PovSamanta atravessava os corredores da TEC Corporation com passos firmes e olhos ardentes, sua mente fervilhando de raiva. Cada passo era como um tamborilar, acompanhando o ritmo acelerado de seu coração. A empresa, que antes era um lugar de orgulho e satisfação, agora parecia sufocante, como uma jaula dourada que a aprisionava sob as novas regras e atitudes que o recém-nomeado CEO havia imposto.Ela ainda lembrava claramente do ex-chefe, um homem exigente, sim, mas justo e respeitoso. Agora, o herdeiro parecia ter chegado apenas para espalhar o caos. Metas absurdas para a equipe de TI, pressão desnecessária, e um clima que estava rapidamente se deteriorando. Samanta não conseguia entender como um único homem poderia causar tanto estrago em tão pouco tempo.Ao entrar no elevador, Samanta apertou o botão do último andar com uma força que denotava sua frustração. As portas se fecharam suavemente, isolando-a do mundo exterior, e ela se viu sozinha com seus pensamentos. Tentou organizar
SamantaMeu dia foi um caos completo. Acordei já atrasada, o alarme não tocou, e quando finalmente cheguei à empresa, parecia que tudo conspirava contra mim. Adam, como de costume, fez questão de me lembrar que a vaga dele deveria ter sido minha. Cada comentário dele, cada provocação... eu podia jurar que ele tirava prazer em ver minha frustração. E, ultimamente, essa frustração estava me consumindo.A TEC Corporation sempre foi meu lugar seguro. Quando comecei a trabalhar aqui, me sentia especial, parte de algo maior. Mas agora, a sensação de segurança estava escapando por entre meus dedos, e eu mal conseguia respirar. O azar parecia me perseguir, e tudo que eu fazia tinha o potencial de desmoronar minha carreira. Ser racional era o meu forte. Sempre fui do tipo que pensa mil vezes antes de agir. Mas agora, cada passo parecia perigoso, como se um movimento em falso fosse destruir tudo o que construí.Mas ainda assim, eu tinha que ser grata. Tinha um bom emprego, um bom salário. E min
SamantaEu só podia estar louca. Nunca quis sair de casa com um psicopata, mas... este, em particular, me tratava com tanto carinho que eu até deixaria ele me matar. É brincadeira, claro. Mas o fato dele ter descoberto o endereço da minha casa e ainda assim pedir permissão para aparecer na minha porta não tornava Harvey menos suspeito. Se ele quisesse me fazer mal, já teria feito. Ainda assim, a influência dele não era exatamente positiva. Nem mesmo a minha melhor amiga conseguia me convencer a sair de casa para caminhar — e olha que ela sempre foi persuasiva, conseguindo praticamente tudo de mim. Mas correr no parque com Harvey? Isso era outra história.O céu começava a se tingir de laranja, mesclando-se com o azul escuro da noite que avançava. Nova York, com suas luzes excessivas, tornava impossível ver as estrelas. Tive que pedir emprestada uma roupa de corrida da minha amiga, que, obviamente, não estava em casa. Sempre ocupada com o trabalho. Quando contei a ela pelo telefone que
HarveyEu não fazia ideia de que isso poderia acontecer. Essa história estava se tornando uma bola de neve no qual eu não faço ideia de como parar. Eu deveria, bem agora, contar tudo, toda a verdade. Não é como se eu fosse, simplesmente, a pessoa mais perigosa do mundo, mas sinto que omitir quem sou, onde trabalho pode afetar a minha relação com Samanta, que no momento eu não faço ideia de como estar.Como se já não bastasse o que aconteceu quando eu estava com o Melanie, agora, bem agora, parado, com ela me olhando confusa. Sinto o meu coração pegar fogo. Seus batimentos estão tão acelerados que acredito que vou morrer a qualquer momento. Toda vez que estou perto dela, é um misto de sensações no qual eu não sei explicar. Não é só uma amizade. Não é só uma simples mulher que encontrei por acaso. É também a mulher por quem estou sentindo coisas que eu não deveria sentir. Samantha é muito diferente das outras mulheres. Ela teve uma vida sofrida. É batalhadora e conquistou muitas cois
