Planejamos sair cedo na manhã do sábado, assim poderíamos aproveitar boa parte do dia, porém, uma série de contratempos fez com que conseguíssemos sair apenas depois do almoço e precisaríamos ficar para dormir, mas não perderíamos aula na segunda-feira. Fiz uma pequena mala com uma muda de roupas para o caso de uma pequena emergência, coloquei medicamentos e alguns produtos de higiene e sai do quarto, encontrando meus pais de pé na sala fitando-me com seriedade.
– No máximo uma cerveja para não cortar o efeito dos remédios! - meu pai começou, sua voz engrossando em alguns tons. – A dona da pousada foi avisada sobre isso...
– Tenham muito cuidado e não esqueçam de colocar protetor solar! - minha mãe completou em um tom um pouco mais sereno. – Se divirtam!
Concordei com tudo balançando a cabeça e agradeci a confiança enquanto irrompia pela porta, encontrando meus três companheiros de viagem esperando-me em frente a um carro provavelmente dos pais de Mark, que estava sentado como motorista. A despedida dos meus pais foi breve, e logo, estava sentada ao lado de Gabriel que acomodava minha bolsa no porta-malas quase lotado com outras bolsas e caixas de refrigeração, que esperei não estarem cheias de cerveja.
Chegamos ao cais em alguns minutos, sentado na borda de barco mediano e branco, estava o marinheiro que ficara incluso no pequeno pacote que fizemos com a pousada. O senhor Matos morava na ilha de Maju, e seria o responsável por nos levar e trazer de volta em segurança, seus olhos eram extremamente negros e parecia um poucos irritado com nosso atraso, então apenas nos cumprimentou com poucas palavras enquanto nos acomodava e rapidamente ligou o motor.
Karen parecia animada com a ideia de ver novamente o lugar em que passara boa parte de sua infância junto a avó e quando sua vida era um pouco mais tranquila, lhe sorri e sugeri que visitasse a casa da velha senhora já falecida, caso ela quisesse.
– Tenho boas lembranças, e a vista do mar é linda – ela comentou fechando os olhos como se assim, pudesse visualizar melhor as imagens de sua memória. – Mas não é tão diferente de onde estamos saindo.
– Se engana, moça! - o velho senhor que até então, mantinha-se em silêncio, exclamou voltando seus olhos levemente para nós. – Maju pode até ser visualmente parecido com a ilha de Ainu, mas são histórias muito diferentes...
– Como assim? - perguntei ficando interessada, afinal poucas pessoas pareciam dispostas a falar sobre a história daquela ilha. Aproximei-me um pouco mais do homem e me sentei, no convés, sendo seguida pelos outros.
Quem nos olhasse, poderia achar a cena um tanto curiosa pois, parecíamos crianças em volta de um antigo ancião esperando-o contar sobre os contos antigos do lugar em que morávamos, e era exatamente essa a sensação que eu estava sentindo, de ter retornado a infância.
O homem sorriu parecendo um pouco mais simpático e fitou o horizonte que se abria à sua frente em meio a vastidão azul do mar, parecia relembrar mais detalhes.
– Os mais velhos dizem que estas ilhas foram uma única no passado... – ele começou explicando algo de que eu já desconfiava, levou a mão ao bolso e pegou algumas balas caseiras feitas da fruta nativa da ilha, jogando algumas para nós e colocando uma na boca. – Esse lugar sempre foi muito próspero, o alimento era abundante e as crianças brincavam sem medo nas ruas das pequenas vilas, mas...
Matos calou-se por alguns instantes, seu rosto contorcendo-se em uma expressão de desgosto e uma sensação estranha de tensão pesou no ar, fazendo com que olhássemos de um para o outro confusos, mas não fizemos nenhum comentário e encarando nosso silêncio como um incentivo, ele decidiu continuar.
– Mas isso só aconteceu enquanto a ilha era limpa, depois que a sujeira chegou, tudo mudou completamente... os peixes começaram a desaparecer das águas mais rasas, os frutos secaram...
