Sem desconfiar da tormenta que se aproximava, enquanto aguardava Joana se trocar para passearem, Maximiliano trocava mensagens com seu grupo explicando o motivo de não seguir para o porto naquela manhã. Não tinha o costume de dar satisfação de seus passos, mas, com tantos pormenores de sua vingança e do estabelecimento de seus negócios a serem concluídos, era inevitável que os marinheiros a seu serviço estranhassem sua falta e o procurasse. Planejava passar aquele dia ao lado de sua bela noiva sem interrupções. — Estou pronta! — Ouviu Joana anunciar as suas costas. Colocando o celular de lado, Maximiliano ergueu-se e se voltou, ficando um instante parado, maravilhando-se com a beleza dela. — Está muito bonita — murmurou pegando a mão de Joana para fazê-la dar uma volta, de forma a apreciar cada detalhe do corpo envolto em um vestido verde água de alcinhas. — A mais bonita das mulheres — musicou aproximando-a de si. O inebriante riso feminino o encheu de vontade de aperta-la em se
Pronta para sua volta as funções na escola religiosa, mas necessitando resolver sua situação com sua irmã, Joana acordou cedo e aceitou a carona de Maximiliano até a casa de seus pais. Não se surpreendeu ao saber que seu pai passou outra noite fora, só se preocupou com o conformismo de sua mãe em ter um marido dilapidando o parco patrimônio da família. — E Dalila continua aqui? — Joana questionou ao sentar, o olhar se movendo para o topo das escadas, em que o segundo piso abrigada os quartos. — Está tomando o café — Carmem respondeu sentando-se em frente à filha mais velha. — Tenho que falar com ela. — Aconteceu algo? — Concorda com ela morando aqui, sem o Adriano? — Não — Carmem apressou-se a responder, acrescentando suas preocupações: — Acha que pretende se encontrar com Maximiliano? — Dalila quer me perturbar, impedir meu casamento, e deixou isso claro diversas vezes. Carmem apertou as mãos, a constante sensação de enviar uma filha para o sacrífico dominando-a. — Nisso, qu
Desolada com a desunião das filhas, e sentindo-se a maior culpada, Carmem decidiu que tinha de fazer alguma coisa, pelo menos garantir que uma delas obteria alguma felicidade no matrimônio. — Joana enfim se foi? — Dalila questionou se aproximando. Sentindo-se atordoada por tudo que aconteceu nos últimos minutos, Carmem assentiu devagar, confusa com a reviravolta em sua vida desde que Dalila colocou os olhos traiçoeiros no Orleans. — Sairei para comprar alguns itens para o almoço — disse evitando o olhar da filha e se encaminhando para as escadas, a fim de pegar sua bolsa. — Te acompanharia, mas estou cansada — Dalila mentiu subindo logo atrás. Engolindo a seco o mal estar com a continuidade do noivado de Joana e Maximiliano, Dalila observou sua mãe sumir no quarto de casal antes de seguir apressada para o quarto de Joana. Dentro do cômodo, remexeu as gavetas da penteadeira, depois cada canto do guarda-roupa até encontrar, em uma caixa as fotografias de Adriano que ela recebeu ao
Assim que Paula confirmou que a levaria ao endereço em que encontraria Maximiliano, abandonando sua antiga estratégia de usar disfarces, Dalila preparou-se para seduzir e fazê-lo abandonar os planos de casar com Joana. Arrumou-se com esmero, prendendo o longo cabelo acobreado em coque frouxo, com cachos soltos destacando sua nuca e pescoço, para lembra-lo do quanto ele gostava de beijar aquela parte de sua anatomia. A escolha da roupa também foi feita para atrai-lo. Na noite anterior separou um vestido pêssego de alcinhas que marcava sua cintura, com o decote em v que realçava as curvas de seus seios e que acabava bem antes de seus joelhos, deixando as longas pernas à mostra, na esperança que ele lembrasse como era tê-las em volta dele. E caprichou na maquiagem, aplicando nos lábios batom vermelho, deixando-os carnudos e convidativos. Tudo para Maximiliano pensar nas tardes e noites que passaram entregues a paixão. Para não despertar suspeitas, incluiu uma jaqueta com capuz largo,
