O céu azul, que antes parecia pesar sobre Sarah, agora refletia uma luz suave, mas também uma sensação de vazio. O dia estava claro, e a brisa quente do Kansas ainda trazia com ela o cheiro da terra e das plantações que ela conhecia tão bem. Ela estava em pé no alpendre da casa onde passara boa parte de sua vida, mas tudo parecia diferente agora. O velho celeiro, que uma vez fora seu refúgio, agora se erguia como um símbolo do que havia sido perdido. O fazendeiro estava preso, a família se desfez diante de seus olhos, e o futuro que ela havia temido parecia ter se concretizado.Sarah sentia o peso da incerteza sobre seus ombros. Ela não sabia o que fazer a seguir. Suas mãos, que antes se acostumaram com a costura de sacas de café, agora estavam vazias. Aquelas mesmas mãos que haviam passado noites costurando sob a fraca luz de um lampião, agora não sabiam para onde ir. O trabalho que ela tinha, a única coisa que a sustentava e a fazia sentir que, pelo menos por um breve momento, estav
Sarah estava começando a sentir que o mundo ao seu redor era vasto e estranho demais. Quando Logan a trouxe para dentro de sua casa, ela mal teve tempo de processar o luxo que a cercava. Ela sabia que deveria estar grata pela oportunidade que lhe fora dada, mas os pensamentos sobre o passado e o medo do futuro não a deixavam em paz.Enquanto ela tentava se acostumar com o ambiente grandioso e a rotina que agora fazia parte de sua vida, as interações com as outras empregadas começaram a pesar sobre ela. As mulheres que trabalhavam na casa pareciam tratar Sarah com uma frieza imensurável, como se ela fosse uma intrusa. A hostilidade era palpável, mas o pior era o silêncio pesado que se estendia por toda a casa quando Logan não estava por perto.Uma das empregadas, a mais velha e amarga, chamada Barbara, tinha um olhar tão desconfiado quanto suas palavras cortantes. Sempre que Sarah tentava se aproximar ou perguntar algo, Barbara fazia questão de afastá-la com um sorriso sarcástico, que
Era uma manhã fresca e iluminada no Kansas. Sarah estava no jardim da propriedade, de joelhos, arrancando ervas daninhas. Ela gostava de passar um tempo ali, longe dos olhares críticos das empregadas que faziam de tudo para humilhá-la. No entanto, os hematomas em seus braços e as palavras cruéis que ouvia ainda ecoavam em sua mente.Dentro da mansão, Logan analisava relatórios em seu escritório, mas sua mente estava longe. Ele não conseguia parar de pensar em Sarah. Algo nela o intrigava profundamente. Mas, além disso, ele notava como ela evitava sua presença, como se estivesse com medo.— Edward — chamou Logan, chamando o mordomo.— Sim, senhor?— Quero que verifique se há algo errado com Sarah. Ela parece... diferente. Reservei as gravações das câmeras, mas quero confirmar o que está acontecendo.Edward assentiu, saindo para investigar mais de perto.---Na cozinha, Barbara, com seu avental impecável e um olhar altivo, observava Sarah carregar um balde pesado.— Vai com calma, princ
Sarah acordava cedo todos os dias, aproveitando a paz das manhãs na mansão. Depois de semanas tensas, as coisas começaram a melhorar. Logan havia trazido uma nova governanta para organizar a casa, e as humilhações haviam cessado. Ela ainda preferia passar o tempo sozinha, mas seus momentos de oração e trabalho no jardim estavam trazendo tranquilidade ao seu coração.— Está mais animada hoje — comentou Edward, que havia se tornado uma figura quase paternal para Sarah.Ela sorriu timidamente.— Acho que sim. As coisas têm sido mais calmas.— Bom, porque hoje temos uma novidade — disse ele, enquanto guiava Sarah até a cozinha.Lá, uma mulher de meia-idade, com olhos brilhantes e uma postura gentil, estava colocando flores em um vaso.— Esta é Margareth, nossa nova governanta. Ela cuidará da casa e também ajudará a senhora.Sarah sorriu educadamente.— Muito prazer, Margareth.No entanto, ao virar para Margareth, algo inesperado aconteceu. A mulher deixou cair o vaso, com os olhos arregal
