Capítulo 7

Retornando para sua cabana, ainda com um sorriso divertido causado pelo inusitado encontro na praia, Maximiliano teve uma segunda surpresa no dia ao encontrar Dalila a sua porta, batendo o pé freneticamente no assoalho de madeira da pequena varanda.

Olhando para a peruca que ela usava se viu comparando com o cabelo da mulher na praia. Eram da mesma cor e corte, embora os fios da peruca fossem artificiais e opacos em comparação.

— Onde estava? — Dalila perguntou aborrecida, o olhar descendo pelo corpo do amante só de sunga. — E com quem?

— No mar, nadando sozinho — respondeu caminhando para dentro da cabana.

Mordida de ciúmes, inquiriu:

— Nadar? Sabe o quanto é difícil sair durante esse horário para estar aqui? — Se queixou irada.

Ignorando a raiva de Dalila, Maximiliano começou a retirar a sunga.

— O que pensa que está fazendo?

— O que acha?

Maximiliano sorriu de lado e, depois de retirar a peça diante do olhar atento dela, se aproximou da jovem e a beijou para silenciar suas queixas e leva-la para o quarto.

— Conversei com seu pai sobre minha intenção de casar com você — Maximiliano informou, ainda com a respiração agitada. — Ele me prometeu apoiar nosso relacionamento se eu sair da ilegalidade. Aceitei uma encomenda que ao fim conseguirei milhões em retorno. Depois dela, Iago me ajudará a entrar na sociedade como seu noivo oficial.

— Que ótimo!

Dalila ocultou seu aborrecimento atrás de uma máscara de falsa alegria. Duvidando que Maximiliano conseguisse manter sua riqueza fora do crime, Dalila preferia procurar casamento em outra parte. Não arriscaria seu futuro com um bandido, por mais rico e atraente que fosse, nem mesmo com aprovação de seu pai, Iago Savoia.

Óbvio que Iago apoiaria, tinha tantas dívidas que só não oferecia Joana aos cobradores porque Kassandra Orleans a escolheu como nora, e pela mais velha ser uma tonta carola. Dalila era diferente, gostava do luxo, diversão e joias, foi fácil concordar seduzir os cobradores do pai e tirar deles muito mais do que cobravam. Mas não passaria a vida sendo moeda de troca e nem casada com um contrabandista.

Satisfeito por seus planos se encaminharem como desejava, Maximiliano se imaginou esfregando seu sucesso na cara dos riquinhos moralistas de Sanmarino, principalmente os Orleans.

Planos que nem imaginava serem impossíveis, pois a jovem em seus braços não tinha intenção alguma de casar, pelo menos não com ele.

~*~

Era tarde da noite quando Adriano abandonou o escritório da casa em Sanmarino e, após se trocar, se unia a sua mãe para jantarem na casa dos Savoia.

Feliz por ter a presença do filho depois de tanto tempo longe, dolorosos dias e meses sozinha na casa em Sanmarino ou na mansão da fazenda, brindou seu amado primogênito e única razão de sua vida com um sorriso amplo.

— Terminou de revisar os documentos da fazenda?

— Alguns, mas terei de terminar de analisar quando estivermos na fazenda, com maior calma e conversando com os peões.

Kassandra assentiu.

— Alegra-me em te ver envolvido com os negócios da fazenda. Significa que passará mais tempo aqui do que na capital — comemorou.

— Retornei para ficar, mamãe — confirmou encaminhando-se para a garagem. — A empresa tem uma diretoria que cuidará de tudo enquanto estiver aqui e me manterá informado. Só irei para a capital se precisarem da minha presença.

— E o que achou da festa de ontem? — Kassandra aproveitou para questionar.

— Gostei, principalmente em rever Dalila — Adriano respondeu com sinceridade. — Ela mudou muito desde a última vez que a vi.

Alheia ao brilho apaixonado no rosto do filho, Kassandra indicou:

— É uma moça bonita e cheia de personalidade, por isso terá muitas dificuldades para arranjar um marido — comentou desdenhosa.

Diferente de Joana, Dalila sempre estava metida em alguma fofoca ou confusão entre as mulheres. Alguns, incluindo sua prima Carmem, diziam se tratar de inveja, mas Kassandra notava que Dalila atraia de propósito os homens como abelhas só para provocar as outras jovens solteira, e até algumas casadas.

— Ela é tão jovem, não deve ter pressa em se casar — Adriano sondou aproximando-se do motorista aguardando-os ao lado do carro que usariam. — Tem dezoito anos, não é?

— Fez vinte e um ha poucos meses.

— Ainda assim é muito nova — repetiu com receio de perder a oportunidade de conhecer melhor a jovem.

— Em uma cidade minúscula, de famílias tradicionais e religiosas, é normal ter pelo menos um pretendente para apresentar. Lembre-se que Joana e você noivaram quando ela fez exatamente vinte e um — Kassandra informou com severidade, acrescentando com um leve toque maldoso: — Além disso, Dalila não possui nenhuma inclinação ao trabalho ou estudos, o casamento, de fato, é a única opção dela.

O restante do trajeto seguiu-se em completo silêncio, Kassandra pensou ser pelo filho ter tantas preocupações com os negócios da fazenda. Mas a mente de Adriano estava reavaliando seu compromisso, que tornava difícil uma aproximação maior de Dalila, irmã de sua noiva.

Quando aceitou Joana tinha focado nos argumentos de sua mãe, em arranjar uma mulher acostumada com a vida pacata do campo, que não lhe faria cobranças. Ensinada a entender que ele tinha compromisso com os negócios da família, enquanto ela cuidava mansamente da casa e dos futuros filhos. Um acordo prático, algo comum nos enlaces de pessoas em posição financeira como as deles.

No entanto, agora o noivado lhe parecia uma prisão que o afastava de uma mulher muito mais atraente. E a ironia era essas duas mulheres serem irmãs.

Durante o jantar, tendo ambas as irmãs a sua frente, uma descontraída e a outra falando só quando solicitada, Adriano percebeu que cometeu um erro ao aceitar Joana só para agradar sua mãe.

Apesar de bonita, Joana era tímida e retraída demais para o seu gosto. Principalmente quando a comparava com a calorosa e sedutora Dalila.

Essa noção de erro só fez aumentar conforme novos encontros ocorriam com a fria noiva e, às escondidas, falava com a sensual Dalila, inclusive tendo marcado um encontro em um local discreto da praia para conversarem. A conversa aumentou sua vontade de beijá-la, de tê-la em seus braços, mas a jovem, pensando na irmã, escapava de seus desejos.

Foi ao voltar desse encontro, em que Dalila disse que aceitaria seus avanços se fosse livre, que Adriano decidiu ser sincero e contou para sua incrédula mãe:

— Não a quero, mãe. Não quero me casar com Joana. Prefiro Dalila.

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