APRIL
Atualmente Hoje finalmente completo 16 anos! Esperei tanto por esse dia! Finalmente, tudo o que sempre sonhei está prestes a acontecer. Lista de Desejos 1. Demetri, Joshua e Kauê ensinarem a mim, Colin e Rodrigo a dirigir. 2. Nossa festa de aniversário ser comemorada na área VIP da boate do Matteo. 3. Ir para os Estados Unidos. 4. Tomar coragem e dizer ao Alexander que eu amo ele. — Aaaah, April, pelo amor de Deus, é tão simples! Só chega no Alex e diz: “Eu te amo”. Pronto, tá feito! — disse Nina, minha melhor amiga e meio prima, com seu tom dramático habitual. Revirei os olhos e cruzei os braços. — Siiiiim, Nina, muitooo simples! Por que será que eu não pensei nisso antes?! — ironizei. — O cara me conhece desde que eu nasci! Ele trocou minhas fraldas, pelo amor de Deus! — Esquece esses detalhes, Seff! Você e o Alex têm uma conexão mágica. A única coisa que impede vocês de ficarem juntos é VOCÊ não se declarar e ele não admitir que te ama. Olha eu e seu primo! Estamos super felizes porque admitimos que somos loucos um pelo outro. Segue o exemplo! Eu sou sua voz da sabedoria! — Em primeiro lugar, vocês só estão juntos porque eu contei pro Gaston que você fingia dificuldade em química só pra ele te ensinar! E segundo… Você? Minha voz da sabedoria? — arqueei a sobrancelha. — Então, senhora sabe-tudo, me diz como vou contar pro meu avô que já comprei as passagens pros Estados Unidos e que meu voo é daqui uma semana? Nina arregalou os olhos. — April Perséfone, eu sou tua voz da sabedoria no quesito romântico, não uma deusa milagrosa pra resolver seus problemas com um passe de mágica! A lembrança me deixou desanimada. Meu avô vai me matar quando descobrir. Ele sempre disse que me deixaria viajar um dia… mas nunca disse quando. Bom, decidi me antecipar. Guardei dinheiro da mesada por seis meses e comprei minha passagem. O problema é que o tempo passou rápido demais, e até agora não achei uma forma de contar. — Nina, você sabe que sempre sonhei em conhecer Boston. Quero ver minha futura faculdade, conhecer todos os lugares que o Gregory sempre fala… Então, por que é tão difícil contar pro vovô e pro Demetri? — Você quis dizer todo mundo sabe, né? Você só fala nisso desde que conheceu esse tal de Gregory Graham… — Ciúmes, amiga? — Não é ciúmes! É só que… AAAH, vou falar! Seff, o cara vem uma vez por mês pra Itália só pra te ver, enche tua cabeça sobre como Boston,Massachusetts e Harvard é maravilhoso, como as festas da fraternidade dele são incríveis, como você precisa sair desse seu “mundinho protegido pela sua família onde não pode fazer nada”... E depois vai embora, te deixando entusiasmada com algo que você nem sabe se realmente vai gostar! Suspirei, já cansada daquele assunto. — Nina, o G não vem só pra me ver! Ele vem visitar os irmãos e aproveita pra passar um tempo comigo! Somos amigos desde criança! Desde que fui adotada por Pietro e Maria Eduarda, Gregory Graham se tornou um dos meus melhores amigos. Nos conhecemos no dia da minha adoção, e a conexão foi instantânea. Mas, claro, minha vida nunca foi normal. Uma Família Fora do Comum Minha mãe, Maria Eduarda, foi transformada em vampira aos 25 anos, depois de sofrer um acidente grave. Meu pai, Pietro, era o médico dela. Quando os médicos declararam sua morte, ele entrou no quarto e a mordeu, salvando sua vida,ou melhor, dando uma nova vida a ela. Hoje, minha guarda é compartilhada entre meus pais adotivos e meu avô Alberto. Asher tem suas opniões para dar em momentos críticos da minha vida. Meu irmão Demetri ainda guarda rancor do Asher,o arcanjo que salvou minha vida duas vezes. A primeira, quando nasci,transferindo a magia da minha mãe para mim e isso a matou e a segunda,quando fui atacada aos 10 anos durante uma viagem à França com meu dindo, Harry