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Capítulo 4 - Leon

Dentro de dois dias, ela estará aqui. Pedi a Ofélia que preparasse o quarto de sempre para Lana. Todos os empregados foram comunicados sobre sua chegada. Nenhuma das minhas acompanhantes tem autorização para dar ordens, e todos os seus pedidos precisam ser submetidos a Ofélia e, depois, a mim.

Me pego imaginando como será a voz dela. Telefonei para Alberto, e ele demorou para atender. Com certeza, também estava aproveitando a viagem para rever seus familiares. Não sinto falta do Brasil, mesmo tendo morado lá por um tempo durante minha infância. A Itália me proporciona tudo o que eu preciso: solidão e paz!

— Leon, você tem visita. — Ofélia disse ao bater na porta e me tirar dos pensamentos. — Como sempre, diga que não estou com humor para receber visitas. — É sua prima Carla, já disse que não vai embora antes de falar com você, Leon.

Conheço bem a obstinação de minha prima. Ela se tornaria ainda mais insuportável se eu não a atendesse. — Diga a ela que espere!

[...]

Carla sentia que Leon precisava sair da solidão em que vivia. Acreditava que ele era jovem demais para passar o resto da vida sozinho. Se casando com ele, ela pensava que poderia finalmente resolver os problemas de sua vida facilmente.

Cedo ou tarde, Carla tinha a convicção de que a solidão faria com que Leon a aceitasse. Além disso, notava que ele não tinha filhos, o que a tornaria a única herdeira de sua fortuna, caso algo acontecesse com ele.

— Leon pediu que a senhorita espere. — Informou um dos empregados.

Leon tinha o hábito de deixar claro que estava no controle, sendo indesejável e frio com todos ao seu redor. Carla permaneceu na sala, notando a ausência do senhor Alberto, que geralmente cuidava de todas as finanças e transações na mansão. Alberto era um dos grandes obstáculos de Carla, pois sabia de suas ambições e desejo de viver no luxo daquela casa.

Cerca de vinte minutos depois, Leon desceu as escadas. Ele estava trajando sua típica máscara branca e roupas pretas e longas para esconder as marcas de queimaduras em seu rosto e corpo.

— Bom dia, Leon! — Cumprimentou Carla, embora ele não tenha retribuído o sorriso.

— Por que veio até aqui? — Leon perguntou de forma agressiva.

— Não precisa ser tão agressivo, eu senti sua falta. Como você não atendia minhas ligações, decidi fazer uma surpresa! — Explicou Carla, aproximando-se dele. Leon se afastou.

— Você sabe que não gosto de receber visitas. Diga o que quer e vá embora Carla.

— Só quero saber como você está.

— Mal, como sempre. Não tenho tempo para suas bobagens. Vá para casa e só volte aqui quando eu disser que preciso te ver.

— Você vai morrer sozinho, Leon. Está afastando todas as pessoas que te amam...

— Você me ama? — Leon perguntou, com um sorriso debochado.

— Claro que sim, mesmo que duvide!

— Ama o meu dinheiro e faria qualquer coisa para consegui-lo. Você sempre foi esperta! — Leon concluiu, deixando claro seu desdém pela situação.

Leon

Carla é muito engenhosa quando o assunto é o sexo oposto, mas eu sei lidar com ela. Cheguei mais perto, meti a mão entre seus cabelos e puxei seu rosto para perto.

— Me dê o que eu quero e te darei o que veio buscar!

Ela sabe que não deve me tocar ou beijar sem permissão, apenas balançou a cabeça confirmando. Fomos para o quarto de hóspedes, ela tirou toda a roupa e se deitou deixando as pernas para fora da cama, eu nunca me despia em frente a ninguém. Coloquei apenas o necessário para fora, peguei um dos preservativos que sempre deixo naquele quarto para quando ela insiste em me visitar.

Abri suas pernas e me encaixei em seu corpo, fiz com força e finalizei rapidamente. Já tive o que eu queria e não tinha mais por que ficar olhando para ela. Fechei meu zíper, fui até o quarto e peguei minha carteira.

— Tome, compre um presente. E lembre-se de vir aqui apenas quando for convidada, ainda mais agora que terei uma visita! — Ela ainda descia a saia e mudou de expressão quando revelei que nesta casa, em breve, eu teria mais alguém.

— De novo, vai trazer uma prostituta para cá?

— Minha querida Carla, o que te difere de uma delas?

— Eu gosto de você de verdade, por que não me deixa ficar e te fazer companhia para sempre? — Ela veio para perto e eu a afastei esticando a mão.

— Já te dei o que veio buscar, agora deixe-me sozinho.

[...]

Carla não conseguia acreditar que Leon estava prestes a trazer mais uma mulher para casa. Para ela, pagar caro por companhia parecia injusto, especialmente quando ela estava disposta a dar a ele exatamente o que ele precisava. Sua frustração a levou à cozinha, onde encontrou Ofélia supervisionando as empregadas.

— Ofélia, por que você não me disse que Leon pretende trazer mais uma mulher para cá? — Carla expressou sua insatisfação.

— Por favor, nos deixem a sós — Ofélia pediu às empregadas, que prontamente saíram da cozinha, permitindo que Carla e Ofélia conversassem com mais privacidade.

— Leon não pode simplesmente me trocar por essas mulheres imundas que ele tem trazido para cá. A última delas mal o suportou por mais de três meses!

— Ele não deseja estabelecer vínculos, talvez não a tenha aceitado porque sente algo por você. Carla, não desista. Se há uma mulher neste mundo que pode tirar Leon dessa tristeza, essa pessoa é você — Ofélia a encorajou.

Carla afastou-se, passando a mão pela mesa.

— Então me ajude a tirar essa mulher daqui. Com ela mantendo relações com ele, não conseguirei me aproximar novamente. Tenho suportado todas as desfeitas e humilhações dele por amor.

Carla admitiu a si mesma que, na verdade, estava disposta a enfrentar tudo aquilo por amor ao dinheiro.

— Vou fazer o que estiver ao meu alcance para que essa tal Lana desista de ficar. Amo Leon e não quero vê-lo perder mais tempo com essas aproveitadoras. Conte comigo, Carla!

Com a ajuda de Ofélia, Carla estava determinada a tirar Lana de seu caminho. Ela já nutria um forte ódio por aquela mulher, mesmo antes de sua chegada. Carla pegou sua bolsa, se despediu da governanta e entrou em seu carro.

— O nome da infeliz é Lana. Talvez Ofélia nem precise intervir. Ela mesma perceberá a merda que fez ao aceitar vir morar com esse desfigurado, estúpido e amargurado! — Carla murmurou consigo mesma enquanto se afastava.

Leon

Tomei um banho, confesso que enquanto estava com Carla, me peguei pensando em Lana. Preciso conhecê-la e saber se minhas impressões sobre ela estão em concordância com a realidade.

Saí do banheiro, sequei-me com a toalha e me vesti novamente. Vi uma notificação no celular, era de Alberto:

— Já estamos indo para o aeroporto. Passaremos a noite no hotel e ao amanhecer seguiremos para Bérgamo.

— De jeito nenhum!

Respondi imediatamente.

— Venham direto para cá, aqui mesmo poderão descansar!

Ele demorou a responder, mas, claro, iria acatar a minha ordem e logo me mandou de volta, dizendo como sempre: Sim, senhor!

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