em uma estátua de gelo. Não sei como não morri, sendo um recém-nascido tão frágil. Bebês são sensíveis, não são? Mas o destino, parece, decidiu que eu viveria... e que eu sofreria dores inimagináveis.Sempre digo que nasci com azar, e acredito nisso com cada fibra do meu ser. Mas, às vezes, coisas boas acontecem, como quando conheci Alisson, e minha melhor amiga, a irmã que nunca tive. Ela está sempre ao meu lado, mesmo agora que está viajando a trabalho. Moramos juntas, não apenas para dividir o aluguel, o qual eu realmente poderia pagar sozinha, mas porque é reconfortante estar perto de algué
- Nisso eu fiz coisas na qual não me orgulho, quando voltou ao normal, eu corri para a sala, como se, por algum milagre eles fossem me entender, mas acabou tudo com aquelas expressões de decepção.- Ok, volta a falar sobre o bonitão do elevador. – Dessa vez eu virei o rosto, vendo minha amiga encostada ao estofada, com aquele sorriso irônico e olhos curiosos, que me faz desejar matá-la. Porém, ignoro.- O nome dele é Harvey, e... basicamente, agora, quer ser meu amigo.- Amigo? – Franziu o cenho, achando estranho. – Um homem que te conheceu no elevador, depois do surto?- É exatamente o que pensei. – Concordei, me perdendo em meus pensamentos, e lembrando do nosso encontro, onde ele me encorajou. Ainda era estranho, no entanto, gostei. – Mas... parece que é verdade. Mesmo que eu ainda não o conheça, me sinto livre para dizer tudo o que penso, a ele. E isso não acontece com frequência.- Samanta – Hoper chama a minha atenção, com aquele tom preocupado. – Ele não é um estranho que vai m
Harvey - A partir de amanhã, serei responsável pela presidência, e.... - Você e sua mãe estão enchendo o meu saco. – Meu pai, ultimamente, está agindo como um menino teimoso. Sei que para Ian Novack, assumir que está ficando velho, e que não pode mais fazer tudo isso sozinho, pode ser difícil, entretanto, ele tinha que entender que estamos fazendo isso pelo bem dele. – Eu já sei. Quer ficar me lembrando a cada minuto? A noite era densa, silenciosa, cortada apenas pelo som suave do vento lá fora. A luz amarelada do abajur no canto do escritório lançava sombras longas nas paredes de madeira escura. Eu observava meu pai enquanto ele caminhava lentamente pelo ambiente, suas mãos cruzadas nas costas, o rosto sério, mas controlado. Ele evitava me olhar, preferindo se concentrar em cada detalhe ao redor, como se tentasse se reconectar com os anos de dedicação e esforço que ele havia colocado ali. - Pai, eu… - comecei, mas as palavras se perderam na garganta quando ele parou perto da e
Pov: Samanta, como sempre, estava nervosa ao se aproximar do prédio enorme, onde trabalhava, pois, sua cabeça não parava de pensar no que encontraria pela frente. Será que ele estará me esperando? Ela pensou, andando apressadamente, com as mãos suando, mexendo sem parar, com essa esperança em seu coração. Hora ou outra, colocava algumas mexas rebeldes, do seu cabelo, atrás da cabeça, mordendo os lábios, assim como fazia quando estava nervosa, acreditando que estava ficando louca, pois era muito surreal imaginar que estava, mesmo, desejando que aquele estranho, muito bonito, aliais, estivesse na frente do prédio onde ela trabalha, para mais alguns conselhos, sendo que ela só queria o ver, novamente. - Está sendo uma tola, Samanta. – Disse sussurrando, para que ninguém na rua, achasse que ela era louca. – Ele é um estranho que dá opinião sobre a sua vida. Como pode estar pensando nisso? – Bem, mesmo sabendo dos fatos, que sua melhor amiga fez questão de expor bem na sua cara, el
