Irritada com a estridente música que ecoava pela sala, Carmem foi até a caixa de som que Adriano presenteou Dalila para acabar com aquela tortura que começava todas as manhãs, após a saída de Iago e só cessava pouco antes dele voltar. Dalila parou sua dança e encarou a mãe com raiva. — O que foi? Temos que ficar em constante luto porque Joana foi embora? — Não use sua irmã como desculpa — retrucou cansada de Dalila sempre falar isso, mesmo após quase dois meses de seu noivado com Adriano. — Kassandra se queixou que você se levanta muito tarde e não faz nada o dia todo. — Acha que me importa o que minha tia diz? — Deveria se importar, afinal, ao ficar com Adriano ela passou a ser sua sogra — respondeu saindo da sala antes que começassem a brigar como sempre acontecia quando mencionavam o casamento. Doía ter uma filha longe, sofrendo sozinha, enquanto Dalila cantava e dançava. Queria que ambas encontrassem a felicidade e orava fervorosamente para que algo tirasse Joana da prisão qu
A caminho da escola, Margô parou para conversar com Gilberto, o jovem que ajudava em pequenos trabalhos dos amigos de Maximiliano no porto e que agora trabalhava no Crista do Mar, recebendo a notícia do sumiço, e possível prisão, do Gonzalez. — Não pode ser verdade... — Donato também acha isso, mas Cristiano não consegue falar com eles há dias. Esquecida do horário escolar, Margô seguiu com Gilberto para o bar Crista do Mar. — O que faz aqui? — Cristiano perguntou irritado pela jovem entrar ali, após a proibir de fazê-lo. — Gilberto me contou o que aconteceu com Maximiliano e vim saber o que estão fazendo para encontra-lo — ela respondeu. Cristiano encarou Gilberto com aborrecimento, ao que o jovem pediu desculpa baixinho, e depois voltou à atenção para Margô. — Sinto muito, mas deve sair agora mesmo. Maximiliano não te quer dentro do meu bar. — Não vou até ter notícias dele. O Silva abriu a boca para argumentar e enumerar os motivos que deveria cumprir a vontade de Maximilian
Aproveitando que a manhã estava agradável e ensolarada, e que não teria aula naquele dia, Joana decidiu dar uma volta pelo porto. Recebendo uma leve e agradável brisa em sua face, admirava os diversos barcos ancorados, enquanto falava com Tereza pelo celular. — Aproveite muito essa temporada no exterior e arrume um homão pra esfregar na cara da sua irmã traidora quando voltar. Joana riu. Era bom ter um ombro amigo, mesmo que a distância. — Estou aqui a estudos, Tê — disse enquanto carregava nas mãos um jornal com vagas de emprego, que indicavam sua intenção de não retornar a cidade natal. Estava a semanas procurando um trabalho e tinha marcado várias entrevistas, tudo para garantir que teria como se manter mesmo sem o dinheiro dos Orleans. — Mas pode aproveitar as paisagens masculinas. Esse será o maior castigo pra víbora, ver você feliz. — Deixo isso a cargo de Deus — disse desviando de um grupo de pessoas. — Ora, Joana! Não coloque Deus na conversa. Ele ajuda quem tem perseve
Ambos ergueram-se se fitando, ela com olhos arregalados e o coração pulando acelerado pela surpresa, ele com um sorriso. Maximiliano tinha acabado de atracar quando viu uma mulher passando e, ao reconhecê-la, desceu indo até ela só para saber se era mesmo Joana ou alguém muito parecido. — O que faz aqui? — Joana perguntou confusa. — Trabalho — ele respondeu devolvendo o celular para ela. — E você? Joana passou um instante olhando para a tela do celular, vendo que foi destruída e a ligação tinha se perdido. — Droga! Não dá pra mexer em nada — lamentou deslizando os dedos pela tela trincada, sem conseguir acessar nada. Todos os seus contatos estavam no aparelho, não sabia nem mesmo o número de casa sem olhar nele. — Tem um lugar para reparo aqui perto — Maximiliano disse olhando ao redor. — Ali! De repente agarrou o cotovelo de Joana e a guiou em meio à aglomeração de pessoas. Joana pensou em detê-lo e se afastar, até perceber que, seja por sua altura e força ou pela aura de obedi
