Sarah acordava cedo todos os dias, aproveitando a paz das manhãs na mansão. Depois de semanas tensas, as coisas começaram a melhorar. Logan havia trazido uma nova governanta para organizar a casa, e as humilhações haviam cessado. Ela ainda preferia passar o tempo sozinha, mas seus momentos de oração e trabalho no jardim estavam trazendo tranquilidade ao seu coração.— Está mais animada hoje — comentou Edward, que havia se tornado uma figura quase paternal para Sarah.Ela sorriu timidamente.— Acho que sim. As coisas têm sido mais calmas.— Bom, porque hoje temos uma novidade — disse ele, enquanto guiava Sarah até a cozinha.Lá, uma mulher de meia-idade, com olhos brilhantes e uma postura gentil, estava colocando flores em um vaso.— Esta é Margareth, nossa nova governanta. Ela cuidará da casa e também ajudará a senhora.Sarah sorriu educadamente.— Muito prazer, Margareth.No entanto, ao virar para Margareth, algo inesperado aconteceu. A mulher deixou cair o vaso, com os olhos arregal
Os dias na mansão Collins continuavam a seguir um ritmo de aparente normalidade, mas Sarah não podia ignorar a constante tensão que sentia. Embora o ambiente fosse muito mais acolhedor desde a partida das empregadas mal-intencionadas, ela ainda se sentia uma intrusa, alguém que não pertencia àquele mundo. Margareth, a nova governanta, fazia o possível para tranquilizá-la, mas Sarah percebia algo estranho nos olhares e nos gestos da mulher. Havia ternura, mas também um misto de tristeza e esperança, como se Margareth soubesse algo que ela própria não entendia. Enquanto isso, Logan estava mais ocupado do que nunca. Após a revelação de Margareth sobre a possível identidade de Sarah, ele contratou os melhores especialistas para avaliar o caso. Mas antes de revelar qualquer coisa, ele precisava ter certeza. A Primeira Sessão de Memórias Certa tarde, Logan chamou Sarah ao escritório. — Sarah, entre. Precisamos conversar – disse ele, a voz calma, mas séria. Sarah entrou hesitante, sen
A manhã no Kansas se estendia como um quadro inacabado, tingido por tons dourados e azuis. O vento soprava suave, dançando com a relva alta que ondulava até onde os olhos conseguiam alcançar. O céu, profundo e límpido, parecia se unir com a terra, criando uma imensidão sem fim. O som distante de um tratores cortando o campo e o cantar das aves quebravam o silêncio sereno daquela paisagem rural. Sarah Bennett caminhava pela estrada de terra que cortava os campos dourados. Seus passos eram firmes, mas seu coração carregava um peso imenso, quase insuportável. Ela era uma jovem de olhar profundo e sereno, mas seus olhos carregavam uma tristeza velada. O vestido simples que usava, de tecido barato e com um tom esmaecido de azul, flutuava ao vento. Sua Bíblia estava presa entre suas mãos, como se fosse uma âncora em meio ao caos que começava a tomar sua vida. As casas ao longo da estrada estavam gastas pelo tempo, e o vento quente do Kansas assobiava por entre as fendas nas janelas. A pe
Capítulo 2: Sombras do Passado O céu do Kansas estava tingido de um tom laranja vibrante, enquanto o sol lentamente desaparecia por trás das colinas distantes. A paisagem parecia tranquila, quase intocada, mas o coração de Logan Carter estava longe de encontrar a paz. Ele caminhava lentamente pela varanda da casa de campo que servia como seu refúgio temporário, uma propriedade afastada da cidade, longe dos holofotes e da tensão que ele sabia estar à espreita. Era ali, naquela imensidão silenciosa, que ele costumava se perder em seus próprios pensamentos. Mas hoje, sua mente estava longe. Sarah Bennett. A jovem que ele viu na estrada naquele dia, tão simples, tão diferente de tudo o que ele conhecia. O que ele sentia por ela era inexplicável, como uma conexão profunda que não deveria existir. Como se a conhecesse há muito tempo. Ele não acreditava em coincidências. E a maneira como ela o tocou – não fisicamente, mas algo em sua alma – o deixou inquieto. Algo nela o lembrava de algo…
O calor sufocante da tarde estava se intensificando à medida que o sol se movia no céu, tingindo o horizonte de uma cor âmbar. Em Maplewood, as cores da paisagem eram suaves e douradas, mas em sua vida, Sarah sentia que a escuridão começava a tomar forma. A pressão sobre ela aumentava a cada dia. O que antes parecia ser uma rotina simples de trabalho, luta e oração, agora se transformava em uma tempestade. E nem mesmo sua fé conseguia proteger seu coração das correntes invisíveis que se fechavam ao seu redor. A situação em casa só piorava. O padrasto, Ralph, estava ainda mais viciado em jogos de azar e sua frustração com as perdas só fazia com que ele se tornasse mais cruel e imprevisível. A mãe de Sarah, Irene, afundava cada vez mais na bebida, negligenciando a filha e, com isso, o peso das responsabilidades recaía sobre os ombros dela. Jason, o meio-irmão, sempre esgueirava-se para o lado, aproveitando-se das circunstâncias e dando risada de tudo. A cada mês, as dívidas cresciam.
O céu azul, que antes parecia pesar sobre Sarah, agora refletia uma luz suave, mas também uma sensação de vazio. O dia estava claro, e a brisa quente do Kansas ainda trazia com ela o cheiro da terra e das plantações que ela conhecia tão bem. Ela estava em pé no alpendre da casa onde passara boa parte de sua vida, mas tudo parecia diferente agora. O velho celeiro, que uma vez fora seu refúgio, agora se erguia como um símbolo do que havia sido perdido. O fazendeiro estava preso, a família se desfez diante de seus olhos, e o futuro que ela havia temido parecia ter se concretizado.Sarah sentia o peso da incerteza sobre seus ombros. Ela não sabia o que fazer a seguir. Suas mãos, que antes se acostumaram com a costura de sacas de café, agora estavam vazias. Aquelas mesmas mãos que haviam passado noites costurando sob a fraca luz de um lampião, agora não sabiam para onde ir. O trabalho que ela tinha, a única coisa que a sustentava e a fazia sentir que, pelo menos por um breve momento, estav
Sarah estava começando a sentir que o mundo ao seu redor era vasto e estranho demais. Quando Logan a trouxe para dentro de sua casa, ela mal teve tempo de processar o luxo que a cercava. Ela sabia que deveria estar grata pela oportunidade que lhe fora dada, mas os pensamentos sobre o passado e o medo do futuro não a deixavam em paz.Enquanto ela tentava se acostumar com o ambiente grandioso e a rotina que agora fazia parte de sua vida, as interações com as outras empregadas começaram a pesar sobre ela. As mulheres que trabalhavam na casa pareciam tratar Sarah com uma frieza imensurável, como se ela fosse uma intrusa. A hostilidade era palpável, mas o pior era o silêncio pesado que se estendia por toda a casa quando Logan não estava por perto.Uma das empregadas, a mais velha e amarga, chamada Barbara, tinha um olhar tão desconfiado quanto suas palavras cortantes. Sempre que Sarah tentava se aproximar ou perguntar algo, Barbara fazia questão de afastá-la com um sorriso sarcástico, que