AntonelaMeu pai e minha mãe fizeram uma espécie de reunião comigo e com o Gabriel, onde nos contaram que, possivelmente, Thierry é nosso irmão. Eles disseram que foi em um período em que eles estavam separados e que querem fazer o DNA o mais rápido possível, mas parece que o Thierry está tendo certa resistência.Thayla já havia contado que ele tem muitos traumas, mas eu jamais poderia imaginar que minha família poderia ser parte da família dele também. E, com essa revelação, começo a entender por que minha mãe relatou algumas vezes o quanto o amor dela e do meu pai foi complicado no começo, que eles enfrentaram muitos obstáculos para ficarem juntos e serem o casal maravilhoso que são. Ela, de fato, é uma mulher muito forte.Gabriel e eu ficamos em choque. Ele não se manifestou, mas acredito que não gostou muito da ideia de eu e eles não sermos os únicos filhos do nosso pai. Eu gostei da possibilidade, pois Thierry é muito querido e educado. Se ele realmente for nosso irmão, ficarei
AntonelaAcordo de súbito, transtornada, com o coração batendo acelerado no peito. Tudo ao meu redor está escuro. Tento me mexer, mas meu corpo parece preso. Meus pulsos estão amarrados firmemente atrás das costas, e minha boca está vedada por algo que parece ser uma fita adesiva. O tecido apertado ao redor da minha cabeça me priva de enxerdar, me deixando ainda mais em desespero.Estou dentro de um veículo em movimento. O balanço irregular do carro, combinado com o som abafado de vozes masculinas que conversam em tom despreocupado, me faz estremecer. O rádio toca uma música alta, barulhenta, que parece zombar da minha impotência.Meu corpo inteiro está rígido, paralisado pela mistura de pavor e impotência. Cada segundo de imobilidade é uma tortura. Minha mente dispara, tentando entender o que está acontecendo. Tudo aponta para uma conclusão terrível: fui pega por inimigos do meu pai.Como isso pôde acontecer? Onde estavam os dois seguranças que deveriam me proteger? A resposta me ati
G4Essa história do meu pai ter outro filho é sinistra demais, mas é possível mesmo, afinal, num vacilo pode aparecer um filho. Eu mesmo, já vacilei algumas vezes.Hoje acordei mais cedo do que o normal, quero falar com a Thayla antes de ela ir pra faculdade.Mandei flores e ela não falou nada, nem uma mensagem agradecendo ou me xingando, absolutamente nada.Espero por ela do outro lado da viela, em frente à lanchonete da Célia. Assim que ela saiu, me viu e desviou o olhar.— Thayla! — chamei — Preciso trocar uma ideia contigo! — falei me aproximando ainda de moto, já que ela não veio até mim.— Fala, Gabriel!— Recebeu as flores?— Recebi, são lindas!— Nem falou nada, achei que não tivesse gostado.— Como eu disse, as flores são lindas, obrigada. Era um agradecimento que você queria?— Não, não é um agradecimento que que eu quero. O que eu quero é você!— Não começa, Gabriel. Eu tenho que ir, não posso perder o ônibus, tenho um trabalho para entregar na faculdade hoje. — ela falou e
ColdDou uma tragada forte no baseado enquanto tiro de dentro do envelope de papel pardo a foto da filha daquele desgraçado. Aquela que pagaria com a vida pela morte do meu pai, que foi tirada pelo pai dela.E que porrä era essa?Pego meu celular e seleciono o contato do Lincon.— Que brincadeira idiotä é essa? — Já mando na lata antes mesmo dele dizer "alô".Olho pra filha do desgraçado, encolhida, tremendo inteira.Mais uma tragada e jogo a bituca no chão, pisando em cima pra apagar, puto com quem tinha feito essa "gracinha" e que seria cobrado sem dó.— Qual foi, Cold? Não tá tudo no esquema como tu mandou? — Lincon pergunta, parecendo preocupado.— E essa palhaçada de foto aqui, é o quê? Tá tentando tirar onda com a minha cara, filho da putä?— Jamais, Cold! Tu não queria uma foto da garota quando ela saísse da Penha, hoje? A foto que deixei na mesa da salinha é a foto que o X9 tirou dela quando ela tava saindo da favela. E é de hoje mesmo.Olho de novo a foto que já tava um pouco
