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Capítulo 3 - Lana

Eu não queria aceitar essa proposta absurda, mas nos dias que seguiram minha mãe só piorava, e o fato dela ser diabética complicava mais sua situação conforme os dias passavam. Ana Cláudia me encorajava a dizer sim, mas eu tinha muito medo de ir para longe de tudo e com um desconhecido.

Minha mãe teve uma recaída, além de ir perdendo aos poucos a capacidade de enxergar, estava cada dia mais triste, e temia que estivesse entrando em depressão. Mais uma vez, aquele homem veio aqui em casa, sua insistência me deixava à beira de cometer a maior loucura da minha vida.

— Estou aqui mais uma vez e agora, esperando que me dê sua resposta. Leon insiste que entremos o mais breve possível em um avião.

— Sinto muito medo, senhor. Quantas garotas são levadas para fora e têm seus corpos vendidos para homens de fora, traficadas sexualmente ou têm seus órgãos vendidos!

— Isso não vai acontecer com você, minha palavra pode não valer, mas terá toda a segurança que precisa! Usará seu celular à vontade para comunicar-se com seus parentes aqui, pode avisar a eles e até pedir que pesquisem sobre mim e os casos que cuidei como advogado.

— Eu já fiz isso, seu nome existe e tem registro na OAB.

— Viu, se eu falhar com você, Lana, minha carreira profissional e o prestígio da minha família que tanto prezo estarão para sempre acabados!

— Mas esse tal Leon Versalles, ele parece ser uma pessoa que não existe. Por que não há nada sobre ele na internet?

— Leon é um homem que vive recluso, não gosta de se expor!

— Ele é jovem?

— Sim, tem 34 anos. — O advogado respondeu.

— Posso ver uma foto dele?

— Ser sincero com todas as jovens que levo comigo é parte do meu acordo com Leon. Ele sofreu um acidente há alguns anos e sua aparência foi comprometida, Lana.

— Eu não me importo com isso, meu medo é estar entrando em uma armadilha.

— Quanto a isso, terá que confiar em mim e no contrato que está com você.

— Minha mãe está a cada dia pior, doutor Alberto, não posso ir para fora do país e deixá-la desse jeito! Se eu concordasse e estipulasse mais algumas condições, seu cliente aceitaria?

— Estou aqui disposto a te ouvir e remover o seu desejo de recusar a oferta.

— O senhor disse que Leon está disposto a custear o tratamento, eu quero que ela seja tratada aqui em Palmas e não na Itália. Porque aqui, minha amiga Ana Cláudia irá cuidar dela para mim!

— Certo, passaremos uma quantia mensal para ela, procurarei a melhor clínica hoje mesmo e tiraremos o seu passaporte.

— Estou fazendo isso por ela, doutor, minha vida é por minha mãe. O medo vai estar comigo o tempo todo, mas tenho que confiar minha vida ao senhor!

— Eu juro, Lana, que te trarei de volta para casa, se assim for o seu desejo.

Saí com ele e encontramos uma clínica excelente e fomos levar meus documentos para tirar o passaporte. O ouvi falando ao telefone.

— Sim, Leon, ela irá!

Um passaporte demoraria seis dias úteis para ficar pronto, mas aquele homem era poderoso e conseguiu que o meu estivesse em nossas mãos, em apenas dois dias.

— Tome, este adiantamento e compre roupas de frio e o que for necessário para a viagem.

— É muito dinheiro, não é necessário que me dê tanto! Eu só me preocupo com a minha mãe.

— Terá cinco mil reais em sua conta ainda esta noite, para que se sinta mais tranquila ao viajar, sabendo que sua mãe não estará desamparada e muito menos financeiramente.

Ele foi embora, Ana Cláudia sempre foi a pessoa em quem mais confio neste mundo, além da minha mãe. Alberto garantiu a ela sete mil reais por mês, para cuidar da minha mãe e mais três mil para gastos extras.

— Eu vou, Ana, mas quero que cuide da minha mãe e me mantenha informada sobre tudo. Se eu não der notícias por mais de um dia, chame a polícia. Diogo tem uma cópia do meu contrato e saberá como fazer legalmente para me procurarem, em dois dias irei com Alberto.

— Eu vou cuidar da sua mãe, sempre gostei dela como se fosse a minha. E parte desse dinheiro, eu vou guardar para você, Lana! — Ana Cláudia estava com pena de me ver nessa situação, logo eu, tão cheia de pudores, e iria me vender a um desconhecido.

