Não se surpreendendo com a falta de cortesia de sua madrinha, que não a convidou a se sentar, mantendo-se em pé com ela na entrada da casa, Joana pediu com a voz carregada de uma confusa mescla de súplica e revolta: — Por favor, madrinha, prove que não tem culpa nas alegações falsas contra o Max e me ajude a libertá-lo. — Me ofende com essa acusação e pedido. — Juro que se me ajudar, quando necessitar farei o mesmo — Joana insistiu, mesmo sem poder dizer o motivo que levaria Kassandra a necessitar de sua ajuda no futuro. Torceu para sua madrinha atender seu pedido. Sabia que - mesmo que tivesse culpa - o apoio da Orleans para tirar Maximiliano da cadeia seria suficiente para acabar com o processo. E se sua madrinha o fizesse, se a ajudasse a conseguir a liberdade de Maximiliano, o convenceria a esquecer da vingança e as diversas provas dos crimes cometidos por Kassandra na fazenda e na cidade. Kassandra riu com pouco caso. Agora que toda verdade veio à tona, tornando os Orleans mo
Na casa dos Orleans, alegrando Kassandra, Adriano juntou-se a ela na sala de estar antes do jantar ser servido. Logo a alegria da viúva passou ao se dar conta que ele desejava fazer perguntas sobre Maximiliano. — Mamãe, quando Maximiliano esteve em Recanto Dourado ele a ameaçou para aceitar o noivado com Joana? — Sim. Prometeu guardar segredo se eu o aceitasse na família e mostrasse a todos minha aprovação dando a festa de noivado deles — confirmou incomodada por nem preso o Gonzalez sair da mente de Adriano. — Deveria ter recusado — Adriano cobrou aborrecido. Olhando para Shirley, que chegou horas antes em resposta ao seu chamado para servi-la enquanto estivesse em Sanmarino, ordenou que a empregada se retirasse. Quando a viu sair de seu campo de visão, resolveu que era hora de ser clara com seu filho. — A mais por trás da minha decisão e é hora de que saiba. — Serviu ao filho uma xícara de chá de limão que a empregada deixou para eles. — Maximiliano cobrou essa casa para manter
Saindo do trabalho, no lugar de ir direto por sua casa, Tereza pedalou determinada e ansiosa para a cabana em que sua amiga, Joana Savoia, residia. Sabia que acabaria recebendo uma bronca dos pais, por chegar atrasada. Porém seria menor e menos calorosa que a que exigiram que mantivesse distância de Joana, e isso logo após o anúncio do noivado dela com o Gonzalez. Com a prisão do Gonzalez, como previsto ouviu broncas maiores e mais ferrenhas. Imaginava que cumpririam a ameaça de ser j**a-la na rua se soubessem do acordo que fez com o grupo de Maximiliano. Mas pouco se importava com broncas e ameaças. Joana sempre esteve ao seu lado e estaria ao lado dela enquanto desejasse. E alugar uma casa, saindo do domínio dos pais sem ser para casar, parecia uma nova e empolgante aventura. Joana atendeu assim que escutou sua voz. A abraçou com todo carinho e conforto que a amiga necessitaria naquele momento tão difícil. — Ai, Tereza, não imagina o quanto sua visita sempre me faz bem — Joana de
Imaginando o quanto Queiroz estava com raiva de Maximiliano, ao ponto de indica-lo como assassino de um familiar, Joana respondeu com angústia a pergunta de Tereza: — Não, não sabia. O conhecia? Tereza confirmou. — Passava muito lá na prisão. Odioso como o Queiroz e o Tarcísio. Os três sempre estavam unidos quando algo de ruim acontecia na cidade e arredores. Encarava todas as mulheres como pedaços de carne — comentou com uma careta de enojo. — Na época que prenderam o pessoal daquele bar que estivemos ontem ele foi muitas vezes a prisão junto com o Tarcísio. Luiz me disse certa vez que o Queiroz o ajudava a conseguir garotas para um negócio que tinha. — Deve ser para o prostíbulo que afirmaram ser do Max — Joana concluiu, vendo ali mais uma prova que o delegado agiu ativamente na criação de crimes que apontou serem de Maximiliano. — O envolvimento do Tarcísio com eles pode indicar que minha madrinha está mesmo envolvida nas acusações contra o Max — Joana opinou, lembrando-se das d
