A paixão do traficante
A paixão do traficante
Por: Autora PJ Lima
Capítulo 1

Fernanda

— VOCÊ VEIO MESMO MEU AMOR, QUE SAUDADE!

Dani gritava vindo em minha direção, assim que desci do ônibus.

— Saudades de você também, sua doida que eu amo!

Nos abraçamos.

Ela perguntou como eu estava em relação a minha mãe, mais uma vez me deu os pêsames, já havia feito isso por telefone quando aconteceu, mas agora o fazia pessoalmente.

Logo pegamos um táxi e fomos em direção a casa da Dani no Complexo da Penha, onde seria meu mais novo endereço. Confesso que a ideia ainda me assusta um pouco, pois ouve-se falar tantas coisas sobre esses locais.

Dani falava toda eufórica, fazendo planos e me contando várias coisas, de um jeito todo dela que eu adoro e em um certo ponto o taxista parou e eu achei estranho. Dani pagou a corrida, eu quis ajudar mas ela não aceitou.

Quando descemos, antes mesmo que eu perguntasse, ela já me explicou que os taxistas não sobem a favela, eles levam os passageiros até certo ponto e depois é preciso subir a pé.

Na entrada do complexo haviam vários homens fortemente armados, fumando e com um tipo de rádio na mão.

— Aí loirinha, tranquilidade? Quem é a princesa aí cheia das malas? — um dos homens pergunta para Dani.

— VT, essa é minha amiga, a mais nova moradora da comunidade, vai morar na minha humilde residência!

— Satisfação, morena! Aguarda aí com a loirinha.

Já me bateu um medo nessa hora, Dani faz um sinal para que eu ficasse tranquila, enquanto o homem fala com alguém no rádio sem que eu pudesse entender o que ele dizia e pouco depois, liberou nossa entrada. A minha entrada na verdade, já que eu era nova ali.

Vejo que ele pisca o olho para a Dani e ela dá um sorrisinho, me pareceu certa intimidade ali.

Poucos passos andamos e perguntei a ela quem era o cara com que com ela na entrada.

— O VT é um dos soldados que faz a contenção na entrada da favela, ninguém que não é daqui, passa pela entrada sem autorização do Carioca!

— Quem é Carioca? — pergunto.

— O dono da favela! — Dani responde.

Provavelmente estava estampada na minha cara, a preocupação e ela já foi tentando me tranquilizar.

— Amiga, relaxa! É só andar na disciplina aqui, que tá tudo certo, você vai gostar daqui, não é tudo isso que falam por aí não! — ela diz tranquilamente.

Fomos em direção a casa dela e pelo caminho fui observando tudo, é muita informação junta, bares, mercadinhos, lojinhas, restaurante, barbearia, tudo muito próximo.

Crianças brincando, música sertaneja, funk, pagode, tudo tocando em vários lugares ao mesmo tempo enquanto o fluxo de pessoas e motos é grande.

Em toda parte tem homens armados, muitos fumando um baseado, pelo jeito isso é bastante normal por aqui. Tentei disfarçar minha cara de espanto com tudo que vi até agora, espero ter conseguido.

Lucas, vulgo LC, 22 anos, alto, magro, cabelinho na régua e sorriso angelical com um aparelho reluzente nos dentes. Se não fosse o fuzil que carrega nas costas, podia- se perfeitamente confundi-lo com playboyzinho da Zona Sul, mas ele não brinca em serviço, está no crime desde os 14 anos e é o chefe de segurança do morro.

Eduardo, vulgo Japah devido aos olhos levemente puxadinhos semelhantes ao do irmão Carioca. Tem 24 anos, alto, muitas tatuagens, sempre usando boné aba reta, é o sub dono do morro, mata e morre pelo irmão se for preciso, é seu braço direito em tudo.

Felipe, vulgo Carioca, 27 anos, é o dono do morro. Alto, forte, olhos puxados, tatuagens no braço direito, nas costas e no lado esquerdo do pescoço.

Ele assumiu o comando quando seu pai morreu anos atrás numa troca de tiros com a polícia em uma tentativa de pacificação do morro. É um cara frio, impiedoso, cobra quem tem que cobrar, tortura e mata se achar necessário e tem como amante fixa, a Jéssica, mas não a assume como fiel.

Pega muita mulher, sex* é coisa que não falta, a variedade é grande pois elas se jogam para ele.

Carioca tem uma parceria incrível com o irmão Eduardo, única pessoa da família que ele tem por perto, já que sua mãe Ângela foi morar fora do país após a morte do marido.

Fernanda

Chegamos na casa da Dani e ela foi mostrando tudo, inclusive onde seria meu quarto, eu amei tudo, a casinha dela é simples mas muito organizada e aconchegante. Ela foi preparar um lanche enquanto eu tomava um banho para relaxar, a viajem tinha sido longa e cansativa.

Enquanto comemos fomos conversando sobre minha mãe, sobre como tudo seria daqui pra frente.

Ela me contou que trabalha no caixa do ponto de açaí daqui, segundo ela o melhor açaí do mundo.

Os dias foram passando, primeira semana, segunda... E na terceira semana eu já havia conseguido emprego em uma loja de roupas e calçados fora do morro. Dani ficou muito feliz e disse que foi muita sorte, pois segundo ela, muitos trabalhadores não conseguem emprego fora da comunidade devido a um certo preconceito com morador de morro, um absurdo afinal a maioria aqui é gente honesta e de bem.

Aos poucos eu estava me adaptando a minha nova rotina, até amigos já fiz, Andrey e Rebeca, amigos da Dani que trabalham com ela, eles são muito gente boa, estou começando a me adaptar.

****

Fernanda tem 19 anos, foi criada com muito amor e dedicação por sua mãe e nunca conheceu seu pai, pois quando ele soube da gravidez, sumiu no mundo.

Sua mãe era uma mulher muito honesta e esforçada, foi mãe solo mas batalhou muito para criar Fernanda. Ela trabalhava como doméstica há muitos anos na casa de uma família muita boa e em certo momento, descobriu que estava com um tipo de câncer bem severo que lhe tirou a vida em poucos meses, seus patrões ajudaram dentro do que era possível, no momento de sua doença, mas nada além, pôde ser feito e ela faleceu.

Fernanda é uma morena linda, cabelos longos e lisos, corpo atraente, teve apenas um namorado, sempre foi uma boa filha, uma pessoa calma, tranquila e batalhadora. Após a morte de sua mãe, estando sozinha no mundo, resolveu aceitar a proposta de sua amiga de infância Daniela, que atualmente mora no Rio de Janeiro e havia lhe convidado para morar lá com ela.

Daniela é filha de pais separados e aos 15 anos resolveu morar no Rio de Janeiro com seu pai.

Um tempo depois, o pai se casou novamente e quando ela completou 18 anos, foi morar sozinha. Mudou-se para o complexo da Penha, onde vive há 03 anos.

Para ir até o Rio de Janeiro morar com sua amiga Daniela, os patrões da mãe de Fernanda lhe ajudaram, dando a passagem de ida para o novo destino e lá o caminho de Fernanda vai se cruzar com o de Carioca, o temido dono da favela e a vida deles nunca mais será igual.

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