Antony, depois de fechar o contrato com a bela Beatriz, ligou para Leonardo, seu melhor amigo e cúmplice fiel de muitas aventuras. A amizade dos dois era desde a infância, e apesar de Antony ser mulherengo e festeiro, Leonardo era totalmente seu oposto. Ele era mais caseiro, gostava de estudar, e já gerenciava a empresa da sua família desde que se formou em administração. Era um homem muito culto.
— Oi Antony! Como vai meu amigão?
— Oi Léo, estou bem e você meu companheiro?
— Companheiro? Hum.... diz logo o que você quer. Só me chama assim, quando apronta uma cagada e precisa de minha ajuda. Fala logo.
— Que isso irmão! Riu o rapaz. Talvez seja um pouco de verdade... preciso de sua ajuda em algo e juro que não é uma enrascada, na verdade é uma solução... meio incomum, mas me ajudará muito.
— Quê? Diz logo.
— Não posso falar por telefone. Juro que amanhã te conto. Vou lhe enviar um endereço e quero que você traga uma moça chamada Beatriz e a deixe em um outro local. Pode ser ?
— Só isso? Vou ser taxista agora? Brincou o rapaz. Quando você quer que eu faça isso ?
— Agora de preferência. Quero essa moça ainda hoje no apartamento que escolhi.
— Mudou o matadouro ?
— Hahaha... Essa não é para essas coisas, não literalmente. São apenas negócios. Logo, você vai entender.
— Ta bom meu irmão. Vou te ajudar nessa. Assim que deixar essa mocinha no endereço te aviso.
— Agradeço de coração!
Enquanto Leonardo ia buscar Beatriz no alojamento das meninas do bordel, Antony foi para sua casa descansar um pouco. Lembrando da segunda parte do plano, ele mandou uma mensagem para sua amiga Lisandra, consultora de moda. Ele mandou o endereço do apartamento que Beatriz iria ficar e pediu para que ela esperasse lá na manhã seguinte às dez horas da manhã. Ela não o questionou muito, pois ele complementou que era um trabalho para ela e que ele pagaria tudo.
Quando Leonardo chegou no local indicado pelo amigo, ficou um tanto desconcertado, talvez ele tinha se enganado com o endereço, e quando estava a ligar para ele, uma jovem saiu do local, com uma mala na mão.
— Olá, você deve ser o Leonardo, certo?
— É.... sou e você é?
— Me chamo Beatriz, Antony me mandou uma foto sua, dizendo que você seria minha carona de hoje.
— Então é você mesma. Entre no carro, hoje serei seu motorista particular. Brincou ele, que não conseguia disfarçar a admiração pela beleza da jovem.
Ela queria ir atrás no banco do passageiro, mas, ele insistiu que ela sentasse na frente. Antes que a jovem entrasse no carro, uma outra moça saiu do sobrado. Era Tiffanny:
— Onde você vai piranha ?
— Não me chame assim Tiffanny.
— Uis... Está fazendo programa com esse ai ? Ou é um namoradinho seu?
— Vamos, não vou perder meu tempo com você.
— A protegida está aprontando alguma coisa né. A senhora Carmen sabe?
— Olha aqui Tiffanny, logo você vai saber. Guarde seu veneno para destilar em outra pessoa. Vamos, Leonardo.
Beatriz então entrou no carro e deixou a mulher falando sozinha. Leonardo quase teve um infarto, quando viu as duas discutindo. Curioso para entender tudo que estava acontecendo ele disparou sem pensar muito:
— Eu preciso muito entender o que está acontecendo.
— Me desculpe pela cena. Aquela mulher é dissimulada e baixa, e não gosta muito de mim.
— Jura? Pelo afeto trocado entre vocês, jurava que era amigo.
— Você é engraçado. Diferente de seu amigo.
— Antony é um dos caras mais divertidos que conheço. Acho que você não conhece ele ainda.
— Não mesmo.
— Hum... deixe eu tentar adivinhar tudo que está acontecendo.... Está grávida dele?
— Quê? Perguntou ela envergonhada.
— É que eu não estou entendendo nada. Ele mandou buscar você e... bom...
— Não estou grávida. São só negócios. Você é amigo dele, né?
— Sim, desde criança.
— Então talvez ele te conte, ou logo logo você saberá.
— Tudo bem então.
— Você mora naquele local ou estava de passagem?
— No Bordel? Moro lá desde que saí do orfanato.
— Hum... Então é uma....
— Prostituta?
— Mulher da vida? Com todo respeito.
— Quase...
— Como quase? Perguntou ele muito curioso.
— Queria trabalhar na boate de Las Niñas. Na verdade, quase fui, mas Antony apareceu e meio que mudou meu destino.
— Agora tá mais confuso ainda.
Os dois riram, e depois disso ele percebeu que ela se trancou mais um pouco, ficou pensativa. Os dois ficaram calados e para acabar com o silêncio, ele colocou uma música, até chegarem no novo lar de Beatriz. Um condomínio de luxo, na beira da praia. O apartamento indicado por Antony ficava no quinto andar, e quando os dois chegaram na recepção, tudo já estava acertado, apenas esperando pela chegada da jovem. Leonardo disse:
— Que ajuda para subir com a mala?
