Estranho,porém gato

APRIL

Eu estava distraída. Nem tive tempo de desviar. Quando percebi, já estava presa no fundo daqueles olhos macabros, mas ao mesmo tempo… intrigantes. Eles carregavam algo de divertido e um toque perigoso de malícia.

— Não precisa se desculpar. Quando algo está destinado a acontecer, nada pode impedir.

Franzi a testa, confusa. Aquele homem era assustador, mas, droga… ele era incrivelmente gato.

— Você está dizendo que era para a gente se esbarrar? — perguntei, tentando entender sua lógica estranha.

Ele inclinou a cabeça, um sorriso debochado brincando nos lábios.

— Talvez sim. Eu acredito que nada acontece por acaso. Se estamos aqui agora, se você ainda não foi embora, talvez tenha um motivo. Não acha?

Meus instintos estavam gritando em letras neon: CAI FORA DAÍ, SUA IDIOTA! Mas, por algum motivo, minhas pernas não obedeciam. Alguma coisa dentro de mim queria ficar. Queria entender quem era esse esquisito.

— Meus irmãos estão me esperando pra ir embora — comecei a recuar devagar, sem me virar. Eu lá sou louca de dar as costas pra um estranho desse e acabar sendo agarrada por ele? Comigo não, gostoso esquisito.

Ele riu baixo, cruzando os braços.

— Então você não é como aquelas mulheres que acreditam em destino, signos e Vênus retrógrado? Eu só queria acertar seu tipo, ter algum assunto com você.

Meu olhar estreitou.

— Ah, então você faz perfis psicológicos de desconhecidas agora?

— Só quando me interessam. Te observei a noite toda. Vi você dançando com suas amigas. Vi que nenhum homem chegou perto de você desde que eu cheguei. Então, ou você está sozinha ou tem irmãos muito ocupados com outras coisas que não seja você.

Senti um arrepio na espinha.

— Tá bom, você é mais bizarro do que eu pensava.

— Prefiro "observador".

Cruzei os braços.

— Quer saber Primeiro: eu acredito em signos, destino, karma e amor à primeira vista, sim, senhor! Segundo: quem você pensa que é pra ficar me analisando assim? Eu nem te conheço, seu doido! E, pra sua informação, eu estou com meus irmãos, e se um deles te ver perto de mim, você tá ferrado.

Mentira. Se um homem desses aparecesse na frente dos meus irmãos, eu fingiria que nunca o vi na vida. Mas ele não precisava saber disso.

— Terceiro: não tô te dando nenhuma chance, então vê se se toca!

Ele apenas sorriu, divertido.

— Não nos conhecemos ainda você quis dizer, não é? - ele estica sua mão e diz - Muito prazer me chamo Gabriel. E você é ?

Eu hesitei antes de apertar sua mão. Só fiz isso por educação. Mas assim que nossas peles se tocaram… merda.

Um choque percorreu meu corpo, um arrepio quente que se espalhou por cada célula. Por um instante, tudo ao nosso redor desapareceu. O barulho do bar sumiu. As luzes, os cheiros, as conversas, tudo se dissolveu. Era como se estivéssemos presos num mundo onde só existíamos nós dois.

Ele sentiu isso também. Eu vi no jeito que seus olhos escureceram, no modo como sua respiração vacilou.

E então, como um sussurro na minha mente, uma palavra se formou:

"Felipe."

O encanto se quebrou.

Soltei sua mão como se queimasse e dei um passo para trás. Meu coração disparou. Eu nem sabia por quê, mas algo dentro de mim gritava que eu precisava sair dali. Agora.

Então eu corri.

Corri o mais rápido que pude, empurrando quem estivesse no caminho até encontrar Matteo.

— Me tira daqui. Agora.

Eu não sabia o que tinha acabado de acontecer. Mas uma coisa era certa: eu precisava ficar o mais longe possível daquele homem estranho… e perigosamente irresistível.

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