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Capítulo 5 - Lana

Estávamos no aeroporto, minha mãe nos acompanhou com Ana Cláudia; mentir para ela era doloroso. Eu disse que estava indo trabalhar como garçonete e o doutor Alberto era o dono do restaurante. Anunciaram nosso voo, e meu coração parecia querer saltar de dentro do peito. Dei um forte abraço nas duas, e nossas bagagens já haviam sido despachadas.

— Temos que ir agora, Lana!

— Sim, senhor. — Subimos as escadas rolantes, pelo vidro eu vi aquele imenso avião, eu me levaria para tão longe de todas as pessoas que eu amo.

Nossas passagens eram na primeira classe, e havia muitas pessoas elegantes.

— Aqui, esses são nossos assentos!

Alberto avisou-me, e ele já estava acostumado a ir e vir o tempo todo. Ele dizia que Leon mandava buscar muitas coisas no Brasil e não só mulheres.

— Você está tão séria, sua expressão é de medo. Não precisa ficar assim, eu já te dei minha palavra de que pode confiar em mim.

— Mas é que esse Leon… não sei por que, mas eu sinto medo só de ouvir o nome dele. É como se alguma coisa dentro de mim, angustiasse meu coração a ponto de me fazer desistir disso. — Ele pegou minha mão, a dele estava quente e a minha gelada. — O senhor me promete, que se as coisas não saírem como nós esperamos, vai me trazer de volta para casa?

— Claro que sim, está no contrato. Você pode desistir quando quiser e não irá sofrer sanções por sua decisão.

— Não estou falando com o Alberto advogado, mas sim com o homem. Jura que me trará de volta se essa for minha vontade?

— Eu juro, filha, eu tenho sentimentos e não permitiria que você fosse obrigada a estar onde não quer.

Foram longas treze horas de viagem, o serviço de voo nos tratava como reis, mas a minha mente não conseguia relaxar. O tempo todo eu pensava na chegada e imaginava como era esse homem, ainda mais após saber que seu rosto e parte do corpo estavam desfigurados.

— Chegamos! — Assim que Alberto disse essa frase, o nervosismo em mim só aumentou, desembarcamos e todas aquelas pessoas falando em outros idiomas e eu com medo por não saber sequer o inglês.

Pegamos as bagagens na esteira, para minha surpresa um homem já estava esperando por nós dois. Ele falava português e chamou por Alberto.

— Que bom que já está aqui, Fabiano, ajude-nos com as malas por favor. Ah e essa é Lana.

— Muito prazer. — Nos cumprimentamos com um aperto de mão, ele era um rapaz bonito e simpático.

— Nós vamos para o hotel agora, doutor? — Eu perguntei, enquanto ele abriu a porta do carro para mim.

— Vamos direto para a mansão, Lana.

— Mas o senhor havia dito para mim que era muito longe e seria melhor que dormíssemos em um hotel.

— Perdoe-me, filha, mas Leon tem pressa em conhecer você. Terá tempo para descansar em casa!

Eu já estava tão cansada, meu corpo parecia ter sido atropelado por vinte automóveis. Dentro do carro, eu acabei dormindo no banco de trás a maior parte do tempo, mas não antes de ouvir uma parte da conversa dos dois no banco da frente.

— Essa é a moça mais bonita que eu já vi.

— Para o seu bem, tire os olhos dela, Fabiano. Ela é mais uma das moças contratadas por Leon, ela não está indo para cuidar da casa e sim dos interesses sexuais dele!

— Ela é uma jovem alegre, não vai suportar passar nem um minuto com um homem como ele.

— Nunca mais repita o que acabou de dizer, Leon tem sido generoso com você e sua tia Ofélia durante a vida inteira.

— Generoso, mas arrogante e cruel. — Fabiano forçou a voz.

— Consequências do que a vida roubou dele.

— Então o senhor acha justo que ele trate todos como lixo, para tentar esquecer o próprio sofrimento?

