Dentro de dois dias, ela estará aqui. Pedi a Ofélia que preparasse o quarto de sempre para Lana. Todos os empregados foram comunicados sobre sua chegada. Nenhuma das minhas acompanhantes tem autorização para dar ordens, e todos os seus pedidos precisam ser submetidos a Ofélia e, depois, a mim.
Me pego imaginando como será a voz dela. Telefonei para Alberto, e ele demorou para atender. Com certeza, também estava aproveitando a viagem para rever seus familiares. Não sinto falta do Brasil, mesmo tendo morado lá por um tempo durante minha infância. A Itália me proporciona tudo o que eu preciso: solidão e paz!
— Leon, você tem visita. — Ofélia disse ao bater na porta e me tirar dos pensamentos. — Como sempre, diga que não estou com humor para receber visitas. — É sua prima Carla, já disse que não vai embora antes de falar com você, Leon.
Conheço bem a obstinação de minha prima. Ela se tornaria ainda mais insuportável se eu não a atendesse. — Diga a ela que espere!
[...]
Carla sentia que Leon precisava sair da solidão em que vivia. Acreditava que ele era jovem demais para passar o resto da vida sozinho. Se casando com ele, ela pensava que poderia finalmente resolver os problemas de sua vida facilmente.
Cedo ou tarde, Carla tinha a convicção de que a solidão faria com que Leon a aceitasse. Além disso, notava que ele não tinha filhos, o que a tornaria a única herdeira de sua fortuna, caso algo acontecesse com ele.
— Leon pediu que a senhorita espere. — Informou um dos empregados.
Leon tinha o hábito de deixar claro que estava no controle, sendo indesejável e frio com todos ao seu redor. Carla permaneceu na sala, notando a ausência do senhor Alberto, que geralmente cuidava de todas as finanças e transações na mansão. Alberto era um dos grandes obstáculos de Carla, pois sabia de suas ambições e desejo de viver no luxo daquela casa.
Cerca de vinte minutos depois, Leon desceu as escadas. Ele estava trajando sua típica máscara branca e roupas pretas e longas para esconder as marcas de queimaduras em seu rosto e corpo.
— Bom dia, Leon! — Cumprimentou Carla, embora ele não tenha retribuído o sorriso.
— Por que veio até aqui? — Leon perguntou de forma agressiva.
— Não precisa ser tão agressivo, eu senti sua falta. Como você não atendia minhas ligações, decidi fazer uma surpresa! — Explicou Carla, aproximando-se dele. Leon se afastou.
— Você sabe que não gosto de receber visitas. Diga o que quer e vá embora Carla.
— Só quero saber como você está.
— Mal, como sempre. Não tenho tempo para suas bobagens. Vá para casa e só volte aqui quando eu disser que preciso te ver.
— Você vai morrer sozinho, Leon. Está afastando todas as pessoas que te amam...
— Você me ama? — Leon perguntou, com um sorriso debochado.
— Claro que sim, mesmo que duvide!
— Ama o meu dinheiro e faria qualquer coisa para consegui-lo. Você sempre foi esperta! — Leon concluiu, deixando claro seu desdém pela situação.
Leon
Carla é muito engenhosa quando o assunto é o sexo oposto, mas eu sei lidar com ela. Cheguei mais perto, meti a mão entre seus cabelos e puxei seu rosto para perto.
— Me dê o que eu quero e te darei o que veio buscar!
Ela sabe que não deve me tocar ou beijar sem permissão, apenas balançou a cabeça confirmando. Fomos para o quarto de hóspedes, ela tirou toda a roupa e se deitou deixando as pernas para fora da cama, eu nunca me despia em frente a ninguém. Coloquei apenas o necessário para fora, peguei um dos preservativos que sempre deixo naquele quarto para quando ela insiste em me visitar.
Abri suas pernas e me encaixei em seu corpo, fiz com força e finalizei rapidamente. Já tive o que eu queria e não tinha mais por que ficar olhando para ela. Fechei meu zíper, fui até o quarto e peguei minha carteira.