Furioso, Maximiliano retirou algumas notas, colocou na mesa e saiu do estabelecimento apressado. Sabendo que o Gonzalez era capaz de cumprir o que acabará de dizer, Joana agarrou sua bolsa e o seguiu, quase correndo, enquanto ele empurrava tudo e todos que atrapalhassem sua passagem em direção a um navio de casco preto. O chamou, pedindo que parasse e a escutasse, mas Maximiliano parecia surdo. O seguiu até que ele atravessou uma rampa que levava para dentro do barco. Sem pensar, subiu logo atrás, enquanto o ouvia ordenar ao primeiro homem que apareceu a sua frente. — Beto, chame todos de volta! Partiremos imediatamente! Foi só nesse momento que ela conseguiu alcança-lo, parando desesperada ao lado dele. — O que houve, capitão? — Beto questionou se aproximando e olhando com curiosidade a jovem encarando Maximiliano com nervosismo. — Junte todos! Partiremos de volta a Sanmarino! — O cliente da última mercadoria ainda não pareceu pra pagar pela encomenda — Beto indicou apontando p
Com o coração retumbando em seus ouvidos, Joana tentou falar, mas sentia-se incapaz. Colocou as mãos no tórax dele, na intenção de afastá-lo, mas o efeito foi o contrário. Assim que as palmas sentiram a pele quente perderam as forças e ela o foco, os olhos se perdendo na imensidão negra, a língua decidindo que precisava arriscar e tocando a boca dele como imaginou que ocorreria. Ouviu um gemido angustiado, desejoso, temeu ter sido dela. Ele moveu o rosto e roçou a boca no pescoço dela, que soltou involuntariamente um gemido baixo. Joana sentiu o corpo mole e um calor novo e pulsante em seu baixo ventre conforme ele deslizava a boca de seu pescoço até o ombro, mordiscando, beijando, acariciando. Sua mente virou um algodão doce, derretendo pelo efeito da boca daquele homem, os dedos flexionando, sentindo seus músculos, movendo-se como se tivessem vida própria. Deslizando a mão que a tocava no rosto por toda lateral do corpo dela, Maximiliano apertou de leve sua cintura, puxando-a, apr
Joana permaneceu deitada, os olhos fechados, o corpo mole e dolorido sem conseguir mover um dedo, ainda absorvendo o que fez, o que deixou Maximiliano fazer. Não havia retorno. Mesmo que não houvesse o acordo, mesmo que não estivesse protegendo sua família ao aceitar substituir Dalila, seus princípios tinham atravessado uma linha moral. Ela tinha sucumbido ao desejo, alimentado pelos vários sonhos que dominou seus dias desde o bendito beijo no jardim. E pior, não se arrependia. Levou um pequeno susto ao sentir algo gelado passar por entre suas pernas. Abriu os olhos e viu Maximiliano sentado ao seu lado, usando somente cueca e passando uma toalha entre suas coxas. — O que está fazendo? — Questionou procurando envergonhada algo para se vestir, mas seu vestido estava longe, acabou se encolhendo, utilizando as pernas para cobrir seus seios e sexo. — Removendo o sangue — ele respondeu parecendo aborrecido. Foi quando ela reparou a mancha na toalha e no lençol da pequena cama, o que au
Encostado ao lado da porta da cabine, Beto Alves até tentou dar uma espiada do lado de dentro, mas Maximiliano colocou-se à frente bloqueando qualquer visão da mulher que arrastou para a cabine. E fez muito mais que só arrastar, notou pelos sons que ouviu sair do interior. — Que mensagens de Sanmarino são tão importantes para me incomodar? Se for alguma notícia idiota juro que te jogo no mar — ameaçou, desconfiando que se tratasse de alguma desculpa para Beto bisbilhotar o que ocorria em sua cabine. Afastando a curiosidade, Beto entregou seu aparelho para Maximiliano. — Quase agora fui dar uma olhada se caiu alguma mensagem das minhas garotas e recebi uma enxurrada de mensagens do Cristiano — iniciou expondo as mensagens do dono do Crista do Mar. — Parece que a nossa última carga seria revistada. Lendo os diversos avisos de Cristiano, Maximiliano trincou a mandíbula, lembrando-se da encomenda feita por Orlando Américo dentro do Crista do Mar. Com certeza era algum lacaio enviado po