PRÓLOGOAponto meu fuzil na cara dele, não tem pra onde ele correr, tiro e bomba pra todo lado, está encurralado. Esse momento é a glória pra mim.Meu companheiro também tem a mira apontada pra ele.— Demorou mas chegou tua hora! — falo na cara dele.Sujeito ruim, ele me encara sem demonstrar sentir medo algum da morte.Movimento o dedo pra apertar o gatilho. Meu telefone toca, atendo sem tirar os olhos dele.Do outro lado da linha, aquela voz tão familiar:— Você não pode matar ele!A porta se abre, me viro e ele aponta a arma pra mim, volto a atenção para a ligação novamente.– Ah não? Por quê? — Pergunto rindo, mas a resposta não foi nada engraçada.DIAS ATUAISSEGUE O MOMENTO EM QUE FERNANDA LÊ A MENSAGEM NO CELULAR DE FELIPE DURANTE A COMEMORAÇÃO DO CASAMENTO.FernandaDurante a tarde, precisei subir até o quarto para colocar o meu celular para carregar e na escrivaninha da cabeceira, o celular pessoal do Felipe que estava lá, vibrou algumas vezes. Não sei se por curiosidade ou i
FernandaEle me olha perplexo, não sei se era porque eu já sabia da criança ou porque eu estava gritando. Ele vira de costas bufando e passando as mãos no cabelo. — Fala, Felipe! Com qual vagabund* você transou sem ter o mínimo de descendia de se prevenir? Arriscando me passar alguma doença, você é um escroto mesmo!— Não fala besteira, Fernanda! — Falou se virando para mim.— Ah, besteira? — eu ri ironicamente.— É besteira sim! Você acha o quê? Que eu saio comendo essas vagabund*s por aí sem me cuidar? Tá maluca?Nessa hora eu gargalhei alto.— Ah claro, você usa camisinha mas uma piranha engravidou de você, tá certo. — bati palmas. Eu estava impressionada negativamente comigo mesma, nunca fui uma pessoa que resolve as coisas gritando ou falando palavrões.— Eu te amo, caralh*! Põe isso nessa sua cabeça. A única pessoa com quem eu transo é você. – ele encheu um copo de whisky e tomou puro, sem gelo.— Nem você acredita nessa mentira que está tentando contar. A prova disso é essa cr
FernandaFui indo em direção a garagem, coloquei minha mala no carro e abri a porta do carona para entrar, mas ele a bate com força me impedindo.— Para de agir feito criança, caralh*!Olhei para ele incrédula. Felipe estava com os olhos vermelhos, não sei se por não ter dormido ou por ter usado alguma coisa.— Criança, eu? — falei um tanto debochada enquanto cruzei os braços e me escorei no carro. É, talvez eu estivesse sendo um pouco infantil mesmo, mas eu estava com muita raiva dele, então acho eu que tinha esse direito.— Você sai transando com todas as mulheres que aparecem pela frente sem se prevenir, mas eu é quem sou criança? Tá bom! — ri debochada no final.— Não fala o que você não sabe! — ele respondeu.— Felipe, vamos fingir que esse circo que você montou aqui ontem, não aconteceu, tá legal? Agora eu entendi, você fez esse teatro todo de casamento para que eu não descobrisse sobre seu “outro filho”. — falei com aspas porque estou com muito ódio e ele pegou meu braço com fo
FernandaNesta hora eu fiquei estarrecida com o que ouvi, nos olhamos alguns segundos e apertei firme a mão dela para que ela entendesse que poderia se abrir comigo, se ela se sentisse confortável para isso.— Fernanda, os primeiros anos do meu casamento foram de total infelicidade. Desde que conheci o Jorge, ele ficava com várias mulheres, mas eu me apaixonei perdidamente por ele e engravidei tão novinha que precisei casar, ou melhor, morar junto, pois sendo menor de idade eu precisaria de autorização dos meus pais e isso não era possível. Eu morava na pista com eles, não éramos ricos, mas tínhamos uma vida confortável e quando meu pai soube da gravidez, descobrindo ser de um traficante, me expulsou de casa e eu não tive outra opção, a não ser morar no morro com o Jorge.— Meu Deus, Ângela! E como o Jorge reagiu?— Ele ficou muito feliz com a gravidez, é claro, desde o começo dizia ser um menino, me levou para viver com ele no Jacarezinho e aí começou o inferno que foi o início da no