Victor Hugo
O jardim está cheio de pessoas, todas parecem alegres e satisfeitas com todo o evento. Eu definitivamente não estou com cabeça para nada do tipo, mas já adiei essa inauguração pelo máximo de tempo que poderia, adiar mais só iria prejudicar toda a empresa. Além disso, eu só estou dessa forma pelo maldito erro que eu mesmo cometi, então agora o que me resta é arcar com as consequências. Estou em uma mesa em uma conversa com Pedro e a sua esposa, já tem um bom tempo que eu venho tentando o concencer a investir na empresa e se associar a nós. Depois de vir ao evento, já estava praticamente certa a nossa associação.
- Devo admitir que a Café Ferraz está crescendo em uma proporção que eu não imaginava, os números realmente estão impres
Esther MendonçaEstou fitando os olhos âmbar de Victor Hugo e ele aos meus, quando ele se afasta de repente. Eu sabia o porquê daquilo, era dessa forma que tinha começado as vezes em que nos beijamos e não podíamos cometer erro novamente.- O curativo está feito.- Ele diz e parece reparar no meu vestido molhado pelo champanhe- Vou pedir que Alice traga outro vestido pra você.-- Não precisa.- Sou rápida em dizer, me levantando da cadeira - Na verdade eu já estou bem cansada, se não for mais precisar de mim hoje eu gostaria de ir para casa.-- É claro, você pode ir sim.-- Obrigada.- Agradeço ele apenas assente, saindo pela porta e me deixando ali sozinha no quartinho.Eu e Victor Hugo definitivamente não estávamos em nosso estado normal, provavelmente estar&iacut
Victor HugoA negação do homem sobre fechar uma possível sociedade com a empresa ainda remoía em minha mente, aquilo havia me deixado frustrado e ao mesmo tempo extremamente confuso. Vilela se mostrava totalmente interessado na minha empresa, em seus projetos e em uma parceria com ela, a sua confirmação estava quase que certa até o momento em que falou com a esposa, que também parecia animada e concordar com a idéia, mas em questão de minutos tudo mudou e ambos se negaram a fechar negócio.Estava tão irritado, frustrado, magoado, culpado que não conseguia me controlar e quando vi boa parte das coisas do meu escritório estavam no chão quebrados, e eu continuava pegando e arremessando tudo que achava pela minha frente.Era mais uma das minhas tentativas de preencher a merda da dor, do vazio, da irrita&ccedi
Esther MendonçaSaio da sala de Victor Hugo ainda sentindo o meu rosto aquecido pela raiva, juntamente às lágrimas que escapavam de meus olhos, de raiva. Eu queria ter gritado para ele que sabia de tudo o que estava afirmando porque era irmã de Cecília, que eu sabia o que ele tinha feito e que tinha vindo para fazê-lo pagar. Mas eu não pude, não pude dizer quem eu realmente era e mesmo que ele tivesse me mandando embora e eu tivesse perdido a minha chance, ainda não era hora dele saber de toda a verdade. Eu não contestei quando Victor Hugo me mandou embora da empresa, de alguma forma eu senti um alívio por isso, tudo o que eu mais queria é ir para o mais longe possível daquele homem. Estou caminhando pelo corredor para ir embora quando sou interpectada por Diego, que para logo a minha frente.- Esther, o que houve?- Ele pergunta m
Victor HugoO dia havia amanhecido cinza e não apenas pelo tempo fechado e nublado, se bem que até mesmo a previsão do tempo parecia saber justamente o dia em que se completava mais um ano da morte de Cecília, mais um ano que eu me sentia vazio, culpado e ainda desnorteado como o dia de sua morte, nenhum sentimento em relação aquilo havia mudado, pelo contrário pareciam terem se intensificado ainda mais, de uma forma que me acabava dia pós dias, ainda mais hoje que completava nove anos do crime brutal no qual tiraram a sua vida, e de certa forma a minha também.Me sentia completamente perdido desde a hora que acordei, ou melhor, o dia amanheceu, pois sequer conheci pregar os olhos. Era como se a todo momento eu visse Cecília perto, a menina de uma forma ou outra me assombrava, parecia que eu sempre via seu rosto, sentia seu cheiro e de uma forma ou d
