Tendo recebido a mensagem de Queiroz a respeito da condenação, na sala dos Orleans, Tarcísio, tranquilo, dava às boas novas a viúva Kassandra. — O juiz deu a sentença: Trinta anos a serem cumpridos no presídio do estado. — Ótimo! Quando enviarão esse bandido para longe de nossas vidas? — Em três dias será transferido e no caminho, ao passar pelas difíceis estradas da montanha, sofrerá um fatídico acidente de percurso — Tarcísio respondeu debochado. — Com a morte desse infeliz me sentirei enfim livre da presença maligna dos Orleans — Kassandra comemorou. — Terei a mente desanuviada para planejar um modo de me vingar dos Savoia, pelo que causaram ao meu filho. E afastar de Adriano essa m*****a ideia de se casar com Joana. — Porque não o deixa casar com a senhorita Joana? — Tarcísio questionou, não vendo motivo para trabalharem contra os desejos de Adriano. — Ele não deseja o casamento porque caiu de amores por ela — zombou impressionada com a mente lenta do capataz. — A quer por vi
Assustada com o desmaio de sua amiga, Tereza largou o trabalho e correu para auxiliá-la. Adriano abaixou-se, segurou Joana em seus braços e a ergueu levando-a até o banco de ferro, depositando-a cuidadosamente sobre ele. — Chamarei o médico! — Tereza disse voltando para sua mesa após verificar a pulsação da amiga inconsciente e não encontrar nada incomum. — Posso levá-la ao hospital — Adriano indicou, mas Donato aconselhou aguardarem um pouco para ver se Joana voltava a si. — O que está acontecendo na minha prisão? — Queiroz bradou indignado com a bagunça em seu local de trabalho. — Joana desmaiou ao ouvir que condenaram Maximiliano a trinta anos de prisão — Tereza contou digitando apressada o número do médico. — Ela não tem comido muito ultimamente — Donato comentou lembrando-se de ter reclamado sobre o assunto ao reparar a palidez crescente da jovem. — Deus, isso é culpa nossa... — Adriano murmurou. — Com certeza, se não tivessem criado acusações, ela estaria feliz com o noiv
— Joana, sente-se! — Tereza aconselhou a amiga, informando em seguida: — Daqui a pouco o médico chega. — Não preciso de médico, só preciso de justiça — Joana retrucou relanceando um olhar de revolta para Queiroz e Adriano. — Ouviu a mocinha, avise que não precisamos de nenhum médico — Queiroz ordenou para Tereza. Parcialmente tranquilizada, Tereza fez o que foi pedido, ligando para cancelar a necessidade de um médico, desculpando-se e avisando que tudo se tratou de um mal-estar, o tempo todo atenta ao confronto ocorrendo. — Deveria cuidar da sua saúde, no lugar de se preocupar com um criminoso — Adriano alertou Joana. — Maximiliano não é criminoso. Está preso por acusações falsas — Joana soltou na defensiva. — E a condenação é impossível de ter saído — Donato se juntou na defesa. — Não houve um julgamento justo, não houve nada. Queiroz retornou a sua sala, pegou o documento e o mostrou ao advogado. — Verifique. Maximiliano Gonzalez foi condenado há trinta anos e solicitei a tra
Depois de passar uma noite infernal, girando de um lado para o outro da cama minúscula e desconfortável, Maximiliano sustentava olheiras profundas, devido à noite em claro, e a mente perturbada. A desforra de Adriano, a sentença e a transferência só fizeram aumentar sua angústia. Mas tudo estourou, sumiu e foi substituído por eufórica alegria ao ouvir: — Maximiliano! Reconhecendo a voz feminina, ansioso e apaixonado, se projetou até a grade encontrando o rosto bonito e Joana, que com lágrimas nos olhos lhe sorria. — Joana! Meu amor! — Movendo as mãos pelos espaços da grade segurando a face dela, puxando-a para si e beijando-a. — Não imagina a felicidade que sinto em te ver. — Odeio atrapalhar, mas temos pouco tempo para conversar — Donato os alertou. — Queiroz me mostrou um documento com sua condenação. — Ele e Adriano me mostraram mais cedo — Maximiliano informou. — Queiroz disse que serei transferido para o presídio estadual. Podem fazer isso? — Não podem, mas o documento é aut