Finalizando a limpeza de um dos quartos que Cristiano alugava para os bêbados que se sentiam incapaz de retornar para casa, Margô viu o dono do Crista do Mar levar uma mulher para o quarto do capitão Gonzalez. Como estava atrás dele, não conseguiu ver quem era. Curiosa, no lugar de se unir a Maria para verificar as tarefas restantes, entrou no quarto e por uma fresta observou o corredor, decidindo aguardar. A decisão se mostrou acertada quando Lucas, Beto e Cristiano se afastaram do quarto conversando e expondo que a mulher no quarto não era a noiva do capitão. Sem que os três notassem, Margô os ouviu claramente enquanto caminhavam pelo corredor. — Ela ainda é amante dele? — Cristiano perguntou. — Não — Beto e Lucas responderam ao mesmo tempo. — Então o que Dalila faz aqui? — Acho que quer voltar pro capitão — Lucas deduziu. — Trair o marido e a irmã? — Cristiano espantou-se — Ela foi capaz de trair o capitão. Dessa ai não espero nada de bom — Lucas disse enojado. — Só espero
A descrição de Dalila para a joia, que carregava uma foto e declaração de amor de Joana para Adriano Orleans, dava voltas na mente de Maximiliano, lembrando-o do colar que ficou meses em seu poder até devolver, inocentemente, para sua noiva. Joana nunca contou que o pingente se abria, e muito menos o que havia em seu interior. — Eu te amo muito Maximiliano — Dalila declarou apaixonada, ignorando o distanciamento imposto pelo ex-amante. — Pra mim nunca haverá outro como você. Palavras semelhantes às que Joana tinha declarado diversas vezes nos últimos dias. — Fique longe de mim! — Com brusquidão Maximiliano se livrou do abraço de Dalila. — Vá embora! Fora! — Trovejou. — Maximiliano... Sabe que é você que eu amo. — Levou a mão até o peito do Gonzalez, mas antes que pudesse tocá-lo teve o pulso segurado e repelido. — Casar com Joana só para me fazer ciúme é uma loucura e desnecessário. — Argumentou, supondo ser esse o motivo da frieza masculina. Um mínimo sorriso sarcástico brincou
Maximiliano saiu do escritório improvisado a passos largos, descendo as escadas velozmente e passando direto pelos amigos que bebiam junto ao balcão, saindo em disparada para fora do bar, sem nem dirigir um olhar ou palavra para qualquer um em seu caminho. — Maximiliano? Maximiliano? — Beto chamou sem obter resposta. — Bem, seja lá o que Dalila falou, foi grave — comentou Lucas coçando o queixo. — É melhor ninguém atravessar o caminho do capitão. Todos ali tinham ouvido a quebradeira no piso superior e, visto que instante antes Dalila passou com a mesma ligeireza, imaginaram que algo dito por ela causará a reação furiosa do capitão. — O que será que ela disse de tão grave? — Cristiano questionou do outro lado do balcão, imaginando que o caos causado no cômodo do piso superior não era nem metade do que dominava o Gonzalez. — Só espero que não seja nada contra a capitã — disse Beto com preocupação. — Devíamos ir atrás dele... — Para que? Concentrados em teorizar o que causou a saí
Chegando à cabana, Joana sentia a humilhação subir como fogo por sua garganta. Com a bolsa apertada embaixo do braço seguiu para o quarto, planejando tomar um banho antes da chegada de Maximiliano e a discussão que teriam. Levou um pequeno susto ao encontra-lo sentado no chão, às mãos no colo e a cabeça baixa. Parecia dormir. Imediatamente esquecida de sua intenção inicial, agachou-se, os joelhos pousando no chão e a mão tocando-o no ombro. — Max...?! — Chamou com o rosto ficando a centímetros dele. — Max, está bem? Maximiliano ergueu o rosto, nos olhos negros brilhava a mágoa da traição, a mesma que dominando seu corpo como labaredas cáusticas. — Por que mentiu pra mim? — Maximiliano urrou como uma fera pronta para o ataque, fazendo Joana recuar instintivamente. — Como pode me dizer que me ama, quando todo tempo estava pensando naquele imbecil? — Do que está falando?! — Pare de bancar a inocente! — Ele exigiu, cada músculo tenso pelo autocontrole que se exigia para não chacoalha