As famílias já estavam lá, ocupando fileiras de cadeiras organizadas com precisão. Mães com os rostos marcados por lágrimas, crianças abraçadas a retratos de pais que não voltariam, noivas segurando alianças que jamais seriam usadas. A atmosfera era densa, carregada de tristeza e pesar, mas também de uma espécie de resiliência que apenas aqueles que perderam tudo conseguem carregar.Carlos e Alejandro estavam ao meu lado, suas expressões tão sérias quanto a minha. Alejandro carregava a lista com os nomes dos caídos, e Carlos trazia uma pasta com os planos de apoio que ofereceríamos às famílias.Quando a cerimônia começou, Alejandro assumiu a palavra. Sua voz era firme, mas havia um tremor sutil, quase imperceptível, que traía a emoção que ele tentava conter.— Hoje, honramos os 28 bravos que deram suas vidas por algo maior que eles mesmos. — começou ele, sua voz ecoando no salão. — Não há palavras suficientes para expressar nossa gratidão pelo sacrifício deles ou para consolar as perd
Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, Clara saiu da sala. O olhar dela já dizia tudo antes que falasse.— Sinto muito... — começou ela, sua voz carregada de pesar. — Cristina perdeu o bebê.A notícia caiu sobre nós como uma bomba. Carlos ficou paralisado, seu rosto pálido enquanto processava as palavras. Alejandro apertou os punhos ao lado do corpo, incapaz de esconder a raiva e a frustração pela situação.Voltei a mim quando Clara me ajudou a sair da sala de exames. Eu estava pálida, abatida, e cada passo parecia um esforço monumental. Carlos veio até mim, me envolvendo em seus braços sem dizer uma palavra. Eu me agarrei a ele, sentindo as lágrimas escorrerem silenciosamente pelo meu rosto.— Isso não é sua culpa... — sussurrou ele, mas o tom de sua voz era fraco, como se tentasse convencer a si mesmo.— Não, Carlos. — murmurei. — Eu... eu deveria ter cuidado melhor disso.Ele não respondeu, apenas me apertou mais forte, como se tentasse proteger o que já não estava mais lá.
A noite foi longa. Enquanto Carlos dormia profundamente ao meu lado, segurando-me com força como se tivesse medo de me perder novamente, eu permaneci acordada. Meus olhos fixos no teto, minha mente vagava entre lembranças e incertezas. As batidas compassadas do coração dele contra meu corpo eram a única coisa que me mantinha ancorada na realidade."Eu perdi uma parte de mim," pensei, tentando afastar o vazio que insistia em consumir meu interior. Mas ao mesmo tempo, o calor de Carlos ao meu lado era um lembrete de que ainda havia algo a que me agarrar, algo que valia a pena proteger.Quando o sol começou a nascer, projetando seus primeiros raios tímidos pela janela, Carlos se mexeu levemente, murmurando algo inaudível. Não tive coragem de acordá-lo, e apenas continuei ali, imóvel, tentando absorver a força que ele sempre me transmitia, mesmo quando estava vulnerável.Passei a manhã em repouso, como Clara havia instruído. Alejandro veio verificar como eu estava, trazendo um prato com f
Duas semanas se passaram desde aquela noite fatídica, e embora as cicatrizes ainda fossem recentes, eu estava mais forte. O tempo não apagava as perdas, mas me ajudava a encontrar forças para seguir em frente. A Máfia Mendez estava ganhando notoriedade sob minha liderança, e os últimos golpes desferidos contra os Carrillo consolidaram nosso domínio em territórios importantes.Carlos esteve ao meu lado o tempo todo, garantindo que eu não me sobrecarregasse. Apesar das preocupações constantes, ele também parecia mais confiante ao me ver reassumir meu lugar com determinação. E foi por isso que decidimos oficializar nosso noivado: um gesto simbólico, mas que reforçaria ainda mais nossa união e liderança diante do conselho e das famílias.o salão principal do palácio estava iluminado de forma impecável, com lustres brilhando como estrelas e mesas decoradas com flores brancas e douradas. Todos os membros do conselho estavam presentes, acompanhados de suas famílias. Alejandro cuidou pessoalm