Graham. Ele rezou desesperadamente por ajuda, e Asher veio. Mas só tinha uma forma de me salvar e essa forma tinha uma consequência muito grande: Harry, que é um lobo beta, precisou me doar sangue para salvar minha vida. O resultado? Minha mutação. Passei de híbrida para tríbrida. Mas enfim… eu não ia deixar nada disso atrapalhar minha noite! — Quer saber, Senhorita Nina Ferrari? Chega desse assunto! Hoje é dia de festa! — Talvez sua mãe e seu pai possam te ajudar a falar com seu avô… — Você enlouqueceu? Eles só deixaram eu ir porque acham que já falei com o vovô! — Então, amiga… você tá muito ferrada. — Para com isso! Vai dar tudo certo! Agora vem, os meninos já devem estar reclamando da nossa demora. A Festa Descemos as escadas prontas para arrasar. Colin, Rodrigo, Gaston e Matteo já nos esperavam, e pelas caras emburradas, claramente não gostaram da nossa demora. — ATÉ QUE ENFIM! — resmungou Colin. — Achei que íamos chegar na nossa festa depois dela já ter acabado! — ironizou Rodrigo. — Ei, caras, parem com isso! Pra elas ficarem bonitas assim, leva tempo! — Matteo tentou acalmá-los. — Minha namorada não precisa de nada pra ficar bonita… Agora, a April… talvez se nascesse de novo ficasse bonitinha! — provocou Gaston. — Já você,nem nascendo de novo é capaz de ficar bonitinho ! Revirei os olhos, mas acabei rindo. Ele não mudava nunca! A boate estava lotada. O cheiro de álcool, perfume e suor misturados me deixou fascinada. A música alta pulsava dentro de mim, e eu sorri. O amor pela música veio do meu irmão Jhonatan, professor de música. A decoração da festa estava impecável: toalhas prateadas, um bolo preto com detalhes em nossas cores favoritas e doces espalhados pela mesa. Todos os nossos amigos estavam lá,colegas da escola, do time de futebol dos meus irmãos, meus primos, meus irmãos adotivos… E quem não poderia faltar: Gregory Graham. — GREGORYYYYYY!!! Corri e pulei em seus braços como uma louca, no estilo jogador de futebol americano. Ele me segurou firme e riu. Estava com sua nova namorada, Hannah (apelidei de Hannah Montana, porque né, faculdade de música, cantora, compositora…). Ele me entregou um presente e disse que eu não podia reclamar se não gostasse. — Hannah, até que enfim esse brutamontes te trouxe pra conhecer a família! — brinquei. — Juro que ele é o único Graham mal-educado. Não é mesmo titio ? — Já disse pra não me chamar de tio! Vão achar que sou velho! — Espera, isso é um cabelo branco ? E assim, a noite seguiu perfeita. Bebi drinks exclusivos sem álcool (ideia da vovó Susana), dancei sem parar e esperei ansiosa pelo momento mais especial: os parabéns. Aquela emoção de estar ali, com meus irmãos ao lado, as velas acesas, todos os nossos amigos cantando… eu simplesmente amava aquilo. Ravi e Peter sempre sem pensar nas consequências pegam duas garrafas de champanhe e jogam o líquido para cima nos molhando inteiros. Mas então, no meio da bagunça, algo inesperado aconteceu. Alexander me olha com aqueles olhos lindos e pisca para mim com seu sorriso safado. Espera, eu estou alucinando? Fiquei bebada pelo banho de champanhe? Eu me afastei para limpar os estragos do champanhe no banheiro e, ao voltar, bati de frente com um homem. Alto, forte, cabelos castanhos, olhos escuros como a noite. E aqueles braços tatuados… Por um segundo, esqueci como se respirava. Ele era o homem mais lindo que já vi na vidaAPRIL Eu estava distraída. Nem tive tempo de desviar. Quando percebi, já estava presa no fundo daqueles olhos macabros, mas ao mesmo tempo… intrigantes. Eles carregavam algo de divertido e um toque perigoso de malícia.— Não precisa se desculpar. Quando algo está destinado a acontecer, nada pode impedir.Franzi a testa, confusa. Aquele homem era assustador, mas, droga… ele era incrivelmente gato.