0.1

— Já deixei seu café pronto, papai — a morena para em frente a um espelho no corredor.

— Eu não quero que se atrase, Emma —  o mais velho beija o topo da cabeça dela.

— Não posso sair assim, preciso te deixar bem alimentado.

— A minha mão não cai se eu cozinhar.

— Mesmo assim eu gosto de te mimar — ela pega uma torrada.

— Você vai sair sem tomar café? — ele a repreende com o olhar.

— Não se preocupe comigo, comerei na escola — ela pega a bolsa e sai.

Um carro estaciona em frente a casa, o homem observa a jovem sair, todos os dias ela ia a escola, estava no último ano. Ela era dona de longos cabelos lisos, seus olhos eram castanhos e a pele oliva, além de um sorriso doce e lábios carnudos. Ela não lembrava em nada o pai, provavelmente tinha puxado a falecida mãe, que tinha os deixado quando ela era um bebê.

— Então na casa vive o pai da Samantha.

— E sempre sai uma moça, ela deve ser parente dele.

— Não se trata da Samantha? Ela poderia ter voltado.

— Essa menina tem dezoito anos, senhor Miller. 

— Quero que me leve até essa casa, quero falar com o pai dela pessoalmente. 

Emma estava no treino de líder de torcida, era seu último ano na escola, e ela ainda não tinha escolhido o curso que faria, escolher uma profissão não era algo tão fácil, mas a morena não iria deixar para o último minuto. Seu pai já não tinha a mesma saúde de antes, e ela queria cuidar dele, da uma vida tranquila para que ele não se preocupasse. 

— Você é tão boa nas acrobacias, Emma. 

— Eu era ginasta, mas tive que  largar tudo quando minha irmã sumiu, meu pai ficou doente e precisava de mim. 

— Você e sua irmã se davam bem? — a loira começa a se alongar. 

— Nunca fomos muito próximas, ela sempre teve outras prioridades. 

— Acho que nunca te vi com ela. 

— Mesmo antes de sumir ela nunca foi presente, então quase ninguém via ela, mas dizem que somos muito parecidas. 

— Então me mostra uma foto porque fiquei curiosa. 

— Essa foto já tem uns seis anos — ela mostra no celular. 

— Vocês são super parecidas, parece que é você em idades diferentes nessa foto. 

— Papai me disse que puxamos a nossa mãe. 

— A genética da sua mãe é muito boa, vocês duas são tão bonitas. 

— A Sam tinha uma elegância natural, eu sempre quis ser que nem ela. 

— Vamos voltar para o treino meninas. 

Oliver estava em frente a casa do pai de Samantha, ele estava ansioso para falar com ele, tinha se passado cinco anos desde o acidente, e ele não fazia ideia da onde ela estava. Ele não desistiria até tirar tudo dela, ele queria se vingar de sua ex noiva, fazer ela sentir dor assim como ele sentiu. Não era justo que ela sumisse assim, e o deixasse preso a uma cadeira de rodas, ela precisava pagar por levar sua liberdade, e também por ter matado seu irmão. 

...

— Quem é o senhor? — indaga o mais velho.

— Me chamo Oliver Miller, o ex noivo da sua querida filha — ele tenta fechar a porta, mas o segurança coloca o pé.

— A minha filha sumiu, eu não tenho mais contato com ela.

— Precisamos conversar um pouco, então me convide para entrar.

— Seja breve então — ele da passagem para os dois. 

— O senhor deve saber o que sua filha fez, além de tentar me matar e matar o meu irmão, ela me roubou e desapareceu. 

— Eu não tenho como pagar pelo o que ela roubou. 

— Ainda sim eu não posso deixar passar, enquanto ela não aparece quero que me pague. 

— Somos uma família simples, eu não tenho dinheiro. 

— O que está acontecendo aqui, papai? — Oliver fica surpreso ao olhar para a garota. 

— Esse é o ex noivo da sua irmã, ele quer que a gente pague o valor que ela roubou. 

— Se o senhor não tiver dinheiro pode trabalhar para mim. 

— O meu pai não tem saúde para isso, ele precisa de paz e tranquilidade. 

— De alguma forma vocês precisam pagar essa dívida. 

— Então eu vou, trabalho para você e pago essa dívida, mas quero que prometa deixar meu pai em paz. 

— Você vai para a minha casa amanhã, quero que comece logo a trabalhar. 

— Eu não quero que você vá, Emma — o mais velho segura a mão dela. 

— Prometo que volto para você — ela beija a testa dele. 

— Então amanhã o meu motorista vem te buscar. 

— Eu estou nas últimas semanas da escola, então peço que respeite os meus estudos. 

— Não vou te impedir de estudar — ele sai com o segurança. 

— Esse homem vai te destruir, ele tem muita raiva da sua irmã. 

— Se eu não for vai ser pior, não se preocupe comigo — ela vai para o quarto. 

Emma se senta na cama, as lágrimas descem, ela estava com medo de ir, mas se não fosse seu pai poderia sofrer as consequências. Samantha tinha feito tudo aquilo, era ela quem deveria pagar por tudo, mas tinha desaparecido. A morena pega uma mala, ela começa a colocar algumas roupas, teria que ir para a casa de Oliver no dia seguinte, seria sua empregada e não sabia como ele a trataria. 

Ela acaba dormindo em meio ao choro, já estava na hora do jantar quando seu pai a acorda, ele tinha feito uma sopa que sempre fazia quando ela era pequena, ele dizia que ela ajudava a esquecer das coisas tristes, e esse momento sempre foi uma lembrança de conforto para ela. 

— Quero que coma tudo para ficar forte. 

— Eu já não sou mais criança — ela começa a comer. 

— Para mim você sempre vai ser minha menina. 

— Você acha que vão encontrar a Samantha? 

— Uma hora ela vai ficar sem dinheiro, e vai ter que aparecer nem que seja para pedir ajuda. 

— Ela deve ter roubado coisas muito valiosas. 

— Sua irmã cometeu tantos crimes, eu queria saber onde errei. 

— Eu também fui criada por você e não sou assim. 

— Por isso eu tenho orgulho de você, Emma. 

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