GABRIELSaí da casa do meu avô mais confuso do que entrei. Como assim tenho que acreditar nos meus sonhos? E aquela garota… sempre me chamando de Felipe. Isso não é real. Não pode ser.Quando Taylor chegou para me buscar, apenas entrei no carro, tentando juntar as peças desse quebra-cabeça maluco. Minha mente fervia com tantas perguntas sem resposta.Alguns minutos depois, avisto à beira da estrada a garota que Kevin rejeitou mais cedo. Ainda não entendi bem toda aquela gritaria, mas se até Kevin, o santo bondoso, foi cruel com ela, então deve ter um motivo.— Taylor, diminui! — digo, abaixando o vidro.Ela ainda chorava, mas seus olhos estavam em chamas, consumidos por uma fúria crua.— Oi... Kimberly, né?— O que você quer, Gabriel? — ela dispara, cuspindo veneno.— Só ajudar. Você está longe de tudo. Vem, te dou uma carona até a cidade, depois você se vira sozinha.Ela solta um riso seco.— E por que diabos você se importa?— Não me importo com você, se é isso que está pensando. Só
GABRIELEu já tinha esquecido que Kimberly estava ao meu lado até que sua voz cortou o silêncio:— Quem é esse cara?Franzo a testa, distraído.— O quê?— Desculpa, mas seu celular estava meio virado para o meu lado e, sem querer, eu vi.Viro o telefone para mim e suspiro.— Ah... Ele é minha única pista no momento. Estou procurando uma pessoa e ele pode me levar até ela.— O que ele fez? Vai matá-lo? — Ela tenta disfarçar a empolgação, mas vejo o brilho de excitação em seus olhos.Minha expressão endurece.— Você o conhece?Isso seria impossível… Certo?Ela dá um sorriso enigmático.— Me responde primeiro.Meu sangue ferve com sua provocação.— Fala logo, garota, ou sai agora do meu carro e vai a pé até a cidade. Quem sabe eu não ligue “sem querer” para Nicolai, avisando que você ainda está no território dele?Seus olhos faiscam de raiva.— Você não faria isso… — ela sussurra entre dentes.Dou de ombros, impassível.— Quem é esse cara? — Ergo o celular, impaciente. — Não brinque com
GABRIELSemanas se passaram, e a investigação continua emperrada. Meu último recurso é ir atrás desse tal Gregory e confrontá-lo diretamente sobre minha garota. Vasculhei suas redes sociais, mas não encontrei nada sobre ela. A área privada, acessível apenas para "melhores amigos", permanece um mistério,tentamos invadi-la, sem sucesso. Ou ele é um gênio da computação, ou tem aliados poderosos nessa ária.Mas isso teve que ficar de lado por um tempo. A empresa exigia minha atenção. Pilhas de contratos, reuniões acumuladas e, para piorar, uma entrevista ridícula sobre "O solteiro mais cobiçado e milionário da Sicília". Pura besteira. Mas aceitei. Se houvesse alguma chance de Mia Bella ver, então valia a pena.Estava na sexta reunião do dia quando meu celular vibrou."Eu sei onde ela está. Trabalho para a família dela. Me encontre à 00:00 no estacionamento da fábrica abandonada. Um minuto de atraso e sumo para sempre."Minhas mãos se fecharam em punhos, o coração martelando no peito.— Ga
APRILHoje foi exaustivo. Meus pais, talvez tomados pela culpa por me manterem trancada em casa por causa da tal ameaça e do meu castigo, permitiram que eu saísse,mas somente hoje. O destino? A escola que minha tia Fiorella e o tio Finn fundaram para minha prima Annabel. O lugar foi criado para que ela não se sentisse deslocada e, ao mesmo tempo, estivesse protegida do mundo humano “cruel”.Sempre sonhei em estudar lá. Afinal, era uma escola para crianças e adolescentes não humanos. Mas, segundo meu avô e meus pais, eu e os meninos seríamos alvos ainda mais fáceis ali do que a poucos minutos do castelo.Mesmo assim, a visita foi incrível, exatamente como eu imaginava. Conheci os amigos da Annabel, participei de aulas de magia avançada do segundo ano do ensino médio e, não querendo me gabar, mas já me gabando,se eu estudasse lá, seria a melhor aluna da turma. Para encerrar, na aula de canto, Bell nos obrigou a cantar com ela, e, é claro, arrasamos.No fim da tarde, meus pais chegaram a
