Larissa Fernandez Parece que tudo voltou ao normal, e eu e o Augusto estamos bem de novo, mas quanto à mãe dele eu nunca mais dirigi a palavra, aquela velha nojenta, naja perigosa, nem merece isso. Hoje o Augusto saiu para trabalhar, e eu vou na sorveteria, precisamos mostrar o local para um possível comprador que ligou para o Augusto agendando horário, e eu vou antes para limpar, e melhorar a venda. Fui com o motorista, pois o Augusto pediu para não andar sozinha na rua. Cheguei no lugar, e fui organizando e limpando conforme dava, estava bem empoeirado, já faz tempo que ninguém vem aqui, então preciso deixar bem limpo. Abri o ambiente para arejar, e tirar o cheiro de mofo que estava começando a cheirar. Mas fui surpreendida ao ver o Hélio na minha frente, e quase enfartei paralisada. — Meu Deus, Hélio vá embora! O que faz aqui? O Augusto vai matar nós dois! Aquele dia da ligação ele... aí! Vai embora, por favor! — comecei a implorar. — Não me diga que o filho d
Larissa Fernandez — Pode passar na casa da minha mãe? — perguntei ao Augusto. — Tudo bem! — era bem perto, então já estávamos chegando. — Sinto falta da época que eu buzinava para você abrir a porta dessa sala pra mim! — falou ele. — Bom... eu nunca mais recebi flores, também! — reclamei. — Vou trazer! Prometo! — falou me dando um selinho. Eu desci do carro, e fui para a casa da minha mãe, mas o Augusto chamou: — Querida, eu vou precisar dar uma saída, pode me esperar aqui? — perguntou. — Tudo bem! — se aproximou de mim e me deu um beijo casto. Entrei na casa, e a minha mãe veio me ver. — Olha, que milagre! Dois dias seguidos, veio ver a mãe! — me abraçou. — Não! Ontem eu não vim! — respondi. — Claro que veio! Estava diferente ontem, com aquele vestido curto, que não sei como o Augusto não reclama! — Vestido curto? — questionei. — Sim! — Vermelho? — É! O que foi filha? Você está mesmo bem? Parece pálida! Não engravidou já,
Larissa Fernandez Depois dos sustos na casa da minha mãe, tomei uma água, e fiquei ouvindo tudo o que ela falava, mas a minha cabeça estava em outros lugares, e não consegui raciocinar nada. Fui me aproximando dela aos poucos, e encostei na beira da pia aonde ele lavava a louça e então, falei: — Mãe! Não conta nada para o Augusto que eu passei mal, tá? Ele ficaria muito preocupado, e eu não quero deixar ele assim, por nada! — claro que eu tenho medo! Se aconteceu de eu engravidar, ele investigaria, pois quinze dias, seria bem difícil que seja dele. — Como, nada? E, se você estiver com alguma coisa? Pode estar doente, filha! — falou ela, com um olhar preocupado. — Não se preocupe, que se eu passar mal outra vez, eu vou no médico! — negociei. — Tudo bem, então! Mas, não me enrola dona Camila! — disse sorrindo. Ouvimos o som da buzina, e me lembrei da saudade dele que eu fosse abrir a porta, e eu fui para fazer um agrado. E, não é que ele apareceu com flores para mim? E,
Larissa Fernandez — Nossa! — Puxei uma cadeira para me sentar. — então as chances são grandes de ter sido ela, a estar me observando esses dias! Mas, se era... porquê foi embora sem pedir ajuda da minha mãe? Poderia ter contado tudo, e pedir ajuda! Que estranho! — Isso é estranho! Mas posso ver se descubro algo! — o Hélio respondeu. — Quanto quer para esse serviço? Não tenho muito dinheiro ainda! — expliquei. — Não preciso de dinheiro, está tudo bem! — ele afirmou, mas desconfiei... ele deve querer outra coisa. — Eu prefiro pagar em dinheiro, Hélio! Não vou mais trair o Augusto, só fiz isso aquele dia, porque eu havia prometido, mas quero fazer as coisas certas, agora! Estou tentando ser feliz de forma errada, e quero me sentir bem comigo mesma, entende? — falei, e ele puxou uma cadeira para perto de mim, e segurou as minhas mãos. — Larissa! Me desculpe por ter te tratado como tratei, não precisa fazer mais nada comigo por obrigação! Fui um cretino! Eu vou t
