A risada de Queiroz se ergueu alta, achando graça da informação. — Tão orgulhosos e prepotentes, enquanto são feitos de otários. — Secou uma lágrima no canto do olho, os lábios doendo pelo ataque de riso. — Como soube disso? — Os vi em um encontro na fazenda e ouvi o que conversavam, sobre terem um relacionamento antigo, ao mesmo tempo em que Dalila estava com Adriano. Levou a mão ao bolso interno da jaqueta de couro curtido, retirando o celular para mostrar as fotos que tirou do casal, e que não apagou apesar das ordens da viúva. — Oh, oh, oh! Tiveram encontros bem debaixo do nariz empinado do Orleans? Tinha ouvido falar que era uma jovem bonita e ousada, mas nunca imaginei que era ao ponto de enganar a viúva Orleans e seu filho. — Riu, divertindo-se. — Porque não me disse isso antes? — Queiroz reclamou, perguntando-se o que mais o capataz de Recanto Dourado sabia da família Orleans e ocultava dele. Em resposta Tarcísio deu de ombros. O chefe de polícia revirou os olhos, exasper
O jantar na casa Savoia transcorreu no mais completo silêncio, como Iago acostumara-se e exigia quando estava presente, o que não era o caso. Embora seu pai não estivesse Joana surpreendeu-se pela aparição de Adriano ao retornar com Maximiliano a casa de sua infância. O longo silêncio após os cumprimentos, não controlava a conversa sem fim na mente confusa e levemente apavorada de Joana. Pelo canto do olho podia ver sua irmã se esbaldar com prazer, tanto do alimento quanto do medo que plantava ao seu redor. Anos de educação religiosa e de boas maneiras jamais preparavam uma mulher a jantar com o ex-noivo, o atual noivo e a mulher que desejava ambos os homens só para si. O “convite” de sua irmã para jantarem na casa tinha o único propósito de, como a serpente no Éden, cercar e ludibriar suas vítimas com palavras doces, porém venenosas. Alguém podia culpa-la por ter medo de tamanha víbora? Sua irmã era imprevisível, maldosa e sem uma gota de consideração pelos demais. A prova foi à q
Ao fim do jantar, mesmo com a aparente paz instaurada entre Maximiliano e Adriano, a tensão persistia entre as irmãs, foi com alívio que se iniciou as despedidas para partir. — Bem, já temos que ir para casa — Maximiliano anunciou erguendo-se e estendendo a mão para Adriano. — Obrigado pela oferta. Levantando-se, Adriano aceitou, apertando-a com firmeza. — Foi um prazer! E tenha certeza que pode contar com minha amizade no que precisar. — Até mais, mãe! — Abraçou sua mãe com carinho, que a apertou com força entre seus braços, sem vontade de soltá-la. — Até, filha! Dalila acercou-se e Joana a fitou em silêncio, não desejando gastar cordialidade com quem não a merecia. — Até mais irmãzinha, nos veremos em breve — prometeu Dalila, a ameaça velada se estendendo ao se aproximar oferecida do Gonzalez. — E você Maximiliano, espero que no futuro nos convide a visitar sua casa. — Quando comprar a residência que presentearei minha noiva os convidarei — ele respondeu educadamente olhando
Com o corpo emaranhado ao da noiva, o lençol fino sobre as peles suadas, Maximiliano deslizava os dedos pela sedosa face feminina, serenamente tentando apagar as preocupações que insistiam em perturba-la por causa do que foi dito no jantar na casa dos pais. — Porque tem tanto medo? O que ela pode fazer? — A beijou carinhoso, garantindo com firmeza. — Nada. — Não a conhece. É má e mentirosa — contou indignada com tudo que a irmã já fizera e prometeu fazer. — É capaz de todo tipo de artimanha para impedir nosso casamento. Até me disse... — calou-se, escondendo o rosto contra o tórax largo ao sentir um leve calor cobrir suas bochechas. — O que foi? — Maximiliano questionou. Quando o silêncio persistiu segurou o queixo dela para ver seu rosto pálido, ordenando autoritário: — Diga-me! Joana baixou o olhar com vergonha. — Disse que... você sempre seria dela. Maximiliano soltou um riso seco, fazendo Joana empertigar-se. — Não ria! — Joana exigiu, lembrando a agonia que passou após as p
