Esther Mendonça
Saio da sala de Victor Hugo ainda sentindo o meu rosto aquecido pela raiva, juntamente às lágrimas que escapavam de meus olhos, de raiva. Eu queria ter gritado para ele que sabia de tudo o que estava afirmando porque era irmã de Cecília, que eu sabia o que ele tinha feito e que tinha vindo para fazê-lo pagar. Mas eu não pude, não pude dizer quem eu realmente era e mesmo que ele tivesse me mandando embora e eu tivesse perdido a minha chance, ainda não era hora dele saber de toda a verdade. Eu não contestei quando Victor Hugo me mandou embora da empresa, de alguma forma eu senti um alívio por isso, tudo o que eu mais queria é ir para o mais longe possível daquele homem. Estou caminhando pelo corredor para ir embora quando sou interpectada por Diego, que para logo a minha frente.
- Esther, o que houve?- Ele pergunta m
Victor HugoO dia havia amanhecido cinza e não apenas pelo tempo fechado e nublado, se bem que até mesmo a previsão do tempo parecia saber justamente o dia em que se completava mais um ano da morte de Cecília, mais um ano que eu me sentia vazio, culpado e ainda desnorteado como o dia de sua morte, nenhum sentimento em relação aquilo havia mudado, pelo contrário pareciam terem se intensificado ainda mais, de uma forma que me acabava dia pós dias, ainda mais hoje que completava nove anos do crime brutal no qual tiraram a sua vida, e de certa forma a minha também.Me sentia completamente perdido desde a hora que acordei, ou melhor, o dia amanheceu, pois sequer conheci pregar os olhos. Era como se a todo momento eu visse Cecília perto, a menina de uma forma ou outra me assombrava, parecia que eu sempre via seu rosto, sentia seu cheiro e de uma forma ou d
Esther MendonçaVictor Hugo tinha estado na minha frente, prestes a cair daquela janela que com certeza ocasionaria em sua morte. Eu tinha desejado isso por tanto tempo, desejado vê-lo morrer, mas quando eu realmente vivenciei não consegui permitir que aquilo acontecesse. Eu precisei salvá-lo, não só porque sabia que a minha consciência ficaria pesada depois se eu não tivesse impedido, mas porque algo dentro de mim tinha entrado em pânico com aquela cena e por mais que eu odiasse admitir isso, tinha uma parte em mim que não queria que ele morresse, uma parte que precisou se mover para salvá-lo. Agora o homem tinha os olhos fechados e falava coisas desconexas enquanto estava deitado no sofá do escritório, para onde eu o tinha conduzido. A sua embriaguez era nítida, e a garrafa de Whisky pela metade era a prova do quanto ele havia bebido.-E sabe de uma coisa, Esther? - ele faz uma pausa. - Daria todo o dinheiro que tenho, tudo mesmo para ter ela de volta aqui comigo, mas ja que isso
Victor HugoAs pontadas em minha cabeça estavam fortes e me incomodavam de maneira extremamente ruim, mas só não mais que a claridade dos raios de sol que vinham através dos vidros e refletiam diretamente em meu rosto, cegando minha visão que eu apertava os olhos para fugir da claridade que me incomodava, e foi só então que me dei conta do lugar em que estava, o dia havia amanhecido e eu continuava bem ali em meu escritório, minha roupa inteiramente amassada e fedendo a álcool, e só confirmo minha embriaguez na noite anterior quando vejo a garrafa praticamente vazia de whisky ali jogada, o mais estranho era o restante do escritório, ainda estava bagunçado, tinha coisas quebradas e ainda sim parecia ainda mais organizado da última vez que me lembro. Me perguntava o que havia acontecido de fato, minha cabeça não estava processan
