O almoço na casa dos Savoia acabou acontecendo somente com Carmem e Dalila. Iago não apareceu, para desgosto da esposa, que durante toda a silenciosa refeição tentou ocultar o fato. Empolgada que o pedido feito à empregada da casa, aguardou Paula voltar do próprio almoço para saber a resposta de Maximiliano ao seu pedido. Precisava falar com ele pessoalmente, mas com sua irmã morando com ele seria impossível encontra-lo na cabana. Também estava ansiosa pelo retorno de seu pai, tinha algumas ideias em que ele poderia ajudá-la a anular o futuro casamento, mas precisava dele sóbrio, o que possivelmente não aconteceria naquele dia. Retirando-se para seu quarto, aguardou impaciente o retorno da empregada, andando de um lado para o outro por longos minutos antes de Paula entrar afoita em seu dormitório. — O viu? — Não. Ele abandonou o porto mais cedo. Parece que foi se encontrar com Donato — informou para decepção da Dalila. — Por causa disso não consegui entregar o bilhete. — Paula ret
Juntando-se a Maximiliano para fazer compras para casa, depois de colocar tudo no jipe, Joana permaneceu com um sorriso amplo e o braço entrelaçado ao dele, aproveitando o fim de tarde para passearem pela praça da cidade. Com a mão dele acariciando de leve a sua, Joana sentia-se nas nuvens, mal conseguindo parar de olhar abobalhada para o homem ao seu lado, apreciando a forma como os fios negros se revoltavam contra o vento, deliciando-se com a carícia suave no dorso de sua mão. Tão lindo, tão viril, tão seu. Em poucas horas Maximiliano mostrou-se uma miríade de surpresas. Podia jurar, pela forma que ele a estreitava um pouco mais contra si, que seu noivo não gostava da maioria das pessoas que pararam para cumprimenta-los, mesmo assim foi cortês. Não chegava a sorrir ou falar amenidades, como era o esperado pelas pessoas que os abordava, mas trocou algumas palavras com cada uma delas e até fingiu interesse no que diziam antes de pedir licença para continuarem a andar. De sua parte,
A voz adocicada de Dalila teve o efeito de uma bofetada na empolgação de Joana. O riso sumiu e os olhos azulados se moveram temerosos da irmã para Maximiliano, logo fazendo o caminho inverso, sentindo o corpo enrijecer ao encontrar os olhos verdes descaradamente fixos em seu noivo. — Como está? — Joana perguntou na esperança de tirar os olhos de Dalila de cima do marido. — Muito bem. Os vi passarem e resolvi convidá-los a jantar hoje lá em casa — Dalila disse sem apagar o sorriso, logo se voltando toda carinhosa para Maximiliano. — E você, Maximiliano, como está? Aceita se juntar a família que pretende integrar? — Estou ótimo! — ele garantiu, chamando a atenção de Dalila para os braços entrelaçados ao pousar a mão livre sobre a de Joana. — Quanto ao convite, o que Joana escolher, apoiarei. Dalila lançou um olhar aborrecido para a irmã, embora seu sorriso continuasse pregado em seus lábios. — E como está seu barco? Certa vez o visitei por dentro, sabia irmã? — Dalila provocou para
A risada de Queiroz se ergueu alta, achando graça da informação. — Tão orgulhosos e prepotentes, enquanto são feitos de otários. — Secou uma lágrima no canto do olho, os lábios doendo pelo ataque de riso. — Como soube disso? — Os vi em um encontro na fazenda e ouvi o que conversavam, sobre terem um relacionamento antigo, ao mesmo tempo em que Dalila estava com Adriano. Levou a mão ao bolso interno da jaqueta de couro curtido, retirando o celular para mostrar as fotos que tirou do casal, e que não apagou apesar das ordens da viúva. — Oh, oh, oh! Tiveram encontros bem debaixo do nariz empinado do Orleans? Tinha ouvido falar que era uma jovem bonita e ousada, mas nunca imaginei que era ao ponto de enganar a viúva Orleans e seu filho. — Riu, divertindo-se. — Porque não me disse isso antes? — Queiroz reclamou, perguntando-se o que mais o capataz de Recanto Dourado sabia da família Orleans e ocultava dele. Em resposta Tarcísio deu de ombros. O chefe de polícia revirou os olhos, exasper
