Estávamos no aeroporto, minha mãe nos acompanhou com Ana Cláudia; mentir para ela era doloroso. Eu disse que estava indo trabalhar como garçonete e o doutor Alberto era o dono do restaurante. Anunciaram nosso voo, e meu coração parecia querer saltar de dentro do peito. Dei um forte abraço nas duas, e nossas bagagens já haviam sido despachadas.
— Temos que ir agora, Lana!
— Sim, senhor. — Subimos as escadas rolantes, pelo vidro eu vi aquele imenso avião, eu me levaria para tão longe de todas as pessoas que eu amo.
Nossas passagens eram na primeira classe, e havia muitas pessoas elegantes.
— Aqui, esses são nossos assentos!
Alberto avisou-me, e ele já estava acostumado a ir e vir o tempo todo. Ele dizia que Leon mandava buscar muitas coisas no Brasil e não só mulheres.
— Você está tão séria, sua expressão é de medo. Não precisa ficar assim, eu já te dei minha palavra de que pode confiar em mim.
— Mas é que esse Leon… não sei por que, mas eu sinto medo só de ouvir o nome dele. É como se alguma coisa dentro de mim, angustiasse meu coração a ponto de me fazer desistir disso. — Ele pegou minha mão, a dele estava quente e a minha gelada. — O senhor me promete, que se as coisas não saírem como nós esperamos, vai me trazer de volta para casa?
— Claro que sim, está no contrato. Você pode desistir quando quiser e não irá sofrer sanções por sua decisão.
— Não estou falando com o Alberto advogado, mas sim com o homem. Jura que me trará de volta se essa for minha vontade?
— Eu juro, filha, eu tenho sentimentos e não permitiria que você fosse obrigada a estar onde não quer.
Foram longas treze horas de viagem, o serviço de voo nos tratava como reis, mas a minha mente não conseguia relaxar. O tempo todo eu pensava na chegada e imaginava como era esse homem, ainda mais após saber que seu rosto e parte do corpo estavam desfigurados.
— Chegamos! — Assim que Alberto disse essa frase, o nervosismo em mim só aumentou, desembarcamos e todas aquelas pessoas falando em outros idiomas e eu com medo por não saber sequer o inglês.
Pegamos as bagagens na esteira, para minha surpresa um homem já estava esperando por nós dois. Ele falava português e chamou por Alberto.
— Que bom que já está aqui, Fabiano, ajude-nos com as malas por favor. Ah e essa é Lana.
— Muito prazer. — Nos cumprimentamos com um aperto de mão, ele era um rapaz bonito e simpático.
— Nós vamos para o hotel agora, doutor? — Eu perguntei, enquanto ele abriu a porta do carro para mim.
— Vamos direto para a mansão, Lana.
— Mas o senhor havia dito para mim que era muito longe e seria melhor que dormíssemos em um hotel.
— Perdoe-me, filha, mas Leon tem pressa em conhecer você. Terá tempo para descansar em casa!
Eu já estava tão cansada, meu corpo parecia ter sido atropelado por vinte automóveis. Dentro do carro, eu acabei dormindo no banco de trás a maior parte do tempo, mas não antes de ouvir uma parte da conversa dos dois no banco da frente.
— Essa é a moça mais bonita que eu já vi.
— Para o seu bem, tire os olhos dela, Fabiano. Ela é mais uma das moças contratadas por Leon, ela não está indo para cuidar da casa e sim dos interesses sexuais dele!
— Ela é uma jovem alegre, não vai suportar passar nem um minuto com um homem como ele.
— Nunca mais repita o que acabou de dizer, Leon tem sido generoso com você e sua tia Ofélia durante a vida inteira.
— Generoso, mas arrogante e cruel. — Fabiano forçou a voz.
— Consequências do que a vida roubou dele.
— Então o senhor acha justo que ele trate todos como lixo, para tentar esquecer o próprio sofrimento?
— Não estamos aqui para discutir o que é certo ou errado, e sim para fazer o nosso trabalho. — Alberto suspirou.