Às cinco da tarde, depois de cumprir seu horário de trabalho, retornando a cabana, Joana tomou um longo banho, vestiu uma camisa de Maximiliano e seguiu para a cama, deitando no lado dele, o nariz buscando rastros do perfume amadeirado na roupa e nos lençóis. Cada instante ao lado dele a fazia desejar que o tempo passasse rápido, que estivessem casados, compartilhando mais beijos e carícias, não com grades geladas e uma sentença injusta entre eles. Nem mesmo as palavras de conforto de Donato, sua costumeira calma e confiança, conseguiam aliviar a preocupação dominando Joana. Não depois de perceber que Maximiliano, mesmo que conseguisse pedir um julgamento justo, podia acabar condenado da mesma forma se não apontasse a verdadeira assassina. E ele não apontaria. Encolhendo-se em pose fetal, exigiu a si mesma que dormisse. Precisava descansar, pelo menos tentar fazê-lo. Desde que Maximiliano foi preso suas noites eram péssimas, revirando-se, amargurando que de novo o destino tirava o q
Gabriel atendeu a porta, deixando Beto, Lucas, Baltasar, Donato e Cristiano entraram. Todos que Joana chamou para uma reunião urgente em sua cabana, de modo a colocar em ação os movimentos necessários para cumprir o pedido de Maximiliano. Grata pela chegada dos amigos, Joana se apressou a cumprimenta-los com abraços. Aqueles homens, que Maximiliano ajudou e que vinham o ajudando, estavam dispostos a arriscar a própria liberdade para soltar o capitão do Diablo. Tereza lançou um olhar desdenhoso ao se deparar com a muralha humana, o homem alto, musculoso, de olhos e cabelos castanhos que entrou na residência com passos pesados e uma carranca de dar medo, mais nela só causou um bufo aborrecido. Impressionou-se ao ver um sorriso, mesmo miúdo, aparecer na cara de pedra de Lucas ao saudar Joana. Afinal não era tão inabalável como mostrava, pensou dando um sorriso e aceno provocador, que imediatamente o fez fechar o semblante. Mas ela não se incomodou, achou divertido. — Podem se sentar, p
Precisando conversar com sua mãe e saber um pouco mais sobre o estado do pai, que, passada a raiva, sentia ter prejudicado em um momento de exaltação, Joana passou em sua antiga moradia antes de ir para o trabalho. Também tinha a necessidade de desabafar toda a angústia pela prisão do marido e receber o carinho que só sua mãe lhe dava. — Estou desesperada, mamãe! Adriano ficou completamente louco — disse acompanhando sua mãe até a sala de estar. — Acho que, por causa desse desejo absurdo de se vingar casando comigo, ele ajudou na condenação do Max. — Quem disse isso? — Dalila questionou aparecendo no topo da escada. Tinha ouvido a campainha e, notando se tratar de Joana, apressou-se a se juntar a conversa em busca de informações sobre Maximiliano. — É o que ele deu a entender ontem, quando me disseram a sentença dada ao meu noivo. — Calma, Joana! — Carmem pediu segurando as mãos da filha com carinho. — Adriano seria incapaz de uma atitude como essa. É um homem bom. — Era bom ant
Relatórios de entradas e saídas dos livros na semana era a pior parte do serviço na opinião de Joana. Cansativos, exaustivos e repletos de detalhes que davam sono, ainda mais em uma pessoa que não dormia além de poucos minutos em dois dias. Mas era preferível a visita à sua frente. — Esse é meu local de trabalho, sinceramente preferia não discutir aqui — falou para o primo segurando um buque de rosas vermelhas. — Não vim discutir, vim trazer essas lindas flores para a mulher mais bela da cidade — Adriano revidou estendendo as flores. Observou os belos botões e, ignorando a beleza das rosas, ergueu os olhos azuis para os dele, de cor idêntica aos seus pelos laços entre suas famílias. Durante seis longos anos de relacionamento Adriano jamais lhe deu rosas e outros presentes sem ser seu aniversário. Aquele ato, aparentemente gentil e romântico, só podia ser para provocar Maximiliano. — Agradeço, mas deveria levar essas flores para a sua esposa — indicou friamente. — Ela não merece ne