Cumprindo acordo feito com o grupo, Gabriel foi à cadeia para conseguir a vaga de serviços gerais. No mesmo dia recebeu a resposta confirmando que podia iniciar o trabalho naquela mesma noite. Mesmo com medo, por se tratar de se infiltrar num lugar repleto de policiais, no horário indicado chegou à prisão de Sanmarino. Ao passar pelos portões, para iniciar seu turno, foi levado até o homem de serviços gerais do turno anterior. Desde o princípio o colega de trabalho deixou claro que só estava ali por ser obrigado por um guarda, com ordens de acompanha-lo pela instalação e explicar o que teria de fazer. E o fez de má vontade resmungando o tempo todo sobre a irresponsabilidade do funcionário que partiu antes de passar suas funções. Surpreendeu-se ao descobrir que, embora a construção fosse imponente do lado de fora, por dentro era pequena, com poucas celas e ambientes. O pátio ocupava grande parte do terreno, mas tinha somente quatro carros de patrulha, três deles que estavam nas ruas d
Ao notar que o carrinho passou da nona cela e vinha até a que ocupava, Maximiliano ergueu o olhar da rodinha quebrada para o homem arrastando o trambolho emperrado. Ocultou a euforia ao se dar conta de quem era, mesmo quando o guarda, acompanhando as entregas, retornou a sua posição próxima à entrada do piso inferior, deixando claro que a cela dele não seria aberta para a entrega da refeição como foi feito com as anteriores. Observando as costas do guarda se afastando, Gabriel passou primeiro duas garrafinhas de água. — Beba uma agora, para que não fiquem duas na cela — pediu a meia voz. Sedento, Maximiliano a esvaziou em instantes e a passou discretamente, enquanto Gabriel usava o corpo para ocultar. — O que faz aqui? — Terminei meu trabalho na fazenda e aceitei uma nova missão — Gabriel respondeu entregando uma marmita. — Garantir que cumpra a promessa que me fez. Maximiliano deu um meio sorriso. — Nada me deixará mais feliz. — Olhou para além do corredor, sem ver o guarda. O
Virando a noite em seu escritório, atormentado pela revelação de sua mãe, Adriano dormiu sobre o testamento que ela entregou a ele na noite anterior. ~*~ — Adriano... — Deitado na cama, debilitado após cair acamado por culpa de uma forte pneumonia, Nicolas, ergueu a mão para passar pelos fios loiros do, mas suas forças eram insuficientes para alcançar o jovem de olhos transbordantes de lágrimas. — Filho... Cuide de... sua mãe... e Maximiliano... Prometa... — pediu tossindo, a mão que colocava sobre a boca se enchendo de sangue. — Devolva... — Não se esforce tanto, querido — Kassandra pediu ao marido, limpando a boca dele com um lenço. Mesmo fraco, Nicolas Orleans empurrou a mão da esposa, os olhos pesados tentando manter-se abertos, procurando o rosto do filho entregue a um compulsivo e desesperado choro. — Cuide dele... As terras... devol... — Filho, é melhor que saia, seu pai está muito mal — Kassandra bradou segurando Adriano pelos ombros e o levando para longe de Nicolas. — T
Encapuzado, seguindo sorrateiramente pelo monte do diabo, Gabriel aproximou-se da cabana do Gonzalez e bateu na porta, vasculhando ao redor por qualquer pessoa que pudesse estar por perto. Embora, se tivesse sido seguido ou houvesse alguém vigiando Joana, teria facilmente percebido pela falta de esconderijos além de finas palmeiras e vegetação baixa após a íngreme subida. Motivo que, após pensarem em várias alternativas para Gabriel repassar o que acontecia na prisão, chegaram à conclusão que, embora fosse à noiva de Maximiliano, Joana era o melhor disfarce. Joana abriu a porta e, segurando o braço dele, o puxou para dentro da residência. — Como foi no trabalho? Falou com o Max? — Joana questionou tão ansiosa que abandonou todas as recomendações de boa educação com visitantes. — Vi e conversei com ele. — Venha! Sente-se e me conte tudo — pediu indicando a cozinha. Gabriel fez o que foi pedido. Joana colocou um prato com biscoitos e serviu café, sentando-se ao lado dele para escuta