Como prometido para Dalila, pela manhã Adriano a levou para a casa dos Savoia. Ao estacionar, comprometendo-se a visitá-la todos os dias. — Lamento não poder ficar, mas com a colheita tão próxima e sem um administrador preciso me atentar aos serviços na fazenda. — Sem problema, meu amor. — Manipuladora, fingiu pesar por se afastar dele. — Só estou aqui para ajudar meus pais nesse momento delicado, mas contarei os dias para retornar ao seu lado. Se pudesse fazer Joana desistir dessa loucura... — Acho que devemos nos conformar — disse levando Dalila a se enojar com a falta de empenho do marido em ajudá-la a acabar com a futura união. — Estive pensando em tudo o que aconteceu e creio que minha mãe tem razão. Eles se amam e estamos sendo injustos e egoístas ficando contra — Adriano sentenciou sentindo-se mal pela forma que tratou o antigo amigo desde que soube do envolvimento dele com Joana. Dalila, com raiva da nobreza de seu marido, afirmou desdenhosa: — Ele sempre será um contraban
— O que faz aqui, Dalila? — Carmem insistiu, ignorando a resposta indignada da filha, pois outra coisa a preocupava. — Adriano descobriu sobre Maximiliano e você? Dalila a encarou com descrença. — Vim porque pensei que estaria deprimida depois da vergonha que Joana fez você e o papai passarem ontem, e que gravaram para toda cidade ver. — Dalila lançou a Joana um olhar contrariado. — Se soubesse que a recepção seria tão fria, teria poupado meu tempo. Sem compreender a raiva presente na voz de Dalila e sua presença na casa, interrogante, Carmem aguardou que Joana tivesse uma explicação. — Não creio em seus sentimentos nobres — Joana disse e sem poupar as palavras sentenciou: — Se veio atormentar e fazer intriga contra o meu casamento, melhor dar meia volta. — Por Deus, vocês são irmãs, devem se amar e não brigarem toda vez que se encontram — Carmem reclamou. — Mamãe está certa, Joana! Vim aqui justamente para fazermos as pazes e pedir para que esqueça esse absurdo compromisso — Dal
Da janela de seu quarto, Kassandra observando o filho dando ordens aos peões. Agora que não contava com um administrador na fazenda, Adriano havia absorvido todas as funções de comando. Por um lado, Kassandra achava esse maior envolvimento do filho nos negócios da fazenda bom. Assim descobria que a fazenda precisava de pulso firme para ser mantida em ordem e dando lucro. Por outro, foi justamente esse fato que deu a Dalila liberdade para passar alguns dias em Sanmarino sem o marido. A cada dia odiava ainda mais a nora, sua perversa artimanha de colocar a mão na fortuna dos Orleans. Tudo teria sido perfeito se Adriano houvesse seguido seu plano, casado com Joana, que foi criada para beijar o chão em que ele pisava, lamentou recordando todo seu empenho em conseguir a esposa perfeita. E toda sua desgraça era culpa dos Gonzalez. Pai, mãe e filho, todos que carregavam aquele sobrenome maldito era a ruína de sua vida. Primeiro foi o pai: Fabiano Gonzalez. Fabiano foi seu primeiro amor
O almoço na casa dos Savoia acabou acontecendo somente com Carmem e Dalila. Iago não apareceu, para desgosto da esposa, que durante toda a silenciosa refeição tentou ocultar o fato. Empolgada que o pedido feito à empregada da casa, aguardou Paula voltar do próprio almoço para saber a resposta de Maximiliano ao seu pedido. Precisava falar com ele pessoalmente, mas com sua irmã morando com ele seria impossível encontra-lo na cabana. Também estava ansiosa pelo retorno de seu pai, tinha algumas ideias em que ele poderia ajudá-la a anular o futuro casamento, mas precisava dele sóbrio, o que possivelmente não aconteceria naquele dia. Retirando-se para seu quarto, aguardou impaciente o retorno da empregada, andando de um lado para o outro por longos minutos antes de Paula entrar afoita em seu dormitório. — O viu? — Não. Ele abandonou o porto mais cedo. Parece que foi se encontrar com Donato — informou para decepção da Dalila. — Por causa disso não consegui entregar o bilhete. — Paula ret