Sem desconfiar da tormenta que se aproximava, enquanto aguardava Joana se trocar para passearem, Maximiliano trocava mensagens com seu grupo explicando o motivo de não seguir para o porto naquela manhã. Não tinha o costume de dar satisfação de seus passos, mas, com tantos pormenores de sua vingança e do estabelecimento de seus negócios a serem concluídos, era inevitável que os marinheiros a seu serviço estranhassem sua falta e o procurasse. Planejava passar aquele dia ao lado de sua bela noiva sem interrupções. — Estou pronta! — Ouviu Joana anunciar as suas costas. Colocando o celular de lado, Maximiliano ergueu-se e se voltou, ficando um instante parado, maravilhando-se com a beleza dela. — Está muito bonita — murmurou pegando a mão de Joana para fazê-la dar uma volta, de forma a apreciar cada detalhe do corpo envolto em um vestido verde água de alcinhas. — A mais bonita das mulheres — musicou aproximando-a de si. O inebriante riso feminino o encheu de vontade de aperta-la em se
Pronta para sua volta as funções na escola religiosa, mas necessitando resolver sua situação com sua irmã, Joana acordou cedo e aceitou a carona de Maximiliano até a casa de seus pais. Não se surpreendeu ao saber que seu pai passou outra noite fora, só se preocupou com o conformismo de sua mãe em ter um marido dilapidando o parco patrimônio da família. — E Dalila continua aqui? — Joana questionou ao sentar, o olhar se movendo para o topo das escadas, em que o segundo piso abrigada os quartos. — Está tomando o café — Carmem respondeu sentando-se em frente à filha mais velha. — Tenho que falar com ela. — Aconteceu algo? — Concorda com ela morando aqui, sem o Adriano? — Não — Carmem apressou-se a responder, acrescentando suas preocupações: — Acha que pretende se encontrar com Maximiliano? — Dalila quer me perturbar, impedir meu casamento, e deixou isso claro diversas vezes. Carmem apertou as mãos, a constante sensação de enviar uma filha para o sacrífico dominando-a. — Nisso, qu
Desolada com a desunião das filhas, e sentindo-se a maior culpada, Carmem decidiu que tinha de fazer alguma coisa, pelo menos garantir que uma delas obteria alguma felicidade no matrimônio. — Joana enfim se foi? — Dalila questionou se aproximando. Sentindo-se atordoada por tudo que aconteceu nos últimos minutos, Carmem assentiu devagar, confusa com a reviravolta em sua vida desde que Dalila colocou os olhos traiçoeiros no Orleans. — Sairei para comprar alguns itens para o almoço — disse evitando o olhar da filha e se encaminhando para as escadas, a fim de pegar sua bolsa. — Te acompanharia, mas estou cansada — Dalila mentiu subindo logo atrás. Engolindo a seco o mal estar com a continuidade do noivado de Joana e Maximiliano, Dalila observou sua mãe sumir no quarto de casal antes de seguir apressada para o quarto de Joana. Dentro do cômodo, remexeu as gavetas da penteadeira, depois cada canto do guarda-roupa até encontrar, em uma caixa as fotografias de Adriano que ela recebeu ao
Assim que Paula confirmou que a levaria ao endereço em que encontraria Maximiliano, abandonando sua antiga estratégia de usar disfarces, Dalila preparou-se para seduzir e fazê-lo abandonar os planos de casar com Joana. Arrumou-se com esmero, prendendo o longo cabelo acobreado em coque frouxo, com cachos soltos destacando sua nuca e pescoço, para lembra-lo do quanto ele gostava de beijar aquela parte de sua anatomia. A escolha da roupa também foi feita para atrai-lo. Na noite anterior separou um vestido pêssego de alcinhas que marcava sua cintura, com o decote em v que realçava as curvas de seus seios e que acabava bem antes de seus joelhos, deixando as longas pernas à mostra, na esperança que ele lembrasse como era tê-las em volta dele. E caprichou na maquiagem, aplicando nos lábios batom vermelho, deixando-os carnudos e convidativos. Tudo para Maximiliano pensar nas tardes e noites que passaram entregues a paixão. Para não despertar suspeitas, incluiu uma jaqueta com capuz largo,