Passei a mão pelo rosto dele, uma carícia breve, mas carregada de significado.— Carlos, temos que ser cuidadosos. Essa é uma responsabilidade que não escolhi, mas... — pausei, tentando encontrar as palavras certas. — Já é minha. E nossa.Ele assentiu, mantendo a mão ali, como se quisesse sentir cada pequeno sinal de vida.O restante do dia passou devagar, mas também tranquilo. Clara insistiu que eu ficasse na clínica, tanto para monitoramento quanto para descanso. O ferimento no meu ombro foi tratado novamente, e ela fez questão de repetir a importância de repouso absoluto.Carlos não saiu do meu lado em momento algum. Ele parecia alheio a tudo, exceto a mim, e a sua presença constante, por mais irritante que eu normalmente achasse, era surpreendentemente reconfortante naquele momento. Nós conversamos pouco; a maior parte do tempo, ele apenas segurava minha mão, como se seu toque fosse suficiente para me manter forte.Ao cair da noite, Clara deu alta com a condição de que eu continua
Carlos suspirou, puxando uma cadeira para sentar mais perto de mim.— Nós não queríamos te excluir, Cristina. Só... só achamos que seria melhor lidar com isso sem te envolver diretamente, pelo menos por enquanto. — Ele olhou para mim, a preocupação nítida em seus olhos. — Você está grávida. Isso muda as coisas.— Muda o quê? — desafiei, estreitando os olhos. — A minha gravidez não muda quem eu sou, Carlos. Nem o que eu sou capaz de fazer.Houve um momento de silêncio tenso entre nós. Então, ele balançou a cabeça, um pequeno sorriso surgindo.— Você nunca muda, não é? Sempre tão teimosa. — Ele estendeu a mão, tocando meu ombro suavemente. — Tudo bem, Cristina. Você quer participar? Então participe. Mas quero que saiba que eu só fiz isso porque me importo com você.Eu não respondi imediatamente, deixando que suas palavras pairassem no ar por um momento. Depois, respirei fundo.— Carlos, se vamos lutar esta guerra, vamos lutar juntos. Mas nunca mais tome decisões sem mim. — disse, olhand
Quando todos os conselheiros saíram da sala, restamos apenas eu, Alejandro e Carlos. A tensão no ambiente havia diminuído, mas a sensação de que algo grandioso estava prestes a acontecer ainda pairava no ar. Sabíamos que o ataque ao cassino seria uma jogada arriscada, mas também era nossa chance de virar o jogo contra os Carrillo.Alejandro foi o primeiro a quebrar o silêncio.— Tudo está em andamento. Os homens confiáveis estão prontos, e temos os recursos necessários para agir com precisão. — ele falou enquanto olhava para os papéis com os detalhes da operação. — Mas, Cristina, você precisa confiar em nós para executar isso. Sua saúde...— Alejandro. — interrompi, minha voz firme. — Eu confio em você. E no Carlos. Mas confiar não significa me afastar. Eu preciso estar envolvida, mesmo que seja nos bastidores.Carlos cruzou os braços, inclinando-se contra a mesa. Seu olhar era de preocupação, mas também de compreensão.— Nós entendemos, Cristina. Mas Alejandro tem razão em um ponto:
A sala de reuniões estava em completo silêncio quando informei minha intenção de estar no local do ataque. Como sempre, Alejandro e Carlos se posicionaram contra, mas a reação dos demais membros do conselho foi inesperada.— A presença de Cristina no campo enviará uma mensagem. — disse Don Esteban, o mais velho e respeitado dos líderes. — Ela não precisa participar ativamente, mas saber que está lá reforça sua autoridade.— E inspira os homens. — acrescentou Javier, um dos mais jovens. — Eles lutarão com mais determinação, sabendo que ela está por perto.Carlos e Alejandro trocaram olhares. Sabiam que tinham perdido aquela batalha. No fim, Alejandro cedeu, mas com uma condição clara.— Tudo bem. Mas tomaremos todas as precauções. Sua segurança será prioridade absoluta.A reunião foi encerrada rapidamente, e os preparativos finais começaram.Após a decisão do conselho, Carlos e Alejandre não disseram mais nada, eles sabiam que agora, mais do que nunca eu iria participar do ataque. Depo
