— Está tudo bem com você? — indaga o homem de terno.
— Minha pressão baixou — ela perde o equilíbrio, mas ele a segura. — É melhor você se sentar aqui — ele a ajuda a se sentar. — Não, se o patrão descobrir que não terminei, ele vai ficar ainda mais irritado comigo — ela segura o braço dele. — Tem quanto tempo desde que você se alimentou? — Eu tomei café da manhã, mas tive enchaqueca e não consegui comer na escola. — Tem mais de doze horas, você precisa se alimentar. — Eu não posso comer até terminar de limpar. — O meu tio não pode tratar os empregados dessa forma. — Eu não sou uma empregada, estou aqui para pagar a dívida da da minha irmã. — Você é irmã da Sam? Não pude falar sofre a semelhança antes, mas vocês são muito parecidas. — Sim, e estou pagando no lugar dela — ela chora. — Não se preocupe, vou falar com o meu tio. — Ele não vai gostar e vai descontar mim — ele a ignora e entra no escritório. — Você não pode entrar assim, Alex — ele fecha o notebook. — O que deu em você? Aquela garota está sem comer. — Aquela m*****a garota é irmã da Samantha. — Ela não é a irmã, você está sendo injusto com ela. — Toda vez que vejo aquele rosto, eu me lembro do que ela me fez. — Eu não vou permitir que você a torture. — Essa é a minha casa, você não tem que permitir nada. — Você já foi uma pessoa muito melhor. — E por isso fui enganado e perdi meu irmão. — Eu também perdi o meu pai naquele dia. — Por isso deveria me entender melhor do que ninguém. — Você ainda vai acabar na pior com essa vingança. — E vou levar Samantha e sua família junto comigo. — Eu vou ficar para o jantar, mas antes vou deixar a empregada comer. — Não ouse alimentar a Emma, eu te proibo. — Vai fazer o que? Me bater? — ele sai do escritório. Alex vai até a cozinha e pega uma bandeja, ele coloca um copo de suco de jaranja, um sanduíche e um pedaço de bolo. Ele vai até a sala aonde encontra a morena no sofá, ele coloca a bandeja perto dela e a faz beber o suco, Emma bebe rápido, ela estava faminta. Após terminar de comer tudo ela se sente melhor, Alex sorri ao notar que ela estava satisfeita, não se negava um prato de comida a ninguém. — Obrigada, eu não estava aguentando de fome. — O meu tio se perdeu desde o acidente, ele não era assim antes. — Ele é a pior pessoa que já conheci, tenho medo de ficar aqui. — Vou tentar aparecer sempre que for possível. — Você não vai está aqui sempre para me proteger. — Então seja uma garota forte, você só está aqui para trabalhar, ele não pode te torturar. — Vou tentar, mas não está sendo nada fácil. — Sei que você vai conseguir, e sempre que possível irei te ajudar. — Você é irmão da Bella? Me falaram sobre ela. — Sou primo dela, filho do irmão do meu tio que faleceu no acidente. ... O fim de semana tinha chegado, Bella estava vindo para passá-lo com o tio, Emma tinha a esperança de que ele ficasse mais calmo. A morena já tinha vestido o uniforme, ela vai até o quarto de Oliver, ela caminha devagar com receio da reação dele, Alex a tinha defendido, então ela não queria imaginar como ele descontaria nela. — Emma, não pense que vai ter um aliado, meu sobrinho não manda nessa casa. — Eu não tinha pensado nisso, senhor. — Ainda sim desobedeceu minhas ordens, com o apoio do meu adorável sobrinho — ele estava de frente para ela em sua cadeira de rodas. — Não era possível aguentar tanto tempo sem comida. — Você não tem que inventar desculpas — ele a puxa pelo pulso e ela cai de joelhos. — É desumano me deixar sem comida — ela grita. — Mais desumano ainda é tentar matar alguém, tirar a vida de seu único irmão vivo, após ele ter sofrido a dor de perder seu outro irmão. — Eu não tenho culpa de nada disso, eu não sou a minha irmã. — Ainda sim tem os mesmos malditos olhos — ele aperta mais o braço dela. — Eu não pedi para nascer parecida com ela. — Ainda sim é uma cópia perfeita, o mesmo tom de pele e o mesmo cabelo. — Apenas me solte — ela geme de dor. — Hoje a minha sobrinha vem para casa — ele a solta. — A Greta me informou — ela ainda estava de joelhos alisando o braço. — Quero que a ajude em tudo, ela é a única alegria que me restou, então se não quiser despertar a minha raiva, a trate da melhor forma possível. — Está bem, se não precisar de mais nada — ela se levanta. — Pode ir e lave esse rosto, não quero que minha sobrinha a veja assim. Emma sai do quarto e ainda no corredor desaba a chorar, ela corre para o quarto e se tranca, antes de ir receber Bella, ela passa alguns minutos chorando em seu quarto. A morena lava o rosto e vai até a sala, Greta e Oliver já estavam lá, a menina não deveria ter mais de dez anos, ela se parecia um pouco com o tio. A garota parecia feliz em vê-lo, e pela primeira vez ele parecia amoroso, era um Oliver que Emma ainda não tinha visto.Talvez ele não fosse tão ruim, mas era tão injusto, a tratava da pior forma e ela não tinha feito nada. Bella ao menos era tratada com carinho, a menina parecia feliz, apesar de ter perdido os pais e seu outro tio. Oliver era o único herdeiro restante, Alex tinha as ações do pai, e Bella só teria as dos pais quando ficasse maior de idade. Provavelmente os dois sobrinhos seriam herdeiros do Miller, ele não parecia o tipo que formaria outra família.