Abri os olhos depois que ambos pararam de falar, estávamos em um lugar onde havia muitas árvores e estava bem mais frio.
— É melhor que vista um casaco! — Alberto se virou e indicou que uma das minhas bolsas estava ao meu lado.
Retirei um casaco e me vesti, era tanto frio que meu queixo tremia. Vai muito difícil me adaptar a isso.
— Estamos em Bérgamo, a casa de Leon fica mais afastada das demais. Ele sempre prezou pela discrição.
Fabiano parou o carro em um imenso portão, parecia uma mansão dos filmes de terror e ainda mais por estar à noite. O motorista precisou se identificar para que liberassem a entrada do carro, não gostei de saber que tudo era controlado dessa forma, quem entra e quem sai.
O carro parou em frente a casa, parece que não mantinham muitas luzes acesas. Era tudo escuro e silencioso, só consegui ouvir alguns cães.
— Chegamos, você e Leon já irão se conhecer! — Alberto disse sorrindo e eu com imenso pavor que me secava a garganta.
O rapaz levou as malas, eu cruzei os meus braços de frio e ventava muito. Entramos na casa, que lugar escuro e sem cor, móveis antigos.
— Perdoe-me pelo que vou dizer, senhor Alberto, mas sinto-me entrando na casa do conde Drácula. — Ele sorriu de leve, como se estivesse com receio de concordar.
— Meu menino não é um monstro! — Uma senhora me disse com uma expressão condenatória, desfiz meu sorriso e voltei para o meu pavor.
— Perdoe-me senhora, eu não quis ser rude.
— Mas foi!
— Venha comigo, Lana, vou levá-la até o seu quarto. — Alberto e eu subimos as escadas, passamos por um longo corredor de quartos. Vi algumas fotos de família e parei para olhar.
— Esse é o Leon?
— Não, esse é Denner Versalles. O pai dele!
— Era um homem muito bonito.
Eu não queria me iludir com a possibilidade dele ser um parceiro agradável, mas a foto deixou-me um pouco menos tensa. Alberto abriu a porta de um dos quartos e entramos.
— Esse é o seu quarto, o que acha? — Ele perguntou, dei algumas voltas para analisar melhor.
— Um pouco escuro como os demais cômodos da casa, mas posso abrir as janelas e a luz irá entrar.
— Claro filha!
— Posso fazer uma pergunta?
— Claro que pode, Lana, o que quer saber?
— A casa não possui espelhos pelo que aconteceu com ele, não é?
— Sim, ver infelizmente a própria imagem causa dor a ele!
— Sendo tão rico, por que ele nunca procurou ajuda? Algum cirurgião plástico, talvez...
— Você está sendo invasiva.
— Desculpe-me. — Me sentei na cama, as malas estavam ao lado do imenso guarda-roupa.
— Tome um banho quente e vista-se para o jantar, não se esqueça de que deve usar cores escuras.
— Sim, senhor, eu não vou me esquecer. Mas espere!
— O que foi, Lana?
— Vai jantar comigo?
— Sim, por essa noite irei jantar com você.
Fiquei mais tranquila ao saber disso, Alberto saiu e eu fechei a porta do quarto com chave. Dei uma olhada com mais privacidade no quarto, fui até o banheiro e era maior que a minha casa inteira. Tirei minhas roupas, e escolhi algo adequado.
— Será que esse vestido é neutro o suficiente para agradar ao esquisito?
Eu sorri, disfarçando dentro de mim o medo que só crescia conforme os segundos passavam.