— Você está dizendo que era para a gente se esbarrar? — perguntei, tentando entender sua lógica estranha.Ele inclinou a cabeça, um sorriso debochado brincando nos lábios.— Talvez sim. Eu acredito que nada acontece por acaso. Se estamos aqui agora, se você ainda não foi embora, talvez tenha um motivo. Não acha?Meus instintos estavam gritando em letras neon: CAI FORA DAÍ, SUA IDIOTA! Mas, por algum motivo, minhas pernas não obedeciam. Alguma coisa dentro de mim queria ficar. Queria entender quem era esse esquisito.— Meus irmãos estão me esperando pra ir embora — comecei a recuar devagar, s
GABRIELA lua cheia iluminava a floresta densa enquanto corríamos de mãos dadas, nossos risos misturando-se ao som das folhas sob nossos pés. A adrenalina pulsava em minhas veias,finalmente estávamos juntos e livres.No horizonte, um galpão de madeira surgiu como um refúgio esquecido pelo tempo. A luz amarelada dos lampiões tremeluzia, criando sombras dançantes nas paredes envelhecidas. Meu olhar se dividia entre o caminho à frente e ela com os cabelos selvagens ao vento, os olhos brilhantes como mel derretido. A única mulher que chegou ao meu coração.Ao cruzarmos a porta, o ar morno nos envolveu. Ela me fitou, os olhos vibrando de felicidade.— Meu amor, a partir de agora estamos livres. Eu serei para sempre sua e você será para sempre meu. Nosso bebê nunca precisará viver no meio dessa guerra estúpida entre nossas famílias. Ele crescerá cercado de amor, paz e tranquilidade. Eu te amo tanto, Felipe...Meu peito gelou.Felipe?O nome ecoou na minha mente como um trovão.Então, tudo d
APRIL— Estados Unidos, chegueiiiiii!Ninguém além de mim consegue imaginar o tamanho da minha felicidade nesse exato momento. Depois de 12 anos sonhando, finalmente pisei aqui. Eu, April Perséfone Galanis Esposito, estou em Boston.Foram muitos dias de brigas, promessas, choros, desculpas esfarrapadas e imploração de dar pena. Meu avô quase infartou quando soube o que aprontei, Pela primeira vez na vida, achei que ia apanhar de verdade. Mas ele se recompôs, e daí vieram os intermináveis sermões. Mamãe e papai também ficaram à beira de um colapso, só não me mataram porque são do tipo zen,mas eu vi o olhar assassino da minha mãe.Óbvio que, quando eu voltar, estarei de castigo por um mês inteiro. Sem celular, sem computador, sem tablet. Sem vida social. Vou ter que trabalhar no restaurante do Daniel pra poder pagar meu lanche na escola, porque a mesada foi cancelada por tempo indeterminado.Mas quem liga? EU TO EM BOSTON!!!— Hannah, Gregory, para de melação e vamos logo! — rosnei, imp
APRILDei um final de semana de férias para Sabrina e trevorAssim que os pais saíram, Lulu se animou imediatamente, querendo brincar de patinete na rua. Como sou uma dinda exemplar, mandei Dean correr atrás dela. O patinete era rápido demais para mim, e honestamente… um pouco de diversão às custas dele nunca fez mal a ninguém.— Sua cara de pau! — Dean resmungou, ofegante. — Era pra você cuidar dela, não eu!— Ah, D, por acaso eu sou a única dinda nessa casa? Não sou, né? Então todo mundo vai ajudar, e sem reclamar!Ele estreitou os olhos, mas não conseguiu rebater.— Às vezes você é bem manipuladora, sabia?— Claro que sei. Aprendi com você. — Dei um sorriso travesso.Dean revirou os olhos, mostrou o dedo do meio e desapareceu para tomar banho. Eu ri e continuei brincando com Luiza até o anoitecer.Mais tarde, depois que Lulu já estava banhada, alimentada e dormindo no meu quarto, fui até Renata. Ela tinha acabado de chegar a Boston e, pela expressão em seu rosto, percebi que Alex n
