O ataque estava em pleno andamento. Do carro blindado, eu podia ouvir o som abafado dos tiros e gritos vindos do cassino. A operação parecia estar seguindo conforme planejado; os homens dos Carrillo estavam em total desvantagem. Mas algo na minha intuição me dizia que aquela noite ainda reservava surpresas.Estava observando os arredores quando percebi movimento no perímetro. Um dos meus homens aproximou-se rapidamente, seu rosto tenso.— Senhora, detectamos movimento estranho no lado oeste. Parece que alguns deles conseguiram reforços e estão vindo para cá.Meu coração acelerou. "Eles sabem que estou aqui."— Todos em alerta. Protejam o perímetro. — ordenei, mantendo a voz firme, mesmo que por dentro uma parte de mim começasse a sentir o peso da vulnerabilidade.Logo, tiros ecoaram próximos ao veículo. Homens armados dos Carrillo haviam encontrado nosso esconderijo. O som das balas ricocheteando no carro blindado parecia ensurdecedor. Meus homens tentavam conter o ataque, mas eram em
O tempo na clareira parecia se arrastar. Cada som na mata fazia meu coração disparar, mas Romero permanecia ao meu lado, atento, a mão firme em sua arma. O silêncio entre nós era pesado, carregado pelas mortes e pelo peso das últimas horas.Finalmente, pouco menos de trinta minutos depois, o som de veículos se aproximando preencheu a noite. As luzes dos faróis cortaram a escuridão, e eu reconheci imediatamente o carro que vinha à frente.Carlos e Alejandro desceram apressados, suas expressões misturando alívio e desespero ao me verem. Carlos foi o primeiro a me alcançar, envolvendo-me em um abraço tão apertado que parecia querer garantir que eu realmente estava ali.— Graças a Deus, Cristina! — Ele murmurou contra o meu cabelo, sua voz embargada. — Você está bem?Antes que eu pudesse responder, Alejandro aproximou-se, me puxando para outro abraço. Ele era mais contido, mas seu alívio era evidente em sua voz.— Não faça isso de novo. Nunca. Nós quase perdemos você.Olhei para os dois,
Entramos no chuveiro juntos, e por um momento, o mundo inteiro pareceu desaparecer. Ele lavou meu cabelo, seus dedos movendo-se com uma ternura que contrastava com a brutalidade da noite anterior. Nenhuma palavra foi dita, mas não eram necessárias. A água levava embora o sangue, o suor e a tensão, deixando apenas a intimidade silenciosa entre nós.Quando finalmente saímos, Carlos me envolveu em uma toalha e me carregou até a cama. Ele se deitou ao meu lado, puxando-me para seus braços com um cuidado que me fez sentir protegida como há muito não me sentia.Sua mão descansou suavemente em meu ventre, fazendo círculos lentos e confortantes.— Eu não vou deixar nada acontecer com você. Nem com ele... ou ela. — disse ele, sua voz baixa, quase um sussurro.Inclinei a cabeça para olhar para ele, vendo a determinação em seus olhos.— Eu sei. — respondi, deixando um pequeno sorriso escapar.Fechei os olhos, finalmente permitindo que o cansaço me dominasse. Mas antes de cair no sono, senti o to
As famílias já estavam lá, ocupando fileiras de cadeiras organizadas com precisão. Mães com os rostos marcados por lágrimas, crianças abraçadas a retratos de pais que não voltariam, noivas segurando alianças que jamais seriam usadas. A atmosfera era densa, carregada de tristeza e pesar, mas também de uma espécie de resiliência que apenas aqueles que perderam tudo conseguem carregar.Carlos e Alejandro estavam ao meu lado, suas expressões tão sérias quanto a minha. Alejandro carregava a lista com os nomes dos caídos, e Carlos trazia uma pasta com os planos de apoio que ofereceríamos às famílias.Quando a cerimônia começou, Alejandro assumiu a palavra. Sua voz era firme, mas havia um tremor sutil, quase imperceptível, que traía a emoção que ele tentava conter.— Hoje, honramos os 28 bravos que deram suas vidas por algo maior que eles mesmos. — começou ele, sua voz ecoando no salão. — Não há palavras suficientes para expressar nossa gratidão pelo sacrifício deles ou para consolar as perd
Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, Clara saiu da sala. O olhar dela já dizia tudo antes que falasse.— Sinto muito... — começou ela, sua voz carregada de pesar. — Cristina perdeu o bebê.A notícia caiu sobre nós como uma bomba. Carlos ficou paralisado, seu rosto pálido enquanto processava as palavras. Alejandro apertou os punhos ao lado do corpo, incapaz de esconder a raiva e a frustração pela situação.Voltei a mim quando Clara me ajudou a sair da sala de exames. Eu estava pálida, abatida, e cada passo parecia um esforço monumental. Carlos veio até mim, me envolvendo em seus braços sem dizer uma palavra. Eu me agarrei a ele, sentindo as lágrimas escorrerem silenciosamente pelo meu rosto.— Isso não é sua culpa... — sussurrou ele, mas o tom de sua voz era fraco, como se tentasse convencer a si mesmo.— Não, Carlos. — murmurei. — Eu... eu deveria ter cuidado melhor disso.Ele não respondeu, apenas me apertou mais forte, como se tentasse proteger o que já não estava mais lá.
