No lugar de seguir para sua casa e aguardar Maximiliano procurá-la, com o coração apertado, Joana bateu na porta do quarto que ele ocupava no bar Crista do Mar. Pelo tom severo na voz dele ao permitir sua entrada, Joana sentiu que teria uma extensão da breve discussão pelo celular. Respirou fundo e entrou. Diferente de outros encontros deles ali, o quarto estava envolto em um silêncio tenso, quebrado apenas pelo som do relógio na escrivaninha no canto. Com os dedos pressionados na alça de sua bolsa, fitou apreensiva o homem em pé a sua frente, braços cruzados e expressão séria nublando sua feição. — Porque forçou os meus amigos a deporem quando deixei claro que assumiria o crime? — Maximiliano questionou indignado, não conseguindo ocultar a raiva e frustração pelas ações dela. A acusação, o modo que foi feita, feriu Joana mais do que o olhar refletindo uma mistura de ferocidade e decepção. — Não forcei ninguém a nada, apenas pedi a ajuda deles para acabar com uma injustiça — revido
Sem deixar de caminhar pela calçada, Joana ignorou o chamado acima da tempestade. A dor e a decepção por ser comparada a sua irmã ainda frescas em sua mente.— Joana, entre no carro! Precisamos conversar! — Maximiliano gritou acima do barulho da chuva, seguindo devagar ao lado de Joana.Afastando os fios molhados grudados em seu rosto, Joana observou Maximiliano pela janela aberta do lado do passageiro. Ele parecia preocupado, mas ainda carregava o semblante carregado de raiva de quando a acusou de trai-lo.— Conversamos o suficiente e já ficou claro que não obedeço suas ordens — ela revidou, mas cessou os passos.Uma parte dela ansiava em entrar naquele carro e encontrar algum tipo de resolução.Maximiliano parou o carro, abriu a porta do passageiro e estendeu a mão para ela.— Por favor, Joana, entre!Foi a humildade no “por favor” que a convenceu. Escapando da chuva violenta, se acomodou no assento, molhando o estofado. Mas Maximiliano não reclamou. Ele dirigiu em silêncio por um t
Sem imaginar a tempestade se avizinhando, aguardando Joana sair do banho, Maximiliano encostou as costas na cabeceira da cama, a cabeça contra a parede, refletindo sobre suas ações e palavras.Trocou as roupas parcialmente molhadas por abraçar Joana, mas o frio alcançava seus ossos e arrepiava sua pele, fazendo-o mexer-se inquieto. A constatação de que magoou Joana o fez se encolher levemente de desconforto e uma espécie de tristeza.Porque se sentia tão mal quando o erro foi dela? Foi à pergunta que se fez quando a deixou sair de seu quarto no bar. Normalmente odiava ser desobedecido e não se abalava ao expor sua raiva, mas ver Joana decepcionada com ele o mutilou por dentro.Levou minutos para admitir que preferisse perder a razão na discussão a perder sua noiva. Não porque a desejasse – embora a desejasse mais que tudo na vida -, mas porque ela o acalmava. Joana tornou-se a calmaria após uma intensa tempestade. Toda a fúria interior e com o mundo sumia quando a tinha em seus braços
Percorrendo a face corada com olhos e dedos, Maximiliano sussurrou quase tocando os lábios nos dela:— Não consigo parar de pensar que depois de amanhã estaremos casados. — Com carinho, afastou uma mecha molhada da bochecha de Joana, admirando a mulher diante dele. — Prometo que serei o melhor marido e companheiro para você.A declaração de Maximiliano ecoou no coração de Joana, dissipando suas dúvidas e trazendo uma paz reconfortante. Sentindo verdade e sinceridade nas palavras dele, deixou um sorriso tímido se formar em seus lábios.— Mesmo quando não concordamos em algo? — ela desafiou, traçando suavemente com os dedos os contornos do rosto dele.— Principalmente quando não concordarmos — ele indicou. Movendo o joelho entre as coxas roliças, notando que não havia nada além da camisa cobrindo-a. — Posso te deixar ganhar em troca de alguns beijos — ofertou com um provocativo sorriso de canto.Joana moveu a mão até chegar ao lábio inferior de Maximiliano, gemendo baixinho ao ter dois