O fitamos sem entender a que se referia quando falava de sujeira, esperamos que ele continuasse, mas depois daquelas palavras, o silêncio reinou dentro do barco e mais nada foi dito, deixando-nos imersos em curiosidade. Alguns minutos depois, atracamos no cais improvisado que ficava em frente a pousada que se parecia exatamente como Karen havia descrito, e nosso marinheiro simplesmente foi embora sem sequer nos ajudar com as malas.
– Esse homem é esquisito, não? - Gabriel comentou olhando novamente o relógio em seu pulso, provavelmente pensando em quantas horas ainda teríamos de claridade afinal, era proibido entrar no mar à noite.
Suas mãos remexiam nos bolsos procurando algo que conhecendo-o bem, poderia postar que era o maço de cigarros, tive que segurar o riso ao ver sua expressão ao lembrar-se que não havia trazido, sei disso porque dentro do carro enquanto conversávamos, ele havia comentado sobre ter esquecido. Mas minha atenção foi roubada por uma senhora que nos fitava pelas janelas de vidro, seus olhos nos fitavam com seriedade e parecia uma pessoa extremamente rigorosa.
– Ainda estou morrendo de curiosidade pelo fim daquela história – resmunguei com um suspiro consternado, sentindo provavelmente terei que me contentar com isso.
– É apenas uma história, qualquer idoso te conta! - Gabriel exclamou de repente aparecendo ao meu lado, pegou minha mochila não me deixando pegar peso. – O melhor a fazermos é tentar dar uma olhada nos corais mais próximos...
Concordei e passei o braço bom por suas costas, recostando o rosto em seu ombro para descansar um pouco enquanto caminhávamos pela areia branca e arenosa da praia, uma brisa passava por nós, movimentando nossos cabelos e as roupas que usávamos.
– Ah, eu quero descansar um pouco, pegamos muito sol! - Karen reclamou fazendo um beicinho enquanto arrastava uma das grandes caixas de refrigeração pela alcinha azul, seu vestido branco balançado com o esforço. – Por agora, melhor deitarmos numa rede tomando água de coco.
– Por favor! Não podemos perder muito tempo, são apenas dois dias de folga! - Mark se pronunciou pela primeira vez, estivera tão quieto que quase esqueci de sua presença. Ele carregava a outra caixa no ombro, fazendo os músculos trabalhados se destacarem na camiseta cinza.
– Descansar numa rede faz parte do passeio! - exclamei tentando ajudar minha amiga que começava a ficar com a pele avermelhada do sol, quase me sintia culpada por não estar ajudando a carregar nada. – Podemos ver os corais mais tarde quando o sol estiver mais baixo...
Eles pareceram entrar em um consenso, aceitando a minha ideia, então entramos na pousada fitando tudo impressionados. Apesar do lugar ser pequeno e ter apenas um andar, era recém reformada ainda cheirando a pintura, a estrada principal era espaçosa e havia vários tapetes com almofadas que ficavam estrategicamente próximo às grandes janelas, visando a boa circulação do ar fresco.
Dos lados da pequena construção, podíamos ver como a natureza era preservada e o verde se espalhava por metros a frente, entorpecendo meus sentidos com os cheiros das flores nativas, as mesmas que podiam ser encontradas em alguns pontos da ilha de Ainu, pistas do período em que formavam um único local. Acomodamos nossas bolsas em dois quartos, como éramos menores de idade, não foi permitido que dormíssemos de forma mista, então Karen ficaria em um quarto comigo e os meninos nos outros, não reclamamos, pois, já esperava por isso. E seguimos para a cozinha onde poderíamos guardar as caixas que posteriormente, descobri estar cheias de refrigerante, carne pronta para churrasco e guloseimas incluindo batatas prontas para fritar.
Pelo que entendi, a pousada nos ofereceria o jantar da primeira noite e o café da manhã do dia seguinte, mas teríamos nosso próprio almoço com churrasco no dia seguinte.
Enquanto caminhávamos pela cobertura em madeira cor de ébano a frente da casa, procurando o lugar mais fresco para esticarmos as redes, pude ver algumas poucas casas em forma de quiosque que imagino ser dos outros moradores que ficavam próximo ao mar por serem pescadores e acabei lembrando da história que o dono da lancha vinha nos contando sobre as coisas terem mudado em apenas uma das ilhas, tirando os turistas esporádicos que aproximavam-se de Maju interessados em suas águas cristalinas sobre os corais, sua única forma de subsistência era a pesca.