— Tome, compre um presente. E lembre-se de vir aqui apenas quando for convidada, ainda mais agora que terei uma visita! — Ela ainda descia a saia e mudou de expressão quando revelei que nesta casa, em breve, eu teria mais alguém.
— De novo, vai trazer uma prostituta para cá?
— Minha querida Carla, o que te difere de uma delas?
— Eu gosto de você de verdade, por que não me deixa ficar e te fazer companhia para sempre? — Ela veio para perto e eu a afastei esticando a mão.
— Já te dei o que veio buscar, agora deixe-me sozinho.
[...]
Carla não conseguia acreditar que Leon estava prestes a trazer mais uma mulher para casa. Para ela, pagar caro por companhia parecia injusto, especialmente quando ela estava disposta a dar a ele exatamente o que ele precisava. Sua frustração a levou à cozinha, onde encontrou Ofélia supervisionando as empregadas.
— Ofélia, por que você não me disse que Leon pretende trazer mais uma mulher para cá? — Carla expressou sua insatisfação.
— Por favor, nos deixem a sós — Ofélia pediu às empregadas, que prontamente saíram da cozinha, permitindo que Carla e Ofélia conversassem com mais privacidade.
— Leon não pode simplesmente me trocar por essas mulheres imundas que ele tem trazido para cá. A última delas mal o suportou por mais de três meses!
— Ele não deseja estabelecer vínculos, talvez não a tenha aceitado porque sente algo por você. Carla, não desista. Se há uma mulher neste mundo que pode tirar Leon dessa tristeza, essa pessoa é você — Ofélia a encorajou.
Carla afastou-se, passando a mão pela mesa.
— Então me ajude a tirar essa mulher daqui. Com ela mantendo relações com ele, não conseguirei me aproximar novamente. Tenho suportado todas as desfeitas e humilhações dele por amor.
Carla admitiu a si mesma que, na verdade, estava disposta a enfrentar tudo aquilo por amor ao dinheiro.
— Vou fazer o que estiver ao meu alcance para que essa tal Lana desista de ficar. Amo Leon e não quero vê-lo perder mais tempo com essas aproveitadoras. Conte comigo, Carla!
Com a ajuda de Ofélia, Carla estava determinada a tirar Lana de seu caminho. Ela já nutria um forte ódio por aquela mulher, mesmo antes de sua chegada. Carla pegou sua bolsa, se despediu da governanta e entrou em seu carro.
— O nome da infeliz é Lana. Talvez Ofélia nem precise intervir. Ela mesma perceberá a merda que fez ao aceitar vir morar com esse desfigurado, estúpido e amargurado! — Carla murmurou consigo mesma enquanto se afastava.
Leon
Tomei um banho, confesso que enquanto estava com Carla, me peguei pensando em Lana. Preciso conhecê-la e saber se minhas impressões sobre ela estão em concordância com a realidade.
Saí do banheiro, sequei-me com a toalha e me vesti novamente. Vi uma notificação no celular, era de Alberto:
— Já estamos indo para o aeroporto. Passaremos a noite no hotel e ao amanhecer seguiremos para Bérgamo.
— De jeito nenhum!
Respondi imediatamente.
— Venham direto para cá, aqui mesmo poderão descansar!
Ele demorou a responder, mas, claro, iria acatar a minha ordem e logo me mandou de volta, dizendo como sempre: Sim, senhor!