O ataque estava em pleno andamento. Do carro blindado, eu podia ouvir o som abafado dos tiros e gritos vindos do cassino. A operação parecia estar seguindo conforme planejado; os homens dos Carrillo estavam em total desvantagem. Mas algo na minha intuição me dizia que aquela noite ainda reservava surpresas.Estava observando os arredores quando percebi movimento no perímetro. Um dos meus homens aproximou-se rapidamente, seu rosto tenso.— Senhora, detectamos movimento estranho no lado oeste. Parece que alguns deles conseguiram reforços e estão vindo para cá.Meu coração acelerou. "Eles sabem que estou aqui."— Todos em alerta. Protejam o perímetro. — ordenei, mantendo a voz firme, mesmo que por dentro uma parte de mim começasse a sentir o peso da vulnerabilidade.Logo, tiros ecoaram próximos ao veículo. Homens armados dos Carrillo haviam encontrado nosso esconderijo. O som das balas ricocheteando no carro blindado parecia ensurdecedor. Meus homens tentavam conter o ataque, mas eram em
O tempo na clareira parecia se arrastar. Cada som na mata fazia meu coração disparar, mas Romero permanecia ao meu lado, atento, a mão firme em sua arma. O silêncio entre nós era pesado, carregado pelas mortes e pelo peso das últimas horas.Finalmente, pouco menos de trinta minutos depois, o som de veículos se aproximando preencheu a noite. As luzes dos faróis cortaram a escuridão, e eu reconheci imediatamente o carro que vinha à frente.Carlos e Alejandro desceram apressados, suas expressões misturando alívio e desespero ao me verem. Carlos foi o primeiro a me alcançar, envolvendo-me em um abraço tão apertado que parecia querer garantir que eu realmente estava ali.— Graças a Deus, Cristina! — Ele murmurou contra o meu cabelo, sua voz embargada. — Você está bem?Antes que eu pudesse responder, Alejandro aproximou-se, me puxando para outro abraço. Ele era mais contido, mas seu alívio era evidente em sua voz.— Não faça isso de novo. Nunca. Nós quase perdemos você.Olhei para os dois,
Entramos no chuveiro juntos, e por um momento, o mundo inteiro pareceu desaparecer. Ele lavou meu cabelo, seus dedos movendo-se com uma ternura que contrastava com a brutalidade da noite anterior. Nenhuma palavra foi dita, mas não eram necessárias. A água levava embora o sangue, o suor e a tensão, deixando apenas a intimidade silenciosa entre nós.Quando finalmente saímos, Carlos me envolveu em uma toalha e me carregou até a cama. Ele se deitou ao meu lado, puxando-me para seus braços com um cuidado que me fez sentir protegida como há muito não me sentia.Sua mão descansou suavemente em meu ventre, fazendo círculos lentos e confortantes.— Eu não vou deixar nada acontecer com você. Nem com ele... ou ela. — disse ele, sua voz baixa, quase um sussurro.Inclinei a cabeça para olhar para ele, vendo a determinação em seus olhos.— Eu sei. — respondi, deixando um pequeno sorriso escapar.Fechei os olhos, finalmente permitindo que o cansaço me dominasse. Mas antes de cair no sono, senti o to
As famílias já estavam lá, ocupando fileiras de cadeiras organizadas com precisão. Mães com os rostos marcados por lágrimas, crianças abraçadas a retratos de pais que não voltariam, noivas segurando alianças que jamais seriam usadas. A atmosfera era densa, carregada de tristeza e pesar, mas também de uma espécie de resiliência que apenas aqueles que perderam tudo conseguem carregar.Carlos e Alejandro estavam ao meu lado, suas expressões tão sérias quanto a minha. Alejandro carregava a lista com os nomes dos caídos, e Carlos trazia uma pasta com os planos de apoio que ofereceríamos às famílias.Quando a cerimônia começou, Alejandro assumiu a palavra. Sua voz era firme, mas havia um tremor sutil, quase imperceptível, que traía a emoção que ele tentava conter.— Hoje, honramos os 28 bravos que deram suas vidas por algo maior que eles mesmos. — começou ele, sua voz ecoando no salão. — Não há palavras suficientes para expressar nossa gratidão pelo sacrifício deles ou para consolar as perd