Victor Hugo
O caminho para minha casa é cheio de dúvidas sobre quem havia mandado o recado, e era bem óbvio que tudo recaia ao meu pai, pois depois de tudo que o homem havia dito e confessado da última vez, mas isso eu deixaria para tirar a limpo outro dia, não agora.
- Não precisa me ajudar a descer. - Esther diz rindo quando saio para o outro lado para ajudá-la a descer.
- Sua perna. - Aponto.
- Já melhorou há um bom tempo, mas também era praticamente impossível não melhorar com o tanto de remédio que você insistiu em mandar quase todos os dias lá pra casa. - Sorri descendo e pegando sua bolsa, saímos da garagem e pegamos o elevador privativo que levava direto para a cobertura.
- Só estava tentando me desculpar. - Dou de ombros.
- Com remédios?
Esther MendonçaNão consegui disfarçar o incômodo que senti quando ouvi aquelas palavras vindas de Victor Hugo, tanto que a minha única reação foi sumir de sua frente o mais rápido possivel, assim como ir embora de sua casa. Eu não conseguia expressar o que tinha sentido, em um momento eu pude me sentir feliz por ouvir de sua boca que ele me desejava, que eu não sentia isso sozinha, mas quando ele disse que não podíamos ter nada, ouvir aquilo fez com que algo desabasse dentro de mim. Eu estava com raiva, com raiva por ele ter me feito pensar que algo entre nós poderia ser possível, com raiva por quebrar as minhas expectativas. Só quando ele disse aquelas duras palavras que eu percebi o que tanto queria negar, eu estava apaixonada por Victor Hugo e não dava mais pra tentar esconder isso de mim mesma. Estava jogada
Victor Hugo- Não é preciso dizer muito para que todos saibam, é só olhar. - Esther diz de forma ciníca e quase tenho vontade de rir.- Quem é aquele? - Pergunto sem conseguir segurar a curiosidade que me tomou desde o momento em que a mulher pisou neste lugar, e pior ainda acompanhada de um homem.- Um amigo. - Dá de ombros fingindo desinteresse e agradece quando duas taças são entregues em suas mãos. - Tenho que voltar, seu evento está lindo. - Elogia antes de sair de perto e caminhar para perto do homem que a acompanhava e entregar para o mesmo uma das taças que carregava exibindo um sorriso bonito, trato logo de desviar os olhos dali e pegar uma boa dose de whisky, volto para a mesa com os outros sócios e percebo que Alissa trocou de lugar com Diego que estava sentado ao meu lado e agora está do outro lado d
Esther MendonçaEu não imaginava o quanto desejava ter Victor Hugo e senti-lo em mim até ter, eu ainda podia sentir o seu toque em minha pele, o seu cheiro se misturando ao meu, os seus lábios percorrendo cada parte de mim e se encontrando com os meus. A noite tinha sido longa e a passamos inteiramente perdidos um no outro e isso tinha me deixado mais feliz do que eu esperava.Abri os olhos e fiquei por alguns minutos na mesma posição, apenas o observando dormir, até que os seus olhos castanhos também se abriram e ele esboçou um sorriso. Nós tínhamos apenas um lençol cobrindo os nossos corpos, e o deixei para trás assim que me levantei e entrei no banheiro, para debaixo do chuveiro.Senti a água gelada cair contra a minha pele ao lavar todo o meu corpo, as gotas já encharcavam o meu cabelo e deslizavam po
Victor HugoO restante do almoço foi cheio de dúvidas sobre o que aconteceria dali em diante, principalmente agora que o carteiro que havia sido o responsável por entregar o bilhete ser achado e assim conseguiríamos saber quem foi a pessoa que enviou o pedaço de papel com uma ameaça nele.Mas decidi deixar isso de lado e pensar amanhã quando estivesse frente a frente com o investigador, agora só queria focar na mulher bonita com a cabeça em meu colo enquanto ria de um filme que colocamos de forma aleátoria na tela em nossa frente, meus dedos estavam enlaçados nos fios macios do seu cabelo enquanto eu fazia um carinho ali. Esther tinha sua atenção focada na tela em nossa frente e ria animada quando algo acontecia, mas eu sequer me dava o trabalho de prestar a atenção no motivo daqueles sorrisos quando a única