— Essa é a nova empregada? Ela se parece com aquela mulher — ela a olha desconfiada. — A Emma vai te ajudar em tudo, não se preocupe, ela jamais teria coragem de te tratar mal — ele olha para a morena que apenas assenti.Emma estava arrumando o cabelo de Bella, a menina estava quieta e parecia a analisar, talvez Sam não tivesse sido uma boa madrasta, e ela ainda não confiava que Emma seria boa para ela. Oliver tinha lhe dado a ordem de cuidar da sobrinha dele, ela tinha que conferir se ela tinha escovado os dentes, arrumar o cabelo de Bella e acordá-la no horário.— Está na hora do café da manhã — ela termina de fazer as tranças.— Você sabe fazer bons penteados — a menina se olha no espelho.— O meu pai me ensinou quando eu era menor.— O seu pai arrumava o seu cabelo? — indaga Bella.— Sim, ele foi pai e mãe para mim, sempre cuidava de tudo.— O meu tio nunca arrumou o meu cabelo.— Talvez ele não saiba fazer penteados — ela sorri.— Eu queria estudar numa escola normal, é chato passar a semana toda na escola.— O seu tio é sozinho, por isso ele te colocou nessa escola.— Agora que você está aqui, vou pedir para ele me mudar de escola.— Agora é melhor você descer para tomar o café.— Vou calçar os
Emma acorda com o corpo dolorido, ela tem dificuldade para abrir os olhos, parecia que estava com febre. A morena se senta com dificuldade, ela olha para o uniforme pendurado, seria difícil trocar sua camisola por ele. Mas Oliver ficaria nervoso, era o primeiro dia de aula de Bella, e ela teria que ajudá-la a se arrumar. Ela pensa que um banho poderia ajudar, então ela pega suas coisas e vai até o banheiro, Emma abre o registro e começa retirando as meias, mas ela sente uma fraqueza e se apoia na pia. Sua febre deveria está muito alta, ela se senta na privada, e começa a chorar com medo do que Oliver faria. — Eu preciso trabalhar, por favor, eu não posso ficar doente. — Emma, você está muito tempo no chuveiro — diz Greta do outro lado da porta. — Me desculpe, mas não me sinto bem — ela se esforça e desliga o registro. — Vou avisar o patrão — os olhos da morena se arregalam ao ouvi-la. — Ele vai se zangar, se não aceitou o dia que tive enchaqueca, vai me punir por fazer corpo mol
Emma estava na escola, ela tinha que fazer as provas finais, só assim poderia passar de ano e se formar. Era difícil se concentrar nos estudos, a sua situação atual não cooperava, mas ela precisava terminar a escola. A morena estava terminando uma prova, ela responde as questões com dificuldade, parecia que a matéria não entrava na sua cabeça, mas ela tinha passado as últimas noites estudando. Após o fim das aulas ela volta para casa, ainda faltava uma prova, mas ao menos as aulas estavam acabando. Emma chega em casa e veste o uniforme, ela ainda teria que limpar o escritório, Bella chegaria mais tarde. A morena começa limpando os móveis, ela tira o pó de tudo, e depois passa para a limpeza do chão. — A escola vai mandar o resultado das suas provas? — Depois que eu fizer a última sim, mas ainda tem um prazo para enviarem. — Será que você é dedicada aos estudos? Sua irmã era formada numa boa faculdade. — Com a tortura psicológica que sofri nessa casa, fica difícil me concentrar na
Emma olha se o celular tinha carregado um pouco, ele estava com um pouco de bateria, então ela liga para a polícia e tenta falar baixo, se os bandidos a escutassem entrariam no quarto. Oliver a olha preocupado, aquela situação era desconfortável, eles estavam com medo de alguém ir até o quarto, certamente não seriam gentis com Emma e Oliver. — A polícia está vindo para cá — ela se senta na cama. — Estou escutando um barulho — ele desliga a lanterna. — Acho que só tinha a velha na casa — eles escutam alguém falar do lado de fora. — Então vamos levar tudo de valor, esses ricos nem sentem falta — eles escutam outra voz. Eles esperam alguns minutos, Oliver liga a lanterna novamente, Emma estava com falta de ar. Ela sentia que estava morrendo, o Miller segura a mão dela, ele olha nos olhos dela e tenta tranquiliza-la. Estava tão difícil respirar, ela tenta puxar o ar com calma, mas estava sendo impossível. — Respire fundo e solte o ar — ela faz o que ele disse. — Faça isso mais algu
