— Já deixei seu café pronto, papai — a morena para em frente a um espelho no corredor.
— Eu não quero que se atrase, Emma — o mais velho beija o topo da cabeça dela.— Não posso sair assim, preciso te deixar bem alimentado.— A minha mão não cai se eu cozinhar.— Mesmo assim eu gosto de te mimar — ela pega uma torrada.— Você vai sair sem tomar café? — ele a repreende com o olhar.— Não se preocupe comigo, comerei na escola — ela pega a bolsa e sai.Um carro estaciona em frente a casa, o homem observa a jovem sair, todos os dias ela ia a escola, estava no último ano. Ela era dona de longos cabelos lisos, seus olhos eram castanhos e a pele oliva, além de um sorriso doce e lábios carnudos. Ela não lembrava em nada o pai, provavelmente tinha puxado a falecida mãe, que tinha os deixado quando ela era um bebê.— Então na casa vive o pai da Samantha.— E sempre sai uma moça, ela deve ser parente dele.— Não se trata da Samantha? Ela poderia ter voltado.— Essa menina tem dezoito anos, senhor Miller. — Quero que me leve até essa casa, quero falar com o pai dela pessoalmente. Emma estava no treino de líder de torcida, era seu último ano na escola, e ela ainda não tinha escolhido o curso que faria, escolher uma profissão não era algo tão fácil, mas a morena não iria deixar para o último minuto. Seu pai já não tinha a mesma saúde de antes, e ela queria cuidar dele, da uma vida tranquila para que ele não se preocupasse. — Você é tão boa nas acrobacias, Emma. — Eu era ginasta, mas tive que largar tudo quando minha irmã sumiu, meu pai ficou doente e precisava de mim. — Você e sua irmã se davam bem? — a loira começa a se alongar. — Nunca fomos muito próximas, ela sempre teve outras prioridades. — Acho que nunca te vi com ela. — Mesmo antes de sumir ela nunca foi presente, então quase ninguém via ela, mas dizem que somos muito parecidas. — Então me mostra uma foto porque fiquei curiosa. — Essa foto já tem uns seis anos — ela mostra no celular. — Vocês são super parecidas, parece que é você em idades diferentes nessa foto. — Papai me disse que puxamos a nossa mãe. — A genética da sua mãe é muito boa, vocês duas são tão bonitas. — A Sam tinha uma elegância natural, eu sempre quis ser que nem ela. — Vamos voltar para o treino meninas. Oliver estava em frente a casa do pai de Samantha, ele estava ansioso para falar com ele, tinha se passado cinco anos desde o acidente, e ele não fazia ideia da onde ela estava. Ele não desistiria até tirar tudo dela, ele queria se vingar de sua ex noiva, fazer ela sentir dor assim como ele sentiu. Não era justo que ela sumisse assim, e o deixasse preso a uma cadeira de rodas, ela precisava pagar por levar sua liberdade, e também por ter matado seu irmão. ...— Quem é o senhor? — indaga o mais velho.— Me chamo Oliver Miller, o ex noivo da sua querida filha — ele tenta fechar a porta, mas o segurança coloca o pé.— A minha filha sumiu, eu não tenho mais contato com ela.— Precisamos conversar um pouco, então me convide para entrar.— Seja breve então — ele da passagem para os dois. — O senhor deve saber o que sua filha fez, além de tentar me matar e matar o meu irmão, ela me roubou e desapareceu. — Eu não tenho como pagar pelo o que ela roubou. — Ainda sim eu não posso deixar passar, enquanto ela não aparece quero que me pague. — Somos uma família simples, eu não tenho dinheiro. — O que está acontecendo aqui, papai? — Oliver fica surpreso ao olhar para a garota. — Esse é o ex noivo da sua irmã, ele quer que a gente pague o valor que ela roubou. — Se o senhor não tiver dinheiro pode trabalhar para mim. — O meu pai não tem saúde para isso, ele precisa de paz e tranquilidade. — De alguma forma vocês precisam pagar essa dívida. — Então eu vou, trabalho para você e pago essa dívida, mas quero que prometa deixar meu pai em paz. — Você vai para a minha casa amanhã, quero que comece logo a trabalhar. — Eu não quero que você vá, Emma — o mais velho segura a mão dela. — Prometo que volto para você — ela beija a testa dele. — Então amanhã o meu motorista vem te buscar. — Eu estou nas últimas semanas da escola, então peço que respeite os meus estudos. — Não vou te impedir de estudar — ele sai com o segurança. — Esse homem vai te destruir, ele tem muita raiva da sua irmã. — Se eu não for vai ser pior, não se preocupe comigo — ela vai para o quarto. Emma se senta na cama, as lágrimas descem, ela estava com medo de ir, mas se não fosse seu pai poderia sofrer as consequências. Samantha tinha feito