Esther MendonçaVictor Hugo tinha estado na minha frente, prestes a cair daquela janela que com certeza ocasionaria em sua morte. Eu tinha desejado isso por tanto tempo, desejado vê-lo morrer, mas quando eu realmente vivenciei não consegui permitir que aquilo acontecesse. Eu precisei salvá-lo, não só porque sabia que a minha consciência ficaria pesada depois se eu não tivesse impedido, mas porque algo dentro de mim tinha entrado em pânico com aquela cena e por mais que eu odiasse admitir isso, tinha uma parte em mim que não queria que ele morresse, uma parte que precisou se mover para salvá-lo. Agora o homem tinha os olhos fechados e falava coisas desconexas enquanto estava deitado no sofá do escritório, para onde eu o tinha conduzido. A sua embriaguez era nítida, e a garrafa de Whisky pela metade era a prova do quanto ele havia bebido.-E sabe de uma coisa, Esther? - ele faz uma pausa. - Daria todo o dinheiro que tenho, tudo mesmo para ter ela de volta aqui comigo, mas ja que isso
Victor HugoAs pontadas em minha cabeça estavam fortes e me incomodavam de maneira extremamente ruim, mas só não mais que a claridade dos raios de sol que vinham através dos vidros e refletiam diretamente em meu rosto, cegando minha visão que eu apertava os olhos para fugir da claridade que me incomodava, e foi só então que me dei conta do lugar em que estava, o dia havia amanhecido e eu continuava bem ali em meu escritório, minha roupa inteiramente amassada e fedendo a álcool, e só confirmo minha embriaguez na noite anterior quando vejo a garrafa praticamente vazia de whisky ali jogada, o mais estranho era o restante do escritório, ainda estava bagunçado, tinha coisas quebradas e ainda sim parecia ainda mais organizado da última vez que me lembro. Me perguntava o que havia acontecido de fato, minha cabeça não estava processan
Esther MendonçaFechei os olhos e suspirei antes de dar mais um passo em direção a empresa, eu estava disposta a contar toda a verdade a Victor Hugo. Eu não sabia se essa era decisão certa, porque até onde sei eu podia muito bem estar enganada e ter me deixado levar por suas conversas, ele ainda podia ser o assassina que sempre acreditei que fosse. Mas algo em mim dizia desde que eu o conheci pessoalmente que ele podia ser inocente no final das contas e que eu estava enganada, e a história do detetive foi um ponto muito importante para que eu passasse a acreditar nisso de verdade. Eu não sabia qual seria a sua reação ao descobrir o que eu tinha para contar, mas com certeza o homem não ficaria feliz já que teve grande parte de sua vida destruída por mim e possivelmente de forma injusta. Procurei não me dar mais tempo par
Victor HugoA mulher tinha seus olhos grandes atentos em mim, como se esperasse uma resposta enquanto eu continuo calado, nossos corpos ainda colados e o dela prensado na parede pelo meu.- Por favor, Victor Hugo. - Pede baixo. - Precisamos conversar, esclarecer algumas coisas.- Esclarecer o que, Esther? Já estou de saco cheio de toda maldita vez em que conversamos você começar com a merda das suas acusações, não vou mais perder meu tempo com você. - Nego e me afasto dela, mas sua mão agarra a minha me impedindo de deixá-la ali.- Larga de ser tão teimoso, juro que não irei te acusar ou nada do tipo, só quero conversar. - Volta a pedir com a mão ainda na minha.- Conversar sem ataques? - Ela assente positivamente. - Isso não combina com você. - Debocho e ela bufa. - Certo, vamos. - Con