SamantaEu não sei onde estava com a cabeça quando aceitei o convite inusitado de Harvey. O homem tinha atitudes meio estranhas. Eu ainda me questionava sobre a amizade que ele queria ter comigo. Então, do nada, ele aparece em minha porta, sem que eu tivesse o convidado ou dito onde morava. Minha melhor amiga poderia ter completa razão. Além de eu estar ficando maluca, estava também cometendo vários erros. E os sinais estavam bem na minha frente. Só eu que não queria ver.Talvez fosse a incrível beleza e aquele olhar de que, a qualquer minuto, vai me colocar contra a parede e me beijar, sendo que eu quase aposto que isso nunca vai acontecer. Bem, é mais uma das minhas fantasias. Mas admito que me convidar para a sua casa de veraneio, longe da caótica Nova York, foi muito surpreendente. E mais surpreendente ainda foi a minha aceitação.Não sei, acho que eu queria passar mais tempo ao lado de Harvey. Toda vez que nos encontramos, parece que sou alguém diferente de quem sou. Parece que e
SamantaEu sabia que ninguém iria me responder. Provavelmente era um e-mail no qual só existe para descarte. Sim, eu estava muito irritada. Mas o convite inusitado de Harvey consumia todo o meu tempo e meus pensamentos.Deitada com os olhos fixos no teto, eu repassava todas as vezes em que nos encontramos. E na conversa de hoje, na verdade, quando meu corpo se chocou contra o dele, o fazendo segurar em minha cintura, senti como se estávamos prestes a dar um beijo um ao outro. Eu estava tão perto daqueles seus lábios sedutores, com aquele sorrisinho pervertido no canto dos seus olhos azuis que pareciam iguais ao de um lobo prestes a me atacar. E eu deixaria que ele me atacasse.Só Deus sabe o quanto eu desejei que ele o fizesse, que me beijasse. Mas não aconteceu. Óbvio que não. Sou uma tola por desejar e por pensar que algum dia ele faria isso. Estava distraída, presa nos momentos bons em que eu estive ao lado de Harvey. E só fui despertada para a realidade quando o som de notificaç
HarveyNão sei o que me deu quando simplesmente convidei a mulher que vinha habitando minhas fantasias, acreditando estar apaixonado, para a minha casa. Meu refúgio. Sempre que estou estressado ou esgotado, física e mentalmente, é para lá que corro. Um lugar de fuga, onde posso me desligar do mundo. Mas, de repente, sem que eu percebesse, a ideia surgiu e escapou da minha boca. Não que eu não possa levar alguém até lá, mas o ponto é que o propósito da minha ida era justamente pensar no que realmente sinto por ela. E então, do nada, a convido. Sem nem sequer explicar que eu sabia onde ela morava, sem perguntar, sem pedir permissão. Surpreendentemente, ela aceitou. Acho que nós dois temos essa tendência de agir sem pensar. E, honestamente, fiquei feliz. Significa que vou passar um tempo com ela. Mas o que isso significa? O que significa estar perto dela? O que significa estar com ela, quando o meu objetivo era refletir sobre os meus sentimentos?Bem, eu não sei.Agora, estou andando de
SamantaA tensão no ar era palpável. Estar no carro com Harvey me fez lembrar daquele momento no elevador, quando estávamos tão próximos, mas ainda assim distantes. Mesmo com o desconforto pairando entre nós, eu não podia negar que havia algo reconfortante em estar ao lado dele, como se sua presença, por mais silenciosa que fosse, me acalmasse. Mas algo estava errado. Harvey não era assim, tão quieto, tão introspectivo. Ele sempre tinha um comentário irônico, uma piada pronta, ou uma provocação sobre o meu passado que me deixava na defensiva. Agora, ele estava focado no caminho à frente, quase como se estivesse em outro mundo.Tentei puxar conversa, quebrar o silêncio sufocante, mas ele continuava distante, fixo na estrada. Pela primeira vez, comecei a pensar que talvez ele estivesse arrependido do convite. Talvez tenha mudado de ideia e só estava ali por obrigação, por achar que eu ficaria chateada se ele cancelasse de última hora. Eu entenderia se ele quisesse desistir. Quem, afinal