Estávamos no aeroporto, minha mãe nos acompanhou com Ana Cláudia; mentir para ela era doloroso. Eu disse que estava indo trabalhar como garçonete e o doutor Alberto era o dono do restaurante. Anunciaram nosso voo, e meu coração parecia querer saltar de dentro do peito. Dei um forte abraço nas duas, e nossas bagagens já haviam sido despachadas. — Temos que ir agora, Lana! — Sim, senhor. — Subimos as escadas rolantes, pelo vidro eu vi aquele imenso avião, eu me levaria para tão longe de todas as pessoas que eu amo. Nossas passagens eram na primeira classe, e havia muitas pessoas elegantes. — Aqui, esses são nossos assentos! Alberto avisou-me, e ele já estava acostumado a ir e vir o tempo todo. Ele dizia que Leon mandava buscar muitas coisas no Brasil e não só mulheres. — Você está tão séria, sua expressão é de medo. Não precisa ficar assim, eu já te dei minha palavra de que pode confiar em mim. — Mas é que esse Leon… não sei por que, mas eu sinto medo só de ouvir o nome dele. É co
Eu a vi chegar, estava olhando pela janela do quarto e escondido atrás da escura persiana. Ela é muito mais bonita do que eu imaginava, percebi o modo como Fabiano olhava para Lana. Talvez, tenha sido um grande erro escolhê-la para vir.De novo essa sensação estúpida de estar cometendo um grande erro. Pelo corredor, eu ouvi os passos de Alberto e dela, e a pergunta que fez.— Esse é o Leon?— Não, esse é Denner Versalles. O pai dele! — Alberto respondeu para Lana.— Era um homem muito bonito.A dor me invadiu o peito ao ouvir aquela frase, ela é como as outras. Vai abominar estar em meus braços, o toque rugoso da minha pele dilacerada pelo fogo vai causar a ela horror. Mas vou mostrar quem dá as ordens, mesmo que odeie estar comigo, o dinheiro fará com que ela sempre esteja à minha disposição. Essa felicidade que ela ostenta irá embora em pouco tempo.Sentei-me em frente ao notebook para admirar o espetáculo, mas Ofélia bateu na porta e fechei a tela.— O que quer, Ofélia? — Perguntei
Desci as escadas usando meu vestido escuro, calcei uma sapatilha bem confortável e que me ajudou a aquecer os pés. Doutor Alberto me levou até a sala de jantar, dona Ofélia parecia não ter gostado nada de mim e deixou bem claro que eu não deveria fazer minhas refeições com o patrão. Eu li e reli o contrato várias vezes, eu sabia disso, mas ele me disse que naquela noite eu poderia e ele não iria descer para me conhecer naquela noite. Isso me deixou mais calma e até consegui comer bem, o jantar estava maravilhoso e achei que iria me deparar com coisas estranhas da culinária do país, mas não, eram todos brasileiros como eu.Depois do jantar, doutor Alberto foi falar com Leon no escritório e eu fiquei na sala olhando uns quadros na sala de estar. Conversei com Ofélia e acho que consegui conquistar a sua confiança, não quero me indispor com ninguém, já estou em uma situação desvantajosa.Eu queria muito encontrar uma foto dele entre aqueles quadros, mas não achei. Esperei um bom tempo até
Amanheceu, estava ansioso para conhecer minha nova submissa. Tomei um banho, coloquei as malhas de compressão e a máscara como sempre. Assim que me aproximei da escada, olhei para baixo e vi Fabiano e Lana flertando. Não posso admitir que a mulher que veio para ser minha, esteja se aproximando de outro. Me aproximei em silêncio, antes que ela se oferecesse ainda mais para ele. — Você não coloca um pé para fora dessa casa, sem a minha permissão. Ela me olhou assustada, ordenei a Fabiano para cuidar do serviço. Mandei que ela fosse me encontrar no quarto e Ofélia a levou, para comer na cozinha. Fui para o quarto, abri o computador e fiquei olhando meu álbum de fotografias, vendo as fotos da minha esposa e como ainda me dói a sua ausência. Fecho os olhos e ainda posso sentir o toque da pele dela, na minha, o peso do seu corpo sobre o meu. Eu daria tudo o que tenho por um minuto com ela e com os meus filhos, Lana bateu na porta e pedi que ela entrasse. Seu olhar era de pavor, percorri
