A filha do alfa predestinada ao seu inimigo
A filha do alfa predestinada ao seu inimigo
Por: Sk. Araújo
1 - Celebração da lua

Meridian Water 

CELEBRAÇÃO DA LUA

Os primeiros raios solares filtravam pelas folhas das árvores, iluminando suavemente o interior do quarto. No coração da floresta, despertei, sentindo em meu coração uma expectativa pulsante sobre esse dia. Me levantei, observando pela janela o sol raiar à minha frente. Uma energia especial pairava no ar. Hoje seria a celebração da lua cheia, um evento sagrado para minha família. Uma ocasião em que minha alcateia se reúne para homenagear nossos antepassados e fortalecer os laços que nos unem como uma comunidade.

Pulei da cama, correndo para realizar as minhas atividades matinais e depois desci as escadas, já sentindo o cheiro de pães quentes recém tirados do forno.

“Bom dia, família!” Me dirigi ao meu pai, minha mãe e meu irmão sentados e já prontos para o desjejum.

“Acordou cedo, mocinha.” Foi a minha mãe quem disse com um sorriso de canto.

“É um milagre, será um sinal da deusa lua?” Meu irmão de apenas oito anos caçoou.

Sentei-me na mesa com um sorriso no rosto, mas não me contive e mostrei a língua para ele, que riu.

“Hoje é um dia importante.” Respondi sorridente pegando pães na cesta.

“Ah quem diga que é seu feriado favorito!” Foi meu pai quem comentou me encarando com um olhar amoroso que esquentava meu coração, meu pai era o exemplo de homem que eu queria para a minha vida. Um alfa respeitoso, dedicado à sua família e a sua alcateia.

“E não estão mentindo.” Falei com uma piscadela que arrancou um riso carinhoso dele.

Tomamos café entre conversas sobre a preparação e logo desci para ver como estavam as atividades na floresta. Eu estava ansiosa. A celebração só acontecia uma vez ao ano, e sim, era a minha celebração favorita porque podíamos ver o amor da alcateia, comíamos e dançávamos bastante. Andei pela floresta cumprimentando a todos e observando tudo.

Os mais jovens ajudavam a decorar a clareira – lugar onde aconteceria o evento principal - com folhas, flores e pedras preciosas, enquanto outros montavam uma plataforma elevada para a cerimônia. O aroma tentador de ervas e frutas frescas pairava no ar, anunciando o banquete que viria mais tarde. Enquanto eu percorria o lugar, podia sentir os olhares respeitosos e calorosos que me dirigiam. Eu sempre estive ao lado do meu pai, o ajudando e estando presente para todos na comunidade, sempre estava disponível a ouvir e aconselhar, lutando pelos nossos como minha família me ensinara. Mesmo que nunca fosse me tornar uma líder. Eu sempre quis ser uma alfa, mas isso não era possível.

Ainda assim, me contentava com o fato de estar ali para a minha alcateia e de saber que o meu irmão seria o sucessor quando meu pai não estivesse mais entre nós, o que ainda levaria muitos séculos para acontecer.

O dia da celebração da lua cheia era uma oportunidade para fortalecer ainda mais os laços entre os membros da alcateia, era uma chance de conectar-se com a linhagem de sua família e nutrir o espírito de união que os mantinha fortes e protegidos, mas também era um momento de reflexão pessoal, eu tinha apenas dezessete anos e ainda não havia me transformado, meu pai dizia que tudo bem, que chegaria minha vez e que eu não precisava me preocupar com isso, mas ainda assim era um desejo interno e toda celebração eu sonhava com isso acontecendo. Queria saber qual era a cor do meu pelo, como eu ficaria como loba, quais os instintos e como era estar em ligação com toda a alcateia.

Saí dos meus devaneios ao encontrar Lauren carregando um jarro de flores toda sorridente. Minha melhor amiga correu até mim, me dando um beijo na bochecha e me poupando do abraço por suas mãos ocupadas.

“Para onde vão essas flores?” Perguntei animada, seguindo com ela.

“Para a mesa dos doces. Como você está? Ansiosa? Animada? Eufórica? Eu estou radiante!” Lauren disse me tirando uma gargalhada sincera. Um de seus dons, quando estava nervosa, era falar demais.

“Respira, calma.” Falei encarando como tudo estava ficando lindo ao nosso redor. “Eu estou ansiosa, mas pelo visto você está mais.”

“Hoje é o dia em que você pode se transformar, como pode estar tão calma com isso?” Ela falou como se fosse a coisa mais incrível do mundo.

“Estamos esperando por isso a pelo menos três luas cheias, uma hora vai acontecer, não é como se fosse acontecer hoje. Respira e não pira.” A tranquilizei sentindo o resquício da ansiedade tentando me controlar.

"É...” Ela parou por alguns segundos. “Tudo bem, mas, me veio de fontes bem íntimas que o Renan vai te cortejar nessa celebração.”

“Deixa de loucura!” Falei sentindo meu coração palpitar. “Mas quem contou?” Não consegui segurar.

“Você está doidinha pra saber...” Ela cantarolou me fazendo gargalhar.

“Estou mesmo.” Assenti. “Não é como se eu me importasse, mas quero saber.”

Nós duas gargalhamos juntas após nos entreolharmos. O Renan tem dezoito anos e é o lobo mais cobiçado da alcateia, e filho do braço direito do meu pai. Sempre frequenta a nossa casa, mas nunca tivemos tanta aproximação porque ele está sempre focado em suas responsabilidades. Desde muito nova tenho uma queda por esse garoto, meu coração chega a bater acelerado quando ele está perto e sonho com o dia em que ele vai olhar pra mim e dizer que é recíproco. Às vezes sinto que quero me transformar somente pela ideia de ter a minha loba o escolhendo e sendo escolhida por ele. Mas sei que posso me frustrar e que o lobo dele já pode ter uma escolhida.

Ignorei os meus pensamentos e segui cuidando dos preparativos junto com Lauren e todos os outros. O dia passou bastante rápido e logo já estou de volta ao meu quarto, para me preparar. Escolhi cuidadosamente uma peça de adorno de prata, um presente especial de meu pai. Coloco-o em volta do pescoço, sentindo o peso simbólico do objeto.

“A prata representa a pureza, a força e a sabedoria ancestral que flui em suas veias.” Disse meu pai ao me dar o colar. “Para que nunca se esqueça do quanto eu te amo, do quanto mesmo como seu alfa, sempre vou estar em primeiro lugar como seu pai. Você vai ser sempre minha lobinha”

Me emocionei ao me lembrar de suas palavras doces e de como meu pai sempre foi o meu melhor amigo. Coloquei um vestido vermelho longo rodado, com pedras lunares esculpidas no decote discreto em v e na cintura. Deixei meus cabelos loiros escuros lisos caírem como cascatas sob minhas costas até a cintura e observei o meu rosto no espelho. Meus olhos castanhos são lindos em contraste com algumas sardas naturais, por isso não preciso de maquiagem alguma. Enquanto a noite cai sobre a floresta, ouço o som dos uivos distantes de seus companheiros de matilha. Todos estão reunidos na clareia, prontos para o início. Meu coração b**e mais rápido à medida que segui com minha família, senti o meu peito fervilhar em resposta a iniciação, onde somos aplaudidos e homenageados.

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