GABRIELFaz três horas que estou sentado nesta sala, olhos fixos no monitor, revendo cada segundo das gravações da boate Orfeu do dia que eu a vi pela primeira vez. E nada. Absolutamente nada.— Aaaaaah, porraaa! — O copo de uísque vazio voa da minha mão e se espatifa contra a parede.A porta se escancara com o estrondo, e Enrico entra apavorado.— Que diabos foi isso, cara?— NADA, ENRICO! — Esfrego o rosto, tentando me acalmar, mas a frustração queima dentro de mim. — E esse é o problema! Não tem nada dessa garota nas gravações!— Primo, calma. Talvez você só esteja cansado. Já faz mais de uma semana que está obcecado por essa menina… deixa eu olhar. Quem sabe encontro algo que você deixou passar?Meus olhos se estreitam.— Tá me chamando de incapaz, caralho?— Não, mano! Só tô dizendo que, como ela não é minha, talvez eu veja as coisas com mais clareza.Ele me encara, esperando minha aprovação silenciosa. Dou um aceno seco.O tempo passa. Trinta minutos. Uma hora. Duas horas.E, co
GABRIELA reunião foi um sucesso. Dentro de uma semana, começaremos as construções do que será o melhor hotel de Boston, com vista para o rio. Talvez o maior empreendimento da Salvatore nos Estados Unidos. O orgulho deveria estar transbordando em mim, mas minha mente está em outro lugar.Assim que entro no quarto do hotel, vou direto para o computador. A ansiedade pulsa nas veias como um tambor frenético.— Senhor, gostaria que eu mandasse o jantar ser servido? — Taylor pergunta, sempre atento.— Não, Taylor. Estou sem fome. Preciso resolver algo antes.Ele assente, pronto para sair, mas eu o chamo de volta.— Taylor!— Pois não, chefe?— Certifique-se de que ninguém me incomode.— Irei me certificar, senhor.— Ótimo.Assim que ele sai, fecho a porta, tranco-a e encaro a tela do computador. Agora, sou apenas eu, esse maldito pen drive e a única chance que tenho de encontrar Mia Bella.Plugando o dispositivo, seleciono os arquivos e aperto play. As imagens do dia seguinte à festa começ
APRILForam semanas incríveis com as melhores pessoas e no melhor lugar. Teve momentos em que me senti o maior lixo da face da Terra, mas todos se esforçaram para garantir que essa fosse a melhor experiência da minha vida em Boston. Até a Lulu, com seus dois aninhos, tentou de tudo para me convencer a ficar. "Não vai embora nunca mais!" foram as palavras dela.Agora eu sei: Boston é tudo que o G disse e muito mais. Assim que me formar na escola, essa será minha nova casa. O único problema? Convencer meu avô, Demetri e meus pais disso.— Vem rápido, Seff! Teus irmãos estão me deixando louca dentro daquele carro! — Renata grita da porta de casa enquanto termino de me arrumar.Hoje é o dia da despedida. Estamos voltando para a Itália. Renata vai dirigindo o carro alugado com meus irmãos, enquanto Gregory insiste em me levar ao aeroporto para um último adeus. Como todos terão compromissos cedo amanhã, decidiram fazer uma festa surpresa para mim, Colin, Rodrigo e Renata nesta tarde. Foi p
APRIL Domingo. Dia sagrado para os Esposito Castro. Todo fim de semana, as duas famílias se reúnem na casa da vovó Diana para um almoço de paz, tranquilidade e muitas risadas. Quer dizer… na teoria. Na prática, sempre tem alguma confusão. Principalmente quando minha irmã Kimberly resolve dar o ar da graça. Se dependesse de mim, eu simplesmente ia embora assim que ela aparecesse. Mas minha mãe insiste: — Uma hora você e Kimberly terão que se dar bem. Afinal, vocês são irmãs. Grandes merda isso. Ser irmã dela nunca a impediu de transformar minha infância em um inferno. Nem de mandar um cara mais velho me seguir e tentar me assediar só porque ficou com ciúmes do ex. Eu tinha 12 anos. Naquela época, meu padrinho me disse que eu precisava aprender em três anos o que um filhote de lobo aprenderia durante a vida inteira. Então, foi isso que fiz. Todo dia, treinava com ele e Kevin, o ex-namorado dela, que por acaso, também era amigo do meu padrinho. Kimberly surtou quando descobriu.