PRÍNCIPE SWEENEYEla me disse para voltar a dormir. Como se fosse tão simples assim.Fechei os olhos, fingindo indiferença, com a respiração firme e calma, mas estava longe de estar tranquilo. Minha mente estava inquieta, meus pensamentos emaranhados. A voz de Meridian permanecia no ar, suave e perturbada, e o leve odor de seu suor misturado com sua fragrância natural - selvagem e pura - invadiu meus sentidos. Era enlouquecedor. Tive de lutar contra o instinto de me aproximar, de respirá-la.Em vez disso, forcei-me a ficar imóvel, com os músculos tensos sob o cobertor. Eu podia senti-la ao meu lado, a apenas uma respiração de distância, sua presença como uma chama queimando perigosamente perto da minha pele. A escuridão do quarto não me oferecia nenhum refúgio. Suas palavras ecoavam em minha mente.Guerras, mortes, caos, criaturas… ela sonhava. Com o caos, com a perda, com seu passado esquecido. Ela falava sobre isso de forma tão casual, mas eu podia ouvir o peso de sua voz, a fragili
Meridian Water Quando despertei, percebi que o príncipe não estava ali, soltei um bocejo e espreguicei os meus braços e então percebi que o príncipe estava no banho.Ouvi o barulho de água caindo. Ajeitei o meu corpo na cadeira de frente para a janela, onde permaneci pelo restante da noite até o raiar do sol. Não consegui ficar na cama, e nem consegui voltar a dormir. Me levantei e abri a porta e pedi ao soldado que nos preparasse algo para comer. Não era surpresa que ele já estivesse ali, a runa desenhada em seu pescoço lhe garantia servidão vinte e quatro horas, logo era como se ele fosse um robô que ficaria de prontidão onde o colocassem pronto para fazer o que pedissem e para dar a sua vida pelo príncipe. Claro que não durava mais de um dia, logo na outra noite trocaríamos o soldado para que este pudesse desfazer a runa e ir dormir. Demônios não são incansáveis. O café da manhã chegou, olhos de boi e lágrimas de automutilação. Ele saiu do banheiro já pronto para seguirmos via
Meridian Water Desenhei com a ponta da adaga uma série de linhas entrelaçadas e curvas, formando um padrão único, enquanto sentia a energia da magia negra sendo carregada ao nosso redor. Enquanto as linhas de sangue escureciam como se estivessem sendo desenhas com tinta, brilhavam com uma luminosidade atraente e uma aura sombria tomava nossa mão. No centro da runa, desenhei o ponto focal, que seria o nosso destino. E logo esse ponto foi consumido por uma chama que acendeu sobre minha mão, simbolizando a energia ardente do poder que impulsionaria o nosso teletransporte. As sombras dançavam em torno da runa quando a chama se apagou, a medida em que cresciam e nos tomavam, nos envolvendo em um véu escuro e misterioso, liberando energia e nos consumindo a medida em que vamos nos desintegrando em um lapso de segundos e então, quando abrimos os olhos, estávamos um beco escuro. Apoiei uma das mãos na parede ao sentir meu corpo ainda flutuando em meio á uma vertigem. “Inferno.” Praguejei.
