Encontrando-se em meio a um turbilhão de emoções e conflitos familiares, Joana contava os dias para se casar e sair da casa dos pais. Amava sua mãe, mas dividir o mesmo teto que seu pai e Dalila tornava-se cada dia pior com a aproximação do casamento.A relação de seu pai com Maximiliano simplesmente azedou. Não sabia como era antes de seu noivado, mas pelas conversas com seu noivo, era melhor que a atual, em que seu pai proibia Max de passar do portão para dentro.E a relação de Iago com ela também se tornou difícil, mais do que era antes, o que por si só era preocupante. Só não discutiam porque ela, como fazia desde que começou a falar, engolia os comentários depreciativos e o respeitava, não revidando nenhum dos ataques contra seu noivado.A preferência dele por Adriano era óbvia. Todo dia ele permitia que o Orleans jantasse com eles, mesmo ela se recusando a compartilhar qualquer refeição com o primo e ex-noivo.Sua mãe tinha explicado, muito nervosa e inquieta, os motivos de seu
Sendo uma mulher de sentimentos complexos e desejos intensos, Dalila encontrava-se em uma situação delicada e cheia de conflitos. Não superava a paixão pelo noivo de sua própria irmã, Joana. Para piorar seu humor, seu quase ex-marido, Adriano, demonstrava interesse em voltar a se casar justamente com Joana. Não se importava com ele, nunca o amou, mas ver ele todo dia cercando sua irmã com flores e elogios a enfurecia. Com a aproximação do casamento de seu ex-amante com Joana, se desesperava. Seu amor por Maximiliano era arrebatador e difícil de ignorar. Necessitava dele, do desejo que ele despertava. Preferia morrer a ver Maximiliano casado com Joana. Ou o contrário. ~*~ Marcado pela rejeição de Joana e a tristeza pelo casamento fracassado, arrastado por Maximiliano para um período difícil e desafiador profissional e pessoal, sem gosto nem para olhar as plantações como fazia no passado, Adriano recorria à bebida. Com a aproximação da conclusão do divórcio com Dalila e o casamento
Sem saber que sua vida era tratada como mercadoria barata, orgulhoso Maximiliano guiava sua noiva pela casa recuperada após anos de injustiça.Andando pela residência que um dia abrigou sua família, os olhos negros analisavam cada detalhe e a voz apresentava as mudanças feitas para aumentar a segurança. Gastou caro, mas tinha certeza que ninguém invadiria seu lar sem que ele permitisse, evitando invasões como a que fez dias antes e o final trágico da truculência policial no passado.Caminhando ao lado de Maximiliano, Joana apreciava mais a euforia dele do que com a casa em si. Conhecia a bela residência, afinal tinha sido de seus parentes. Sempre mirou com admiração a estrutura de pequenos tijolos, cercada por portões de ferro cobertos por plantas, com grades altas abertas incentivando as visitas a conhecerem seu frondoso jardim. Jardim em que beijou Maximiliano pela primeira vez, recordou ao chegarem ao local florido.O sol de fim de tarde banhava o jardim com uma luz alaranjada, res
Evitando pensar e recuar, Margô correu apressada pelas ruas do porto em direção ao centro da cidade, ignorando tudo e todos. Nem mesmo a garoa fraca a impediu de chegar esbaforida ao seu alvo: a casa dos Savoia.Hesitou e quase caiu ao deslizar em uma poça ao ver o jipe de Maximiliano estacionar na frente do portão de ferro. Escondeu-se atrás de uma árvore próxima, observando a interação dos noivos ao descerem do veículo.A angústia em seu peito cresceu junto da culpa e inveja a corroendo. Não podia ouvi-los, nem era necessário para saber que estavam felizes e apaixonados. Só de observar o jeito que Maximiliano segurava o rosto de Joana, a beijava e sorria, ficava evidente que apesar dos problemas continuavam unidos.Protegida da garoa por pequenas telhas acima do portão, Joana permaneceu no mesmo lugar, enquanto Maximiliano voltava para o automóvel e partia.Encostada no tronco, com a respiração irregular e o suor frio escorrendo por sua espinha, uma batalha interna se desenrolava di
