PranchaFiquei paralisado olhando para o Matias enquanto segurava a Fernanda em meus braços e a sinto tremer, não sei se por medo, por dor ou as duas coisas junto.— Coloca essa vagabund@ na cama! AGORA!Ele parecia estar transtornado e eu não tiro a razão dele, afinal, ele me procurava a tanto tempo e agora confirmou que estou vivo. Mas cheguei até aqui pra tirar a Fernanda dessa insanidade do Matias, então tenho que agir com calma, sei que o Carioca deve estar com o exército dele atrás da gente querendo me matar, achando que sou cúmplice nisso. Só preciso proteger a Fernanda e fazer com que o Matias saia daqui antes dele chegar, o que vai acontecer comigo não me importa, sou homem suficiente pra assumir a consequência dos meus atos.Calmamente coloco ela na cama que me olha com pavor e eu tento dizer a ela com o olhar que tudo ficará bem, mesmo não tendo certeza disso, enquanto meu irmão não baixa a arma que está apontada na minha direção.Sento na poltrona que fica no canto da pare
CariocaDentro daquele helicóptero em direção a sei lá onde seria o local que iríamos pousar, eu só conseguia pensar na Fernanda e no Gabriel.Será que a gente nunca vai conseguir viver em paz?Será que sempre vai ter alguém tentando algo? Por que o nosso amor incomoda tanto?Eu só quero poder encontrar ela a tempo, eu sei que eu sou um fudido que não tenho direito de pedir nada a Deus, mas se eu pudesse, a única coisa seria pedir a ele que salve minha mulher, que me leve no lugar dela e se acontecer o pior, eu sei que não vou não conseguir encarar meu filho crescendo sem a mãe por culpa minha, por tantas escolhas erradas que eu fiz.Eu sabia, desde o início eu sabia que eu não era um cara pra Fernanda, por isso relutei tanto em me envolver porque sabia que eu ia levar ela pro mesmo abismo que eu.Parece que esse piloto está fazendo de propósito, andando em velocidade lenta, ou será que meu nervosismo e ansiedade é que estão acelerados?Assim que pousamos já fiquei put*, estávamos no
ATENÇÃO: Nesse capítulo contém um pouco de tortura.CariocaApós um tempo minha mãe me liga.— Fala mãe! Como tá minha mulher?— A cirurgia correu dentro do esperado, a bala entrou abaixo da costela e não perfurou nenhum órgão vital, ela está na sala do pós cirúrgico agora, na medida do possível está tudo bem. Respiro aliviado.— Mãe... O carinha lá falou algo sobre eu ter que salvar meu filho, mas o Gabriel tá bem e tá em casa.— Então, meu filho! A Fernanda estava grávida...Eu imaginei essa possibilidade depois do que ele disse.— Como assim, estava?Segundos de silêncio.— Era muito no comecinho, Felipe! Muito frágil ainda.Nessa hora, meus olhos encheram de lágrimas e eu baixei o celular com uma mão e com a outra pressionei meus olhos. Não consegui conter a raiva e o choro ao ouvir isso.Segundos depois voltei a falar com minha mãe.— Você está aí ainda, meu filho?— Tô mãe, pode falar!— Então, o médico que operou a Fernanda, me explicou que o projetil não pegou órgãos vitais, e
CariocaO dia está quase amanhecendo e eu tô cansado pra car@lho, vou pra uma das minhas casas, preciso de um banho e de algumas horas de sono. O Gabriel está na casa do Japah com a mulher dele, amanhã eu volto pra Penha e busco ele.Assim que entro no banheiro, me olho no espelho, meu rosto e meus braços sujos de sangue, assim como minha camisa que tiro e jogo no lixo. Aliás, minhas mãos e minha alma sempre serão manchadas de sangue por conta de todas as pessoas que já matei.Fico ali encarando minha imagem durante um tempo e pensando que fiz o que tinha que fazer. Mas e agora?Como ficaria meu relacionamento com a Fernanda?Mais uma vez ela sofreu por minha causa e quem estava lá com ela não era eu.Esse ciúme fodido que eu sinto dela é o que acaba comigo, mesmo numa situação dessas, minha mente viaja pensando que quem tava com ela, era aquele carinha que tá morrendo agora no hospital.E como pode? Num lugar tão grande como no Rio de Janeiro, ele veio viver justamente no meu morro.T