Lembrando a todos os leitores que teremos ao todo: três casais protagonistas, as tramas paralelas serão desenvolvidas em torno da história de amor de Lana e Leon! Espero que gostem de mais essa dose de Tekila *-*
Eu a vi chegar, estava olhando pela janela do quarto e escondido atrás da escura persiana. Ela é muito mais bonita do que eu imaginava, percebi o modo como Fabiano olhava para Lana. Talvez, tenha sido um grande erro escolhê-la para vir.De novo essa sensação estúpida de estar cometendo um grande erro. Pelo corredor, eu ouvi os passos de Alberto e dela, e a pergunta que fez.— Esse é o Leon?— Não, esse é Denner Versalles. O pai dele! — Alberto respondeu para Lana.— Era um homem muito bonito.A dor me invadiu o peito ao ouvir aquela frase, ela é como as outras. Vai abominar estar em meus braços, o toque rugoso da minha pele dilacerada pelo fogo vai causar a ela horror. Mas vou mostrar quem dá as ordens, mesmo que odeie estar comigo, o dinheiro fará com que ela sempre esteja à minha disposição. Essa felicidade que ela ostenta irá embora em pouco tempo.Sentei-me em frente ao notebook para admirar o espetáculo, mas Ofélia bateu na porta e fechei a tela.— O que quer, Ofélia? — Perguntei
Desci as escadas usando meu vestido escuro, calcei uma sapatilha bem confortável e que me ajudou a aquecer os pés. Doutor Alberto me levou até a sala de jantar, dona Ofélia parecia não ter gostado nada de mim e deixou bem claro que eu não deveria fazer minhas refeições com o patrão. Eu li e reli o contrato várias vezes, eu sabia disso, mas ele me disse que naquela noite eu poderia e ele não iria descer para me conhecer naquela noite. Isso me deixou mais calma e até consegui comer bem, o jantar estava maravilhoso e achei que iria me deparar com coisas estranhas da culinária do país, mas não, eram todos brasileiros como eu.Depois do jantar, doutor Alberto foi falar com Leon no escritório e eu fiquei na sala olhando uns quadros na sala de estar. Conversei com Ofélia e acho que consegui conquistar a sua confiança, não quero me indispor com ninguém, já estou em uma situação desvantajosa.Eu queria muito encontrar uma foto dele entre aqueles quadros, mas não achei. Esperei um bom tempo até
Amanheceu, estava ansioso para conhecer minha nova submissa. Tomei um banho, coloquei as malhas de compressão e a máscara como sempre. Assim que me aproximei da escada, olhei para baixo e vi Fabiano e Lana flertando. Não posso admitir que a mulher que veio para ser minha, esteja se aproximando de outro. Me aproximei em silêncio, antes que ela se oferecesse ainda mais para ele. — Você não coloca um pé para fora dessa casa, sem a minha permissão. Ela me olhou assustada, ordenei a Fabiano para cuidar do serviço. Mandei que ela fosse me encontrar no quarto e Ofélia a levou, para comer na cozinha. Fui para o quarto, abri o computador e fiquei olhando meu álbum de fotografias, vendo as fotos da minha esposa e como ainda me dói a sua ausência. Fecho os olhos e ainda posso sentir o toque da pele dela, na minha, o peso do seu corpo sobre o meu. Eu daria tudo o que tenho por um minuto com ela e com os meus filhos, Lana bateu na porta e pedi que ela entrasse. Seu olhar era de pavor, percorri
Eu estava desesperada dentro daquele quarto, sinto muito medo do que esse homem pode fazer comigo. E se me prendesse aqui para sempre, o que seria da minha mãe?Não, eu não posso esperar para ver o que vai acontecer. Eu estava no primeiro andar, mas poderia conseguir passar pela janela e tentar entrar pela janela do quarto ao lado do meu, seria arriscado, mas não posso ficar parada.Me sentei na janela, seria uma queda considerável, apoiei-me do lado de fora e consegui alcançar a janela ao lado. Com muita dificuldade abri a janela e passei para dentro, restava torcer para que a porta não estivesse trancada.Caminhei pelo quarto tentando não fazer barulho, pois o quarto de Leon ficava ao lado desse. Girei o trinco da porta e consegui abrir...— Graças a Deus.Saí olhando para os lados, com pavor de ser pega por ele antes de encontrar o doutor Alberto. Até que ouvi uma discussão que parecia ser entre os dois, parei na porta do escritório e a decepção tomou conta de mim. Alberto não iria