Juntando-se a Maximiliano para fazer compras para casa, depois de colocar tudo no jipe, Joana permaneceu com um sorriso amplo e o braço entrelaçado ao dele, aproveitando o fim de tarde para passearem pela praça da cidade. Com a mão dele acariciando de leve a sua, Joana sentia-se nas nuvens, mal conseguindo parar de olhar abobalhada para o homem ao seu lado, apreciando a forma como os fios negros se revoltavam contra o vento, deliciando-se com a carícia suave no dorso de sua mão. Tão lindo, tão viril, tão seu. Em poucas horas Maximiliano mostrou-se uma miríade de surpresas. Podia jurar, pela forma que ele a estreitava um pouco mais contra si, que seu noivo não gostava da maioria das pessoas que pararam para cumprimenta-los, mesmo assim foi cortês. Não chegava a sorrir ou falar amenidades, como era o esperado pelas pessoas que os abordava, mas trocou algumas palavras com cada uma delas e até fingiu interesse no que diziam antes de pedir licença para continuarem a andar. De sua parte,
A voz adocicada de Dalila teve o efeito de uma bofetada na empolgação de Joana. O riso sumiu e os olhos azulados se moveram temerosos da irmã para Maximiliano, logo fazendo o caminho inverso, sentindo o corpo enrijecer ao encontrar os olhos verdes descaradamente fixos em seu noivo. — Como está? — Joana perguntou na esperança de tirar os olhos de Dalila de cima do marido. — Muito bem. Os vi passarem e resolvi convidá-los a jantar hoje lá em casa — Dalila disse sem apagar o sorriso, logo se voltando toda carinhosa para Maximiliano. — E você, Maximiliano, como está? Aceita se juntar a família que pretende integrar? — Estou ótimo! — ele garantiu, chamando a atenção de Dalila para os braços entrelaçados ao pousar a mão livre sobre a de Joana. — Quanto ao convite, o que Joana escolher, apoiarei. Dalila lançou um olhar aborrecido para a irmã, embora seu sorriso continuasse pregado em seus lábios. — E como está seu barco? Certa vez o visitei por dentro, sabia irmã? — Dalila provocou para
A risada de Queiroz se ergueu alta, achando graça da informação. — Tão orgulhosos e prepotentes, enquanto são feitos de otários. — Secou uma lágrima no canto do olho, os lábios doendo pelo ataque de riso. — Como soube disso? — Os vi em um encontro na fazenda e ouvi o que conversavam, sobre terem um relacionamento antigo, ao mesmo tempo em que Dalila estava com Adriano. Levou a mão ao bolso interno da jaqueta de couro curtido, retirando o celular para mostrar as fotos que tirou do casal, e que não apagou apesar das ordens da viúva. — Oh, oh, oh! Tiveram encontros bem debaixo do nariz empinado do Orleans? Tinha ouvido falar que era uma jovem bonita e ousada, mas nunca imaginei que era ao ponto de enganar a viúva Orleans e seu filho. — Riu, divertindo-se. — Porque não me disse isso antes? — Queiroz reclamou, perguntando-se o que mais o capataz de Recanto Dourado sabia da família Orleans e ocultava dele. Em resposta Tarcísio deu de ombros. O chefe de polícia revirou os olhos, exasper
O jantar na casa Savoia transcorreu no mais completo silêncio, como Iago acostumara-se e exigia quando estava presente, o que não era o caso. Embora seu pai não estivesse Joana surpreendeu-se pela aparição de Adriano ao retornar com Maximiliano a casa de sua infância. O longo silêncio após os cumprimentos, não controlava a conversa sem fim na mente confusa e levemente apavorada de Joana. Pelo canto do olho podia ver sua irmã se esbaldar com prazer, tanto do alimento quanto do medo que plantava ao seu redor. Anos de educação religiosa e de boas maneiras jamais preparavam uma mulher a jantar com o ex-noivo, o atual noivo e a mulher que desejava ambos os homens só para si. O “convite” de sua irmã para jantarem na casa tinha o único propósito de, como a serpente no Éden, cercar e ludibriar suas vítimas com palavras doces, porém venenosas. Alguém podia culpa-la por ter medo de tamanha víbora? Sua irmã era imprevisível, maldosa e sem uma gota de consideração pelos demais. A prova foi à q