— Ah não precisa, você já fez até de mais.
— Olha... Eu não sei o que está rolando entre vocês, mas, tome cuidado. Antony é meu amigo, mas às vezes faz umas coisas, ele é um pouquinho inconsequente. Nós, já se metemos em muitas enrascadas, mas sempre resolvemos graças a influência de nossa família. Mas...
— Não se preocupe. Eu ficarei bem. Obrigada pela carona. Até logo. Disse a moça, finalizando com um belo sorriso, que deixou o tímido rapaz, vermelho.
Beatriz pegou sua mala, e subiu. Quando entrou no apartamento, ficou encantada. O apartamento era gigante, com móveis belíssimos, e tinha tudo. Televisão, geladeira, uma cozinha incrível. Ela parecia estar no céu, aquele ambiente era tão diferente do que ela estava acostumada. No alojamento, as meninas dormiam em beliches, roupas espalhadas por todos os cômodos, barulho, brigas, sujeira, tudo era um caos. Quando ela entrou no quarto, ficou mais encantada ainda, a cama era gigantesca e o banheiro deslumbrante, empolgada ela tirou a roupa e ficou horas tomando banho, em seguida pegou um refrigerante e uns petiscos no frigobar, ligou a tv, e deitou-se na imensa cama, os lençóis eram tão macios, que parecia um pedaço de nuvem. A jovem estava tão cansada, que rapidamente pegou no sono, na manhã seguinte foi acordada por batidas na porta.
Com o contrato em mãos, Antony foi bem cedinho até o apartamento que Beatriz estava. Na recepção já estava a sua espera, sua amiga Lisandra. — Oi Lisandra. Como vai? Me acompanhe por favor. — Oi... Respondeu a jovem, que teve que correr para acompanhar o amigo, que andava a passos rápidos. Quando chegaram no apartamento, Antony começou a bater na porta. Alguns minutos depois, uma voz feminina respondeu que já iria abrir. Quando Beatriz abriu a porta, ficou surpresa com as visitas inesperadas. — Bom dia Bianca! Esta é a Lisandra, ela vai te ajudar com uma consultoria de moda e etiqueta. — Me chamo Beatriz... Bom dia! Muito prazer! Corrigiu a jovem. — Ah, Beatriz. Foi mal. Se desculpou o jovem. — Igualmente. Bom, Antony ainda não me explicou exatamente o que deseja de mim hoje. Pode me explicar? — Ah, é verdade. Bom, olhe bem para esta mulher, linda né? Com certeza. Mas quero ela elegante e sofisticada também, digna de ser minha esposa. — Esposa? Perguntou a mulher s
Beatriz se arrumou para ir até a boate, pegar seus livros, aliás, esta foi a desculpa que as duas inventaram para se ver. Carmen e Beatriz precisavam conversar sobre como a vida da jovem iria mudar, Beatriz queria mostrar seu visual novo, suas roupas, agora de grife, feitas de tecidos tão macios que ela jamais imaginava existir. Quando a jovem chegou na porta da boate, nem os seguranças e nenhuma de suas colegas de quarto a reconheceram, ela foi com um óculos escuros como Carmen pediu, fez um coque nas madeixas e colocou uma calça de linho e uma camisa branca de seda. Quando entrou no salão, todos pararam para vê-la, não igual da última vez, o olhar era de incômodo, de surpresa e até de vergonha por alguns homens. Na verdade, Beatriz agora passava o ar de uma mulher rica e poderosa, e quando uma mulher desse nível se encontra em um local deste, é só por um motivo. — Eita, quem é o homem que vai dormir na casa do cachorro hoje hein? Gritou um dos homens, enquanto os demais riam.
