O dia do casamento de Joana e Maximiliano iniciou-se com sol e brisa suave atravessando as cortinas da varanda do quarto dela na casa de seus pais.Pronta para o dia mais importante de sua vida, acompanhada por sua mãe, Dalila – por obrigação - e Tereza, Joana admirou no espelho de corpo o longo e elegante vestido branco. O decote coração com pequenas pérolas em forma de lágrimas realçava seu colo, enquanto as mangas de renda e a saia de tule de seda lhe davam um ar de princesa. Brilhava radiante, bela e feliz.— Oh, filha, está deslumbrante! — Carmem elogiou emocionada. — Esse vestido é perfeito em você. É a noiva mais linda que já vi!— Falou o mesmo no dia do meu casamento — Dalila comentou observando o vestido da irmã com desdém.Ignorando a amargura de sua irmã, Joana virou-se para sua mãe, um sorriso tímido em seus lábios.— Obrigada, mãe. Significa muito ouvir isso de pessoas que amo. Espero que Maximiliano também goste.— Ele vai amar — Tereza disse com um largo sorriso. — Aqu
Segurando a saia do vestido, Joana saiu radiante da residência seguindo ansiosa para o portão. Com a igreja estando do outro lado da rua, só necessitava dar o braço a sua mãe e seguir feliz para os braços de seu noivo. Nem mesmo seu pai tendo se negado a levá-la ao altar, e ter se trancado no quarto desde a manhã, acabava com sua felicidade.A poucos passos dela, fingindo desinteresse e apatia, Dalila observou a calçada quando atravessaram o portão, segurando o sorriso quando um carro aproximou-se veloz até o lugar em que estavam.Carmem e Joana olharam confusas para o carro cinza que freou bruscamente a frente delas, tendo que recuar para não acabarem se chocando com o veículo. Mas o choque foi maior quando dois homens encapuzados saíram do banco do passageiro e apontou o cano de um revolver para a cabeça de Joana.— Entra no carro!Joana não teve chance de recusar. Sua boca foi tapada e a cintura garrada pelo segundo homem, que a empurrou para dentro do veículo.— Você também. — Ouv
O clima nos corredores da mansão da fazenda Recanto Dourado fervilhava na última semana, e não era relacionada à movimentação habitual, mas sim em um clima efervescente de raiva.Raiva pela perda da casa na cidade; raiva pelas noites de bebedeira constante do herdeiro Orleans; raiva pela aproximação do casamento de Joana Savoia com Maximiliano Gonzalez, o homem que ocasionou a raiva vibrante em cada canto e, principalmente, nos corações dos alicerces da fazenda.Sabendo disso, Shirley se manteve longe do quarto da viúva, decidindo que só se aproximaria se ela a solicitasse. Não necessitou fazer o mesmo com Adriano. Estranhamente, logo cedo ele partiu para assistir a cerimônia. Seu tio estava no escritório, ocupando o espaço como se fosse o dono, e não precisava dela para nada.Sem ter muito que fazer, ofereceu ajuda ao jardineiro. O jardim, cuidadosamente ornamentado, sempre oferecia uma agradável distração da pressão diária e da tensão corrosiva da mansão. No entanto, nem esse alívio
A informação passada por Gabriel poupou Maximiliano de dividir o grupo na busca por Joana, mas não fazia ideia de em que local ficava a tal escola. Suas lembranças a esse respeito eram inexistentes, por ter estudado na cidade. E Gabriel nunca tinha ido ao tal local. Só lhe restou uma opção: Pedir a ajuda de seu maior desafeto.Enquanto Gabriel passava as informações para Tereza, que estava em contato com os policiais da cidade, inspirou o máximo de paciência e frieza e pediu a ajuda do Orleans.— Não tenho motivo para ajudar em nada — Adriano respondeu sentado no banco, aliviava com um saco de gelo o local do soco dado por Maximiliano.— Gabriel foi informado que quem está por trás desse sequestro é o seu capataz e a sua esposa. Assim como Joana está em alguma parte da sua fazenda — frisou apertando os punhos ao lado do corpo. — O mínimo que peço é que diga a localização dessa escola abandonada.Adriano sorriu com desprezo.— Desista! Comigo não obterá nada depois do que me fez.— Ju