Não sei o que me deu, a necessidade de salvá-la do perigo me fez sair de casa como há muito tempo eu não fazia. A deixei no quarto com o médico, após fazer promessas a ela, não sei como devo agir para que Lana não pense mais em ir embora daqui.Por que essa mulher difere? Por que eu não consigo ser o mesmo de antes, quando estamos perto um do outro? Ela pode ter conseguido me manipular desta vez, mas não conseguirá isso de novo.Tomei um banho, minhas roupas ficaram sujas com o sangue dela, ainda que sejam negras. Ainda embaixo do chuveiro, comecei a lembrar-me de quando estive com ela. A sensação quente e única de estar dentro do seu corpo, mesmo que contra a sua vontade. Mesmo que aqui apenas para minha própria consciência, me custa admitir esses sentimentos, nunca tive a mente tomada por uma mulher, desde que minha esposa se foi.Não posso e nem quero acreditar que, o que estou sentindo possa ser afeição ou...— Antes de amar de novo, eu prefiro arrancar o coração de dentro do meu
Segui tomando analgésicos e minha perna não doía como antes, depois que Leon veio falar comigo e me pegou daquele jeito, fiquei constrangida. Nem sei por que isso acontece comigo, ele já viu tudo!Me disse que apesar de ter conseguido a promessa de sexo menos violento e o meu celular de volta, eu não conseguiria nada, além disso. Que sou apenas mais uma das muitas mulheres que vieram ficar com ele, não entendo por que essa necessidade que há nele em repetir por tantas vezes o meu lugar em sua vida, eu nunca imaginei nada além do que está escrito naquele contrato.Assim que ele saiu do quarto e contrariando o que ele me mandou fazer, caminhei até a janela. Vi Fabiano sair e acho que para buscar coisas na cidade por ordem de Ofélia, gosto de conversar com ele. Acho que podemos ser amigos, me falta o que fazer.Leon fez questão de me dizer que os serviços sexuais que vim prestar a ele, não tem hora certa para acontecer e que eu devo me recuperar logo. Se algo nesse acidente me fez um bem
Lana era teimosa como nunca vi, apesar da orientação de permanecer em repouso, eu sempre a via sair do quarto para caminhar pela casa. Enquanto eu, mesmo sendo capaz de caminhar perfeitamente, tenho escolhido permanecer recluso. Resolvi descer para a sala um pouco, acabei encontrando-a ainda descendo bem devagar pelas escadas. Peguei sua mão e apoiei seu braço em meu ombro, assim ela não precisava colocar peso na perna ferida. O cheiro dela é algo indescritível, diferente de todas que já conheci, me pego recordando o tempo todo de quando estivemos juntos, mesmo que tenha sido tão traumático para ela. — Obrigada, Leon. — Ela me disse assim que descemos o último degrau. Não queria que eu a tocasse mais, até quando minha aparência fará com que todas as pessoas que eu gostaria de ter por perto, se afastem de mim? — Parece que já está quase recuperada, se atrevendo a descer uma escada como essas. — É que eu me sinto muito sozinha dentro do quarto o tempo todo, aqui embaixo eu posso conv
LanaO final de semana foi tranquilo e o doutor Alberto veio me ver. Passei o dia todo dentro do quarto, não saí para nada, Ofélia me disse que desde que me viu aqui, aquela tal Carla liga todos os dias. Mesmo sendo ambiciosa como Ofélia disse que ela é, Leon não deveria desprezar a companhia de ninguém. Ele nunca mais veio até o meu quarto e nem nos encontramos pelos corredores da casa, apenas ouço sua voz dentro do escritório telefonando e falando com pessoas em vários idiomas e sua vida se resume a isso.Minha mãe está se cuidando direito, Ana Cláudia recebeu o adiantamento e tenho certeza de que vai saber administrar.LeonOs dias tem passado lentamente e hoje é noite de domingo, preciso dela recuperada. Seu cheiro ainda me incomoda todas as noites antes de dormir, sinto meu corpo arder de vontade de fazer tantas coisas... me recordo da jovialidade e firmeza de seus seios, quantas ganas tenho de provar cada um deles.O toque da minha pele queimada a assustaria, toquei minha máscar