G4 Thayla estava com a fisionomia destruída de tanto chorar, olhos inchados, o rosto pálido, mais branca do que o normal. Eu também estava destruído, só que por dentro. Sei que peguei pesado. Eu nunca teria coragem de matar a mulher que eu amo, mas na hora da raiva, fiquei louco. Só de pensar que ela tava sendo tocada por outro homem, eu saí fora de mim. Sentei no sofá, mas ela continuou em pé, de braços cruzados, me olhando com pavor. Tentei puxar a perna dela, e ela se afastou. Então, levantei. — Thayla... Assim que tentei falar, ela se afastou mais um pouco, nitidamente com medo de mim. Depois do que aconteceu hoje, como ela não teria? — Não precisa ter medo de mim. Eu sei que o que fiz é imperdoável, mas eu fiquei maluco quando soube que outro cara tocou em você! — Eu não sou sua propriedade, Gabriel! Você tem a sua vida, e eu tenho a minha! — Não é assim, não! A gente não tá junto porque você não quer, porque você colocou um monte de besteira na cabeça! Quem é o
FERNANDA Me sinto no passado outra vez, há quase 20 anos, como quando soube que o Filipe poderia ser pai de um filho com a Susana. Ele chegou da boca e me contou que esse possível filho está muito perto de nós, aqui na Penha. Fiquei quase sem reação com tudo que ele relatou e, aparentemente, ele estava tranquilo com tudo isso. Tanto procuramos esse menino, a avó e a irmã dele. Muitas foram as pistas falsas que, em determinado momento, acabamos desistindo. Mas a vida é perfeita e sábia, sempre dá um jeito de mostrar a verdade. O destino é indestrutível quando tem que ser, e, no momento certo, esse rapaz apareceu. Eu não guardo mágoas quanto ao que aconteceu ou por esse menino existir. Na época, Felipe e eu quase nos divorciamos, mas, com o tempo, entendi que, se realmente eles fossem pai e filho, não foi traição, afinal, foi no tempo em que eu e ele não estávamos juntos. Conversamos muito sobre isso até a madrugada. Nossa relação está acima de qualquer coisa que possa aparecer
LecoDepois do esporro do Carioca, eu fiquei de saco cheio. É muita cobrança, e eu só tento manter a ordem conforme sempre foi. Tá certo que a minha vontade é meter uma bala na cara daquele carinha que tá com a Milena, mas, mesmo que eles não estivessem juntos, a comunidade tem que estar sempre na disciplina.G4 falou que tia Fernanda e o Carioca estão cheios de segredos e que ela deu uma enquadrada nele por causa da Thayla. Mulheres e essa tal de solidariedade feminina...Essa treta toda me deixou estressado, e eu preciso relaxar. Vou chamar uma piranhä pra me ajudar nisso.Quando pego o celular pra escolher qual delas vou chamar, olho os status e vejo que a Patricinha postou uma foto.Fico ali, analisando aqueles olhos penetrantes dela e aquela boca com lábios carnudos, boca essa que faz um trabalho bom da porrä. Ela é dessas riquinhas que fodëm com gosto e bem pra carälho, mas o melhor de tudo é que ela não fica no pé. Isso é raro; a maioria tá sempre mandando vídeo e foto pelada,
AntonelaMeu pai e minha mãe fizeram uma espécie de reunião comigo e com o Gabriel, onde nos contaram que, possivelmente, Thierry é nosso irmão. Eles disseram que foi em um período em que eles estavam separados e que querem fazer o DNA o mais rápido possível, mas parece que o Thierry está tendo certa resistência.Thayla já havia contado que ele tem muitos traumas, mas eu jamais poderia imaginar que minha família poderia ser parte da família dele também. E, com essa revelação, começo a entender por que minha mãe relatou algumas vezes o quanto o amor dela e do meu pai foi complicado no começo, que eles enfrentaram muitos obstáculos para ficarem juntos e serem o casal maravilhoso que são. Ela, de fato, é uma mulher muito forte.Gabriel e eu ficamos em choque. Ele não se manifestou, mas acredito que não gostou muito da ideia de eu e eles não sermos os únicos filhos do nosso pai. Eu gostei da possibilidade, pois Thierry é muito querido e educado. Se ele realmente for nosso irmão, ficarei