Dalila soltou uma gargalhada zombeteira, encarando Joana como se visse um verme sem importância. Sem pressa, puxou uma cadeira e sentou de frente para Joana, o sorriso confiante e frio fixo em sua boca.— Pense, Joana. Todos acreditam que fomos sequestradas — respondeu afastando nervosamente uma mecha acobreada para trás da orelha. — Direi que escapei, mas, ao não conseguir te salvar do cativeiro, resolvi buscar ajuda. Em prantos e súplicas, indicarei em que local ficamos, mas, quando chegarem aqui, será tarde para minha “preciosa e amada” irmã — musicou fingindo sofrimento. — Assim, além de uma vítima, serei uma heroína por ter buscado te ajudar. Eles irão me amar, você será esquecida e Maximiliano admitirá que nunca me esqueceu.— Maximiliano me ama e sabe que você é ardilosa, desconfiará.— Não! — Dalila bradou erguendo-se com o rosto avermelhado ao retrucar irada: — Ele não te ama, só é orgulhoso e burro demais para perdoar meu erro. Sou eu que ele ama — indicou batendo a mão no p
Exausta, assustada e aproveitando-se do mato alto para obter esconderijo. Agachada, com olhos aflitos buscou a origem do som. Por entre as folhas e galhos viu três carros se aproximando. Seu coração acelerou ao reconhecer o jipe de Maximiliano.Tentou erguer-se, mas suas pernas falharam na primeira tentativa, trêmulas e fracas após as angustiantes horas nas mãos dos sequestradores e do descontrole de sua irmã. Com cuidado e passos inseguros, devagar saiu do mato.Estacionando, Maximiliano tinha o olhar fixo na construção com metade desabada.— Não era para estar assim — Adriano murmurou ao seu lado, a preocupação destacada em sua feição.Maximiliano não notou, seu olhar recaiu sobre uma pessoa se movendo no meio do matagal. Saiu rápido do veículo seus olhos se encontraram com os de Joana.Com lágrimas de desespero e alegria percorrendo seu rosto, Joana correu para os braços dele quase desabando de exaustão.— Max!!!Emocionado em encontrar Joana, Maximiliano a segurou com firmeza, a e
Adriano engoliu em seco a desconfiança de Joana. Desconfiança refletida nos rostos dos outros três. Compreendia que duvidassem que Tarcísio tivesse atendido ao pedido de Dalila sem a autorização de um Orleans legítimo. E de fato autorizou que seu capataz obedecesse a sua futura ex-esposa. No entanto, o fez para se livrar de Maximiliano. Não que pudesse usar esse argumento naquele momento. Por isso limitou-se a uma meia verdade:— Garanto que não sabia de nada do que aconteceu...Maximiliano o interrompeu com um riso seco.— Pode mentir para si mesmo, mas nos poupe. Nem sequer quis ajudar quando pedi.— Mas ajudei — retrucou. — Tenho diferenças com você, mas me importo com Joana e jamais desejaria seu mal.— Agradeço a preocupação — Joana iniciou cáustica —, mas seu lugar é ao lado de Dalila. Por favor, vá embora.Adriano olhou para Carmem, esperando alguma reação dela, uma demonstração de estar do seu lado.— Joana está certa. Sei que pretende se divorciar de Dalila, mas ela ainda é s
Alertado por um guarda de Sanmarino – um dos fieis a memória de Queiroz e a viúva -, Tarcísio se escondeu durante todo o tempo em que a policia ficou rondando Recanto Dourado. Com a partida dos guardas, correu em busca do auxílio de Kassandra.Sempre elegante e aparentemente calma, Kassandra o ouviu narrar o pedido de Adriano, sua participação nos planos de Dalila e a informação que alguém da fazenda o entregou. O olhar desdenhoso se intercalava entre ele e o retrato de seu falecido marido na parede ao fundo.— Preciso de ajuda, patroa.— Não posso fazer nada — soltou recostando-se em sua poltrona. — Com a morte do Queiroz e a chegada desse juiz insuportável estou de mãos atadas. Estão me investigando e, óbvio, a você também. Foi burro em se envolver na vingancinha de Dalila.— Foi à ordem do seu filho.— Adriano mandou que ficasse a cargo e Dalila, não mandou sequestrar Joana. Isso não é um crime. — Kassandra cruzou os braços, a expressão inabalável e determinada a proteger seus inte