APRILNão consigo ir atrás do covarde desgraçado, pois Gabriel chora de dor Caí de joelhos ao lado dele, o coração disparado no peito ao vê-lo tão frágil. Sua cabeça ensanguentada repousava sobre minhas pernas, a respiração rasa, o rosto marcado pela dor. Ele estava à beira da inconsciência, e o medo me dominou por inteiro.— Ei… olha pra mim — minha voz tremeu, enquanto eu acariciava seu rosto sujo de sangue — Não ouse fechar esses olhos!Os lábios dele se curvaram em um sorriso fraco, mesmo no meio da dor.— Você é tão mandona…— Você não viu nada ainda… — tentei brincar, mesmo que meu peito estivesse em desespero. — Meu pai já está chegando, ele vai te ajudar, você vai ficar bem!Os olhos dele brilharam suavemente na escuridão, como se apenas minha presença já fosse suficiente.— Eu te encontrei, Mia Bella… — sua voz era um sussurro, carregado de sentimento. — Não importa o que aconteça… o importante é que eu te encontrei. Agora posso morrer feliz.— Cala a boca, garoto! — minha v
APRIL— Maria Eduarda, onde está minha menininha?! — A voz do meu padrinho ecoa pelo hospital, carregada de desespero. Ele chega apressado, os olhos arregalados, a respiração ofegante. Provavelmente, minha mãe ligou para ele dizendo que eu estava à beira da morte.— Dindoo! — Corro até ele e o abraço com força, como se precisasse daquele contato para me manter de pé.O abraço dele é esmagador. Por um instante, me falta o ar, mas eu não me importo. O cheiro dele me traz conforto, segurança.— Graças a Deus! Sua mãe disse que você estava no meio de uma guerra e chegou ao hospital desmaiada, sem forças!— Mais ou menos isso... — minha voz sai fraca, ainda recuperando o fôlego.Ele me solta apenas o suficiente para me encarar. Seus olhos correm pelo meu corpo, escaneando cada detalhe até se fixarem no sangue seco que cobre minhas roupas.— Que sangue todo é esse? Você está ferida?— Não é meu, dindo.Ele franze o cenho. Mesmo sentindo o cheiro e sabendo que o sangue não é meu, seu nervosi
GABRIELA luz do sol invade o quarto, forçando-me a despertar. Fecho os olhos com força, tentando diminuir o latejar da minha cabeça. A claridade agrava a dor, tornando cada piscada um esforço.— Gabriel, meu neto? — a voz do meu avô soa preocupada. — Você acordou agora ou ainda está dormindo?Tento responder, mas minha voz sai fraca, rouca.— Minha cabeça...Ele entende imediatamente e caminha até a janela, fechando parte da persiana.— Melhor? — pergunta ele.Forço os olhos a se abrirem, ajustando-se à nova penumbra.— Sim, vovô.Meu olhar vagueia pelo quarto, tentando entender onde estou e por quê. Algo parece fora do lugar.— O que aconteceu? — pergunto, sentando-me com dificuldade.— Você foi atacado, passou por uma cirurgia e agora tem que ficar quieto aí até melhorar — seu tom se torna sério quando percebe minha tentativa de levantar.— Eu preciso ir ao banheiro.— Espera quietinho aí, vou chamar a enfermeira pra trazer um daqueles potinhos…Nem deixo ele terminar.— Nem fodend
APRILO hospital parecia silencioso demais enquanto caminhávamos pelos corredores. Gabriel estava fazendo exames, e aproveitamos para respirar um pouco. Mas a calmaria foi curta. Theo nos encontrou, com a expressão fechada, e avisou:— Temos uma reunião de família. Agora.O peso daquelas palavras apertou meu peito. Algo estava errado.Fomos levados até a sala do nosso pai. Assim que a porta se abriu, senti a tensão no ar. Meus irmãos adotivos estavam lá, minha mãe e meu pai também, todos de rostos sérios, como se um furacão estivesse prestes a nos atingir.— O que está acontecendo? — perguntei, cruzando os braços, preparando-me para o impacto.Minha mãe se aproximou rapidamente e me envolveu em um abraço apertado.— Meu amor, como você está?— Estou bem, mãe. Gabriel está se recuperando rápido.Ela sorriu levemente, mas ainda havia preocupação em seus olhos. Então, Daniel quebrou o silêncio sufocante.— Vamos direto ao ponto?Meu pai respirou fundo antes de falar:— Kimberly mandou um