AntonelaAcordo de súbito, transtornada, com o coração batendo acelerado no peito. Tudo ao meu redor está escuro. Tento me mexer, mas meu corpo parece preso. Meus pulsos estão amarrados firmemente atrás das costas, e minha boca está vedada por algo que parece ser uma fita adesiva. O tecido apertado ao redor da minha cabeça me priva de enxerdar, me deixando ainda mais em desespero.Estou dentro de um veículo em movimento. O balanço irregular do carro, combinado com o som abafado de vozes masculinas que conversam em tom despreocupado, me faz estremecer. O rádio toca uma música alta, barulhenta, que parece zombar da minha impotência.Meu corpo inteiro está rígido, paralisado pela mistura de pavor e impotência. Cada segundo de imobilidade é uma tortura. Minha mente dispara, tentando entender o que está acontecendo. Tudo aponta para uma conclusão terrível: fui pega por inimigos do meu pai.Como isso pôde acontecer? Onde estavam os dois seguranças que deveriam me proteger? A resposta me ati
G4Essa história do meu pai ter outro filho é sinistra demais, mas é possível mesmo, afinal, num vacilo pode aparecer um filho. Eu mesmo, já vacilei algumas vezes.Hoje acordei mais cedo do que o normal, quero falar com a Thayla antes de ela ir pra faculdade.Mandei flores e ela não falou nada, nem uma mensagem agradecendo ou me xingando, absolutamente nada.Espero por ela do outro lado da viela, em frente à lanchonete da Célia. Assim que ela saiu, me viu e desviou o olhar.— Thayla! — chamei — Preciso trocar uma ideia contigo! — falei me aproximando ainda de moto, já que ela não veio até mim.— Fala, Gabriel!— Recebeu as flores?— Recebi, são lindas!— Nem falou nada, achei que não tivesse gostado.— Como eu disse, as flores são lindas, obrigada. Era um agradecimento que você queria?— Não, não é um agradecimento que que eu quero. O que eu quero é você!— Não começa, Gabriel. Eu tenho que ir, não posso perder o ônibus, tenho um trabalho para entregar na faculdade hoje. — ela falou e
ColdDou uma tragada forte no baseado enquanto tiro de dentro do envelope de papel pardo a foto da filha daquele desgraçado. Aquela que pagaria com a vida pela morte do meu pai, que foi tirada pelo pai dela.E que porrä era essa?Pego meu celular e seleciono o contato do Lincon.— Que brincadeira idiotä é essa? — Já mando na lata antes mesmo dele dizer "alô".Olho pra filha do desgraçado, encolhida, tremendo inteira.Mais uma tragada e jogo a bituca no chão, pisando em cima pra apagar, puto com quem tinha feito essa "gracinha" e que seria cobrado sem dó.— Qual foi, Cold? Não tá tudo no esquema como tu mandou? — Lincon pergunta, parecendo preocupado.— E essa palhaçada de foto aqui, é o quê? Tá tentando tirar onda com a minha cara, filho da putä?— Jamais, Cold! Tu não queria uma foto da garota quando ela saísse da Penha, hoje? A foto que deixei na mesa da salinha é a foto que o X9 tirou dela quando ela tava saindo da favela. E é de hoje mesmo.Olho de novo a foto que já tava um pouco
PRÓLOGOAponto meu fuzil na cara dele, não tem pra onde ele correr, tiro e bomba pra todo lado, está encurralado. Esse momento é a glória pra mim.Meu companheiro também tem a mira apontada pra ele.— Demorou mas chegou tua hora! — falo na cara dele.Sujeito ruim, ele me encara sem demonstrar sentir medo algum da morte.Movimento o dedo pra apertar o gatilho. Meu telefone toca, atendo sem tirar os olhos dele.Do outro lado da linha, aquela voz tão familiar:— Você não pode matar ele!A porta se abre, me viro e ele aponta a arma pra mim, volto a atenção para a ligação novamente.– Ah não? Por quê? — Pergunto rindo, mas a resposta não foi nada engraçada.DIAS ATUAISSEGUE O MOMENTO EM QUE FERNANDA LÊ A MENSAGEM NO CELULAR DE FELIPE DURANTE A COMEMORAÇÃO DO CASAMENTO.FernandaDurante a tarde, precisei subir até o quarto para colocar o meu celular para carregar e na escrivaninha da cabeceira, o celular pessoal do Felipe que estava lá, vibrou algumas vezes. Não sei se por curiosidade ou i