A noite foi longa. Enquanto Carlos dormia profundamente ao meu lado, segurando-me com força como se tivesse medo de me perder novamente, eu permaneci acordada. Meus olhos fixos no teto, minha mente vagava entre lembranças e incertezas. As batidas compassadas do coração dele contra meu corpo eram a única coisa que me mantinha ancorada na realidade."Eu perdi uma parte de mim," pensei, tentando afastar o vazio que insistia em consumir meu interior. Mas ao mesmo tempo, o calor de Carlos ao meu lado era um lembrete de que ainda havia algo a que me agarrar, algo que valia a pena proteger.Quando o sol começou a nascer, projetando seus primeiros raios tímidos pela janela, Carlos se mexeu levemente, murmurando algo inaudível. Não tive coragem de acordá-lo, e apenas continuei ali, imóvel, tentando absorver a força que ele sempre me transmitia, mesmo quando estava vulnerável.Passei a manhã em repouso, como Clara havia instruído. Alejandro veio verificar como eu estava, trazendo um prato com f
Duas semanas se passaram desde aquela noite fatídica, e embora as cicatrizes ainda fossem recentes, eu estava mais forte. O tempo não apagava as perdas, mas me ajudava a encontrar forças para seguir em frente. A Máfia Mendez estava ganhando notoriedade sob minha liderança, e os últimos golpes desferidos contra os Carrillo consolidaram nosso domínio em territórios importantes.Carlos esteve ao meu lado o tempo todo, garantindo que eu não me sobrecarregasse. Apesar das preocupações constantes, ele também parecia mais confiante ao me ver reassumir meu lugar com determinação. E foi por isso que decidimos oficializar nosso noivado: um gesto simbólico, mas que reforçaria ainda mais nossa união e liderança diante do conselho e das famílias.o salão principal do palácio estava iluminado de forma impecável, com lustres brilhando como estrelas e mesas decoradas com flores brancas e douradas. Todos os membros do conselho estavam presentes, acompanhados de suas famílias. Alejandro cuidou pessoalm
Mais tarde naquela noite, quando expliquei a Carlos minha decisão de me encontrar com Heitor, sua reação foi imediata e intensa.— Você não pode estar falando sério, Cristina. — ele disse, levantando-se da cadeira onde estava sentado. — Esse homem só traz problemas.— E é exatamente por isso que precisamos lidar com ele diretamente. — argumentei, mantendo meu tom calmo. — Se ignorarmos Heitor, ele pode se aliar a alguém que realmente seja uma ameaça para nós.Carlos passou a mão pelos cabelos, claramente frustrado.— Você não entende o que ele é capaz de fazer.— Entendo, sim. — respondi, encarando-o. — E é por isso que estarei no controle dessa reunião. Alejandro e nossos melhores homens estarão comigo.Ele balançou a cabeça, descrente, mas acabou cedendo.— Eu só quero que você volte segura.— Sempre. — garanti, tocando seu rosto suavemente.A escolha do local foi estratégica: longe de territórios que poderiam causar atritos e com múltiplas rotas de escape, caso algo desse errado. A