— Não estamos aqui para discutir o que é certo ou errado, e sim para fazer o nosso trabalho. — Alberto suspirou.

Abri os olhos depois que ambos pararam de falar, estávamos em um lugar onde havia muitas árvores e estava bem mais frio.

— É melhor que vista um casaco! — Alberto se virou e indicou que uma das minhas bolsas estava ao meu lado.

Retirei um casaco e me vesti, era tanto frio que meu queixo tremia. Vai muito difícil me adaptar a isso.

— Estamos em Bérgamo, a casa de Leon fica mais afastada das demais. Ele sempre prezou pela discrição.

Fabiano parou o carro em um imenso portão, parecia uma mansão dos filmes de terror e ainda mais por estar à noite. O motorista precisou se identificar para que liberassem a entrada do carro, não gostei de saber que tudo era controlado dessa forma, quem entra e quem sai.

O carro parou em frente a casa, parece que não mantinham muitas luzes acesas. Era tudo escuro e silencioso, só consegui ouvir alguns cães.

— Chegamos, você e Leon já irão se conhecer! — Alberto disse sorrindo e eu com imenso pavor que me secava a garganta.

O rapaz levou as malas, eu cruzei os meus braços de frio e ventava muito. Entramos na casa, que lugar escuro e sem cor, móveis antigos.

— Perdoe-me pelo que vou dizer, senhor Alberto, mas sinto-me entrando na casa do conde Drácula. — Ele sorriu de leve, como se estivesse com receio de concordar.

— Meu menino não é um monstro! — Uma senhora me disse com uma expressão condenatória, desfiz meu sorriso e voltei para o meu pavor.

— Perdoe-me senhora, eu não quis ser rude.

— Mas foi!

— Venha comigo, Lana, vou levá-la até o seu quarto. — Alberto e eu subimos as escadas, passamos por um longo corredor de quartos. Vi algumas fotos de família e parei para olhar.

— Esse é o Leon?

— Não, esse é Denner Versalles. O pai dele!

— Era um homem muito bonito.

Eu não queria me iludir com a possibilidade dele ser um parceiro agradável, mas a foto deixou-me um pouco menos tensa. Alberto abriu a porta de um dos quartos e entramos.

— Esse é o seu quarto, o que acha? — Ele perguntou, dei algumas voltas para analisar melhor.

— Um pouco escuro como os demais cômodos da casa, mas posso abrir as janelas e a luz irá entrar.

— Claro filha!

— Posso fazer uma pergunta?

— Claro que pode, Lana, o que quer saber?

— A casa não possui espelhos pelo que aconteceu com ele, não é?

— Sim, ver infelizmente a própria imagem causa dor a ele!

— Sendo tão rico, por que ele nunca procurou ajuda? Algum cirurgião plástico, talvez...

— Você está sendo invasiva.

— Desculpe-me. — Me sentei na cama, as malas estavam ao lado do imenso guarda-roupa.

— Tome um banho quente e vista-se para o jantar, não se esqueça de que deve usar cores escuras.

— Sim, senhor, eu não vou me esquecer. Mas espere!

— O que foi, Lana?

— Vai jantar comigo?

— Sim, por essa noite irei jantar com você.

Fiquei mais tranquila ao saber disso, Alberto saiu e eu fechei a porta do quarto com chave. Dei uma olhada com mais privacidade no quarto, fui até o banheiro e era maior que a minha casa inteira. Tirei minhas roupas, e escolhi algo adequado.

— Será que esse vestido é neutro o suficiente para agradar ao esquisito?

Eu sorri, disfarçando dentro de mim o medo que só crescia conforme os segundos passavam.

Paula Tekila

Lembrando a todos os leitores que teremos ao todo: três casais protagonistas, as tramas paralelas serão desenvolvidas em torno da história de amor de Lana e Leon! Espero que gostem de mais essa dose de Tekila *-*

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