Não posso descrever o quanto estou ansioso para esse encontro. Parece que sou novamente um menino que está indo para o parque de diversões. Vai todos os brinquedos ao mesmo tempo. É empolgante. Eu nunca me senti assim em toda a minha vida. Não por causa de uma pessoa que eu nem conheço. Não foi tão estranho. De um lado, essa mulher apareceu na minha vida novamente. Porque, segundo ela, já foi parte da minha vida, pelo menos por uma noite. E agora, eu espero ansioso por suas mensagens. Por suas brincadeiras, mesmo que eu possa ficar com muita raiva. Dependendo do que ela tem para manejar, é claroEu me olhava no espelho pela última vez, ajustando o colarinho da camisa com cuidado. Aquela mulher tinha um talento único para bagunçar minha cabeça, mesmo à distância. Não era só o mistério – embora isso fosse grande parte da questão. Era o controle. Ela sabia exatamente o que fazia, como me fazer sentir vulnerável, como me prender a esse jogo perigoso que ela criou e no qual eu entrei, mesm
O plano estava em andamento. Sentada no sofá do apartamento de Isabela, Samanta acompanhava tudo pelas câmeras de segurança. As imagens não mostravam os clientes de perto, claro, mas os ângulos que tinha eram suficientes para que ela monitorasse a movimentação com precisão estratégica. Quando as portas se abriram e os olhares se cruzaram, ela focou imediatamente em William. Sua expressão de surpresa a fez rir baixinho, quase satisfeita. Porém, ao mudar para o rosto de Isabela, Samanta notou algo diferente: medo, um nervosismo quase palpável.Ela sabia que sua amiga estava em apuros. Embora o plano tivesse sido idealizado por Isabela, Samanta havia se tornado uma parceira ousada, talvez até imprudente. No entanto, aquilo não era por ela. Era por Isabela. Respirou fundo, endireitou-se no sofá e deixou de lado o prazer perverso que sentia em observar William confuso. Pegou o telefone e começou a digitar uma mensagem, os dedos correndo pela tela com urgência.Agora sentada em sua mesa est
Eu ainda não podia acreditar no que estava acontecendo. Parecia um sonho, ou talvez um pesadelo, daqueles que você sabe que é real, mas torce para não ser. Isabela estava bem na minha frente, e tudo o que eu mais temia — e talvez o que mais me arrependia — estava estampado nos seus olhos. Ela não era mais aquela menina que eu costumava proteger, a irmãzinha do Harvey, que eu sempre tratei como parte da minha própria família. Não, ela tinha crescido. Crescido de um jeito que me desarmava, que me fazia questionar tudo o que eu pensava ser certo.Eu tentei, por anos, me convencer de que ela era só isso: a irmã do meu melhor amigo. Uma menina doce, frágil, que eu jamais poderia olhar de outra forma. E durante muito tempo, isso funcionou. Mas aos poucos, Isabela foi se mostrando mais do que aquela garotinha. Ela era inteligente, determinada, e, acima de tudo, leal. Sempre ao meu lado, mesmo quando eu não merecia. Quando estávamos juntos, era como se o mundo se tornasse mais simples. Mas mi
Eu realmente estou ferrada. Totalmente ferrada. Não faço ideia do porquê nem como consegui transformar toda a minha vida nesse caos. E agora ele está aqui, bem na minha frente, como se soubesse exatamente o que eu fiz. Como se cada escolha errada tivesse sido escrita no meu rosto. Samantha Ballou não para de mandar mensagens no meu celular, cada vibração me lembrando que estou tentando ignorá-la, que estou adiando o inevitável.Dentro da sala, eu estava cara a cara com ele. O homem que eu odiava com todas as forças do universo. Mas, droga, eu também o amava. Era uma contradição que rasgava meu peito em dois. Não importa o que ele fez. Nada apaga o que eu sinto por ele. Mas isso não significa que eu deveria ceder, certo?Eu estava exausta. Cansada de arquitetar planos, de lutar com as possibilidades, de fingir que tinha controle sobre alguma coisa. Tudo o que eu queria agora era acabar com isso. Dizer a verdade. Ficar cara a cara com EJ e colocar um ponto final nesse jogo insano. E, se