O dia do casamento de Joana e Maximiliano iniciou-se com sol e brisa suave atravessando as cortinas da varanda do quarto dela na casa de seus pais.Pronta para o dia mais importante de sua vida, acompanhada por sua mãe, Dalila – por obrigação - e Tereza, Joana admirou no espelho de corpo o longo e elegante vestido branco. O decote coração com pequenas pérolas em forma de lágrimas realçava seu colo, enquanto as mangas de renda e a saia de tule de seda lhe davam um ar de princesa. Brilhava radiante, bela e feliz.— Oh, filha, está deslumbrante! — Carmem elogiou emocionada. — Esse vestido é perfeito em você. É a noiva mais linda que já vi!— Falou o mesmo no dia do meu casamento — Dalila comentou observando o vestido da irmã com desdém.Ignorando a amargura de sua irmã, Joana virou-se para sua mãe, um sorriso tímido em seus lábios.— Obrigada, mãe. Significa muito ouvir isso de pessoas que amo. Espero que Maximiliano também goste.— Ele vai amar — Tereza disse com um largo sorriso. — Aqu
Segurando a saia do vestido, Joana saiu radiante da residência seguindo ansiosa para o portão. Com a igreja estando do outro lado da rua, só necessitava dar o braço a sua mãe e seguir feliz para os braços de seu noivo. Nem mesmo seu pai tendo se negado a levá-la ao altar, e ter se trancado no quarto desde a manhã, acabava com sua felicidade.A poucos passos dela, fingindo desinteresse e apatia, Dalila observou a calçada quando atravessaram o portão, segurando o sorriso quando um carro aproximou-se veloz até o lugar em que estavam.Carmem e Joana olharam confusas para o carro cinza que freou bruscamente a frente delas, tendo que recuar para não acabarem se chocando com o veículo. Mas o choque foi maior quando dois homens encapuzados saíram do banco do passageiro e apontou o cano de um revolver para a cabeça de Joana.— Entra no carro!Joana não teve chance de recusar. Sua boca foi tapada e a cintura garrada pelo segundo homem, que a empurrou para dentro do veículo.— Você também. — Ouv
O clima nos corredores da mansão da fazenda Recanto Dourado fervilhava na última semana, e não era relacionada à movimentação habitual, mas sim em um clima efervescente de raiva.Raiva pela perda da casa na cidade; raiva pelas noites de bebedeira constante do herdeiro Orleans; raiva pela aproximação do casamento de Joana Savoia com Maximiliano Gonzalez, o homem que ocasionou a raiva vibrante em cada canto e, principalmente, nos corações dos alicerces da fazenda.Sabendo disso, Shirley se manteve longe do quarto da viúva, decidindo que só se aproximaria se ela a solicitasse. Não necessitou fazer o mesmo com Adriano. Estranhamente, logo cedo ele partiu para assistir a cerimônia. Seu tio estava no escritório, ocupando o espaço como se fosse o dono, e não precisava dela para nada.Sem ter muito que fazer, ofereceu ajuda ao jardineiro. O jardim, cuidadosamente ornamentado, sempre oferecia uma agradável distração da pressão diária e da tensão corrosiva da mansão. No entanto, nem esse alívio
A informação passada por Gabriel poupou Maximiliano de dividir o grupo na busca por Joana, mas não fazia ideia de em que local ficava a tal escola. Suas lembranças a esse respeito eram inexistentes, por ter estudado na cidade. E Gabriel nunca tinha ido ao tal local. Só lhe restou uma opção: Pedir a ajuda de seu maior desafeto.Enquanto Gabriel passava as informações para Tereza, que estava em contato com os policiais da cidade, inspirou o máximo de paciência e frieza e pediu a ajuda do Orleans.— Não tenho motivo para ajudar em nada — Adriano respondeu sentado no banco, aliviava com um saco de gelo o local do soco dado por Maximiliano.— Gabriel foi informado que quem está por trás desse sequestro é o seu capataz e a sua esposa. Assim como Joana está em alguma parte da sua fazenda — frisou apertando os punhos ao lado do corpo. — O mínimo que peço é que diga a localização dessa escola abandonada.Adriano sorriu com desprezo.— Desista! Comigo não obterá nada depois do que me fez.— Ju