Nada fora modificado desde o início do século quando os primeiros habitantes se mudaram para a ilha, pescando e produzindo seus próprios alimentos que quando em abundância, eram vendidos nas feiras livres da cidade próxima como forma de arrecadar algum dinheiro para comprar outros bens de consumo.
Fui tirada dos meus devaneios quando senti que alguém deitava-se ao meu lado na rede espaçosa, virei-me e notei que Gabriel acomodando-se a minhas costas, recostando o rosto na curva entre o meu pescoço e ombro enquanto depositava um beijo cálido na pele exposta que tinha enquanto sua mão direita deslizava os dedos pelo curativo que foi colocado após a retirada do gesso.
– Quase tive um infarto quando soube que estava hospitalizada... – murmurou tocando no assunto que parecia estar evitando há dias, um suspiro escapou de seus lábios e senti o abraço ficar ainda mais forte. – Tive tanto medo de te perder...
Virei-me em seus braços para o encarar, nossos olhos se encontraram e pude sentir o quanto ele estava sendo honesto em suas palavras, estiquei-me um pouco e alcancei seus lábios, sugando-os levemente antes de sentir sua língua pedir passagem. Logo, estávamos trocando alguns beijos e afagos escondidos pelo tecido cor de areia da rede, ignorando qualquer outro pensamento que nos assolasse. Aquele era um momento só nosso.
Mas que foi interrompido por um chacoalhar violento da rede, olhei ao redor assustada pensando que estivéssemos em meio a uma tempestade tropical ou algo parecido, mas rapidamente o susto deu lugar à raiva ao ouvir os risos de Karen e Mark.
– Se for do agrado dos pombinhos, poderíamos ir ver os corais? - Karen questionou amarrando os longos fios negros em um rabo de cavalo, estava vestida em um biquíni rosado e uma tanga de crochê branca.
Olhei ao redor, e me surpreendi ao perceber que o sol parecia estar ainda mais baixo no horizonte, puxei o braço de Gabriel e verifiquei o horário em seu relógio sem acreditar que faltava apenas duas horas para anoitecer. Sentei-me na rede tentando me situar e puxei meu pombinho, arrastando-o para a pequena trilha que nos levaria ao melhor lugar para ver os recifes de coral.
Quando chegamos no ponto certo, fiquei boquiaberta, era simplesmente espetacular, havia uma pequena descida de pedras que nos levava a uma discreta gruta por onde a água do mar passava abrindo caminho entre as rochas e um pouco mais a frente, um pequeno recife de coral se expandia delicadamente abrigando pequenas e coloridas espécies de peixes.
A movimentação da água estava relativamente tranquila então, imaginei que não haveria problema em entrar para olhar aquela maravilha mais de perto, tendo o cuidado de manter a água abaixo da minha cintura para não molhar os curativos. Com a mão boa, deslizei os dedos pelos pequenos seres vivos semelhantes a pedras coloridas, assustando os peixinhos que fugiam para esconder-se. Sorri virando-me para mostrar a Gabriel e nesse momento, uma foto minha foi capturada por ele em seu celular.
Depois disso, a ideia se espalhou e tiramos algumas selfs juntos tendo como fundo aquele maravilhoso ecossistema que mais parecia ter sido tirado de um conto de fadas. E, passamos as últimas horas do dia rindo e conversando enquanto tirávamos fotos uns dos outros nas posições mais variadas possíveis em todos os pontos que conseguíamos ficar sobre.
Aos poucos, os poucos raios solares desapareceram no horizonte dando lugar ao brilho natural das estrelas e da lua que estava cheia. Então, decidimos retornar à pousada antes que a maré subisse e ficássemos presos naquele pequeno pedaço do paraíso, o que não seria tão má ideia.
Quando avistamos a praia, notamos que uma grande fogueira terminava de ser montada e aos poucos, as chamas eram incentivadas pelo vento leve do início de noite ganhando proporções rapidamente. A mesma senhora que vi olhando-nos pela janela, dispunha organizava o que parecia ser nosso jantar sobre uma pesada mesa de madeira que acredito ter sido trazida de dentro da pousada para que comêssemos sob a luz das estrelas. E, ao nos avistar, sorriu sugerindo que comêssemos antes que esfriasse.
