Trinta e nove

Esther Mendonça

Victor Hugo tinha estado na minha frente, prestes a cair daquela janela que com certeza ocasionaria em sua morte. Eu tinha desejado isso por tanto tempo, desejado vê-lo morrer, mas quando eu realmente vivenciei não consegui permitir que aquilo acontecesse. Eu precisei salvá-lo, não só porque sabia que a minha consciência ficaria pesada depois se eu não tivesse impedido, mas porque algo dentro de mim tinha entrado em pânico com aquela cena e por mais que eu odiasse admitir isso, tinha uma parte em mim que não queria que ele morresse, uma parte que precisou se mover para salvá-lo. Agora o homem tinha os olhos fechados e falava coisas desconexas enquanto estava deitado no sofá do escritório, para onde eu o tinha conduzido. A sua embriaguez era nítida, e a garrafa de Whisky pela metade era a prova do quanto ele havia bebido.

-E sabe de uma coisa, Esther? - ele faz uma pausa. - Daria todo o dinheiro que tenho, tudo mesmo para ter ela de volta aqui comigo, mas ja que isso
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