Capítulo 2

Carioca

Essa semana tá osso, tô negociando com o Turco a compra de uma nova remessa de armas, as melhores do mercado atualmente, também tá chegando carregamento de drog*s porque sábado é dia de baile e tem que estar bem abastecido, vem muita gente de fora, de vários lugares, inclusive os playboys da pista e as patricinhas que adoram sentar pra bandid*, aí a grana rola solta.

A Jéssica tá comendo meu juízo dizendo que não procuro mais ela, ela fica nessa de romancezinho, já falei que é só um pente e rala, ela vem atrás porque quer, sabe muito bem que esse lance de sentimento não é comigo. Ela faz gostoso tudo que eu quero na cama e gosto disso, gosto muito aliás, mas é só isso, uma transa boa e depois ela volta pro apartamento na pista que eu dei e eu sigo aqui, pegando várias, porque eu gosto é de variedade, não sei porque ela se ilude achando que alguma coisa entre nós vai mudar.

Fernanda

Saio do trabalho, pego meu ônibus e desço na parada próxima ao morro, vou subindo e no caminho resolvo tomar um açaí no trabalho da Dani.

Quando cheguei lá estava bem movimentado, fiquei até a hora de fechar e fomos embora junto com o Andrey e a Rebeca, jogando conversa fora pelo caminho.

— Belas, sábado no baile eu vou estar o fervor, quero arrasar, descer até o chão! — Andrey fala com seu jeito todo afeminado, fazendo caras e bocas.

Sim ele é gay, uma pessoa com uma energia ótima, ninguém fica triste perto dele.

— Eu até comprei um vestido novo hoje, vou estar daquele jeito e você dona Fernanda, vai junto, chega de ficar trancada em casa! — Dani fala empolgada.

— Ah Dani! Você sabe que não é a minha praia e nem roupa pra esses eventos eu tenho. — respondo.

— Eu empresto pra você! Temos o corpo bem parecido, com certeza vai servir em você. — Rebeca diz.

— Olha aí, se não tinha roupa, agora vai ter, então sem desculpas hein? — Dani continua.

Não houve nem tempo de recusar e o Andrey já puxou outro assunto.

— Gente, disfarça! Mas olha a moto de quem vem ali? — instintivamente nós três olhamos e ele nos repreende — Caraca! Vocês não sabem o que significa “disfarça”?

Nos viramos.

Nesse instante para ao nosso lado, uma moto enorme com um cara alto, magro, com um fuzil atravessado nas costas.

Aquilo me assustou, mas não posso negar que ele é bem lindinho e nesse instante, percebi que a Rebeca ficou sem jeito. Ela é ruiva, acho que seu rosto ficou da cor do seu cabelo, ali tem coisa.

— Aí ruiva, vamos trocar aquela ideia? O rapaz da moto fala.

— Não posso Lucas, preciso ir pra casa!

— Pô ruiva, deixa disso! Tempão que você tá nessas, se não quer falar hoje, tá beleza, mas sábado a gente troca essa ideia! — ele falou e saiu acelerado com a moto.

— Amiga vocês se gostam, esse lance não é de hoje, para de marra! — Dani aconselha.

— Lance ele tem com todas, você sabe muito bem como é, e eu não quero isso para mim não. — Rebeca ficou mexida com a presença do cara.

— Mas a gente sabe que tu é doidinha por esse envolvido aí e não tenta negar, não! — Andrey cutuca Rebeca.

O Andrey é uma figura, sempre com um humor debochado. Mas fiquei pensando em como uma garota tão bacana como a Rebeca, se envolveu com esse tipo de cara?

Japah

Hoje é sexta-feira, tô aqui fazendo uma ronda e o morro tá uma uva, mas só essa semana três foram pra vala, ficar devendo não rola, o Carioca não perdoa e por esses dias ele anda virado, num mau humor terrível e mesmo assim piranha é o que não falta pra ele, meu mano é o rei delas.

Pra mim também tem várias, mas eu sou mais discreto, mesmo assim a quantidade é grande, vida de bandid* é essa ai mesmo e elas gostam.

SÁBADO DIA DE BAILE:

Carioca

Tudo alinhado pro baile hoje, som, DJ, luzes, drog* abastecida, eu invisto pesado mas o retorno de grana tem que vir, tenho que faturar.

Vou pra minha casa descansar um pouco, porque a noite hoje vai ser longa.