Augusto Petrov Eu consegui o perdão da minha mulher, e agora voltamos a ficar bem. Perto da sua mãe ainda a trato melhor, pois faz parte do acordo que eu fiz com o Isaque, então isso tenho que cumprir. Mas, a minha vida nunca está cem por cento, e ao sair para trabalhar pensei que teria mais um dia comum de trabalho, e voltaria para casa no final da tarde, para passar um tempo com a Camila, mas os meus planos mudaram. — Augusto? — falou o meu assistente. — O que foi? — perguntei, e o vi entrando na minha sala, onde eu trabalho com algumas coisas ilegais. — Vim perguntar se não testou a nova substância? Chegou ontem de manhã, parece que aperfeiçoaram, e agora ficou mais top! — ele falou, me despertando a curiosidade. — Não usei! Mas, aonde está? — perguntei. — Tem uma parte aqui, o resto a gente já levou para o galpão, é muito arriscado deixar a mostra! — falou me entregando uma parte. — Ok, vou testar, e depois de digo o que eu achei. — Tá bom! Vou trabal
Augusto — Eu sinto muito patrão! — ele falou, e precisei sair para respirar lá fora. Minha chance de ter um herdeiro acabou de ir pelo ralo, e a minha mulher pode me odiar. Quando respirei melhor, fui procurar o médico para maiores informações, e o primeiro de jaleco branco que eu avistei, o parei. — Eu gostaria de saber notícias da minha esposa, se chama Camila Petrov! — falei. — Ela já está indo para o quarto! Aguarde que o médico já vem falar com o senhor. — Ok! Esperei mais um tempo, até o médico vir. — Familiares de Camila Fernandez? — Perguntou o médico. — Camila Petrov! Ela é a minha esposa, e está casada! — falei bravo. — Ok! Pode entrar para vê-la, ela acabou de fazer uma curetagem, de um embrião com poucas semanas! O senhor viu quem foi que a assaltou, tem alguma informação sobre o ocorrido? — perguntou ele. — Não! Infelizmente eu estava em reunião, e apenas agora, conseguiram contato comigo! — menti. — Ok! Ela terá que cuida
Larissa Fernandez Enfermeiros vieram no quarto, e começaram a me fazer perguntas, então precisei responder sobre o meu estado de saúde, e os procedimentos utilizados, então uma médica quis conversar no particular, e o Augusto teve que sair. Claro que ela queria me perguntar quem me fez isso, e desconfiaram do Augusto, mas como tenho a intenção de ir embora, e não tenho todos os documentos da Camila, e nem como provar por digitais que é ela, também não posso denunciar, então o melhor foi me calar, e juntar todas as minhas energias para sumir da Argentina, ir o mais longe possível do Augusto, e do Don Pablo. A mulher não ficou nada convencida com as informações que eu passei, mas como era a minha palavra contra a dela, ela acatou. O problema é que não consegui me levantar sozinha, e não posso viajar sem me recuperar, e sem contar que tem o meu rosto que deve estar horrível, e ainda não tive coragem de me olhar no espelho, estou me destruindo, e continuar ao lado deste monstr
Larissa Fernandez Agora vi o Augusto sorrir, e nem sei do que, tudo me assusta nele, é um psicopata, um maluco! Demorou umas duas horas, ainda para eu sair do hospital, e fui numa cadeira de rodas, que me emprestaram até eu me recuperar. Precisei aceitar a ajuda daquele cretino, e isso me enchia cada vez mais de ódio. Ele me ajudou entrar no carro, e fomos em total silêncio para casa. Ao chegar, abriu a porta, e me ajudou a descer. Fui para a cadeira de rodas, e encontrei com a naja na sala, que arregalou os olhos ao me ver. — Meu Deus! — colocou as mãos no rosto. — o que aconteceu com você? — perguntou, e eu olhei para o Augusto, que bufou. — Agora não, mãe! — respondeu, e seguiu empurrando a cadeira até o nosso quarto, e foi me dando um arrepio ao entrar, aquele lugar se tornou sombrio para mim. Me ajudou a ir para a cama, e me cobriu, eu não dei uma palavra, e nem ele. Foi tudo muito estranho, e não vejo a hora de estar bem! — Vou sair, agor