PRINCIPE SWEENEYFoi muito simples achar algo que pudéssemos comer. Embora me alimentar de almas fosse algo mais saciável para mim que era um mago sombrio, carne animal também ajudava a me manter saciado por um tempo, e isso tinha muito na geladeira dos humanos. Também achamos roupas comuns em um guarda-roupa que parecia ser de um casal, o que foi muito bom para nós. Embora em nosso reino o amor seja uma perda de tempo já que somos regados à luxúria. Não amamos, somos consumidos por desejo carnal, matamos o nosso desejo e partimos para o próximo. Esse é o preço de conjurar magia negra, você se torna uma espécie de ser demoníaco, sem sentimentos fúteis. “Você prefere tomar banho antes ou depois de mim?” Ela perguntou me encarando. Hesitei porque a resposta que sairia não estava em sua pergunta, mordisquei o lábio inferior contendo minha imaginação. “O que for melhor para você.” Respondi e desviei o olhar porque sabia que a resposta que eu queria não viria tão fácil assim. “Foi uma
Meridian Water Despertei antes do sol raiar. Havia apenas cochilado, pois meu senso de alerta não me deixaria dormir em terras desconhecidas. Segui para o banheiro e tomei rapidamente um banho, voltando a colocar minhas roupas de couro. Quando sai do banho, ele já estava sentado na cama, seus olhos se voltaram para mim. Passou as mãos nos cabelos e suspirou. “Tome um banho, seguiremos.” Respondi guardando minhas adagas. “Ok, vossa alteza.” Ele ironizou passando por mim e me fazendo revirar os olhos. Para quem era fechado e raramente falava, ele estava se mostrando até demais para mim. Após o término do seu banho, saímos pelo mesmo lugar que entramos, e seguimos nas sombras até a beirada da cidade. Desenhei novamente a runa do teletransporte colocando como ponto focal um local ao leste do reino de Umbra que não quebrasse a barreira de proteção e nos denunciasse. Quando pousamos algo estranho me atingiu, um sentimento de nostalgia antes desconhecido por mim. Senti sua mão segurar me
Meridian Water Eu estava correndo pela floresta, sentia a terra sob meus pés e me sentia livre. As árvores me aplaudiam, seus galhos balançando com o rastro da ventania que eu deixava para trás. Até que meus sentidos entraram em alerta, parei, observando ao meu redor, buscando pela ameaça que meus instintos captaram. Puxei o ar com força tentando captar o cheiro, era o mesmo. Procurei, girando sob os pés, até que o encontrei. Ele se aproximou lentamente, mas de trás dele saíram mais, me cercando, todos rosnando para mim. Até que um choro esganiçado escapou de seus lábios. Ele me encarou, seus olhos azuis cristalinos penetrando os meus, ele parou de frente para mim a apenas cinco passos de distância. Mas nossa conexão foi quebrada quando outro lobo saltou sobre mim, antes que eu pudesse me colocar em posição de ataque, senti mãos rodeando meu corpo, e uma sombra negra me envolveu. Eu reconhecia aquelas mãos, eram as mãos do príncipe. “Meridian!” Ele sussurrou e eu me levantei em sal
RENAN FOLDER Ela estava lá, diante de mim, e eu me senti a pessoa mais impotente do mundo... não pude salvá-la. Ao mesmo tempo, em que era ela, não era, parecia mais um demônio do que uma loba. Ela renegou as nossas origens. Mas algo não saia da minha mente... embora eu soubesse que provavelmente não se lembrava de nós, ela ainda usava o cordão da lua, símbolo da nossa alcateia. Como? Por quê? Será que ela lembrava e escolheu o outro lado? Durante todos esses anos, eu a esperei. Esperei que seu coração a dissesse que a nossa casa estava aqui, que a mostrasse sua identidade. E jurei para mim mesmo que na primeira oportunidade que a visse, eu a salvaria e traria de volta para casa, então falhei. Ela estava lá, bem à minha frente, mas era a ele que estava protegendo. Ao seu inimigo. Aquele mago repugnante, enquanto ela estava na frente dele, o protegendo, ele me encarou, com seus olhos escuros, como um demônio, esperando que eu atacasse, ele sabia que Meridian o protegeria. Desgraçado
Merdian Water A reunião havia sido longa, estendendo-se por todo o dia enquanto os conselheiros discutiam acerca de novos territórios a serem tomados, rebeliões e motins de criaturas, e traziam a tona tudo que envolvia a ala leste do reino de Umbra. Quando por fim terminamos, o Príncipe foi convidado para um banquete, era como uma tradição real. Servir ao Príncipe ao final da reunião, como um tratado de paz regado a pecado e luxuria. Quando subimos ao quarto, nossas roupas já estavam sobre a cama. Esperei pacientemente que o Príncipe tomasse seu banho, ignorando a ideia calorosa de me juntar a ele com a desculpa de que seria mais rápido. Ele saiu do banho e eu precisei respirar fundo mil vezes para ignorar a adrenalina que corria por meu corpo ao vê-lo vestido daquela maneira. O traje era elegante e sexy, destacava sua presença de forma sedutora, mas lhe dando seu devido lugar de realeza. Consistindo em um terno de cor escura, em tecido luxuoso e de caimento impecável. O traje ajus