Carioca— Sério? Pô, que notícia boa! Até que enfim parou de enrolar tua mulher, hein? — falei para o Japah e nós dois rimos e nos abraçamos.— Nada disso! Aqui é tudo no esquema, depois de ter um sobrinho eu curti essa ideia de querer um moleque também.— Você vai se amarrar, é a melhor coisa do mundo! Parabéns irmão! — bati nas costas dele.— Valeu! A gente até ia fazer um churrasco pra comemorar e contar a todos, mas com essa parada da Fernanda decidimos que é melhor não!— Minha mente não para de pensar nisso tudo! Ela tá estranha comigo, tô ligado que ela nem volta pro morro.— Dá um tempo pra ela, foi muita coisa que ela passou! A Fernanda é louca por você, segura tua onda.Meu rádio tocou, era o pessoal da contenção avisando que a Fernanda acabou de chegar junto com a mulher do Japah.O Japah, que ouviu a informação, sorriu e falou:— Tá vendo? Para de ser paranoico!Parto voado pra nossa casa e assim que entrei na sala já saio procurando por ela. Fui até o quarto, mas lá ela nã
Fernanda — O quê? — perguntei.— Você ouviu muito bem a pergunta!— É claro que eu ouvi, só não estou acreditando que depois desse s¢xo incrível que a gente fez aqui, você está falando do Mateus, aliás, não estou acreditando que esse tempo todo tinha gente me vigiando. — falei com muita raiva e já fui pegando o lençol e me enrolando, ele cortou totalmente o clima.— Não tenta mudar o foco da conversa não, Fernanda! — ele foi levantando da cama, enquanto eu fiquei sentada.— Você não tem noção das coisas mesmo, né? Já te falei várias vezes, mas vou falar de novo, você é mulher de b@ndido traficante e não do “Zé da couves”, será que nada entra na sua cabeça? Você foi sequestrada, perdeu nosso filho, quase morreu e ainda acha que pode ficar dando voltinhas por aí atrás do seu ex primeiro amor? Fique feliz que eu não tô fazendo nada pior em relação a isso.O que ele falou doeu na minha alma, falou como se eu tivesse culpa do que aconteceu, principalmente com o bebê.— Não fala bobagem, Fe
Fernanda Na manhã do dia 1° de janeiro, acordei tarde, com o sol já alto. O Felipe não estava na cama e eu estranhei isso, então fui até o outro quarto, onde o Gabriel dormiu e também não estava lá, nem ele, nem o Gabriel. Ao pegar o celular para ligar, tinha uma mensagem do Felipe dizendo que ele havia ido caminhar na areia com o Gabriel. Respondi dizendo que ia tomar banho e que logo encontraria com eles lá. Quando estou saindo do banheiro, ainda secando os cabelos com a toalha, escutei uma batida na porta e falei que podia entrar, era a Ângela. Ela estava linda, com um vestido longo, estampado, maquiada levemente e elegante como sempre. Minha sogra é maravilhosa. — Bom dia, minha querida! — ela diz sorridente. — Bom dia, Ângela! Vou para a beira do mar com o Gabriel e o Felipe, vem com a gente? — falei colocando uma saída de banho por cima do biquíni e a convidando, porque eu realmente queria a presença dela conosco. — Claro, vou sim! Mas coloca esse vestido que eu tro
Fernanda — VOCÊ VEIO MESMO MEU AMOR, QUE SAUDADE! Dani gritava vindo em minha direção, assim que desci do ônibus. — Saudades de você também, sua doida que eu amo! Nos abraçamos. Ela perguntou como eu estava em relação a minha mãe, mais uma vez me deu os pêsames, já havia feito isso por telefone quando aconteceu, mas agora o fazia pessoalmente. Logo pegamos um táxi e fomos em direção a casa da Dani no Complexo da Penha, onde seria meu mais novo endereço. Confesso que a ideia ainda me assusta um pouco, pois ouve-se falar tantas coisas sobre esses locais. Dani falava toda eufórica, fazendo planos e me contando várias coisas, de um jeito todo dela que eu adoro e em um certo ponto o taxista parou e eu achei estranho. Dani pagou a corrida, eu quis ajudar mas ela não aceitou. Quando descemos, antes mesmo que eu perguntasse, ela já me explicou que os taxistas não sobem a favela, eles levam os passageiros até certo ponto e depois é preciso subir a pé. Na entrada do complexo haviam vár