Depois do jantar maravilhoso que tivemos, nos reunimos ao redor da fogueira com algumas latinhas de refrigerante e começamos a contar algumas histórias de terror incentivados pelos uivos causados pelo vento. Como nenhum dos nativos da pequena ilha parecia estar por perto, logo as histórias enveredaram para um caminho mais polêmico, falando dos antigos sacrifícios feitos em agradecimento à fertilidade do ano.– Ouvi dizer que em noites como esta, de lua cheia, os espíritos dos sacrificados podiam ser ouvidos chorando... – Mark comentava surgindo com um fato novo de repente, o que não era nenhuma novidade em vista de que já demonstrara ser um amante do terror e não era incomum vê-lo carregando algum livro do gênero.– Está supondo que existiram sacrifícios humanos nesta região? - Gabriel questionou fitando-o, suas sobrancelhas franzidas como se achasse o comentário do outro um absurdo. – Nem sabemos se essas histórias de sacrifício são verdadeiras.Nenhum dos dois nascera na ilha, e como
Quando finalmente nossos pensamentos voltaram a funcionar normalmente e lembramos que estávamos praticamente no relento, deitados na área colocando em resto a recente gestante e eu, que ainda não havia me recuperado por completo, decidimos entrar na pousada, que para a nossa sorte, ainda estava com as portas da entrada abertas, mas o senhor Matos, que também parecia ser o segurança, nos olhava torto, então entramos quietinho e subimos para nossos quartos correspondentes.Como não estávamos com sono, tomamos um banho e ficamos alguns minutos sentadas na minha cama conversando sobre os novos planos da futura mamãe. Karen ainda parecia um tanto confusa em relação a isso, mas me explicou que começara a pesquisar sobre os cuidados que precisaria ter e planejava marcar seu primeiro pré-natal em algumas semanas. E, para a minha felicidade, sua tia estava ciente da gravidez e estava incentivando-a a fazer tudo corretamente e inclusive, havia sugerido que marcaria os exames assim que ela decidi
Provavelmente fiquei impressionada com as histórias antigas sobre sacrifícios humanos que conversávamos na praia, pois durante o sono tive sonhos perturbadores. Não era incomum ter pesadelos quando estava com meu emocional tão conturbado, porém, em nenhum momento da minha vida, havia sonhado com cenas tão aterrorizantes como aquelas.No último deles, Karen e eu, participávamos de um tipo de celebração, éramos espectadoras silenciosas, sentadas sobre nossos calcanhares e olhando curiosamente ao nosso redor onde grupos de pessoas formavam um círculo no chão de areia suja das cinzas de dezenas de fogueiras que já haviam sido feitas naquele mesmo local.Era uma casa pequena, mas que me parecia muito familiar, a luminosidade era pouca, fornecida apenas pelas lamparinas a óleo, dispostas nos cantos do cômodo, e imaginei que a falta de lâmpadas era proposital para tornar o ambiente mais místico. Meus olhos atentos, fitavam tudo ao redor com ansiedade, tentando descobrir onde estávamos. Basica
Fui acordada no dia seguinte com uma ligação da minha melhor amiga. Sentei-me na cama ainda um pouco atordoada e tentei entender do que se tratava, me surpreendendo ao descobrir que a conversa teve um resultado ainda pior do que imaginávamos. Karen fora expulsa de casa assim que explicou à mãe que planejava continuar com a gravidez, e depois disso, fizera uma pequena mala e se mudara para a casa da sogra que para a surpresa dos dois, amou a ideia de ser avó. Eu apenas ouvia todas aquelas informações, ficando impressionada, e no final, só pude suspirar de alívio com aquele desfecho.Assim que a ligação foi encerrada, levantei-me para fazer minha higiene matinal, mas antes mesmo de sair do quarto, meu celular tocou novamente em uma nova chamada. Era Gabriel quem ligava me chamando para fazer uma pesquisa na biblioteca. Inicialmente, tenho que admitir, não gostei da ideia pois teria que andar até o outro lado da cidade, mas pensar que além de poder sair um pouco, ainda poderia pesquisar s
