O relógio marcava pouco mais das sete da manhã quando Logan recebeu a ligação de Dr. Hathaway. O médico estava preocupado com o estado de saúde do pai de Sarah. Os exames recentes mostravam uma piora significativa, e o tempo se tornava um inimigo implacável. Logan sabia que precisava agir rápido para unir pai e filha, mas isso exigiria um cuidado extremo.A Decisão DifícilDepois do café da manhã, Logan encontrou Sarah no jardim, como sempre, cercada por flores. Ele a observou por um momento, admirando sua pureza e simplicidade. Respirou fundo e se aproximou, decidido a falar com ela sobre o que havia descoberto.— Sarah, preciso conversar com você — disse ele, a voz baixa, mas firme.Ela se virou para ele, segurando uma pequena flor nas mãos.— O que foi, Logan? Você parece preocupado.Logan hesitou por um momento, mas sabia que precisava ser honesto.— Há alguém que eu gostaria que você conhecesse.Ela franziu o cenho, confusa.— Quem?— Um homem que... eu acredito ser muito importa
Na manhã seguinte, o sol iluminava a mansão de Logan com um brilho suave e acolhedor. A casa estava mais tranquila, mas as tensões ainda pairavam no ar. Sarah acordou cedo, como de costume, e foi até o jardim. Estava começando a se sentir em casa, embora ainda carregasse o peso das revelações recentes. Margaret, a babá que agora trabalhava como empregada da casa, estava do lado de fora, regando as flores. Quando viu Sarah, parou o que estava fazendo e a observou com um sorriso nostálgico. — Bom dia, querida — disse Margaret. — Dormiu bem? — Dormi, sim. Obrigada, Margaret. A mulher mais velha suspirou, visivelmente emocionada. — Você é a mesma garotinha que eu cuidava... só que agora crescida e tão linda. Sarah sorriu timidamente. — Eu não consigo lembrar de nada. Por mais que eu tente, tudo parece um borrão. Margaret colocou a mão no ombro dela, tentando confortá-la. — Não se preocupe, minha querida. Às vezes, as memórias voltam quando menos esperamos. Sarah olhou p
Logan olhou para Sarah, ainda perdida em pensamentos no jardim. As estrelas iluminavam seus traços delicados, e ele não pôde evitar um sorriso ao perceber como ela parecia à vontade ali, mesmo com todas as adversidades que enfrentara. Ele sabia que precisava falar com ela sobre os próximos passos, mas também sabia que era necessário ser cuidadoso. — Você parece estar gostando desse jardim, Sarah — disse ele, quebrando o silêncio. Ela virou a cabeça, surpreendida, mas logo sorriu. — É impossível não gostar. É tão tranquilo aqui. Me faz sentir... livre. Logan se aproximou um pouco mais, mantendo o tom sereno. — E você merece isso. Liberdade. Paz. Depois de tudo o que passou, é o mínimo que posso oferecer. Sarah abaixou o olhar, mexendo nas dobras do vestido. — Eu não sei se sei como viver assim, Logan. Tudo é tão novo. Eu estou acostumada a lutar todos os dias. Logan inclinou a cabeça, observando-a atentamente. — Lutar é algo que faz parte de quem você é, mas você não
A manhã no Kansas se estendia como um quadro inacabado, tingido por tons dourados e azuis. O vento soprava suave, dançando com a relva alta que ondulava até onde os olhos conseguiam alcançar. O céu, profundo e límpido, parecia se unir com a terra, criando uma imensidão sem fim. O som distante de um tratores cortando o campo e o cantar das aves quebravam o silêncio sereno daquela paisagem rural. Sarah Bennett caminhava pela estrada de terra que cortava os campos dourados. Seus passos eram firmes, mas seu coração carregava um peso imenso, quase insuportável. Ela era uma jovem de olhar profundo e sereno, mas seus olhos carregavam uma tristeza velada. O vestido simples que usava, de tecido barato e com um tom esmaecido de azul, flutuava ao vento. Sua Bíblia estava presa entre suas mãos, como se fosse uma âncora em meio ao caos que começava a tomar sua vida. As casas ao longo da estrada estavam gastas pelo tempo, e o vento quente do Kansas assobiava por entre as fendas nas janelas. A pe