Meu coração estava na mão. Saí praticamente correndo daquele restaurante, sentindo como se tivesse perdido não apenas a batalha, mas a guerra inteira e tudo o que restava de mim. Achei que seria uma boa ideia enfrentá-lo, colocar um ponto final nesse capítulo que me consumia, me desgastava e me deixava à beira de um colapso. A ideia de provocá-lo sempre foi divertida, um jogo que me mantinha no controle, mas parecia que era hora de parar. Hora de dizer a verdade. Fazer com que ele entendesse os motivos por trás de tudo.Mas talvez eu tenha me enganado. Talvez o erro tenha sido meu desde o começo. Porque o William nunca vai mudar. Ele é, e sempre será, aquele mesmo idiota arrogante que vê cada mulher como um troféu, um desafio a ser conquistado. E eu? Bem, eu era só mais um nome na sua lista. Ou talvez fosse diferente. Talvez fosse mais perigoso. Porque agora eu temia que ele pudesse vencer a mim, me desmontar peça por peça, e, pior, que tentasse algo que me deixaria de novo com o cora
Não imaginei que isso poderia acontecer comigo. Jamais pensei que a mulher que estava me enlouquecendo durante dias e semanas era Isabela. Quando percebi, o arrependimento não foi por tê-la desejado ou ficado com ela, mas pela maneira como tudo aconteceu. Errado. Depois que acabou. Ela merecia mais, muito mais. E eu gostava dela. Gostar é complicado. É um sentimento que não sei administrar. Assim como não sei lidar com pressão, com silêncios, com palavras difíceis que ficam presas na garganta.Na época, me torturei mentalmente por semanas. Revivia cada detalhe daquela noite. Cada toque. Cada palavra. E o que eu fiz depois. Isabela mudou completamente. Me ignorou como se eu fosse um fantasma. Então foi embora. Londres. Eu sabia que era minha culpa. Totalmente minha. Por isso, me afastei do meu melhor amigo. Não conseguia encará-lo. O que fiz era imperdoável, e se ele descobrisse agora, depois de tantos anos... Ele me mataria sem hesitar. Era um risco que eu não podia correr.Mas ontem
Passei a manhã toda tentando me concentrar no trabalho, mas falhei miseravelmente. Eu queria me condenar por tudo isso. Afinal, a culpa foi minha. Eu que comecei com essa ideia maluca e agora estava afundada, dentro de um poço, e não tinha como subir. Mesmo avaliando os prós e os contras, sabendo que em algum momento eu teria que me revelar para pôr em prática a próxima etapa do plano, eu hesitava. Neste exato momento, não sei se vou conseguir concluir. Nem ele, o idiota, acabou me dando uma pista concreta.Pelo menos, William Morson estava enfeitiçado por mim. Ou era o que eu pensava. Só que essa incerteza me corroía. Não sabia se o que ele sentia era real ou se era apenas uma faísca de desejo alimentada pelo mistério. E se fosse algo passageiro? Algo que se apagaria assim que ele descobrisse tudo? Porque o William não é homem de simplesmente se apaixonar e abandonar a vida que ele sempre amou: a liberdade, as festas, as mulheres.Me sinto cansada com tanta coisa na cabeça. É exausti
— Não toda — Dei um sorriso malicioso. — Se eu contasse uma história bastante elaborada, com detalhes, mesmo que falsos, em quem o Sr. Morson acreditaria?William mordeu a mandíbula. Aposto que está arrependido do que fez.— Você é uma ótima jogadora. — Admitiu, mesmo não querendo. — Mas saiba que se eu cair, você também caí.— Não seja tão dramático — Revirei os olhos. — Foi você quem escolheu, ao contar essa mentira.— Vai valer a pena. — Era incrível o quanto ele era inabalável ou dava passos para trás, nesse quesito. Will nunca deixou seu lado competitivo e cafajeste. Acredito que ele vá jogar sujo e se aproveitar de tudo isso, se divertindo. — Então, quando começamos?Confesso que fiquei um pouco nervosa. Não tinha um plano em mente, e ele me pegou de surpresa. Eu odiava isso mais do que tudo. William sabia disso, e com certeza aproveitaria essa oportunidade em que eu estava tão frágil para me manipular. Ele era assim, um estrategista nato, alguém que sabia jogar quando os outros