A filha rejeitada do mafioso
A filha rejeitada do mafioso
Por: Danny Veloso
PRÓLOGO

Giulia

Não dava para eu imaginar que, novamente, estava cometendo o erro de correr atrás de Dante Mitolli. Eu poderia mandar esse idiota para o inferno, mas não naquele exato momento, pois precisava dele e da sua proteção.

Eu nunca tinha amado alguém como o amei, e talvez o amasse ainda, mesmo querendo muito exorcizá-lo da minha vida. Depois do amor que vivemos naqueles poucos meses em que jurei que ele mudaria, sofri com mais do que um término. Para Dante, não fui mais do que um corpo quente em sua cama.

E depois de ele ter me largado sem uma justificativa, tive que me virar como pude para me manter em pé e longe do meu pai, pois dentro de mim uma filha estava sendo gerada e ele odiava os Mitolli. Eles eram os reis da cidade, mandavam em tudo; eram perigosos. E o homem que me pôs no mundo não passava de um pau mandado que os traiu e que jurava vingança a eles.

Ao descobrir sobre a minha “traição” de me unir a Dante, ele me prometeu que me mataria junto com minha filha, de quem seu pai não fazia ideia da existência.

Queria ter o poder de mudar as coisas, mas a ver no meu colo todos os dias me trazia a certeza de que, por mais sofrido que fosse amar alguém que não prestava, faria tudo de novo só para a ter comigo.

Como se já não fosse o bastante ter que fugir a todo momento do monstro que se dizia ser meu pai, ainda tinha que me humilhar e me rastejar aos pés de um homem frio e egocêntrico. Nas duas vezes anteriores que tentei contato com ele, fui barrada pelos seus seguranças, que foram reforçados desde a última tentativa de golpe que os Mitolli sofreram.

Nenhum deles confiava mais em ninguém. Seu legado estava sendo construído a base do medo. Seja quem fosse e quanto dinheiro tivesse, poderia sofrer com as consequências de ter sua cabeça decepada caso saísse dos trilhos.

A máfia tomou por completo a cidade que já era considerada uma das piores no crime e tráfico. E, naquele momento, eu me via tendo que pagar uma quantia que não tinha com tanta facilidade só para poder entrar pelos fundos de uma boate suja e impura atrás de uma oportunidade de estar cara a cara com o homem que um dia jurei nunca mais ter o desprazer de encontrar.

Respirei fundo antes de me olhar no espelho e me ver com aquelas roupas vulgares e maquiagem pesada.

Deus! O que eu já tinha feito para manter minha filha a salvo? Nunca havia ido tão longe, mas trabalhar sabendo que meu pai queria matá-la era difícil. Acho que perdi as contas de quantos trabalhos perdi e de quantas vezes tive que me mudar. E, mesmo assim, ele ainda estava a poucos passos de mim.

Sem Dante, eu não poderia sair daquela cidade. Eu não buscava por paternidade ou nada além da sua proteção e ajuda. Tirar-me do país era o meu objetivo, e eu tentaria não o olhar nos olhos para não esquecer tudo que ele já tinha feito comigo e, novamente, cair no seu charme.

— Ele chegou — avisou-me Ava, a pessoa que administrava o lugar onde mulheres vendiam seus corpos e o comércio de drogas rolava solto. — Ele não vem aqui em busca de mulheres, geralmente só se senta e observa — explicou, olhando-me dos pés à cabeça. — Não sei se vai querer a sua aproximação.

— Não preciso que ele me queira. Vou até aquele imbecil, falar o que vim dizer e ir embora — contei, furiosa, tentando abaixar a saia minúscula. Eu nem sabia por que tinha aceitado vestir essas merdas. — Só me diga onde ele está, e eu resolvo o resto.

— Área VIP. — O olhar de desdém não era novidade para mim. — A única forma de conseguir chegar perto dele é servindo as bebidas.

— Certo. Então, vamos logo. — Respirei fundo e saí da sala onde as mulheres se vestiam e se maquiavam antes de irem para o salão.

Aquele lugar era grande, moderno e com um ar de mistério. As cores predominantes eram vermelho e preto. Mesas de jogos ficavam no térreo, e um salão para beber e dançar ficava no primeiro andar. A área VIP era próxima a ele, onde reuniões e negócios eram feitos. Ainda existiam alguns quartos particulares para os quais as mulheres levavam os homens.

Senti-me exposta ao olhar para o lugar e ver alguns deles me encarando. As minhas roupas eram tão pequenas, que só cobriam as partes importantes do meu corpo.

Segui para o bar e perguntei sobre os drinks que seriam levados à área VIP. Peguei a bandeja, pensando que os copos cairiam da minha mão. Eu estava nervosa; não só por estar naquele local, mas também porque em poucos minutos estaria na presença dele.

Quanto mais eu andava, mais homens, de todas as idades, olhavam-me dos pés à cabeça. O frio na barriga me incomodou assim que pisei no primeiro degrau. Respirei fundo mais uma vez e coloquei na cabeça que ele era um idiota, que eu o odiava. Despejaria todo o meu ódio nele, e só.

A cada passo que eu dava, parecia que estava pisando em chamas. Evitei encarar as pessoas, entreguei algumas bebidas e segui em frente.

Em um sofá escuro de couro, olhando alguns papéis, estava Dante. Ele parecia concentrado, com raiva. Isso só me deixou ainda mais ansiosa. Dois homens estavam a poucos passos dele, fazendo a sua segurança. Eu já os conhecia. Eles me mandaram embora, praticamente enxotada, nas outras vezes que tentei me aproximar dele.

Eu esperava que o meu pequeno e exagerado disfarce me fizesse passar por esse primeiro nível.

— Pare onde está! — um deles me ordenou e eu evitei encará-lo. Estava tão nervosa, que poderia perder aquela chance. — Ele não pediu bebida.

— É uma cortesia — informei.

Não posso perder essa chance, nem que eu tenha que chutar esses dois.

— Então me dê, que eu entrego a ele. — Ele se aproximou de mim para pegar o copo, porém o afastei.

— Não. Esse trabalho é meu. — Finalmente fitei o homem alto, de cara fechada e com algumas cicatrizes. — É só uma bebida.

— Se afaste! — Seu olhar escureceu no rosto.

Senti um frio na espinha que se espalhou pelo meu corpo e fiquei frustrada. Aquela era a minha oportunidade. Eu não poderia mais fugir, não tinha saída. Minha filha precisava de proteção.

— DANTE! — berrei.

Nunca que eu faria algo assim, mas foi o jeito.

Ele levantou o olhar para mim com o cenho franzido, tão surpreso quanto eu, e apenas me observou.

— Preciso falar com você agora! — continuei.

Eu não estava esperando pela reação do brutamonte de me pegar pelo pulso com força, derrubando a bandeja e o copo, deixando molhar todo o chão. Minha reação foi tentar me soltar dele. O que o fez me apertar ainda mais, assim como o outro, que também me agarrou, tentando me mandar embora.

Não medi a força quando pisei com o salto fino no pé do primeiro, que, com a dor, soltou-me, dando-me a oportunidade de passar um milímetro para que Dante pudesse me enxergar.

— Por favor, preciso da sua ajuda!

O carinha furioso me puxou com tanta força, que pensei que arrancaria os meus braços.

— SOLTEM ELA AGORA!

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