tudo aquilo, era ela quem deveria pagar por tudo, mas tinha desaparecido. A morena pega uma mala, ela começa a colocar algumas roupas, teria que ir para a casa de Oliver no dia seguinte, seria sua empregada e não sabia como ele a trataria. Ela acaba dormindo em meio ao choro, já estava na hora do jantar quando seu pai a acorda, ele tinha feito uma sopa que sempre fazia quando ela era pequena, ele dizia que ela ajudava a esquecer das coisas tristes, e esse momento sempre foi uma lembrança de conforto para ela. — Quero que coma tudo para ficar forte. — Eu já não sou mais criança — ela começa a comer. — Para mim você sempre vai ser minha menina. — Você acha que vão encontrar a Samantha? — Uma hora ela vai ficar sem dinheiro, e vai ter que aparecer nem que seja para pedir ajuda. — Ela deve ter roubado coisas muito valiosas. — Sua irmã cometeu tantos crimes, eu queria saber onde errei. — Eu também fui criada por você e não sou assim. — Por isso eu tenho orgulho de você, Emma.Emma caminha devagar, ela sabia que quando chegasse da escola, teria que ir para a casa de Oliver. Ele tinha muita raiva da irmã dela, e isso não era bom sinal, talvez ele não a tratasse ao menos com respeito. Ela já estaria ali trabalhando de graça, para pagar uma dívida que não era dela, isso já era humilhante o suficiente. Ao chegar em casa ela sobe para o quarto, a morena pega sua mala e uma bolsa, ela teria que morar na casa de Oliver. Ao descer ela se depara com o motorista, ele a esperava para irem embora, mas Emma precisava se despedir de seu pai. Ela o abraça forte, o mais velho chora nos braços da filha, ele se sentia um covarde por não ir no lugar dela. — Eu vou voltar para casa, eu prometo — ela sai com o motorista. Já no carro as lágrimas escorrem, ela não queria ir, mas também permitiria que seu pai fosse. Oliver parecia ser um homem impiedoso, e ela não queria piorar a situação, o melhor seria trabalhar durante algum tempo, e mais tarde voltar para casa, mas se a dív
— Está tudo bem com você? — indaga o homem de terno. — Minha pressão baixou — ela perde o equilíbrio, mas ele a segura. — É melhor você se sentar aqui — ele a ajuda a se sentar. — Não, se o patrão descobrir que não terminei, ele vai ficar ainda mais irritado comigo — ela segura o braço dele. — Tem quanto tempo desde que você se alimentou? — Eu tomei café da manhã, mas tive enchaqueca e não consegui comer na escola. — Tem mais de doze horas, você precisa se alimentar. — Eu não posso comer até terminar de limpar. — O meu tio não pode tratar os empregados dessa forma. — Eu não sou uma empregada, estou aqui para pagar a dívida da da minha irmã. — Você é irmã da Sam? Não pude falar sofre a semelhança antes, mas vocês são muito parecidas. — Sim, e estou pagando no lugar dela — ela chora. — Não se preocupe, vou falar com o meu tio. — Ele não vai gostar e vai descontar mim — ele a ignora e entra no escritório. — Você não pode entrar assim, Alex — ele fecha o notebook. — O que d
Emma estava arrumando o cabelo de Bella, a menina estava quieta e parecia a analisar, talvez Sam não tivesse sido uma boa madrasta, e ela ainda não confiava que Emma seria boa para ela. Oliver tinha lhe dado a ordem de cuidar da sobrinha dele, ela tinha que conferir se ela tinha escovado os dentes, arrumar o cabelo de Bella e acordá-la no horário.— Está na hora do café da manhã — ela termina de fazer as tranças.— Você sabe fazer bons penteados — a menina se olha no espelho.— O meu pai me ensinou quando eu era menor.— O seu pai arrumava o seu cabelo? — indaga Bella.— Sim, ele foi pai e mãe para mim, sempre cuidava de tudo.— O meu tio nunca arrumou o meu cabelo.— Talvez ele não saiba fazer penteados — ela sorri.— Eu queria estudar numa escola normal, é chato passar a semana toda na escola.— O seu tio é sozinho, por isso ele te colocou nessa escola.— Agora que você está aqui, vou pedir para ele me mudar de escola.— Agora é melhor você descer para tomar o café.— Vou calçar os
Emma acorda com o corpo dolorido, ela tem dificuldade para abrir os olhos, parecia que estava com febre. A morena se senta com dificuldade, ela olha para o uniforme pendurado, seria difícil trocar sua camisola por ele. Mas Oliver ficaria nervoso, era o primeiro dia de aula de Bella, e ela teria que ajudá-la a se arrumar. Ela pensa que um banho poderia ajudar, então ela pega suas coisas e vai até o banheiro, Emma abre o registro e começa retirando as meias, mas ela sente uma fraqueza e se apoia na pia. Sua febre deveria está muito alta, ela se senta na privada, e começa a chorar com medo do que Oliver faria. — Eu preciso trabalhar, por favor, eu não posso ficar doente. — Emma, você está muito tempo no chuveiro — diz Greta do outro lado da porta. — Me desculpe, mas não me sinto bem — ela se esforça e desliga o registro. — Vou avisar o patrão — os olhos da morena se arregalam ao ouvi-la. — Ele vai se zangar, se não aceitou o dia que tive enchaqueca, vai me punir por fazer corpo mol