Esther MendonçaEraestranho estar com Victor Hugo, eu finalmente podia me permitir sentir o que eu sabia que sentia por ele há muito tempo, sentir e desfrutar disso sem culpar a mim mesma por isso. Nós tínhamos passado uma ótima noite juntos e eu havia voltado para o meu apartamento, acompanhada de seus seguranças como ele insistiu. Era estranho estarmos juntos até agora há pouco e eu já estar sentindo saudades, eu percebi que realmente não havia sentido o que eu sentia por ele por nenhuma outra pessoa, nem mesmo Nicolas que havia sido o meu primeiro e único namorado desde então.Estava distraída no sofá quando ouvi o celular tocar e assim que o alcancei, vi o nome de minha tia piscar na tela, percebi que havia alguns dias que eu não falava com ela.- O que houve, Esther? Eu t
Victor HugoO caminho nas longas estradas que percorro parece demorar mais que o habitual quando ainda estou dentro do carro e a poucos metros de distância da propriedade do interior de São Paulo onde meu pai vivia agora, não pensei duas vezes antes de vir até ele e mais uma vez tentar fazer com que o homem falasse de tudo o que havia acontecido naquele maldito dia, ainda mais agora depois de ter os papéis que provavam que ele apenas não esteve com Cecília horas antes de irmos para a cachoeira, mas que esteve literalmente no mesmo lugar em que o crime aconteceu, e era óbvio que tudo o indicava como autor daquilo, mas ainda sim me negava a acreditar nisso, pelo menos até ouvir da sua boca que tinha tido a coragem de tirar a vida da jovem menina que até então parecia ser tão inocente, e por mais erros que tenha cometido não merecia aquilo que
Esther MendonçaEu podia sentir os meus batimentos se agitarem dentro de mim a cada palavra que ouvia da boca de Henrico, não era possível que ele estivesse falando a verdade e esse tempo todo quem era a assassina de Cecília era tia Luiza, a doce tia Luiza que tinha nos criado com tanto amor e sempre cuidado tanto de nós, não, eu me recusava a acreditar nisso.- Isso não faz sentido.- Nego com a cabeça sentindo as lágrimas deixarem os meus olhos e escorrerem pelas bochechas - Você tá inventando isso tudo pra se safar.- O acuso, vendo o velho revirar os olhos com preguiça- Acredite no que quiser, garota burra, continue achando que a sua tiazinha é um anjo e você vai ser a próxima a morrer.-- Cala a boca.- Victor Hugo grita com ele- Ele está falando a verdade.- É a voz d
São Paulo, 2014Cachoeira do saltão, BrotasVictor HugoA água fresca banhava nossos pés conforme caia da enorme queda d´água para a pequena lagoa que se formava ao redor da cachoeira, nos dando uma sensação extremamente boa. O lugar estava vazio, provavelmente por ser um meio de tarde de uma terça feira, durante as sextas e finais de semana o lugar lotava pelas pessoas que aproveitavam suas folgas do serviço, coisa que eu deveria fazer também, mas definitivamente valeria a pena aguentar cada reclamação do meu pai por ter faltado um dia de estágio em sua empresa para levar como dizia ele, minha namoradinha mimada, para passear.Meu pai claramente não era fã e muito menos apoiava nosso namoro, essa negação vinha desde o início quando nos conhecemos ainda no final do ensino médio. Na época a garota de família humilde havia se mudado a pouco tempo para São Paulo após perder os pais e ter a guarda dada a uma tia materna, acabou conseguindo uma bolsa para concluir o ensino médio no colégio