Esther MendonçaFechei os olhos e suspirei antes de dar mais um passo em direção a empresa, eu estava disposta a contar toda a verdade a Victor Hugo. Eu não sabia se essa era decisão certa, porque até onde sei eu podia muito bem estar enganada e ter me deixado levar por suas conversas, ele ainda podia ser o assassina que sempre acreditei que fosse. Mas algo em mim dizia desde que eu o conheci pessoalmente que ele podia ser inocente no final das contas e que eu estava enganada, e a história do detetive foi um ponto muito importante para que eu passasse a acreditar nisso de verdade. Eu não sabia qual seria a sua reação ao descobrir o que eu tinha para contar, mas com certeza o homem não ficaria feliz já que teve grande parte de sua vida destruída por mim e possivelmente de forma injusta. Procurei não me dar mais tempo par
Victor HugoA mulher tinha seus olhos grandes atentos em mim, como se esperasse uma resposta enquanto eu continuo calado, nossos corpos ainda colados e o dela prensado na parede pelo meu.- Por favor, Victor Hugo. - Pede baixo. - Precisamos conversar, esclarecer algumas coisas.- Esclarecer o que, Esther? Já estou de saco cheio de toda maldita vez em que conversamos você começar com a merda das suas acusações, não vou mais perder meu tempo com você. - Nego e me afasto dela, mas sua mão agarra a minha me impedindo de deixá-la ali.- Larga de ser tão teimoso, juro que não irei te acusar ou nada do tipo, só quero conversar. - Volta a pedir com a mão ainda na minha.- Conversar sem ataques? - Ela assente positivamente. - Isso não combina com você. - Debocho e ela bufa. - Certo, vamos. - Con
Esther MendonçaEu ainda não estava acreditando que em alguns dias tinha acontecido uma reviravolta em minha vida que envolviam os últimos nove anos, mas era isso o que estava acontecendo desde o momento em que eu percebi que Victor Hugo não era culpadom. Não só isso, como também tinha unido forças temporariamente com ele até que encontrássemos o verdadeiro assassino de Cecília. Victor Hugo tinha me assegurado de que eu também teria acesso às informações que o detetive encontrasse, que saberia de tudo. Eu não dabia como isso funcionaria, nunca passou pela minha cabeça a ideia de trabalhar junto com Victor Hugo, na verdade nunca se passou na minha cabeça qualquer outra coisa que não fosse odiá-lo e estragar a sua vida. Essa investigação poderia durar muito tempo, e
Victor HugoEnzo havia chegado no horário combinado e assim que se acomodou na mesa em que estavámos ele levou os olhos até Esther, o homem conhecia a mulher provavelmente pelas fotos e informações que descobriu sobre ela e me olhou de forma estranha após vê-la ali, como se me questionasse o que a presença dela ali significava agora, ainda mais depois de sabermos sua intenção de se vingar de mim.- Pode falar, ela está ciente sobre suas investigações. - Digo e o olhar do homem parece ainda mais confuso. - Conversamos sobre tudo e ela percebeu que jamais teria motivos ou faria algo contra minha namorada. - Ele assente, mas ainda sim olha desconfiado para a mulher.- Sério que o senhor ainda vai continuar me olhando dessa maneira? Sei que errei em minhas acusações e já tentei me redimir com o V
Esther Mendonça- É, mas você fez isso porque eu te beijei primeiro.-- O que disse pra ela?- Ele pergunta, se referindo à conversa que tive com Alissa ainda hoje- A verdade, não ela toda é claro. Não contei que sou irmã da sua ex, mas disse que armei tudo aquilo porque te odiava.-- Odiava?- Ele arqueia a sobrancelha - Então não odeia mais?- Questiona e viro o rosto, impaciente com a sua pergunta. Tudo isso porque eu sabia dentro de mim que eu não o odiava, e obviamente não gostaria de admitir isso pra ele- Isso não importa, Victor Hugo.- Digo e me viro novamente para ele, que permanece em silêncio - Merda, tô com fome.-- Estávamos em um restaurante agorinha mesmo.- Ele aponta pro lugar atrás de nós- Eu sei, mas tava nervosa demais com o q