Emma estava na escola, ela tinha que fazer as provas finais, só assim poderia passar de ano e se formar. Era difícil se concentrar nos estudos, a sua situação atual não cooperava, mas ela precisava terminar a escola. A morena estava terminando uma prova, ela responde as questões com dificuldade, parecia que a matéria não entrava na sua cabeça, mas ela tinha passado as últimas noites estudando. Após o fim das aulas ela volta para casa, ainda faltava uma prova, mas ao menos as aulas estavam acabando. Emma chega em casa e veste o uniforme, ela ainda teria que limpar o escritório, Bella chegaria mais tarde. A morena começa limpando os móveis, ela tira o pó de tudo, e depois passa para a limpeza do chão. — A escola vai mandar o resultado das suas provas? — Depois que eu fizer a última sim, mas ainda tem um prazo para enviarem. — Será que você é dedicada aos estudos? Sua irmã era formada numa boa faculdade. — Com a tortura psicológica que sofri nessa casa, fica difícil me concentrar na
Emma olha se o celular tinha carregado um pouco, ele estava com um pouco de bateria, então ela liga para a polícia e tenta falar baixo, se os bandidos a escutassem entrariam no quarto. Oliver a olha preocupado, aquela situação era desconfortável, eles estavam com medo de alguém ir até o quarto, certamente não seriam gentis com Emma e Oliver. — A polícia está vindo para cá — ela se senta na cama. — Estou escutando um barulho — ele desliga a lanterna. — Acho que só tinha a velha na casa — eles escutam alguém falar do lado de fora. — Então vamos levar tudo de valor, esses ricos nem sentem falta — eles escutam outra voz. Eles esperam alguns minutos, Oliver liga a lanterna novamente, Emma estava com falta de ar. Ela sentia que estava morrendo, o Miller segura a mão dela, ele olha nos olhos dela e tenta tranquiliza-la. Estava tão difícil respirar, ela tenta puxar o ar com calma, mas estava sendo impossível. — Respire fundo e solte o ar — ela faz o que ele disse. — Faça isso mais algu
Os próximos meses trabalhando na mansão, foram cansativos tanto fisicamente como mentalmente, Emma queria ir embora dali, não fazia sentido continuar trabalhando de graça, se o intuito era humilha-lá, ele já tinha conseguido o que queria. A morena veste o uniforme, ela vai até o quarto de Oliver, iria colocá-lo contra a parede e exigir um prazo. — Você foi bastante pontual — ele estava colocando o relógio. — Eu quero um prazo, quero que você faça um contrato, aonde diz que vai me liberar da dívida após um tempo determinado. — Você vai sair quando me der vontade de te liberar. — Se for assim eu vou embora agora mesmo. — Dessa casa você não sai, você tem uma dívida comigo. — A minha irmã tem uma dívida com você. — E enquanto ela não aparecer a dívida é sua. — Já parou para pensar que somos vítimas? Por culpa dela eu estou sofrendo. — Ao menos você não perdeu quem você ama. — Ainda sim estou longe do meu pai, e sofrendo nessa casa por sua culpa. — Por mim você pode continuar r
— Eu quero ir na roda gigante — diz Bella. — O Alex vai com você, eu não gosto de altura. — Mas no próximo você vai junto — ele pega na mão da mais nova. Emma olha os dois entrarem no brinquedo, Alex era um cara incrível, sempre tão gentil e justo, ao contrário do tio que a odiava. Oliver tinha parado no tempo, ele vivia sempre aquela vingança, e se esquecia de aproveitar a vida, aparentemente Sam nunca tinha deixado de ser um fantasma em sua vida. A melhor vingança seria ele ser feliz, mostrar que conseguia seguir em frente, ao invés de viver infeliz durante anos. A realidade é que parecia que mesmo depois do que ela fez, ele ainda a amava, e não conseguia esquecê-la de forma alguma. Era algo doentio, ele simplesmente não conseguia deixar aquilo, e enquanto não superasse a sua vida ficaria parada no tempo. Emma não queria fazer parte daquilo, ela não merecia passar por uma situação assim, mas ainda sim estava sofrendo. Ela só queria cuidar do pai, se formar, casar e ter filhos. S