O jantar na casa Savoia transcorreu no mais completo silêncio, como Iago acostumara-se e exigia quando estava presente, o que não era o caso. Embora seu pai não estivesse Joana surpreendeu-se pela aparição de Adriano ao retornar com Maximiliano a casa de sua infância. O longo silêncio após os cumprimentos, não controlava a conversa sem fim na mente confusa e levemente apavorada de Joana. Pelo canto do olho podia ver sua irmã se esbaldar com prazer, tanto do alimento quanto do medo que plantava ao seu redor. Anos de educação religiosa e de boas maneiras jamais preparavam uma mulher a jantar com o ex-noivo, o atual noivo e a mulher que desejava ambos os homens só para si. O “convite” de sua irmã para jantarem na casa tinha o único propósito de, como a serpente no Éden, cercar e ludibriar suas vítimas com palavras doces, porém venenosas. Alguém podia culpa-la por ter medo de tamanha víbora? Sua irmã era imprevisível, maldosa e sem uma gota de consideração pelos demais. A prova foi à q
Ao fim do jantar, mesmo com a aparente paz instaurada entre Maximiliano e Adriano, a tensão persistia entre as irmãs, foi com alívio que se iniciou as despedidas para partir. — Bem, já temos que ir para casa — Maximiliano anunciou erguendo-se e estendendo a mão para Adriano. — Obrigado pela oferta. Levantando-se, Adriano aceitou, apertando-a com firmeza. — Foi um prazer! E tenha certeza que pode contar com minha amizade no que precisar. — Até mais, mãe! — Abraçou sua mãe com carinho, que a apertou com força entre seus braços, sem vontade de soltá-la. — Até, filha! Dalila acercou-se e Joana a fitou em silêncio, não desejando gastar cordialidade com quem não a merecia. — Até mais irmãzinha, nos veremos em breve — prometeu Dalila, a ameaça velada se estendendo ao se aproximar oferecida do Gonzalez. — E você Maximiliano, espero que no futuro nos convide a visitar sua casa. — Quando comprar a residência que presentearei minha noiva os convidarei — ele respondeu educadamente olhando
Com o corpo emaranhado ao da noiva, o lençol fino sobre as peles suadas, Maximiliano deslizava os dedos pela sedosa face feminina, serenamente tentando apagar as preocupações que insistiam em perturba-la por causa do que foi dito no jantar na casa dos pais. — Porque tem tanto medo? O que ela pode fazer? — A beijou carinhoso, garantindo com firmeza. — Nada. — Não a conhece. É má e mentirosa — contou indignada com tudo que a irmã já fizera e prometeu fazer. — É capaz de todo tipo de artimanha para impedir nosso casamento. Até me disse... — calou-se, escondendo o rosto contra o tórax largo ao sentir um leve calor cobrir suas bochechas. — O que foi? — Maximiliano questionou. Quando o silêncio persistiu segurou o queixo dela para ver seu rosto pálido, ordenando autoritário: — Diga-me! Joana baixou o olhar com vergonha. — Disse que... você sempre seria dela. Maximiliano soltou um riso seco, fazendo Joana empertigar-se. — Não ria! — Joana exigiu, lembrando a agonia que passou após as p
Sem desconfiar da tormenta que se aproximava, enquanto aguardava Joana se trocar para passearem, Maximiliano trocava mensagens com seu grupo explicando o motivo de não seguir para o porto naquela manhã. Não tinha o costume de dar satisfação de seus passos, mas, com tantos pormenores de sua vingança e do estabelecimento de seus negócios a serem concluídos, era inevitável que os marinheiros a seu serviço estranhassem sua falta e o procurasse. Planejava passar aquele dia ao lado de sua bela noiva sem interrupções. — Estou pronta! — Ouviu Joana anunciar as suas costas. Colocando o celular de lado, Maximiliano ergueu-se e se voltou, ficando um instante parado, maravilhando-se com a beleza dela. — Está muito bonita — murmurou pegando a mão de Joana para fazê-la dar uma volta, de forma a apreciar cada detalhe do corpo envolto em um vestido verde água de alcinhas. — A mais bonita das mulheres — musicou aproximando-a de si. O inebriante riso feminino o encheu de vontade de aperta-la em se