Os dias na mansão Collins continuavam a seguir um ritmo de aparente normalidade, mas Sarah não podia ignorar a constante tensão que sentia. Embora o ambiente fosse muito mais acolhedor desde a partida das empregadas mal-intencionadas, ela ainda se sentia uma intrusa, alguém que não pertencia àquele mundo. Margareth, a nova governanta, fazia o possível para tranquilizá-la, mas Sarah percebia algo estranho nos olhares e nos gestos da mulher. Havia ternura, mas também um misto de tristeza e esperança, como se Margareth soubesse algo que ela própria não entendia. Enquanto isso, Logan estava mais ocupado do que nunca. Após a revelação de Margareth sobre a possível identidade de Sarah, ele contratou os melhores especialistas para avaliar o caso. Mas antes de revelar qualquer coisa, ele precisava ter certeza. A Primeira Sessão de Memórias Certa tarde, Logan chamou Sarah ao escritório. — Sarah, entre. Precisamos conversar – disse ele, a voz calma, mas séria. Sarah entrou hesitante, sen
Dr. Hathaway permaneceu estático, com os olhos fixos em Sarah, que ainda estava no jardim. Ele parecia em conflito, dividido entre a emoção de um reencontro há muito aguardado e o receio de como a jovem reagiria. Logan quebrou o silêncio, ainda processando o impacto das palavras do médico: — Dr. Hathaway... se ela realmente é sua filha, precisamos confirmar. Estou aguardando os resultados de um exame de DNA. O médico assentiu, enxugando uma lágrima que teimava em cair. — Claro. Eu entendo. Mas meu coração... meu coração sabe que é ela. Logan respirou fundo, olhando para o jardim onde Sarah andava entre as flores, alheia às emoções que despertava. — Ela sofreu muito – disse Logan. – Ainda há partes de sua memória bloqueadas. Será que ela está pronta para saber de tudo? Dr. Hathaway respondeu com um olhar carregado de dor. — O coração de um pai sempre quer proteger, mas às vezes a verdade é o único caminho para a cura. Sarah e a Governanta Enquanto isso, Sarah, sentindo-se ma
Na manhã seguinte, Logan estava determinado a começar as mudanças na vida de Sarah, garantindo sua segurança e bem-estar. O primeiro passo seria trazer o Dr. Hathaway para a mansão, uma vez que ele era a chave para lidar com as memórias bloqueadas de Sarah. Ele encontrou o médico na recepção do hospital. — Dr. Hathaway, preciso que venha morar comigo. Quero que acompanhe Sarah de perto. O médico ficou surpreso, mas logo entendeu a seriedade do pedido. — Logan, isso é importante para mim também. Mas minha saúde não é das melhores. Logan tocou seu ombro, compreensivo. — Cuidaremos disso também. Quero que fique confortável e com tudo o que precisar. Dr. Hathaway assentiu, emocionado. — Se for para ajudar minha filha, farei o que for necessário. A Mansão Ganha um Novo Morador Horas depois, o médico chegou à mansão, carregando apenas uma mala e um coração cheio de esperança. Sarah o recebeu com curiosidade, sem saber sua verdadeira identidade. — Então você é o Dr. Hathaway? – p
O ambiente na mansão parecia calmo, mas uma tensão crescente pairava no ar. Logan estava cada vez mais intrigado com Sarah e, ao mesmo tempo, preocupado com as intenções de Natalie, que não desistia de se aproximar dele.Dr. Hathaway, por sua vez, usava cada momento ao lado de Sarah para observar suas reações, tentando encontrar uma maneira de ajudá-la a recuperar as memórias.Sarah e Dr. HathawayNaquela tarde, Sarah estava na sala de estar, sentada em frente à lareira, com um livro nas mãos. Dr. Hathaway entrou na sala, carregando uma bandeja de chá.— Sarah, pensei que você gostaria de um pouco de chá.Ela levantou os olhos, surpresa com o gesto.— Ah, muito obrigada, doutor.Ele se sentou ao lado dela, observando-a cuidadosamente.— Está gostando do livro?— Sim – respondeu ela, sorrindo. — Mas algumas partes me fazem pensar em coisas que não consigo lembrar. É frustrante.O médico inclinou a cabeça, interessado.— Você tem essas sensações com frequência?Sarah hesitou antes de re