Durmo e acordo um pouco depois das 20 horas, levanto e pago um banho, visto uma camisa e bermuda preta da Lacoste, pego no closet um Nike zerinho ainda com etiqueta, coloco meu relógio e meus cordões pesados de ouro, passo meu perfume de lei e tô pronto.

Quando desço, Japah já está me esperando, trajado no mesmo estilo.

— Chegou o rei delas! — Japah zoa.

— Vambora! — respondi.

Fomos cada um na sua moto, afinal, nos bailes sempre no final da noite, cada um vai pro seu lado com alguma mina, só nunca trazemos aqui pra casa.

NA CASA DE DANI E FERNANDA:

No quarto da Dani estava uma muvuca, Andrey e Rebeca foram para lá, assim todos se arrumariam juntos.

Dani colocou um vestido rosa pink, Andrey uma bermuda e camisa em tons pastéis, Rebeca um vestido preto coladinho e Fernanda uma saia e blusinha que Rebeca lhe emprestou.

Fernanda

Estava uma farra nós quatro nos preparando para o baile, roupas e maquiagens para todo lado.

— Gatas, vocês estão um arraso, é hoje que o LC fica doido né Rebequinha? E você dona Fernanda, fica esperta viu? Porque a Dani adora dar uns perdidos na gente e sumir do baile com um certo envolvido aí, se bobear você volta sem a sua amiga pra casa hoje! — Andrey fala tudo rapidamente e todas nós caímos na gargalhada. Dani fez uma cara irônica se fazendo de ofendida.

Eu vesti uma saia preta e uma blusinha branca com brilhos que a Rebeca trouxe para me emprestar e serviu certinho, nada muito chamativo, calcei uma sandália de salto que comprei no meu trabalho.

A Dani me ajudou com a maquiagem enquanto Andrey fez uma escova no meu cabelo. Me olhei no espelho e gostei do que vi.

— Gente estamos uma delícia, vamos tirar uma fotinho, junta todas aqui! — Andrey vem com o celular posicionado.

Tiramos a foto e ele postou no Faceb*ok, marcando todas nós.

Facebo*k de Andrey Freitas:

“Se a noite promete, então nós temos que cumprir”

Quando chegamos no tal baile, as ruas estavam cheias, tinha várias barraquinhas de bebidas e lanches, o som era muito alto, tínhamos que falar um no ouvido do outro.

Percebi que meus amigos conheciam quase todo mundo, a Dani então nem se fala, bastante popular, inclusive com os vapores.

Assim que entramos, vi o palco onde o DJ iria tocar, o local era uma mistura de escuridão com flashes de luzes coloridas, notei que haviam algumas áreas elevadas com escadinhas e diferentemente daqui de baixo que estava lotado, lá haviam bem menos pessoas. Mas não pude deixar de perceber vários homens armados lá.

Dani percebendo que eu olhava tudo, me explicou que era o camarote onde ficava o chefe e todo o bonde dele, inclusive haviam muitas mulheres.

Eu não me sentia totalmente a vontade, afinal nunca tinha ido em um lugar assim, eu estava com uma sensação de ser observada, deve ser porque nunca estive em um local como esse e com tanta gente junto.

Andrey já foi logo atrás de trazer umas caipivodkas pra nós, eu tentei recusar, mas disse que deixaram?

— Bebe boba, a sua pedi pra fazerem mais fraquinha, você vai gostar! Vamos brindar? — ele levantou o copo.

Brindamos e o tal LC chega e fala algo no ouvido da Rebeca, ela sorri meio sem jeito e eu me pergunto de onde esse cara saiu, brotou do chão? Há um segundo atrás ele não estava aqui.

Percebi que ele falou mais alguma coisa e ela negou com a cabeça, até que ele beija o pescoço dela e sobe pro camarote.

Rebeca nos diz que ele a convidou pra ir lá pra cima no camarote e que era para irmos com ela, mas ela não queria ir.

— Ah vamos sim, deixa de ser bestinha ruiva! Lá tem comidinhas, bebida, tudo liberado e você é caidinha por ele que eu sei, tá louca pra reviver os velhos tempos e esse lance de vocês é antigo, então para de bancar a mona difícil! — eu ria com as coisas que o Andrey falava.

— Fê, não escuta tudo que ele diz não! É tudo liberado, menos os caras tá? — Dani diz.

Como é? Do que ela tá falando gente? Me perguntei mentalmente.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo