GABRIELA reunião foi um sucesso. Dentro de uma semana, começaremos as construções do que será o melhor hotel de Boston, com vista para o rio. Talvez o maior empreendimento da Salvatore nos Estados Unidos. O orgulho deveria estar transbordando em mim, mas minha mente está em outro lugar.Assim que entro no quarto do hotel, vou direto para o computador. A ansiedade pulsa nas veias como um tambor frenético.— Senhor, gostaria que eu mandasse o jantar ser servido? — Taylor pergunta, sempre atento.— Não, Taylor. Estou sem fome. Preciso resolver algo antes.Ele assente, pronto para sair, mas eu o chamo de volta.— Taylor!— Pois não, chefe?— Certifique-se de que ninguém me incomode.— Irei me certificar, senhor.— Ótimo.Assim que ele sai, fecho a porta, tranco-a e encaro a tela do computador. Agora, sou apenas eu, esse maldito pen drive e a única chance que tenho de encontrar Mia Bella.Plugando o dispositivo, seleciono os arquivos e aperto play. As imagens do dia seguinte à festa começ
APRILForam semanas incríveis com as melhores pessoas e no melhor lugar. Teve momentos em que me senti o maior lixo da face da Terra, mas todos se esforçaram para garantir que essa fosse a melhor experiência da minha vida em Boston. Até a Lulu, com seus dois aninhos, tentou de tudo para me convencer a ficar. "Não vai embora nunca mais!" foram as palavras dela.Agora eu sei: Boston é tudo que o G disse e muito mais. Assim que me formar na escola, essa será minha nova casa. O único problema? Convencer meu avô, Demetri e meus pais disso.— Vem rápido, Seff! Teus irmãos estão me deixando louca dentro daquele carro! — Renata grita da porta de casa enquanto termino de me arrumar.Hoje é o dia da despedida. Estamos voltando para a Itália. Renata vai dirigindo o carro alugado com meus irmãos, enquanto Gregory insiste em me levar ao aeroporto para um último adeus. Como todos terão compromissos cedo amanhã, decidiram fazer uma festa surpresa para mim, Colin, Rodrigo e Renata nesta tarde. Foi p
APRIL Domingo. Dia sagrado para os Esposito Castro. Todo fim de semana, as duas famílias se reúnem na casa da vovó Diana para um almoço de paz, tranquilidade e muitas risadas. Quer dizer… na teoria. Na prática, sempre tem alguma confusão. Principalmente quando minha irmã Kimberly resolve dar o ar da graça. Se dependesse de mim, eu simplesmente ia embora assim que ela aparecesse. Mas minha mãe insiste: — Uma hora você e Kimberly terão que se dar bem. Afinal, vocês são irmãs. Grandes merda isso. Ser irmã dela nunca a impediu de transformar minha infância em um inferno. Nem de mandar um cara mais velho me seguir e tentar me assediar só porque ficou com ciúmes do ex. Eu tinha 12 anos. Naquela época, meu padrinho me disse que eu precisava aprender em três anos o que um filhote de lobo aprenderia durante a vida inteira. Então, foi isso que fiz. Todo dia, treinava com ele e Kevin, o ex-namorado dela, que por acaso, também era amigo do meu padrinho. Kimberly surtou quando descobriu.
APRILAssim que Kimberly saiu, o clima ficou uma merda. Sério, parecia um velório sem corpo. Alexia e Joshua foram atrás dela, pedindo desculpas pelo showzinho da irmã. Minha avó, furiosa, foi pro quarto com meu avô Michael para tentar se acalmar (ou para planejar uma guerra, difícil dizer). Enquanto isso, vovô Alberto, vovó Susana e Demetri voltaram correndo pro castelo para reforçar a segurança da cidade, como se estivéssemos prestes a ser invadidos por um exército e não só por uma lunática de TPM.Meus irmãos e primos deram o fora rapidinho, cada um pra sua casa. Já eu, mamãe, papai e os meninos fomos direto pra igreja pedir a bênção do padre. Pois é, aparentemente minha mãe virou a mais nova fiel devota da família.Silêncio absoluto no carro. A única coisa vibrando era o grupo de mensagens que eu tinha com Colin, Rodrigo, Nina, Gaston e Matteo. E, como sempre, eles não decepcionavam na zoeira:GASTON – Gente, que caralhos foi isso?COLIN – Vovó arrasou no discurso!!!EU – Será que
APRILUMA SEMANA DEPOISO domingo chegou diferente dos outros. Sem o tradicional almoço em família, sem a presença dos meus irmãos, sem nada além do peso do silêncio. Kimberly desapareceu. Ninguém conseguiu encontrá-la. Os portões da cidade estão fechados, e a desculpa oficial é um problema na tubulação de gás. O rei garantiu que cobriria todos os prejuízos dos comerciantes até que tudo fosse resolvido e a cidade reaberta para turistas. Mas todo mundo sabe que isso é só uma fachada.Como se não bastasse, fui proibida de ir à escola por causa da "ameaça" que Kimberly representa. Meu avô reforçou minha punição, bloqueando qualquer acesso ao computador, proibindo visitas e me impedindo de sair do castelo. Comprar uma passagem escondida para Boston parecia uma ideia genial na hora, mas agora está virando um problema cada vez maior.Sem muito o que fazer, passei meus dias dentro da academia. Lutar contra os guardas do castelo se tornou meu passatempo. Criaram até uma aposta: quem conseguir
ALEXIsso não pode ser verdade. Ela não pode ter encontrado outro cara. Onde? Quando? Será que foi naquela maldita viagem? Será que é por isso que ela está tão ansiosa para voltar para lá?Não… Ela só falou isso para me magoar. E está funcionando.Saí atrás da April. Eu precisava vê-la, precisava pedir desculpas por toda a merda que fiz em Boston. Pelo beijo nojento que dei naquela cobra da Rilary. Eu sabia que ela não tinha sido convidada para a festa, sabia que estava lá apenas para estragar o aniversário da April. E, como o idiota que sou, eu a ajudei a conseguir exatamente isso.April e Rilary têm uma rixa que dura anos,por minha causa. Desde sempre, Rilary se atirou para cima de mim, e eu, burro como era, deixava. Para mim, ela nunca passou de uma distração passageira. Mas quando April apareceu na minha vida de um jeito diferente, eu nunca mais quis me sujar com aquela mulher.Por April, tentei ser o mais puro possível. Ela é Minha princesinha.Sempre cuidei dela como uma irmã. S
GABRIEL— COMO ISSO É POSSÍVEL?! — Minha voz ecoa pelo cômodo enquanto fecho os punhos com força. — Duas vezes! Duas malditas vezes seguidas ela desaparece, some no ar como se nunca tivesse existido! Nem essa porcaria de reconhecimento facial é capaz de achá-la!— Calma, primo, esse sistema deve ter dado algum defeito… Não é mesmo, Frederico? — Érico lança um olhar ao programador, esperando uma resposta.Frederico engole em seco antes de responder:— Sinto muito, senhor, mas não há erro algum. Os traços faciais dessa garota não constam em lugar nenhum.Eu aperto a mandíbula. Inacreditável.Assim que a encontrei naquela gravação, corri para o aeroporto. Subornei a recepcionista para conseguir informações, mas não havia nada. Nenhum registro do voo em que ela embarcou. Tentei rastreá-la pelas câmeras de segurança, mas… assim que ela entrou na sala de embarque, a energia caiu. Por uma hora e meia, os monitores ficaram desligados. Tempo suficiente para vários aviões decolarem sem deixar r
APRILQuando soube que Alex tinha sido enviado em uma missão, senti um alívio imenso. Finalmente, eu poderia andar pelo castelo sem precisar me esconder. Nos últimos dias, esse lugar gigantesco parecia minúsculo, porque, para onde quer que eu olhasse, lá estava Alexander.Então, fiz um acordo comigo mesma: chega de garotos. Eles só trazem dor de cabeça. O único problema agora é convencer o resto do meu corpo a concordar comigo...O que me irrita é que esse cara mal-educado não sai da minha cabeça o dia todo. E, para piorar, ainda tem a audácia de fazer hora extra nos meus sonhos. Cada vez que penso nele,na sua voz rouca, na forma como me olhou aquele dia...— Aaaah, droga! — resmungo sozinha, sentindo um arrepio estranho. — Como posso estar toda arrepiada por alguém que nem conheço? Isso é frustrante! Sai da minha cabeça, seu idiota!Uma batida suave interrompe meus devaneios.— April, querida? — a voz doce da minha avó, Diana, soa do outro lado da porta.— Pode entrar, vovó.Ela surg