Mais tarde naquela noite, quando expliquei a Carlos minha decisão de me encontrar com Heitor, sua reação foi imediata e intensa.— Você não pode estar falando sério, Cristina. — ele disse, levantando-se da cadeira onde estava sentado. — Esse homem só traz problemas.— E é exatamente por isso que precisamos lidar com ele diretamente. — argumentei, mantendo meu tom calmo. — Se ignorarmos Heitor, ele pode se aliar a alguém que realmente seja uma ameaça para nós.Carlos passou a mão pelos cabelos, claramente frustrado.— Você não entende o que ele é capaz de fazer.— Entendo, sim. — respondi, encarando-o. — E é por isso que estarei no controle dessa reunião. Alejandro e nossos melhores homens estarão comigo.Ele balançou a cabeça, descrente, mas acabou cedendo.— Eu só quero que você volte segura.— Sempre. — garanti, tocando seu rosto suavemente.A escolha do local foi estratégica: longe de territórios que poderiam causar atritos e com múltiplas rotas de escape, caso algo desse errado. A
Ao chegar ao palácio, desci do carro com passos firmes, tentando manter a aparência de calma. Carlos já me esperava na entrada, seu rosto marcado pela tensão. Ele havia estado inquieto desde o momento em que mencionei a reunião com Heitor, e o fato de ele não ter participado apenas alimentava suas preocupações. Alejandro e Romero seguiram comigo até o salão principal, onde todos os detalhes seriam compartilhados.Assim que entrei, Carlos aproximou-se, segurando meu braço com delicadeza, mas firmeza suficiente para demonstrar sua ansiedade.— Como foi? — perguntou ele, sem rodeios.Olhei para ele, mantendo o tom controlado.— Heitor quer uma aliança. Ele está perdendo territórios para os Morales e ofereceu metade das operações que ainda tem em troca de nossa proteção.Carlos passou a mão pelos cabelos, claramente insatisfeito com a ideia.— E você aceitou? Cristina, esse homem é um perigo. Ele só está tentando usar você para se manter vivo.— Eu sei disso. — respondi, mantendo a calma.
Ao chegar ao palácio, desci do carro com passos firmes, tentando manter a aparência de calma. Carlos já me esperava na entrada, seu rosto marcado pela tensão. Ele havia estado inquieto desde o momento em que mencionei a reunião com Heitor, e o fato de ele não ter participado apenas alimentava suas preocupações. Alejandro e Romero seguiram comigo até o salão principal, onde todos os detalhes seriam compartilhados.Assim que entrei, Carlos aproximou-se, segurando meu braço com delicadeza, mas firmeza suficiente para demonstrar sua ansiedade.— Como foi? — perguntou ele, sem rodeios.Olhei para ele, mantendo o tom controlado.— Heitor quer uma aliança. Ele está perdendo territórios para os Morales e ofereceu metade das operações que ainda tem em troca de nossa proteção.Carlos passou a mão pelos cabelos, claramente insatisfeito com a ideia.— E você aceitou? Cristina, esse homem é um perigo. Ele só está tentando usar você para se manter vivo.— Eu sei disso. — respondi, mantendo a calma.
Olhei para Alejandro, entendendo perfeitamente a insinuação. Heitor sempre demonstrou um interesse que ia além do profissional. Desde o início, sua admiração por mim não passava despercebida, especialmente por Carlos, que ficava visivelmente incomodado com qualquer menção a ele.Antes que eu pudesse responder, Carlos entrou na sala, sua presença dominante preenchendo o ambiente. Seus olhos passaram rapidamente por mim e depois para Alejandro.— O que estamos discutindo? — perguntou, aproximando-se.— As rotas transferidas por Heitor. — expliquei. — Precisamos garantir que os Morales não as recuperem.Carlos cruzou os braços, assumindo um tom sério.— Heitor sempre tem uma agenda oculta. Ele não faz nada sem algo em troca. E sabemos exatamente o que ele quer.Seus olhos pousaram em mim por um instante, deixando clara sua insatisfação.— Não se preocupe. — respondi, mantendo meu tom firme. — Se Heitor pensa que pode usar essa aliança para tentar algo pessoal, vai se decepcionar.Carlos