SamantaO mundo parecia passar lentamente enquanto eu atravessava as portas da empresa, os fones de ouvido subidos no volume máximo, mergulhada em uma melodia melancólica. O céu, ainda claro, escondia a verdadeira hora. Manhattan e Nova York, com suas luzes e sons, não pareciam dispostas a descansar tão cedo. E, sinceramente, nem eu.Não queria voltar para casa. Não queria encarar o silêncio das paredes do meu apartamento, a solidão que sempre me esperava lá. Passei pela porta giratória e dei de cara com a calçada, onde os arranha-céus me observavam do alto. Eles pareciam monumentos perfeitos, imponentes, onde milhares de pessoas ganhavam rios de dinheiro. Às custas de pessoas como eu, uma garota com uma aptidão natural para a tecnologia, mas ainda assim, apenas uma engrenagem a mais na grande máquina corporativa.Eu queria ser mais. Mais do que apenas uma garota invisível naquele formigueiro controlado por homens poderosos. Mais do que o idiota do Adam, que parecia fazer questão d
PovA semana foi bem corrida para ele. Mal teve tempo de comer e dormir. Se desdobrava entre ler a maior parte dos documentos, digitais, contratos, projetos, situação atual das informações, como estava fluindo as coisas, e estar a par das coisas dentro daquele prédio e seus pais.Não importava o quanto era cansativo, Harvey faria o possível, e o impossível para tomar a liderança e deixar seu pai despreocupado.Porém, em meio a tudo isso ele se viu em uma armadilha da sua cabeça. Sabendo que Samanta estava ali, bem perto dele, o deixava desconcentrado, algumas vezes. Isso o irritava. Começou a pensar que a mulher era a culpada da sua distração, e evitou ler suas mensagens, ou ligar para ela, como fazia, só para ouvir a sua voz.Harvey quase pensou que estava ficando obcecado por ela, o que lhe causava grande estranheza e motivo para risos desacreditados. Como ele poderia estar obcecado por uma pessoa que ele mal conhecia?Bem, mesmo achando isso um absurdo, Harvey fez algo no mínimo pr
HarveyEu estava sentado na minha poltrona favorita, no último andar deste prédio que é todo meu, cercado por luxo, mas sentindo um cansaço que nem todas essas paredes poderiam esconder. Tirei os óculos, largando-os sobre a mesa. Cocei o olho com a mão, buscando algum alívio, e deixei a cabeça descansar no braço que ainda estava apoiado na madeira fria. Mantive os olhos fechados, talvez na esperança de encontrar um pouco de paz ali, mas tudo o que encontrei foi o vazio de uma mente exausta.Os dias se arrastavam, um mais pesado que o outro. O sono, se é que eu ainda sabia o que era, me escapava como água entre os dedos. Comida? Mal lembrava o sabor da última refeição que realmente me saciou. A única coisa que parecia ter alguma cor nesse mar de cansaço era o som da voz de Samanta ou as poucas mensagens que ela me enviava, que, ultimamente, eram tão raras quanto meu descanso. Meu celular estava tão distante quanto minha cabeça. Ficava ali, jogado no canto da mesa, como se não tivesse m
Sentei-me na cadeira, soltando um suspiro longo e confortável. Esse era o meu lugar. Em frente aos meus quatro monitores, onde cada número, cada linha de código, fazia sentido de uma forma que o mundo ao redor raramente conseguia. Com um sorriso que eu não podia conter, liguei o monitor e deixei os olhos se perderem naquele emaranhado de dados. Para muitos, parecia um labirinto sem saída, mas para mim, era uma conversa entre velhos amigos. Eram mais próximos de mim do que qualquer ser humano, compreendendo-me de uma forma que ninguém mais conseguia.Mas, ultimamente, minha mente não estava tão alinhada como de costume. Desde que esbarrei em Harvey, parecia que algo se desprendia dentro de mim, um pedaço que começava a flutuar, me distraindo mais do que eu gostaria de admitir. Não hoje. Hoje, eu precisava de foco. Belisquei meus braços algumas vezes, uma tentativa quase desesperada de me ancorar à realidade, de me prender aos mundos que eu entendia tão bem.Eu nunca tive medo de errar.