Eu estava desesperada dentro daquele quarto, sinto muito medo do que esse homem pode fazer comigo. E se me prendesse aqui para sempre, o que seria da minha mãe?Não, eu não posso esperar para ver o que vai acontecer. Eu estava no primeiro andar, mas poderia conseguir passar pela janela e tentar entrar pela janela do quarto ao lado do meu, seria arriscado, mas não posso ficar parada.Me sentei na janela, seria uma queda considerável, apoiei-me do lado de fora e consegui alcançar a janela ao lado. Com muita dificuldade abri a janela e passei para dentro, restava torcer para que a porta não estivesse trancada.Caminhei pelo quarto tentando não fazer barulho, pois o quarto de Leon ficava ao lado desse. Girei o trinco da porta e consegui abrir...— Graças a Deus.Saí olhando para os lados, com pavor de ser pega por ele antes de encontrar o doutor Alberto. Até que ouvi uma discussão que parecia ser entre os dois, parei na porta do escritório e a decepção tomou conta de mim. Alberto não iria
Não sei o que me deu, a necessidade de salvá-la do perigo me fez sair de casa como há muito tempo eu não fazia. A deixei no quarto com o médico, após fazer promessas a ela, não sei como devo agir para que Lana não pense mais em ir embora daqui.Por que essa mulher difere? Por que eu não consigo ser o mesmo de antes, quando estamos perto um do outro? Ela pode ter conseguido me manipular desta vez, mas não conseguirá isso de novo.Tomei um banho, minhas roupas ficaram sujas com o sangue dela, ainda que sejam negras. Ainda embaixo do chuveiro, comecei a lembrar-me de quando estive com ela. A sensação quente e única de estar dentro do seu corpo, mesmo que contra a sua vontade. Mesmo que aqui apenas para minha própria consciência, me custa admitir esses sentimentos, nunca tive a mente tomada por uma mulher, desde que minha esposa se foi.Não posso e nem quero acreditar que, o que estou sentindo possa ser afeição ou...— Antes de amar de novo, eu prefiro arrancar o coração de dentro do meu
Segui tomando analgésicos e minha perna não doía como antes, depois que Leon veio falar comigo e me pegou daquele jeito, fiquei constrangida. Nem sei por que isso acontece comigo, ele já viu tudo!Me disse que apesar de ter conseguido a promessa de sexo menos violento e o meu celular de volta, eu não conseguiria nada, além disso. Que sou apenas mais uma das muitas mulheres que vieram ficar com ele, não entendo por que essa necessidade que há nele em repetir por tantas vezes o meu lugar em sua vida, eu nunca imaginei nada além do que está escrito naquele contrato.Assim que ele saiu do quarto e contrariando o que ele me mandou fazer, caminhei até a janela. Vi Fabiano sair e acho que para buscar coisas na cidade por ordem de Ofélia, gosto de conversar com ele. Acho que podemos ser amigos, me falta o que fazer.Leon fez questão de me dizer que os serviços sexuais que vim prestar a ele, não tem hora certa para acontecer e que eu devo me recuperar logo. Se algo nesse acidente me fez um bem
Lana era teimosa como nunca vi, apesar da orientação de permanecer em repouso, eu sempre a via sair do quarto para caminhar pela casa. Enquanto eu, mesmo sendo capaz de caminhar perfeitamente, tenho escolhido permanecer recluso. Resolvi descer para a sala um pouco, acabei encontrando-a ainda descendo bem devagar pelas escadas. Peguei sua mão e apoiei seu braço em meu ombro, assim ela não precisava colocar peso na perna ferida. O cheiro dela é algo indescritível, diferente de todas que já conheci, me pego recordando o tempo todo de quando estivemos juntos, mesmo que tenha sido tão traumático para ela. — Obrigada, Leon. — Ela me disse assim que descemos o último degrau. Não queria que eu a tocasse mais, até quando minha aparência fará com que todas as pessoas que eu gostaria de ter por perto, se afastem de mim? — Parece que já está quase recuperada, se atrevendo a descer uma escada como essas. — É que eu me sinto muito sozinha dentro do quarto o tempo todo, aqui embaixo eu posso conv