Sendo honesta, não estava pronta para as informações que encontraria naquele diário, meu emocional ainda estava um pouco debilitado e depois de ler aqueles trechos, senti um forte aperto no peito, ergui meus olhos, fitando ao redor do quarto e pude imaginar vividamente todos os horrores que aquela moça havia passado no interior daquelas paredes.As descobertas eram chocantes, mas encaixavam-se lentamente dentro de um padrão compreensível. A mulher da parede, se chamava Elise e realmente viera do interior para trabalhar como babá das duas crianças da família, dois meninos gêmeos de seis anos de idade que pareciam a amar incondicionalmente. E apesar de ela adorar as crianças, temia muito o patriarca, a quem referia-se somente como Nodier.Inicialmente, ela falava dessas investidas, insegura, cogitando se eram ações apenas para causar ciúmes a esposa, ou se o homem realmente estava dando-lhe uma atenção pouco apropriada, como ela própria citava. Por um tempo, foram apenas estas situações
Depois de praticamente ser expulsos, retornamos à estrada e pedi a Gabriel que me levasse até o fim do vale, onde ficava o cais, de onde poderíamos ver o mar e as poucas cargas que chegavam de navio para abastecer o comércio da ilha. De todo o lugar, aquele era o único em que me sentia bem e conseguia refletir, era como se fosse meu porto seguro. Parei em frente ao despenhadeiro, notando como a água batia sobre as pedras e suspirei, sentindo minha cabeça se encher novamente de perguntas. Respirei fundo e decidi ler o que estava escrito no diário que a senhora nos entregou, voltei meus olhos a Gabriel, que acendia um cigarro, e ao me ver, o apagou rapidamente, sorrindo amarelo. – Não se preocupe! - murmurei lhe sorrindo de canto, o puxei para perto e lhe dei um selinho enquanto tentava pegar seu cigarro. – Acho que também preciso de um... – Mais nem foden*, seus pais me matam! - ele respondeu jogando o cigarro, que pouco queimou, no despenhadeiro.
Agachei-me na grama, procurando pela minha agenda dentro da bolsa e quando a encontrei, desenhei aquele símbolo, tentando deixar o mais parecido que pude. Mostrei para Gabriel e sorri meio sem graça por imaginar que estivesse mal feito por conta de ansiedade.– O que é isso? - ele questionou, claramente escondendo o riso, mas fitava atentamente os detalhes que tentei passar para a folha de papel.– Desculpe-me! Minha coordenação está meio ruim... – murmurei meio sem graça, apertando as mãos, notando que meu tique nervoso havia retornado.Em resposta, ele acenou positivamente, mostrando que suas brincadeiras eram apenas para tentar diminuir a pressão que recaia sobre nós. Olhou ao redor, observando as dezenas de pequenas pedras rúnicas e em seguida, começou a procurar pelo local, usando meu desenho torto como referência.Procuramos por um bom tempo, cansando nossas colunas pela constante envergadura em direção ao chão, e quando os últimos raios solares começaram a sumir no horizonte, fi
A conversa, que acabei ouvindo por acidente, ficou impregnada em minha mente durante parte da noite insone que acabei tendo, queria que meus pais sentassem comigo e conversassem a respeito da situação. Eu já não era mais uma criança, e sentia que poderíamos mudar o rumo das coisas caso não omitissem tanto de mim. Alguns poucos dias se passaram desde o pronunciamento da polícia, inicialmente, foi feita uma assembleia com os pais e o corpo escolar, queriam que as aulas fossem suspensas, porém, o período de relativa tranquilidade acabou por animar um retorno às aulas. Obviamente, as medidas e regras de segurança aumentaram paulatinamente, a sensação de insegurança ainda estava presente, mas precisávamos seguir em frente. Sentei-me diante da mesa, abrindo o caderno no componente daquela aula e distrai-me rolando o lápis entre os dedos, perdendo-me em pensamentos rapidamente. As duas moças assassinadas consecutivamente retornaram a minha cabeça, eram adolescentes e tinh