Após o telefonema, Beatriz apressou-se para pedir um Uber e voltar para o apartamento. Mas, enquanto esperava na porta da boate, uma bela BMW preta parou em sua frente, abriu a porta de trás, e ela conseguiu ouvir, mesmo que muito baixinho: — Entre agora! No volante havia um senhor com um belo terno, e do lado em que se sentou, estava Antony fumando um cigarro, com sobrancelhas cerradas, com uma expressão de raiva. Beatriz entrou calada e assim se manteve, até que o rapaz disse: — Então será uma esposa mentirosa? — Claro que não. Ela respondeu baixinho. — Quando eu dizer não vá, não faça isso, você não fará! Entendeu? Gritou o homem, com olhos arregalados. Beatriz ficou sem ação e apenas consentiu a ameaça. Depois disso, se espremeu o tanto que pode para próximo da janela do carro, em uma tentativa de se manter o mais longe possível daquele homem. Talvez o que ela pensava ser fácil, não seria tão fácil assim, aquele comportamento de Antony a fez ficar apreensiva. Quando perceb
Depois de comerem, Antony parou em frente a tv e disse que escolheria uma música para ele dois, todo casal tinha uma música e eles também deveriam ter. A música que ele escolheu foi Too Good at Goodbyes. A melodia era conhecida por Beatriz, apesar dela não entender uma frase retratada na música. Ele então traduziu para ela, seguindo o ritmo da melodia: — " Você deve pensar que sou um tolo, que sou novo nisso... Eu nunca vou te deixar perto de mim, mesmo que você signifique tudo para mim... Então eu nunca vou ficar muito perto de você, mesmo que eu signifique tudo para você... " Ela então deu pause na música e interrompeu: — A música é linda, mas, a tradução se encaixa na nossa relação? No que você quer representar para as pessoas ao redor? Achei muito conturbada. — Eu acho que ela se encaixa perfeitamente. — Mas, o quê? Seremos um relacionamento em crise? — A música fala de um casal que tem medo de se magoar. Nós seremos a continuação da música, a vitória do amor sobre o med
No meio da noite, Antony acordou assustado. Talvez era o efeito do álcool passando, quando se virou, lá estava Beatriz, dormindo feito um anjo. Sua camisola preta de seda, havia subido um pouco, deixando a mostra partes do bumbum da mulher, e que bumbum, pensou ele. Sua testoterona estava no ápice, era a primeira vez que ele estaria deitado ao lado de uma mulher tão bonita, com um único e singelo objetivo de dormir. Ele então a cobriu com o cobertor e virou-se novamente de costas para ela. Quando se espantou ela virou-se para ele, e jogou um dos braços por cima de suas costas. As mãos macias e frias de Beatriz tocando seu corpo, o fizeram arrepiar, o cheiro da pele, do cabelo, soava como um convite para que ele se aproximasse. Quando se deu conta ja estava excitado. Que tentação era essa? Pensou ele. Sua melhor saída era levantar-se e tomar uma ducha geladinha, e assim o fez. Quando passou pelo quarto, deu uma bela olhada na jovem, sorriu e saiu do apartamento no meio da madrugada.
Que lábios macios, que beijo gostoso, pensou Antony, assim que terminou de quase engolir Beatriz, que por sua vez, ficou extremamente desconcertada, primeiro porque não estava preparada e segundo por ter sido ali, no meio daquele povo todo. Obviamente ela fingiu costume, olhou nos olhos de Antony, sorriu e seguiu para dentro da bela mansão. O desconforto maior veio quando todas as pessoas viraram para olhar o casal, e não foi aquela olhada disfarçada, foi algo bem exlicíto mesmo. Eles olhavam e cochichavam entre si. Como ela se sentiu mal, ficou envergonhada. Ao seguirem para falar com anfitriã da festa, ouviu uma garota falar: " Que vestido lindo, que garota bonita". e outra responder: " lindo mesmo é esse homem, sortuda demais". "Quem é ela?" Envergonhada e se sentindo intimidada, pegou novamente nas mãos de Antony, como se pedisse socorro, ele por sua vez, beijou delicademente suas mãos e olhou como se respondesse, que estava tudo bem. A dona da grife de bolsas viu Antony de lon
A festa estava bem animada. Depois de olharem todas as bolsas da coleção, as duas jovens voltaram para perto dos dois rapazes, que pelo visto já tinham virado alguns drinks.— Vocês já beberam quantas taças? Perguntou Lisandra.— Pouco. respondeu Leonardo.— Está gostando da festa ? Perguntou Antony a Beatriz.— Fora o tititi desse povo comigo, até que está legal. As bolsas são lindas.— Escolha uma.— Não precisa.— Escolha ! Insistiu ele.— Não precisa Antony! Afirmou ela — Lia! Gritou ele, chamando a senhora até eles.— Qual bolsa você indica para está jovem ?Beatriz ficou sem graça, diante da situação.— Hum... Deixe-me ver. Já volto.Já dava para notar que Antony estava um pouco alterado. Ele pareceu não ouvir ou não entender o significado da palavra não. Lia, então chegou com uma carteira belíssima, de couro com detalhes de ouro. Realmente, uma carteira lindíssima e sem dúvidas bem cara.—Esta é linda. Perfeita para eventos mais requintados.— Muito linda mesmo. Avaliou Lisandr
Beatriz acordou pouco mais do meio dia. Na noite anterior havia dormido tarde, pois a insônia e a raiva foram companheiras fiéis da jovem. O resto do dia, a jovem esperou uma ligação, uma mensagem, qualquer coisa, onde Antony desse sinal de vida. Ela queria muito de falar com ele, mas, não iria se dá o trabalho de lhe enviar qualquer mensagem, mesmo que fosse de reclamação. Passou o dia, a noite, um dia, dois, três dias. Uma semana, nada do rapaz aparecer no apartamento e nem lhe mandar uma mensagem. Bem ela sabia que ele estava, pois em seus stories eram fotos e vídeos de bebidas e mulheres. Cansada de esperar, e com um nó preso na garganta ela mandou uma mensagem para ele. "Oi. Precisamos conversar." Na mesma hora que a mensagem foi enviada, foi também visualizada, porém, não foi respondida. O rapaz lhe deu um belo vácuo. Como ela ficou chateada, já estava começando a se arrepender de ter aceitado aquele contrato sem uma cláusula que lhe garantisse respeito, ou coisa do tipo