— Vou dizer para minha mãe que consegui um emprego de babá, não deixe nunca que ela saiba o que estou indo fazer, na verdade.

Naquela noite, fui até o quarto da minha mãe e expliquei parte do que estava prestes a fazer.

— Não estou abandonando a senhora, estou indo para conseguir a sua cura! — Peguei na mão da minha mãe, ela chorava.

— Eu já sou velha, posso aceitar viver na escuridão e me acostumar com isso.

— De jeito nenhum, e vou trabalhar muito e Ana Cláudia vai cuidar da senhora para mim! Prometa que vai se cuidar...

— Eu prometo filha, obrigada por não desistir da sua velha mãe que te ama tanto. — Eu chorei e nos abraçamos bem forte.

Agora eu tenho a força que preciso para enfrentar esse tal Leon, seja ele quem for ou como for. Não consegui dormir pensando nos dias seguintes, levantei—me cedo e fui comprar algumas roupas para levar, e sequer uma mala decente eu tinha.

Até comprei algumas lingeries, no contrato dizia que ele não gostava de cores muito extravagantes e que preferia que eu sempre usasse preto. Eu não gosto de estar sempre tão formal, não sei se ele vai gostar muito, mas escolhi algumas cores para os agasalhos e roupas íntimas. Cheguei em casa e lavei as roupas, fiquei deitada na cama lendo um pouco mais sobre o contrato e ele exigia que eu não fosse virgem.

— Não consigo te decifrar, Leon, você é muito estranho!

Não posso te tocar durante as relações sexuais a menos que me peça, não dormiremos na mesma cama e nem iremos dividir o mesmo quarto, devo almoçar com os demais empregados, não posso ouvir música alta, não posso me negar ao ato sexual a menos que esteja no período menstrual, não posso te beijar, devo escolher um dos dois métodos contraceptivos a minha livre escolha: DIU (dispositivo intrauterino) ou implante contraceptivo, e ambos devem ser trocados e/ou recolocados a cada três meses.

Após ler tudo aquilo, consegui enfim dormir.

No dia seguinte, Alberto me ligou e entrei em um táxi para irmos até uma clínica. Lá eu faria alguns exames de rotina, só assim eu estaria oficialmente pronta para ir. Realizei uma bateria de exames, todos negativos para doenças sexualmente transmissíveis e até para saber se eu estava grávida.

— Agora, sim, está pronta para ir. Em dois dias e com seu passaporte, estaremos na primeira classe em direção à Itália.

— Sim, senhor!

Fiquei olhando as coisas que comprei, até a cor das minhas roupas ele queria intervir, nada poderia ser em tom muito vibrante. Sinto-me indo viver com um vampiro, escolhi como método contraceptivo o uso do implante subcutâneo.

Um dia antes de ir, fui ao ginecologista e coloquei o tal implante em um procedimento tranquilo e rápido. Depois, fui até o cemitério e levei flores para o meu pai. Ele era caminhoneiro e acabou morrendo em um acidente. A falta do amor dele sempre esteve na minha vida, não que minha mãe tenha deixado de me dar todo o carinho, mas é diferente ter uma figura masculina para educar e dar amor. Nas festas do dia dos pais, ou nas comemorações da escola, eu sempre era vítima de bullying.

— Onde o senhor estiver, papai, não sinta vergonha de mim ou do que estou prestes a fazer. Minha mãe precisa e eu faria o mesmo por você! Deus, me dê forças para suportar esses 365 dias ao lado desse desconhecido, que ele seja calmo e que goste da minha companhia!

Saí do cemitério, fui fazer as unhas e ao salão de beleza. Eu tinha que chegar bem arrumada, apesar do tempo que iria levar para isso. Alberto me ligou e disse que o passaporte estava pronto e iria me buscar já bem cedinho amanhã. Sempre que falávamos no assunto, me dava um frio na barriga. Seriam 13 horas de voo sem escalas.

— Vamos chegar à noite, ficaremos em um hotel. E no dia seguinte, partiremos para Bérgamo.

— Sim, senhor! — Tão longe de tudo e todos, doutor Alberto me deu um celular, dos melhores modelos, para que eu possa me comunicar com todos aqui o quanto eu quiser.

Não que isso me deixe aliviada, só vou ter certeza de que fiz bem ao assinar esse contrato quando eu estiver frente a frente com o tal Leon Versalles.

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