Capítulo 2: Sombras do Passado O céu do Kansas estava tingido de um tom laranja vibrante, enquanto o sol lentamente desaparecia por trás das colinas distantes. A paisagem parecia tranquila, quase intocada, mas o coração de Logan Carter estava longe de encontrar a paz. Ele caminhava lentamente pela varanda da casa de campo que servia como seu refúgio temporário, uma propriedade afastada da cidade, longe dos holofotes e da tensão que ele sabia estar à espreita. Era ali, naquela imensidão silenciosa, que ele costumava se perder em seus próprios pensamentos. Mas hoje, sua mente estava longe. Sarah Bennett. A jovem que ele viu na estrada naquele dia, tão simples, tão diferente de tudo o que ele conhecia. O que ele sentia por ela era inexplicável, como uma conexão profunda que não deveria existir. Como se a conhecesse há muito tempo. Ele não acreditava em coincidências. E a maneira como ela o tocou – não fisicamente, mas algo em sua alma – o deixou inquieto. Algo nela o lembrava de algo…
O calor sufocante da tarde estava se intensificando à medida que o sol se movia no céu, tingindo o horizonte de uma cor âmbar. Em Maplewood, as cores da paisagem eram suaves e douradas, mas em sua vida, Sarah sentia que a escuridão começava a tomar forma. A pressão sobre ela aumentava a cada dia. O que antes parecia ser uma rotina simples de trabalho, luta e oração, agora se transformava em uma tempestade. E nem mesmo sua fé conseguia proteger seu coração das correntes invisíveis que se fechavam ao seu redor. A situação em casa só piorava. O padrasto, Ralph, estava ainda mais viciado em jogos de azar e sua frustração com as perdas só fazia com que ele se tornasse mais cruel e imprevisível. A mãe de Sarah, Irene, afundava cada vez mais na bebida, negligenciando a filha e, com isso, o peso das responsabilidades recaía sobre os ombros dela. Jason, o meio-irmão, sempre esgueirava-se para o lado, aproveitando-se das circunstâncias e dando risada de tudo. A cada mês, as dívidas cresciam.
O céu azul, que antes parecia pesar sobre Sarah, agora refletia uma luz suave, mas também uma sensação de vazio. O dia estava claro, e a brisa quente do Kansas ainda trazia com ela o cheiro da terra e das plantações que ela conhecia tão bem. Ela estava em pé no alpendre da casa onde passara boa parte de sua vida, mas tudo parecia diferente agora. O velho celeiro, que uma vez fora seu refúgio, agora se erguia como um símbolo do que havia sido perdido. O fazendeiro estava preso, a família se desfez diante de seus olhos, e o futuro que ela havia temido parecia ter se concretizado.Sarah sentia o peso da incerteza sobre seus ombros. Ela não sabia o que fazer a seguir. Suas mãos, que antes se acostumaram com a costura de sacas de café, agora estavam vazias. Aquelas mesmas mãos que haviam passado noites costurando sob a fraca luz de um lampião, agora não sabiam para onde ir. O trabalho que ela tinha, a única coisa que a sustentava e a fazia sentir que, pelo menos por um breve momento, estav
Sarah estava começando a sentir que o mundo ao seu redor era vasto e estranho demais. Quando Logan a trouxe para dentro de sua casa, ela mal teve tempo de processar o luxo que a cercava. Ela sabia que deveria estar grata pela oportunidade que lhe fora dada, mas os pensamentos sobre o passado e o medo do futuro não a deixavam em paz.Enquanto ela tentava se acostumar com o ambiente grandioso e a rotina que agora fazia parte de sua vida, as interações com as outras empregadas começaram a pesar sobre ela. As mulheres que trabalhavam na casa pareciam tratar Sarah com uma frieza imensurável, como se ela fosse uma intrusa. A hostilidade era palpável, mas o pior era o silêncio pesado que se estendia por toda a casa quando Logan não estava por perto.Uma das empregadas, a mais velha e amarga, chamada Barbara, tinha um olhar tão desconfiado quanto suas palavras cortantes. Sempre que Sarah tentava se aproximar ou perguntar algo, Barbara fazia questão de afastá-la com um sorriso sarcástico, que