— Em legítima defesa — Joana se apressou a indicar antes que Margô estragasse as chances de uma pena leve. — E Maria e Cristiano são testemunhas disso — complementou lançando um olhar para os outros dois.Tomando a palavra, Cristiano contou sobre como invadiram seu bar, prenderam ele e os amigos ilegalmente; a passagem forçada pela fazenda dos Orleans e remoção quando Maximiliano chegou a Recanto Dourado; chegando à noite em que um funcionário do Salão Real amarrou seus pulsos para levá-lo a outro lugar.— Quando Margô gritou meu nome, o funcionário se distraiu, consegui desarmá-lo e o deixei desacordado. — Cristiano respirou fundo, ajeitando o corpo na cadeira. — Infelizmente, Orlando apareceu armado e ameaçou nos matar antes que eu alcançasse a arma do funcionário dele.— Ele nos ameaçou... disse que nos mataria se tentássemos algo... preferia a morte a deixar ele me tocar de novo... — Margô secou os olhos e bochechas com os pulsos. — Ele me torturou durante dias... não podia suport
No lugar de seguir para sua casa e aguardar Maximiliano procurá-la, com o coração apertado, Joana bateu na porta do quarto que ele ocupava no bar Crista do Mar. Pelo tom severo na voz dele ao permitir sua entrada, Joana sentiu que teria uma extensão da breve discussão pelo celular. Respirou fundo e entrou. Diferente de outros encontros deles ali, o quarto estava envolto em um silêncio tenso, quebrado apenas pelo som do relógio na escrivaninha no canto. Com os dedos pressionados na alça de sua bolsa, fitou apreensiva o homem em pé a sua frente, braços cruzados e expressão séria nublando sua feição. — Porque forçou os meus amigos a deporem quando deixei claro que assumiria o crime? — Maximiliano questionou indignado, não conseguindo ocultar a raiva e frustração pelas ações dela. A acusação, o modo que foi feita, feriu Joana mais do que o olhar refletindo uma mistura de ferocidade e decepção. — Não forcei ninguém a nada, apenas pedi a ajuda deles para acabar com uma injustiça — revido
Sem deixar de caminhar pela calçada, Joana ignorou o chamado acima da tempestade. A dor e a decepção por ser comparada a sua irmã ainda frescas em sua mente.— Joana, entre no carro! Precisamos conversar! — Maximiliano gritou acima do barulho da chuva, seguindo devagar ao lado de Joana.Afastando os fios molhados grudados em seu rosto, Joana observou Maximiliano pela janela aberta do lado do passageiro. Ele parecia preocupado, mas ainda carregava o semblante carregado de raiva de quando a acusou de trai-lo.— Conversamos o suficiente e já ficou claro que não obedeço suas ordens — ela revidou, mas cessou os passos.Uma parte dela ansiava em entrar naquele carro e encontrar algum tipo de resolução.Maximiliano parou o carro, abriu a porta do passageiro e estendeu a mão para ela.— Por favor, Joana, entre!Foi a humildade no “por favor” que a convenceu. Escapando da chuva violenta, se acomodou no assento, molhando o estofado. Mas Maximiliano não reclamou. Ele dirigiu em silêncio por um t
Sem imaginar a tempestade se avizinhando, aguardando Joana sair do banho, Maximiliano encostou as costas na cabeceira da cama, a cabeça contra a parede, refletindo sobre suas ações e palavras.Trocou as roupas parcialmente molhadas por abraçar Joana, mas o frio alcançava seus ossos e arrepiava sua pele, fazendo-o mexer-se inquieto. A constatação de que magoou Joana o fez se encolher levemente de desconforto e uma espécie de tristeza.Porque se sentia tão mal quando o erro foi dela? Foi à pergunta que se fez quando a deixou sair de seu quarto no bar. Normalmente odiava ser desobedecido e não se abalava ao expor sua raiva, mas ver Joana decepcionada com ele o mutilou por dentro.Levou minutos para admitir que preferisse perder a razão na discussão a perder sua noiva. Não porque a desejasse – embora a desejasse mais que tudo na vida -, mas porque ela o acalmava. Joana tornou-se a calmaria após uma intensa tempestade. Toda a fúria interior e com o mundo sumia quando a tinha em seus braços