Os próximos meses trabalhando na mansão, foram cansativos tanto fisicamente como mentalmente, Emma queria ir embora dali, não fazia sentido continuar trabalhando de graça, se o intuito era humilha-lá, ele já tinha conseguido o que queria. A morena veste o uniforme, ela vai até o quarto de Oliver, iria colocá-lo contra a parede e exigir um prazo. — Você foi bastante pontual — ele estava colocando o relógio. — Eu quero um prazo, quero que você faça um contrato, aonde diz que vai me liberar da dívida após um tempo determinado. — Você vai sair quando me der vontade de te liberar. — Se for assim eu vou embora agora mesmo. — Dessa casa você não sai, você tem uma dívida comigo. — A minha irmã tem uma dívida com você. — E enquanto ela não aparecer a dívida é sua. — Já parou para pensar que somos vítimas? Por culpa dela eu estou sofrendo. — Ao menos você não perdeu quem você ama. — Ainda sim estou longe do meu pai, e sofrendo nessa casa por sua culpa. — Por mim você pode continuar r
— Eu quero ir na roda gigante — diz Bella. — O Alex vai com você, eu não gosto de altura. — Mas no próximo você vai junto — ele pega na mão da mais nova. Emma olha os dois entrarem no brinquedo, Alex era um cara incrível, sempre tão gentil e justo, ao contrário do tio que a odiava. Oliver tinha parado no tempo, ele vivia sempre aquela vingança, e se esquecia de aproveitar a vida, aparentemente Sam nunca tinha deixado de ser um fantasma em sua vida. A melhor vingança seria ele ser feliz, mostrar que conseguia seguir em frente, ao invés de viver infeliz durante anos. A realidade é que parecia que mesmo depois do que ela fez, ele ainda a amava, e não conseguia esquecê-la de forma alguma. Era algo doentio, ele simplesmente não conseguia deixar aquilo, e enquanto não superasse a sua vida ficaria parada no tempo. Emma não queria fazer parte daquilo, ela não merecia passar por uma situação assim, mas ainda sim estava sofrendo. Ela só queria cuidar do pai, se formar, casar e ter filhos. S
— O professor de piano vem essa tarde, então quero que você se ocupe com outra coisa, já que Bella não precisará de você. — Tudo bem, é só me falar o que tenho que fazer. — Quero que peça flores ao jardineiro, as coloque em um vaso para colacar em meu quarto. Depois disso você pode trocar a roupa de cama, e tirar a poeira dos móveis. — Vou seguir suas ordens — ela vai até o jardim. — Está um belo dia de sol hoje — o jardineiro poldava algumas flores.— Está sim, e o patrão me mandou pegar flores.— Vou separar algumas bem bonitas — Ele sorri — Quando o irmão do patrão era vivo essa casa era cheia de flores.— Ele era muito diferente de agora, Peter?— O patrão era muito alegre, ele e a Bella brincavam todos os dias no jardim, e ele sempre jantava com ela.— Naquela época ele costumava ir a empresa?— Todos os dias — Ele lhe entrega as flores — Menos aos domingos que era um dia em família.— Imagino que tudo mudou com o acidente.— Essa casa ficou triste e sem vida, já não tinha ma
— Eu não deveria ter feito isso — Emma se levanta e começa a se vestir. — Aonde você vai desse jeito? — Oliver a olha confuso. — Eu não deveria ter me entregue a você — ela calça os sapatos. — Não pensei que tinha sido tão ruim assim para você — ele agora parecia sério como antes. — Depois de tudo que aconteceu, chega a ser ridículo eu me deixar levar assim, e eu sei que quem vai sair machucada sou eu. — Você acha que eu apenas te usei e vou voltar a ser como antes? — Não acho que alguém possa mudar tão rápido. — Talvez você tenha razão, eu não sirvo para fazer uma mulher feliz — suas palavras saíram amargas. Emma sente seus olhos se encherem de lágrimas, ela não conseguia falar alguma coisa, então o que ela faz é correr para o seu quarto. Ela se tranca e se joga na cama, aquele momento tinha sido bom, mas quando ela se deu conta do que tinha acontecido antes, de como Oliver sempre foi frio e injusto com ela, isso a fez se sentir culpada por não ter dito não, ela sentia que ti